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Na Voragem da Paixão 6 страница



— Bom para quem? Você gosta de fazer amor com muitas mulheres ao mesmo tempo?

Ele sorriu ligeiramente. — Não é coisa que eu faça, Liebchen. Você sente ciúme da atenção que dediquei à sua prima Janete.

- Eu? Com ciúme? — A fraqueza de Andréa dissipou-se. — Você está louco! Não sinto ciúme de você e Janete.

— Você não consegue encarar a verdade, menina, mas devo lhe dizer que você está com ciúme, sim!

— Você enlouqueceu! — Andréa tentou se desvencilhar, — Vai me soltar ou não?

— No devido tempo, Fràulein. Você teve a oportunidade de ir dormir na cama, mas preferiu ficar aqui. E por quê? Porque no fundo de si mesma esperava que algo assim acontecesse. Não fique tão envergonhada, liebchen, eu também queria.

— Você não sabe o que está dizendo!

— Ao contrário, sei exatamente o que estou dizendo. Você e eu tomamos­mos consciência um do outro desde aquele incidente com sua prima, no dia em que chegaram. Você sabe disso tão bem quanto eu. Mentalmente, fiz com você tudo o que podia: toquei-a, beijei-a, acariciei-a. — Sorriu. — Você é capaz de negar que não agiu do mesmo modo em relação a mim?

— Negar? Claro que nego. Sempre que eu pensei em você era com... Desprezo.

— Oh, você é divertida, Liebchen. Não gostaria de me aborrecer na sua companhia — disse rindo.

— Você vai me soltar ou não?

— E se não soltar? Há alguns minutos você queria que eu possuísse seu corpo. . . -- Não!

— Queria, sim. Foi fantástico.

— Não deixarei que você toque em mim!

— É mesmo? Pois não concordo. Se eu quiser que você se submeta a mim, você o fará. Consigo excitá-la a tal ponto que você suplicará para que eu a possua.

Andréa tentou livrar-se dele, inutilmente. Não era possível que aquilo estivesse acontecendo. Haviam acontecido coisas semelhantes no passado, mas em todas as ocasiões ela conseguira controlar completamente a situa­ção. Não era pudica e acreditava de verdade que se amasse alguém, de fato, estaria preparada para abandonar-se livremente, sem nenhuma restri­ção, mas sempre com a perspectiva de um casamento por trás de tudo. Entretanto, jamais tivera um comportamento promíscuo e o modo como seu corpo respondera a Axel a deixava assustada.

— Por favor — suplicou. — O que você quer de mim?

— Quero lhe falar um pouco a respeito de mim mesmo.

 — Não estou interessada.

— Mas ficará. Sabe,já estou cansado de ser um instrutor de esqui e de viver em Tírossfeld. Já estou cansado das mulheres que pagam por meu trabalho e esperam algo mais do que aulas de esqui.

— Não tenho nada a ver com isso.

— Ao contrário, Fràulein, tem tudo a ver. Essas mulheres são frequen­temente de meia-idade. A juventude ficou para trás e elas pensam que podem recuperá-la.Seu dinheiro é bem-vindo, como você deve imaginar, mas suas atenções não o são.

— Por que está me dizendo estas coisas?

Ele deslizou o dedo de seu queixo até a linha de encontro de seus seios e inclinando a cabeça beijou-os,Andréa estremeceu, mas sua resposta deixou-a 'inteiramente abalada.

— A quem mais diria, a não ser à mulher com quem vou casar. Liebchen?

Ela estremeceu dos pés à cabeça. — Você está louco! Louco! Jamais casaria com você!

— Talvez case. — Ele falava com confiança. -— Então não serei mais instrutor de esqui e você se tornará baronesa!

— Eu. . . Eu jamais me casaria com você — ela repetiu com um fio de voz. — Você. . . Você é um aproveitador, um parasita! Vive à custa de mulheres embora as despreze! Além do mais. . . — Sua voz morreu na garganta. — Além do mais, casar comigo não faz o menor sentido. Não tenho dinheiro.         

— Não tem? Mas seu pai tem, nein?

— Você. . - está se referindo... A meu tio, E ele não estará disposto a sustentá-lo.

— Seu tio, Joseph Connolly? Não acho que a filha, de Joseph Connolly pudesse me ajudar. Mas a filha de Patrick Connolly pode. E você é filha de Patrick Connolly, não é mesmo. Fràulein? Não me iludi a esse respeito nem por um momento. Peço-Ihe desculpas se lhe dei a impressão contrária.

 

                        CAPITULO VII

 

Andréa sentiu que toda força a abandonava. — Você. . . Você sabe?

— Sinto muito. Há somente uma Andréa Connolly, filha do presidente da Companhia Construtora Connolly, uma das firmas mais prósperas da Grã-Bretanha,

— Mas... Mesmo assim...

— Vou tirá-la de sua perplexidade. Líebchn. Já lhe disse, conheci seu pai na casa de Fritz Síeiner. Ele tem muitoorgulho da filha e guarda muitos refratos seus na carteira.

— Mas que golpe baixo! E o que você esperava ganhar com isso?

— Talvez o mesmo que você, Fràulein. Uma oportunidade de estudá-la sem que você estivesse percebendo.

— Estudar-me?

— Claro! Como um von Mahstrom, eu tinha de ter certeza de que você estava qualificada para o meu título de nobreza.

— Você não está falando sério! Não me casaria com você nem que fosse uma mendiga!

— Tome cuidado. Palavras pronunciadas em um momento de exaltação podem provocar arrependimento.

— Então você acha que me arrependerei do que digo? Nada que eu possa dizer descreverá a baixeza de seu comportamento. E quanto a pensar que eu poderia desposá-lo. . .

Axel tentou acariciar-lhe o queixo, mas ela desvencilhou-se, furiosa.

— Não! Não me toque!

— Por que não?

— Eu. . . Eu o odeio!

— Não, não odeia, Líebchn. Tenho certeza de que não. Talvez você quisesse odiar, mas isto não basta. Veja só como seu corpo a trai cada vez que a toco. . . — Sem o menor esforço, ele fez com que os lábios de Andréa se apartassem. — Eu poderia possuí-la com tanta facili­dade...

Seus lábios enrijeceram e seu beijo tornou-se mais ousado. Sua habili­dade era tamanha que ela vacilou e agarrou-se a ele, encostando o rosto em seu peito nu.

— Viu só? — disse ele em tom triunfante. — Você não me odeia, Andréa, ainda. . .

— O que quer dizer com isso? — Você verá.

— Não pense que qualquer promessa que você arrancar de mim neste momento significará alguma coisa a partir do minuto em que eu estiver livre novamente.

—- Tenho muitos motivos para pensar o contrário.

— Está bem, está bem. Reconheço que você me... Perturba. E não posso impedi-lo de me seduzir, se esta é a sua intenção. Mas não me casa­rei com você.

— Acho que casará, sim.

Ele era por demais insistente e ela ficou confusa. Gotas de suor cobriam-lhe a fronte e todo seu corpo parecia banhar-se no calor de Axel. Sabia que havia alguma verdade no que de dizia. Talvez ela tivesse desejado que ele a possuísse. Com toda certeza tinha tido consciência de seu corpo no momento em que se viram pela primeira vez.

Ainda tinha de enfrentar Janete e a insistência dele em casar-se com ela. Seu pai jamais consentiria, ela nunca desposaria alguém que a dese­jasse simplesmente por seu dinheiro. Era uma coisa repulsiva e degradante, e o fato de ele não pronunciar nenhuma palavra de amor era prova de que estava usando seu corpo só para satisfazer seus desejos, como tinha feito antes com outras mulheres.

Seus pensamentos eram tão desoladores que ela suspirou. Ele notou e acariciou-lhe levemente o rosto.

— Não fique tão deprimida, posso torná-la feliz.

— Mas por quê? Por que eu? — exclamou desesperada.

— Se quiser chame a isto um impulso. Sou um von Mahstrom. A família Mahstrom foi outrora poderosa e influente. Nunca fomos caça-dotes.

— Eu não o tratei como um caça-dotes...

— Não? — Ele deu de ombros. — Então por que fingiu que era sua prima?

— Era apenas uma brincadeira, para me divertir,

— Mas acabou não sendo nada engraçado, não é, menina?

— Você não tem o direito de falar assim. Meu pai o matará se você puser as mãos em mim.

— Mas eu não a seduzi, Líebchn. e provo o que digo. Gravei tudo o que aconteceu, caso tenha de provar alguma coisa.

— Uma gravação? — Andréa ficou atônita.

Ia, uma gravação. — Ele enfiou a mão debaixo do divã e mostrou um gravador. — Queria ter certeza de que seu pai acreditaria em mim.

— Acreditar em você? Você seria capaz de chegar a este ponto? — perguntou Andréa, horrorizada.

Ela mal notou que ele colocava o gravador no mesmo lugar. Se seu pai ouvisse aquela fita pensaria o pior a seu respeito. Recordava com nitidez o que dissera naqueles momentos de paixão em que Axel a tinha excitado.

Compreendendo que sua única esperança era não levar suas intenções asério, ela disse: — Muito bem. Com que então você tem uma gravação das coisas que eu... Que nós dissemos um ao outro. E daí?

— Você pode fingir que tudo isto a deixa indiferente, Andréa. Mas você não gostaria de humilhar seu pai desta forma.

— E por que ele deveria ficar humilhado?

— Você sabe, as pessoas adoram um escândalo.

— Seria um escândalo para você também.

— Ah, sim. Mas como você mesma enfatiza, não passo de um instrutor de esqui. Que dano isto poderá me causar? Ao contrário, poderia ganhar até mesmo uma certa... Notoriedade.

— Você é mesquinho... É desprezível! — exclamou.

— Sou prático — respondeu, imperturbável. — Como é? Vamos chegar li uni acordo?

— Que acordo?

— Vamos concordar que eu não a tornarei minha amante antes de torná-la minha esposa.

— Você não pode estar falando a sério.

— Garanto que estou. Pela primeira vez a srta. Connolly não controla a situação. Podemos prosseguir?

— Você não pode... Quero dizer, você não é capaz...

— Ainda não. Isto é, até que estejamos casados, ouviu?

Ela o olhou com ar de súplica. — Mas o que você está querendo insi­nuar? Você está resolvido a me forçar a casar com você?

— Era minha intenção. Não é isto o que você esperava de um caça-dotes? Ou você quer que eu me apodere já daquilo que sem dúvida algu­ma me pertence?

— Você não ousaria!

— Quer me desafiar?

 — Não sei, não sei. Você está me deixando confusa. Não sei por que está agindo desta forma.

— Pois então reflita bastante, Líebchn, antes de me dizer um não. Eu poderia tornar sua vida muito desagradável.

— Mesmo que eu concorde, você não pode ter certeza de que manterei a palavra.

— A gravação o fará por você, Líebchn. Agora vai telefonar para seu pai e dizer-lhe onde está e com quem está. E que antecipamos... Nossas promessas núpcias.

— Mas isto não é verdade!

— Ele não tem meios de saber a verdade e quando ouvir a gravação. . . Ele não hesitará em concordar, para evitar um escândalo.

— Não tenha tanta certeza assim!

— Sei que seu pai não aprova a mentalidade do grupo com quem você anda em Londres. Foi por isso que ele a mandou para Grossfeld, para subtraí-la à influência daquela gente.

—- E você acha que ele o aprovará? Você não passa de um aventureiro!

Ele sorriu sem rancor. — Somente para você. Líebchn, somente para você. Para seu pai serei o Barão von Mahstrom, sócio de seu bom amigo Fritz Steiner. Saberei convencê-lo de que sou o genro ideal e quem sabe? Talvez ele me torne diretor de sua companhia.

— Você é totalmente sem escrúpulos, não?

— Completamente — concordou, levantando-se do divã e deitando-se no tapete. — Agora acho melhor dormirmos, sim? Por mais que eu queira fazer amor com você, saberei esperar.

— É, os proveitos serão maiores — murmurou Andréa. — Oh, como dói o meu joelho!

— Eu a machuquei? — indagou, encarando-a preocupado. Ela sentiu que nem mesmo naquele momento conseguia sustentar seu olhar. A des­peito de tudo, ainda achava-o o homem mais perturbador que já co­nhecera.

— Casar? — Seu pai, do outro lado do telefone, parecia atônito. — Você não está falando a sério, Andréa. Meu Deus, não faz nem uma semana que você está aí!

— Eu sei, papai, mas...

— Quem é esse tal de barão? O que você sabe a respeito dele? Andréa tinha plena consciência de que Axel estava atrás dela no estreito hall do chalé e sua mão tremia.

— Você o conhece, papai. Ou pelo menos já foi apresentado a ele. Na casa de Fritz. . . Fritz Steiner.

—- Fui apresentado a ele? Como é mesmo nome dele?

— Von Mahstrom, papai, Axel von Mahstrom.

— Von Mahstrom. — Seu pai repetiu o nome pensativo. — Não me diz nada. Oh espere um momento. Acho que me lembro, sim. É alto tem o cabelo muito louro. É um tipo bem arrogante, se bem me lembro.

Andréa olhou de relance para Axel e sentiu que ele deveria ter ouvido essas palavras. — É isso mesmo — concordou. — Sim, é arrogante.

— E ele a convenceu a desposá-lo?

— Eu. . . Sim. Sim. . . Eu. . . Vou casar com ele.

— E você tomou esta decisão... Em apenas uma semana? Axel deu um passo adiante e tornou-lhe o telefone.

— é Mahstrom quem está falando, é Patríck Connolly? O pai de Andréa?

Andréa afastou-se em direção à sala de estar. Após algumas horas de repouso seu joelho doía bem menos, O gravador em cima da escrivaninha zombava de sua presença, mas a fita tinha sido retirada. Tentou prestar atenção no diálogo que estava sendo travado ao telefone,

— Sim, foi imperdoável — dizia Axel solenemente, mas com uma ex­pressão zombeteira no olhar. —- Mas o senhor compreende como as coisas são. Estávamos os dois presos aqui no chalé, por demais envolvidos um com o outro. Foi inevitável. Sei que isto não é desculpa, mas é a pura verdade.

A pura verdade! — O olhar de Axel era um tormento e ela lhe deu as costas. Seu pai provavelmente estava furioso. Mas o que ele podia dizer? Ela lhe dera muitas preocupações desde que se formara no ano passado e talvez ele sentisse um grande alívio por se livrar de tamanha responsabilidade. Se pelos menos pudesse conversar com ele talvez conse­guisse convencê-lo de que não tinha feito nada de mal. Entretanto não suportava imaginá-lo ouvindo aquela fila, que encerrava declarações apai­xonadas a Axel.

Was? Ah ya. Não sei com exatidão, — Três. Talvez quatro semanas.Antes do que isso, nein. Prometo,

Andréa olhou-o intrigado. Ele colocou a mão no bocal do telefone e disse: — Seu pai receia que nos casemos enquanto ele estiver viajando.

— Viajando? — A esperança de ver seu pai dentro de pouco tempo foi liquidada naquele momento. —- Para onde ele vai?

— Para os Estados Unidos, claro. Pensei que você soubesse. Andréa, espantada, baixou os olhos. Seu pai lhe falara de sua viagem aos Estados Unidos? Não conseguia se lembrar. É verdade que não pres­tava atenção a muitas coisas que ele dizia,

— Eu absolutamente não me casarei com você! -— murmurou furiosa e Axel retirou a mão do bocal.

— Andréa disse que mudou de idéia. Sr. Connolly. Decidiu que não quer casar comigo.

Andréa ficou horrorizada, enquanto ele prosseguia. — Naturalmente não posso forçá-la... Como disse? Oh, sim, sim. — Sorria, cheio de malícia. — Andréa, seu pai quer falar com você.

— Papai? Sim. Sim, sou eu. Papai ouça-me... Oh, não, não.' Você não está entendendo!

— Estou entendendo até demais, Andréa. — Seu pai estava furioso. — Pois muito bem, ouça o que vou lhe dizer: não admito que minha filha ganhe a reputação de mulher fácil. Não se pode confiar em você. Sabia disto? Aqui ou em Grossfeld!

— Papai, não é nada disto que você está pensando!

— Só tenho a sua palavra. E você passou a noite com esse tal... Esse tal de Barão von Mahstrom, não foi?

— Foi, sim, mas. . .

— Não tem, mas nem meio, mas. Não quero ouvir mais uma palavra, Andréa! Pelo menos o sujeito parece ser decente e está disposto a casar com você!

— Papai, nos dias de hoje as mulheres nem sempre se casam com o homem com quem dormem! — protestou, frustrada.

— Não mesmo? E você conhece tudo a respeito do assunto, imagino!

— Oh, papai, quero voltar para casa. . .

— Não, Andréa.

Com um soluço Andréa largou o telefone, correndo para a sala de estar e deixando-se cair no divã. Deu livre curso às lágrimas que dominara por tanto tempo. Não ouviu o restante do diálogo de Axel com seu pai, pois tapou os ouvidos.

As mãos de Axel em seu ombro incomodaram-na e ela o repeliu. —Vá embora!

— Vamos, deixe disso, Líebchn. Controle-se, ya? Podia ter sido bem pior.

— Não, não é verdade.

— Podia, sim. Você poderia ter sido obrigada a casar com um homem que não a atraísse.

— Você não vai prosseguir com isso!

— Por que não? Neste momento seu pai está telefonando para o jornal de maior circulação de Londres, colocando o anúncio de nosso casamento. Dentro de poucos momentos telefonarei para um jornal de Viena e farei o mesmo.

— Você está louco! Não pode me forçar a prosseguir com esta his­tória!

— Veremos. E agora vamos tomar o café da manhã, antes que eu a leve de volta para o hotel.

— O que você mandou Nicholas Lieber dizer a Janete?

— Expliquei que você tinha se machucado e passaria a noite aqui comigo.

— Só isso?

— Que mais deveria dizer?

— O que você teria feito se eu não tivesse vindo aqui ontem à noite? — perguntou subitamente. — Como é que você poderia saber que uma oportunidade desta iria se apresentar?

— Eu não sabia. Mas se você ainda se lembra, eu a convidei para vir esquiar comigo ontem.

— Claro! — A mente de Andréa começava a funcionar novamente. E ele era um homem que conhecia aquelas montanhas. Sem a menor sombra de dúvida sabia que uma tempestade estava se armando. Não lhe teria sido difícil convencê-la a visitar seu chalé assim que a neve come­çasse a cair.

— Seu... Seu porco!

— Apreciaria muito que não me chamasse com esses nomes, Líebchn, Não gosto nada disto.

— Você acha que me importo com seus gostos?

— Acho que você aprenderá com o tempo — retrucou ele. Andréa não sentia a menor fome. Mas forçou-se a tomar uma xícara de café enquanto Axel levava o cão para dar uma volta. Quando ele voltou estava coberto de neve, forte, viril e intensamente masculino em seu traje de esqui. Andréa abandonou-se às suas fantasias, imaginando-se no papel de sua esposa e teve de reconhecer que haveria certas com­pensações. Exceto que ele não tinha lá muita moral e provavelmente a acabaria abandonando por outra mulher que valorizasse seus atributos. Interrompeu seus pensamentos. Isto jamais aconteceria, porque ela nunca o desposaria, independentemente do que ele dissesse ou fizesse.

Andréa enfiou o casaco e foi mancando até a porta. À sua volta a neve voltava a cair, formando uma cortina espessa, e o atalho que Axel escavara já estava coberto com pequenos flocos.

— Espere que eu a carregarei -— disse Axel, jogando a pá de lado.

— Obrigada. Não há a menor necessidade. Não quero ficar lhe de­vendo nada!

— Acho que você já me deve muito — declarou Axel impaciente. — Não conheço nenhum outro homem que não tivesse aceitado o que você me ofereceu com tamanha generosidade!

 — Seu...

— Não. Basta. Não quero ouvir mais nada. Lembre-se, Andréa: de que agora você é minha noiva. Até o momento demonstrei ter uma enorme paciência, mas agora chega. Lembre-se de que não sou um de seus amigos frouxos e posso me tornar um inimigo poderoso. Não se esqueça nunca disto.

Andréa comprimiu os lábios. Até que seu pai chegasse, ela se encontra­ria em uma posição impossível e sabia disto.

— E Janete? O que devo dizer a ela?

— Não lhe diga nada — respondeu Axel, para sua grande surpresa. — Conversarei com Janete no devido tempo. No momento, você deve se comportar como se nada tivesse acontecido.

— Por quê? Se papai, já está telefonando para os jornais, ela logo ficará sabendo.

— Já disse para deixar comigo — disse ele bruscamente. — Agora trate de entrar no automóvel. Não tenho tempo de ficar discutindo com você.

Andréa passou por ele e abriu a porta do carro, entrando com difi­culdade. Seu rosto espelhava a ira e a frustração que ela estava sentindo. Ela não o temia, porém receava o poder que ele exercia sobre ela.

Os limpa-neve estavam em plena atividade e seus choferes saudaram Axel. Obviamente todos o conheciam e um deles parou seu veículo, caminhando até o carro. Andréa compreendia um pouquinho de alemão, mas a conversa, rápida demais, deixou-a desnorteada. Ao prosseguirem, ela o olhou com ar de interrogação.

— Houve uma avalanche em Meitbrugge. Parece que morreram três pessoas.

— Que coisa terrível! Quando aconteceu? Ontem à noite?

— Você se importa mesmo? Você, que se arrisca tanto? Se tivessem sentido sua falta ontem à noite, teriam providenciado uma equipe para resgatá-la e alguns homens arriscariam suas vidas para salvar a sua.

Andréa sentiu um tom de censura em sua voz. — acontece que eu não tive sorte.

— Você foi imprudente! Arriscou sua própria segurança e muito egoisticamente envolveu outras pessoas.

— Se você tem uma opinião tão pouco lisonjeira a meu respeito, sur­preende-me que queira casar comigo!

— Seus outros atributos compensam certas deficiências, Líebchn. Além do mais, confio que no devido tempo conseguirei transformá-la no tipo de mulher que eu gostaria que você fosse.

Andréa recusou-se a fazer qualquer comentário e pôs-se a contemplar os arredores de Grossfeld.

Axel estacionou o carro na entrada do Kiitzbahal e Andréa, com alguma relutância, olhou as janelas da suíte que ela e Janete ocupavam. Agora que tinha chegado, sentia um desejo ridículo de não sair do carro, mas atribuiu esse fato às explicações que teria de dar à sua prima, e aos demais.

Axel olhou-a de soslaio. — Muito bem. Quer que eu a carregue para dentro do hotel?

Em um gesto impulsivo, Andréa tocou-lhe o braço. — Axel — disse ela em tom de súplica, mas ele sacudiu ligeiramente a cabeça e saiu do carro. Veio até o outro lado e abriu a porta, mas antes que pudesse ajudá-la a sair ouviram-se algumas vozes que vinham da entrada do hotel.

— Hei, Andréa, o que foi que aconteceu?

— Precisam de ajuda?

— Andréa? Mas o que foi que você andou aprontando?

Andréa fez o possível para se controlar e conseguiu sorrir de leve para Susie, Roy e os demais. Naquele momento viu Janete cujo estado melhorara consideravelmente, se bem que ela ainda mancasse.

— Mas no que você se meteu? — perguntou Roy. Assim que Axel afastou-se. — Perdeu uma festa incrível ontem à noite.

— Você caiu da montanha? — perguntou alguém, em tom de brinca­deira e Susie dirigiu-lhe um sorriso solidário.

— Você levou uma queda? — perguntou Lucy Stevens, e pelo seu tom de voz Andréa sentiu que este era o seu maior desejo.

— Que tal uma trégua? — sugeriu Axel, sombrio e pensativo. Janete falou então pela primeira vez — Queria lhe agradecer da parte de Andréa por ter cuidado dela. Axel— disse, olhando para a prima com um certo desprezo, — Obviamente Andréa esqueceu de fazê-lo, na excitação de encontrar-se novamente com seus amigos,

— Eu já agradeci, Janete. Não é mesmo, Axel?

Janete não pôde deixar de mostrar sua surpresa ao ouvi-laempregar o nome de batismo do barão. Axel inclinoua cabeça polidamente e Andréa sentiu que a frustração invadia sua prima. Ele adotara aquele ar ligeira­mente altivo, que conseguia assumir com tanta facilidade, e ela mal podia acreditar que na noite passada estivera em seus braços.

Agora Axel desculpava-se, preparando-se para partir. — Tenho muito que fazer — explicou a Janete, desapontada por ele ir embora. No momento em que ele se preparava para partir, Nicholas Lieber apareceu na recepção.

— Ah, Srta. Connolly! — exclamou, tornando-lhe a mão. — Que bom ter conseguido chegar até a casa de meu amigo von Mahstrom! Diga-me, a senhorita se feriu?

 Andréa esforçou-se por sorrir. — Machuquei o joelho, mas não foi nada, não.

— Absolutamente! — Nicholas Lieber estava preocupado. — Precisa­mos providenciar para que veja um médico.

— Acho que não é necessário — murmurou Andréa, porém o barão interrompeu-a.

— Você já tomou o café da manhã? — indagou Roy, solícito.

— Sim — respondeu Andréa. — Não repare, Roy, mas quero ir ime­diatamente para meu quarto. Preciso de um banho.

— Vou com você — disse Janete no ato e Andréa concordou. Se sua prima esperava algum tipo de explicação ia ficar decepcionada mais uma vez.

 



  

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