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Na Voragem da Paixão 2 страница



Roy dançava de um modo muito provocante, com os dois braços pou­sados na cintura de Andréa. Encostou o rosto em seus cabelos e quando ela tentou recuar ele disse: — Relaxe e aproveite. Você bem sabe que é isto que você quer.

Andréa enfiou um dedo na abertura de sua camisa, sentindo, ao fazê-lo, que seus músculos ficaram tensos. — Você se acha irresistível, não é mesmo? — indagou.

— Não — ele replicou, beijando-lhe os cabelos. — Irresistível é você.

— Continue tentando — murmurou Andréa ironicamente, e ele sus­pirou com impaciência.

— Estou falando sério. Você é linda — disse-lhe sem muita ênfase.

— Por que está sendo tão agressiva? O que Ruth representa para você?

— E para você?

— É filha de meu padrasto. Isto explica a situação?

— Sim, sem dúvida. — Encarou-o. — Explica inclusive por que você é tão seguro a respeito de si mesmo.

— O que quer dizer com isto?

— Toda essa atitude de herói! Você precisaria ser muito mais forte do que é para levar isso adiante.

— Muito obrigado!— Ele parecia desapontado.

— Ela sabe quem você é, não sabe? — perguntou Andréa sorrindo.

— Afinal, vive com você há quantos anos?

— Quinze anos.

— Quinze anos! Que louca!

— Você está me gozando? — Ele a contemplou intrigada.

— Bem. . . Talvez esteja sim, um pouco — ela concordou, rindo. — Oh, Roy, não fique tão ofendido. Justamente agora, que estava começando a gostar de você...

— O que você vai fazer amanhã?

— Não sei. Depende de Janete.

— Janete? Oh, a prima de quem você falou. — Fez uma careta e olhou para o grupo reunido em torno da lareira. — Imagino que aquela é Janete, a que está usando vestido comprido. Ela não se parece nem um pouco com você, não é mesmo?

— Você não acha? — Andréa também olhou à sua volta. — Você sabia que sua meia-irmã está de olho pregado em nós? Ela está branca como cera!

Ele sorriu para ela, ignorando seu comentário. — Pois então venha esquiar comigo amanhã. Você sabe esquiar, não é?

— Talvez — ela replicou. — Em todo caso, como já lhe disse, vou passar o dia com Janete.

— Então amanhã à noite. Deixe-me levá-la para jantar fora.

— Não posso fazer planos enquanto não souber o que Jan quer fazer. Provavelmente nos veremos novamente amanhã à noite.

Ele teve de contentar-se com isso e nem mesmo Ruth pôde censurar o procedimento de Andréa no resto da noite. Roy fez o que pôde para ficar ao lado dela, mas Andréa preferiu dançar com outras pessoas, e notou que Ruth foi ocupar o lugar ao lado de Roy assim que teve oportunidade. Andréa sentiu pena dela, mas ela se atirava em seus braços e ele era o tipo de homem que gostava de mulheres difíceis.

Mais tarde, na suíte, Janete tentou tocar no assunto, mas nesse ponto Andréa mostrou-se inflexível. Declarou-se cansada e não tinha a menor intenção de discutir seus problemas com a prima àquela hora da noite.

Agora, porém era de manhã e Andréa admitiu que Janete poderia tentar fazer a conversa girar em torno de Roy Stevens. Esticou-se preguiçosa­mente. Muito bem! Talvez durante aquelas férias Janete aprendesse que as coisas não eram simplesmente brancas ou negras, mas que compor­tavam muitas tonalidades de cinza.

Ficou, portanto surpresa quando a porta do quarto da prima se abriu e esta surgiu, admirada por ver que Andréa já estava acordada.

— Receei acordá-la — ela disse, entrando no quarto com um penhoar cor-de-rosa de um gosto mais do que duvidoso. — Já são quase sete e meia. Não vamos à piscina?

— Por que não? — Andréa jogou as cobertas de lado e soltou uma exclamação de impaciência no momento em que Janete desviava rápida­mente o olhar. — Ambas somos mulheres, Jan! — disse ela, alcançando o penhoar de seda branca.

— Eu sei, mas. . . — Janete levantou os olhos, preocupada, e logo em seguida pareceu sentir alívio ao ver que Andréa amarrava o penhoar.

— Isto é, dormir desse jeito! Como é possível. Andréa? — Você não sente frio?

— Não mais do que você imagina. — Andréa apontou a camisola de náilon usada por Janete. — Você não sabia que sem estímulo o corpo perde sua habilidade de gerar calor?

— Sim. . . Mas é que despida. . .

— Pelada — corrigiu Andréa, em tom de zombaria. — Mas o que há com você. Jan? Será que tia Lavinia conseguiu fazer com que você sentisse vergonha do próprio corpo?

— Não. Vergonha, não, mas. . .

— Meu bem, papai e eu costumávamos nadar no mar, perto de nossa villa nas Bermudas, nus em pêlo, e a nossa única preocupação era os tubarões — observou Andréa rindo. — Você não sabia que esse é o único modo de ficar queimada por inteiro?

Janete ficou chocadíssima. — Você quer dizer que. . . Você e tio Pat...

— Pois é... — Andréa já estava ficando aborrecida com aquela conversa.  Foi até a janela e, abrindo a cortina, olhou a paisagem, — Brrr. . . Deve estar um frio lá fora! — Então voltou a olhar a prima e suspirou. — Ora. Jan! Cresça! O corpo humano não deve ter segredos para você!

O rosto cheio de Janete ficou rubro. — Bem. . . Eu. . . Eu nunca vi, um homem. . . Sem roupas.

Andréa riu. — Olhe que isso pode acontecer de um momento para outro! Jan, não é vergonha alguém ver seu corpo. Oh, não estou sugerin­do que você deve ir à praia de busto de fora ou fazer um strip-tease diante de um time de futebol, mas é que. . . Ficar sem roupas é uma experiência muito natural. — Fez uma pausa. — Bem, esqueça do assunto. Vá pôr o maio e em seguida desceremos até a piscina e nos aqueceremos na água.

— Você acha que haverá alguém por lá? — perguntou Janete, hesitante.

— A quem você se refere? A alguém do grupo de Susie? Ou àquele barão malvado e atrevido?

— Oh, Andréa! -— Janete desviou o olhar, porém voltou a encarar sua prima. — Você acha que ele estaria lá?

— Quem? O barão? Sei lá! Em todo caso, acho que ele deve estar atrás de alguma mulher. Isto é próprio de homens como ele. Veja, por exemplo, o caso daquela mulher de meia-idade a quem ele acompanhava ontem.

— Ela não era de meia-idade. Andréa. Tinha apenas... Uns trinta e poucos anos.

— Ponha anos nisso. Oh. vamos, Jan. Estamos perdendo tempo.

— Você, você vai encontrar aquele rapaz hoje?

— Se está pensando em Roy, por que não diz logo o nome dele? Você sabe como ele se chama tão bem quanto eu. Sim, espero que sim. Não sei como poderia evitá-lo, sobretudo porque ele está hospedado no mesmo hotel.

— Você sabe muito bem o que eu quis dizer, Andréa. Ruth ficou muito aborrecida ontem à noite.

Andréa enfiou as mãos nos bolsos do penhoar. — Ficou mesmo? — perguntou calmamente.

— Sim. Você não acha que foi uma maldade de sua parte encorajá-lo?

— Eu não o encorajei! Pelo menos não o encorajei muito. Ob, Jan. você não compreende. Se não tivesse dançado com Roy, ele teria encon­trado alguém em meu lugar. Pelo menos comigo ele se comportou ra­zoavelmente bem.

— É, mas Ruth não sabia disso, não?

— Ruth deveria ser mais sensata.

— Oh, Andréa, não seja tão cruel! Ela é louca por ele.

—- Acho que ninguém tem a menor dúvida quanto a isto, inclusive Roy! Jan, não se pode fazer uma coisa dessas! Agarrar-se a um homem como se ele fosse um salva-vidas!

— Ela o ama. Andréa. Que mais ela poderia fazer?

— Poderia encontrar outra pessoa e tentar tornar Roy ciumento, para mudar as regras do jogo.                                                    

— Mas eles são casados, Andréa. . .

Casados? — O assombro apoderou-se dela. — Você não está fa­lando sério!

— Estou, sim! O nome dela é Ruth Stevens!

Andréa voltou a respirar. — Ah. . . Ah sei! — Quase riu. Jan, ela é meia-irmã dele. Acho que a mãe dela ou a mãe dele trocaram de nome quando voltaram a se casar.

— Meia-irmã? Puxa! — Janete mordeu o lábio. — Ah, isto é diferente. Ela estava conversando sobre o lugar onde eles moram, sobre a casa. Eu naturalmente presumi que...

— Sei. Agora você não quer se trocar?

— Sim, claro. — Janete sorriu como se estivesse pedindo desculpas. — Daqui a pouco nos vemos.

Quando Andréa e Janete saíram do elevador, viram que naquele mo­mento havia mais três pessoas na piscina e nenhuma delas lhes era fami­liar. A piscina era grande e aquecida e a atmosfera era intensamente úmida. Azulejos verde-claros brilhavam dentro da água, dando-lhe uma aparência tropical, e a bordadura da piscina era de pequenos mosaicos em tons de azul e verde.

Deixaram a roupa em uma das cabines, e enquanto Janete enfiava uma touca na cabeça Andréa mergulhou na piscina. O maio de Janete tinha tudo para ser o mais ousado, pois era de duas peças, mas o de Andréa era preto, inteiriço, e aderia fortemente à sua pele. moldando-lhe os seios e as cadeiras. Andréapercorreu toda a extensão da piscina com amplas braçadas e regressou ao ponto onde Janete se encontrava, mergu­lhando os pés na água. Sacudindo os cabelos negros e brilhantes, Andréa puxou a prima pelos pés.

— Entre, vamos! — exclamou. -— Está uma delícia!

Janete olhou nervosamente à sua volta. — Alguém está olhando?

— Claro que não. Mesmo que estivessem. . . Você está de férias, Janete. Não deixe que ninguém estrague seu prazer.

— Oh. ... está bem. — Janete entrou lentamente na água e ficou toda arrepiada de frio. — Oh, Andréa... Está um gelo!

— Não está, não. Você logo se acostuma, é que seu corpo está su­peraquecido. Já deve estar se sentindo melhor, não?

Janete fez que sim, debatendo-se nas águas e provocando pequenas ondas que se irradiavam pela piscina. — É mesmo uma gostosura, não? Não, não me leve para o fundo. Deixe primeiro eu me acostumar.

Andréa, muito paciente, deu algumas braçadas até Janete ficar mais à vontade e então disse: — Que tal uma lição, hein?

Janete parecia hesitar. — Desse jeito está bom. Andréa. Vamos deixar ás coisas como estão e começar as aulas amanhã?

— Oh, Jan, você jamais aprenderá se não se esforçar.

— Não sei por que deva. Para que me esforçar? Estou tão contente aqui no raso. . .

Andréa, exasperada, murmurou algo incompreensível e afastou-se rapi­damente, nadando para a parte mais funda da piscina. Achava difícil entender o raciocínio de Janete. Poderia divertir-se muito mais se soubesse nadar, em vez de ficar com água à altura do peito, incapaz de fazer qualquer outra coisa a não ser dar pulinhos. Além do mais, se aconte­cesse alguma emergência, ela saberia se safar.

Estava deitada de costas, flutuando, quando alguém pulou na água pró­ximo a ela, agitando a superfície e provocando pequenas ondas, que lhe entraram pela boca e narinas. Pôs-se a tossir e a espirrar, sentindo grande irritação. Esfregou os olhos, furiosa e subitamente deparou-se com o olhar zombeteiro do barão Axel von Mahlstrom.

Guien Morgen, Fràulein — ele a saudou, inclinando a cabeça, e um enorme ressentimento apoderou-se dela.

— O senhor é que é o responsável por eu quase me ter afogado? — perguntou furiosa.

Ele a olhou ligeiramente divertida. — Nein,

— O que quer dizer com nein?

Verzeihen Sie, não.

— Eu entendo o que nein significa, Herr Barão.

— Entende mesmo? Então de que está falando?

— O senhor sabe muito bem que pulou na piscina perto de mim! — ela declarou irritada.

— Nem estou negando.

— Está sim! Quando eu lhe perguntei se...

— Perguntou-me se eu era responsável por quase tê-la afogado. Neguei. Estava contemplando-a, srta. Connolly e vi quando um patinho chegou bem perto com a intenção de afogá-la.

Andréa olhou-o indignado e afastou-se, mas ele nadou a seu lado e. ficando de costas disse: — Eu lhe dou o direito de — como se diz mesmo — de revidar, já?

Andréa olhou seu corpo esguio e musculoso. A exemplo de seu próprio corpo,o dele também estava bastante queimado de sol, o que contrastava singularmente com seu cabelo muito louro. Naquele momento seu cabelo estava mais escuro, encharcado de água, e aderia-lhe à cabeça e ao pescoço. As costeletas iam quase à altura do maxilar e seu nariz e queixo eram muitos bem delineados. Seus lábios eram finos c tinham uma expressão irônica e vagamente cruel. Andréa reconheceu nelas uma certa determinação e força de vontade, aliados a um cinismo que tornava mais duro o brilho cinza de seu olhar. Ele também possuía uma forte sensual idade, e isto não lhe passou despercebido.

Não conseguiu resistir à tentação de mergulhar o rosto zombeteiro na água e. nadando até ele, apoiou com toda força as mãos em seus ombros. Para sua grande surpresa, ele riu e, agarrando-a pelos braços, obrigou-a a mergulhar com ele. Por um momento ela ficou por cima dele. sob a água. Suas pernas entre laçaram-se às dele e seus seios choca­vam-se contra a rigidez de seu peito. Ele então fez um movimento enér­gico, repelindo-a, e ela voltou à superfície, tossindo.

O barão surgiu à tona logo após, imperturbável diante de sua tentativa de lhe dar um caldo, e ela esfregou os olhos, furiosos.

— Seu porco! — ela indignada declarou e ele voltou a rir. Nadou nova­mente em direção a cia e olhando-a perguntou com a maior calma:

— Está tudo bem, não é?

Aqueles cuidados inesperados deixaram-na momentaneamente desar­mada e ela o encarou tomado de curiosidade. — O que está fazendo aqui nesta piscina? O senhor disse que não estava hospedado neste hotel.

— Pois não estou. Não moro muito longe daqui, é que Nicolas Lieber é meu amigo e permite que eu use a piscina.

— Nicolas Lieber? — Andréa franziu o cenho. — Oh. . . Herr Lieber, o proprietário.

Já, ele mesmo.

— E... o senhor também tem um hotel, Herr Barão? — Sabia que estava sendo curiosa demais, porém não conseguiu se controlar.

— Infelizmente não, Fràulein,

— O senhor... não tem... uma ocupação?

Seu sorriso era vagamente zombeteiro. — Ah, Fràulein... Sou ins­trutor de esqui.

Instrutor de esqui!

Andréa deveria estar preparada para ouvir aquilo, mas não estava e ficou furiosa. Instrutor de esqui! Era mesmo de se esperar! Principal­mente depois de tudo o que ela dissera a Janete!

Subitamente, ficou intrigada. Ele a chamara por seu nome, srta. Connolly! Como é que sabia seu nome? Procurando demonstrar um mínimo de interesse, comentou:

— O senhor acaba de citar meu nome.

— Claro. Fui apresentado a seu pai, há muitos anos, na casa de um banqueiro suíço meu amigo, Herr Steiner.

Fritz Steiner!

Aquele nome bailou nos lábios de Andréa, mas ela evitou pronunciá-lo. Uma vaga de desprezo apoderava-se dela e teve de refrear-se para não dizer àquele tipo arrogante o que pensava de seus métodos. Com que então ele sabia quem ela era. Sem dúvida tinha feito o mesmo em rela­ção a Janete. E não fora à toa que ele escolhera entrar na piscina na­dando para perto dela, em vez de juntar-se a Janete no raso. Andréa sentiu-se mais indignada do que nunca. Subitamente ocorreu-lhe uma idéia brilhante. Ao recordar seus pensamentos da noite anterior passou por cima de toda e qualquer discrição. Um leve sorriso aflorou-lhe aos lábios enquanto dizia, imperturbável:

— Acho que se enganou. Herr Barão. Penso que se refere a Patríck Connolly, não é mesmo? É primo de meu pai e meu tio!

O Barão franziu o cenho, com ar irônico. — Isi das so? Entschuldigen Sie. Devo ter-me enganado. — Forçou um sorriso. Sinto muito.

Andréa olhou para a parte menos funda da piscina e notou que Janete os olhava com evidente irritação. — Lá está ela — fez um gesto indi­cando sua companheira. — Minha prima, Janete. Foram apresentados ontem, lembra-se?

— Claro. — Seu sorriso era um tanto tenso e, pondo o braço para fora da água consultou o relógio. — Agora vai me desculpar, mas tenho de ir. Como lhe disse, Fràulein, sou um trabalhador. . .

— Oh, por favor, meu nome é Andréa — ela exclamou, um tanto irônico, deliciado por tê-lo deixado desconcertado. — Espero que volte­mos a nos ver, não?

Por um momento seus olhos cinza mergulharam nos dela e o que lhe foi revelado causou-lhe um arrepio por todo o corpo. — Sem dúvida, Fràulein — ele respondeu com uma polidez que contrastava com a ex­pressão de seus olhos. — Queira, por favor, transmitir minhas lembranças a sua prima. Auf Wiedersehen,

Com algumas braçadas vigorosas aproximou-se da borda da piscina e saiu, revelando seu corpo musculoso. Andréa notou que ele usava um maio azul muito justo, que não deixava a menor dúvida quanto ao recheio que abrigava. Voltou a estremecer, desejando que tivesse se enganado a seu respeito, mas em seguida repreendeu-se por lhe ter ocorrido semelhante pensamento. Os homens mais atraentes eram sempre casados ou pobre­tões, e era bem possível que ele fosse ambas as coisas.

Encaminhou-se em direção às cabines sem lançar sequer um olhar para Janete e, ao se dar conta do que tinha feito, nadou lentamente para a parte mais rasa da piscina.

Muito bem! Janete devorou-a com o olhar, vermelho que nem um pimentão. — Que golpe sujo, não?

— O quê? — Andréa fingiu que ignorava as razões de seu protesto.

— Você monopolizou o barão o tempo todo! Não finja. Eu a vi, Andréa. Foi de propósito, não é mesmo?

Andréa reuniu toda a paciência de que era capaz. — Você viu tudo o que aconteceu, Janete? — perguntou calmamente.

— Claro que sim.

— Então deve ter reparado que ele mergulhou ao meu lado. Por que acha que ele fez isto?

— Não sei. Coincidência...

— Oh, Janete! — Andréa balançou a cabeça. — Não foi absolutamente coincidência. Fiquei conhecendo um pouco melhor o seu amigo, o barão. Sabia, por exemplo, que ele é instrutor de esqui?

— Instrutor de esqui? — Janete ficou sem saber o que dizer.

— Sim, instrutor de esqui. Acontece que ele é amigo do dono do hotel, que lhe permite certas liberdades. E ele, por cúmulo, sabia meu nome. Ou pelo menos pensou que sabia.

— O que quer dizer com isto?

Janete começava a tremer e Andréa fez sinal para que ela saísse da piscina. — Vamos embora. Está esfriando e já está na hora de nos vestir­mos para o café da manhã.

— Mas. . . e o barão? — choramingou Janete.

— A gente conversa lá no quarto. Vamos.

Andréa enxugava-se em seu banheiro e não ficou nem um pouco sur­presa quando Janete apareceu após alguns minutos, já vestida.

— Você não tomou banho? — perguntou ela, e Janete sacudiu a cabeça.

— Mais tarde. Continue a me falar do barão. Não agüento mais este suspense.

Andréa jogou a toalha de lado c começou a pôr a roupa de baixo. — Bem... — Fez uma pausa significativa, imaginando como Janete reagiria quando lhe dissesse o que tinha feito. — Ele, de fato, sabia meu nome. Disse que conheceu papai na casa de Frítz Steiner, em Berna. Acho que ele descobriu nossos nomes fazendo perguntas lá no balcão de recepção.

— E daí? — Janete ainda estava toda irritada

— Janete, a razão pela qual ele se mostrou sociável comigo é que ele acredita que sou filha de Patrick Connolly.

— Mas você é.

—- Eu sei, mas disse a ele que você é quem é!

— Corno?

— Eu disse a ele que você era eu. Oh, Jan, não fique desse jeito! Você devia ficar contente, pois o seu maior desejo vai se realizar. O barão vai prestar atenção em você.

A confusão se estampava no rosto cheio de Janete. — Mas como é que você pode saber uma coisa dessas? Ele lhe disse?

— Oh, não! Não seja tola, Jan. Olhe. . . a razão pela qual o barão prestou atenção em mim em vez de você foi porque ele achava que eu era mais atraente. . . financeiramente! Quando eu lhe disse que não era a filha de Pat, e sim você, ele não viu o momento de afastar-se de mim.

Janete começou a hesitar. — Você não está falando sério, Andréa.

— Por que não? Até agora ele não tinha prestado atenção em mim, não é?

— Ele não prestou atenção em nenhuma de nós.

— Claro que prestou. Ele ofereceu-se para carregar seus embrulhos, não foi? — Andréa começou a escovar o cabelo. — É mais do que evidente que ele achou que você era a dona do dinheiro. Devo dizer que você parece bem mais abonada do que eu.

— Mas imagine só, dizer-lhe que eu era você! — A expressão de Andréa era quase risível. — Andréa, por que fez uma coisa dessas?

Andréa deu as costas, incapaz de sustentar o olhar ingênuo da prima. — O que é que você acha? Foi para que você se divertisse um pouco, como, aliás, você disse que queria.

— Nós jamais conseguiremos levar esta história adiante!

— Por que não?

Janete procurou as palavras. — Susie conhece você — ela e toda a turma dela!

— Susie me conhece, está certo, mas ela não dirá nada, se eu pedir. No que diz respeito aos demais, somos primas e nossos sobrenomes, são idênticos. Qualquer uma de nós poderia ser filha de Patrick Connolly.

— Não sei, não. — Janete torceu as mãos. aflita, mas Andréa notou que ela estava fraquejando. — E se ele descobrir?

— Quem? Meu pai ou o barão?

— Ora, o barão, é claro.

— Eu ficaria muito mais preocupada com o que meu pai diria — retrucou Andréa. — No que diz respeito a Axel von Mahlstrom, ele não tem muitas razões para se queixar, não é mesmo?

— Oh, se a gente conseguisse... -disse com um fio de voz. — Claro que conseguiremos. Eu, pelo menos, já consegui.

Janete mordeu o lábio. — É, imagino que vai acabar dando certo...

— Tenha coragem! — Andréa ficou bastante aliviada ao notar que Janete não parecia mais zangada. — Isto vai ajudar a aliviar o aborreci­mento que é estar aqui. E sempre achei muito atraente a idéia de ser simplesmente Andréa Connolly e não apenas a filha de Patrick Connolly.

 

                          CAPÍTULO III

 

Alguns dias mais farde, Andréa estava no topo da pista de esqui de Fddberg, contemplando o vale que se estendia a seus pés. Grosxfeld estava aos pés da geleira. Os tetos das casas e a torre da igreja pareciam minús­culos, vistos daquela altura. Olhou para as escarpas cobertas de pinheiros e ouviu o barulho do folicular que trazia mais desportistas para o topo da montanha. Sentiu o cheiro de café que vinha do pequeno bar, um verdadeiro reconforto para os entusiastas do esporte, que gostavam de tomar algo quente antes de enfrentar as emoções e perigos da descida.

Pela primeira vez, estava livre da presença de Janete, e, apesar de sua companhia já não lhe pesar tanto, como acontecia no começo das férias, era agradável ficar a sós por algum tempo.

Desde que haviam concordado em trocar de identidade, não houvera mais sinal do atraente barão. Afinal, havia muitas outras mulheres em Grossfeld e o Kutzbuhi não devia ser o único hotel que ele freqüentava. Janete ficou extremamente desapontada com a ausência dele e Andréa sentiu-se culpada. Pez o possível para interessar a prima em outras coisas e em outras pessoas, e, finalmente, Janete pareceu reagir. Nesse dia, por exemplo, tinha aceitado um convite para ir com Susie Nichols e seus país dar um passeio.

Sucumbindo ao cheiro tentador do café, Andréa tirou os esquis e caminhou em direção ao chalé pintado com cores brilhantes. O calor que reinava lá dentro embaçou seus óculos escuros, e ela os colocou no bolso de fora da jaqueta. Acomodou-se em uma mesinha ao lado da janela, com uma xícara de café fumegante, e comeu com bastante apetite um delicioso cachorro quente.

— Pensei que você vivia fazendo regimes para emagrecer - uma voz vagamente familiar, ao lado dela. Andréa levantou os olhos e viu Roy Stevens, que a encarava.

Limpando a boca com o dorso da mão. ela disse: — Imagino que você vai me dizer que este nosso encontro é uma coincidência!

Durante cinco dias, Roy tinha freqüentado, com uma regularidade irri­tante, todos os lugares aonde ela e Janete iam, mas Andréa sempre se recu­sava a conversar com ele. Roy puxou a cadeira que estava do outro lado da mesa e sentou-se. — Não é minha intenção duvidar de sua inquestioná­vel inteligência — ele replicou, sorrindo. — Reconheço que a segui. Aliás, quem não faria o mesmo, quando o guarda-costas não está por perto?

— Janete não é meu guarda-costas! -— Pois você quase me enganou.

— Talvez você seja mais fácil de enganar do que pensa.

— Hei, pare de implicar comigo! — Roy olhou em torno da sala apinhada de gente e voltou-se novamente para ela. — Você não ficou nem um pouco contente por me ver? Aqueles dois sujeitos lá no canto não tiram os olhos de você. — Não tem medo de vir esquiar sozinha nestas alturas? Sabe que, se acontecer alguma coisa, só Deus e a providência poderão ajudá-la?



  

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