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Na Voragem da Paixão 3 страница



Andréa lançou um olhar apressado na direção que ele havia indicado. Dois tipos com barba ocupavam uma mesa, mas não levantaram os olhos, e ela sorriu ironicamente.

— Talvez eles estejam mais a fim de você — disse, caçoando. — Não parecem interessados em mim.

—- Mas o que há de errado comigo? Por que você não me dá ao menos uma chance?

— Mas nós estamos conversando, não é mesmo?

Roy estudou-a com impaciência. — Não é isto o que eu quero dizer, e você bem sabe. Mas de que se trata? Ruth, por acaso? Ela lhe disse alguma coisa?

— Duvido que Ruth me dissesse o que quer que fosse — observou Andréa secamente. — Você não quer comer ou beber alguma coisa?

— Não.

Andréa tomou o resto do café com os olhos postos nele e então disse:

— Muito bem. Vamos indo?

— Você quer dizer. . . juntos?

— Não foi para isso que você veio?

— Bem... sim. Sim. — Sorriu e sua confiança retornou. — Claro.Vamos.

Andréa apreciou o dia. Era muito divertido esquiar nas colinas suave­mente ondulada, e como Roy era tão hábil quanto ela, não havia limites para eles. Logo se cansaram de usar as pistas convencionais e decidiram apostar corridas, usando as árvores como obstáculos. Era um desafio um tanto perigoso, mas isso tornava o excitamento maior, e ambos se lançaram na aventura, indo até os limites de sua habilidade. O vento gélido batia no rosto de Andréa, seus esquis fendiam a neve sem o menor esforço e ela sentia-se invadida por uma sensação de plenitude. O sol começou a se pôr e ela quase chegou a sentir pena por terem de voltar para o hotel. —- Você foi fantástica! — exclamou Roy, entusiasmado, enquanto to­mavam a estrada que levava ao Hotel Kiitzbuhl. — Nunca conheci uma garota que pudesse competir comigo.

— Não? — Andréa olhou-o de soslaio. — Você não acha que é uma opinião um tanto apressado?

Roy ficou encabulado. Ao lado dela, perdera um pouco aquele ar

insuportável de autoconfiança.

— Você sabe o que quero dizer. Você é muito eficiente. Deve ter tido um bom professor.

— Foi o irmão de meu pai — replicou Andréa, lembrando-se súbita­mente do que tinha de esconder sua verdadeira identidade. — Tio... tio Patrick.

Roy pareceu não ter notado nada de extraordinário. Chegaram ao hotel e, ao se aproximarem da recepção, notaram que as luzes do bar brilhavam convidativamente. De dentro vinha o ruído de vozes e risadas.

— Acho que os Nichols já voltaram do passeio — comentou Roy, um tanto sombrio. — Isto quer dizer que você vai ter de ficar grudada em sua prima, hoje à noite.

Andréa sorriu para ele.

— Bem, tivemos um dia maravilhoso, não?

— Maravilhoso! — Concordou. — E amanhã?

Andréa ia sugerir que deveriam esperar e ver o que ia acontecer, quando duas pessoas saíram do bar. Uma delas era Janete, porém uma Janete como Andréa jamais vira antes, corada e animada quase bonita. ao lado do homem que a acompanhava. Andréa olhou de relance e cer­tificou-se de que era o barão.

— Andréa! — exclamou Janete, mal olhando para Roy. — Adivinhe quem encontramos em Innsbruck hoje!

O barão ficou de lado, demonstrando um interesse polido em relação ao que se passava, e Andréa achou a pergunta totalmente desnecessária.

— Vocês se divertiram?

— Oh, sim — declarou Janete com entusiasmo. — Fomos ao Hofburg, vimos o túmulo do imperador Maximiliano e fizemos compras na Marja-Theresien-Strasse. Comprei para mamãe uma caixinha de madeira em forma de chalé, e quando a gente levanta o teto toca uma musiquinha.

— Olhou para o barão. — Eu... Axel conhece Innsbruck muito bem, não é mesmo, Axel?

Andréa não deveria ter ficado surpreendida, mas ficou. Sentiu um enor­me ressentimento em relação ao homem postado tão rigidamente atrás de sua prima. Pensar que ela tivera sentimentos de culpa! Naquele momento ela o desprezava profundamente.

Janete, um tanto desajeitado, apresentava Roy a seu acompanhante. Ha­via orgulho nas palavras dela e até mesmo Roy parecia um tanto descon­certado com a atitude altiva do barão. Isto intensificou a raiva de Andréa e, com uma malícia que nela era muito pouca característica, disse:

Herr barão é instrutor de esqui, Roy. Que tal se lhe pedíssemos umas aulas, hein?

O barão contraiu ligeiramente os lábios. Depois da surpresa, Roy também começou a se divertir. Janete, porém, não estava achando a menor graça em tudo aquilo e se voltou para Andréa.

— O barão convidou-me para jantar com ele, hoje à noite, no Gasthof.

— Tratava-se de um dos restaurantes mais caros da cidade. — Você não se incomoda de jantar sozinha, não é mesmo?

— Sua prima terá toda a liberdade de vir conosco, se o desejar — disse Axel von Mahlstrom, com toda a polidez, e Andréa quase teve von­tade de aceitar. Gostaria de provocá-lo um pouco mais, porém a expressão de Janete não encorajava a idéia,

— Eu... eu convidei Andréa para jantar comigo — observou Roy timidamente, deliciado com a oportunidade. Andréa teve de desistir.

— Sim —- disse, evitando os olhos calmos e cinza do barão. — De qualquer maneira, muito obrigado.

Axel von Mahlstrom inclinou-se e voltou-se para Janete. — Agora pre­ciso ir andando. Eu a chamarei às oito horas, ja?

O sorriso de Janete era radiante. — Ótimo — disse, dando-lhe a mão e deixando que ele a levasse quase até os lábios. — Auf... Wiedersehen. Axel.

Auf Wiedersehen.

A saudação do barão era dirigida a todos eles, e, inclinando-se nova­mente, ele se retirou.

Andréa deu um suspiro exagerado de alívio. — Mas que companhia tão romântica! — comentou, zombeteira, e Janete ficou zangada.

— Não sei o que ele deve ter pensado de sua grosseria! — exclamou, e subiu os degraus que levavam aos quartos. Andréa, vendo-a se afastar, ficou preocupada.

— Oh, meu Deus! Que foi que eu disse?

— Você sabe muito bem o que você disse — replicou Roy. — Mas não pense mais nisso. E hoje à noite? Vai jantar comigo?

— E os outros?

— Não estou interessado nos outros. Ora, vamos, Andréa.. Não temos, necessidade de comer no hotel. Poderíamos ir também ao Gasthof, se você quiser.

— O Gasthof? — Andréa repetiu este nome lentamente, muito pensa­tiva, e finalmente assentiu. — O Gasthof — repetiu. -— Sim. Por que não? Mas não com Janete e o barão, claro.

— Você está brincando? — Roy alçou as sobrancelhas. — Está bem. A que horas? Vamos combinar às oito e meia? Eu detestaria encontrar todos de novo no hall,

— E eu também — concordou Andréa, sorrindo. — Então, às oito e meia.

— Ótimo.

Nesse momento, alguns jovens saíram do bar. Ruth Stevens estava entre eles. Quando viu Andréa e seu meio irmão, seu olhar se endureceu.

— Ah, você está aí, Roy — ela observou, em tom excessivamente alto. — Procurei por você a tarde toda. Você disse que voltaria à uma hora, já passa das quatro. Onde esteve?

Roy suspirou e, pedindo licença a Andréa, foi falar com ela. Antes, porém, de se afastar murmurou: — Oito e meia —, piscando maliciosa­mente um olho.

 Na suíte, Janete cerzia uma meia, e olhou ressentida para Andréa quan­do ela entrou. Tirando o casaco e sacudindo os cabelos, Andréa disse, bem à vontade:

— O que você vai usar, hoje à noite?

— Ainda não decidi. Talvez use o vestido de algodão. Não sei, não.

O tal vestido de algodão era um dos longos que Janete trouxera, e Andréa, que esperava ouvi-la dizer que iria usar o vestido de seda cor de abricó, ficou surpreendida. Sabendo que seu comportamento provocara a indig­nação de Janete, suspirou resignada. — Oh, Jan. você quer que eu peça desculpas?

— Não quero nada de você.

— Não seja tola. Olhe, nós trocamos de identidade para nos divertir um pouco. Você não pode levar tudo tão a sério.

— Ah, sim, para você as coisas não passam disso, não é? Mas para mim não! Você não está vendo que esta é a minha única oportunidade de encontrar pessoas como Axel? E você está pondo tudo a perder!

Janete estava levando as coisas muito mais a sério do que Andréa poderia supor. Escolheu as palavras com muito tato. — É muito fácil perceber as intenções dele, Jan. Não ve como ele está dirigindo suas atenções para você? Isso não lhe prova nada?

Já lhe disse que não me importo com o que isso venha a provar ou não. Quero apenas tirar o melhor partido de tudo.

— Receio... que você esteja esperando alguma coisa disso tudo -— arriscou finalmente.

— E se estiver?

— Janete, perca as esperanças!

— Por quê?

— Você sabe por quê. Obviamente, ele precisa de dinheiro... e uma mulher com dinheiro.

— Mas. . . e se ele se apaixonar? Se se apaixonar de verdade? Talvez de então possa achar que algumas coisas são mais importantes do que...

— Não! — Andréa foi categórica. — Jan. que idade ele poderá ter? Trinta e três trinta e quatro anos? Um homem não vive tantos anos sem ter... bem, casos. Mesmo se ele se sentir atraído por você, mesmo se ele se apaixonar por você, terá tudo sob controle, pode crer! — Fez uma pausa. — Além do mais, ele é muito velho!

— Quinze anos nada significam ~— retrucou Janete.

— Em relação a um homem como o Barão von Mahlstrom, significam muito — replicou Andréa, — Jan, diga com sinceridade: você consegue se ver no papel de uma baronesa?

— Oh, sim. Acho mesmo que gostaria muito.

Enquanto tomava banho, Andréa, refletiu na atitude de Janete. O comportamento dela causava-lhe preocupações, Caso seu pai soubesse o que estava se passando, exigiria que regressassem imediatamente. Aquilo estava se tornando uma história complicada, e ela não via como alterar a situação sem magoar Janete.

É verdade, dizia a si mesma, tentando se encorajar, que ainda era muito cedo. O barão poderia cansar-se facilmente da companhia de Janete, daí o problema não existiria mais. E por que deveria ela estragar a oportuni­dade de Janete divertir-se? Se o barão era um caça-dotes, não merecia a menor piedade, e se não era. . . melhor para Janete,

Ao sair do quarto, Janete usava o vestido de seda cor de abricó e pro­curava aprovação no olhar de Andréa.

— Que tal? — perguntou, com certa relutância, e Andréa esboçou um sorriso.

— Você está linda, Jan.

— Você também está ótima, Andréa — ela retrucou, lançando um olhar um tanto invejoso sobre o vestido negro de Andréa. Sabia que jamais poderia usar a saia justa que acentuava as curvas de Andréa.

— Obrigada. — Andréa aceitou o elogio sem presunção. — Vou jantar com Roy. Claro que você sabe disso,

Janete assentiu e pegou o casaco. — Acho melhor ir andando. São quase oito horas.

— Deixe-o esperar um pouquinho. Não há de lhe fazer mal — sugeriu Andréa, mas Janete ignorou-a. Quando a prima enfiou o pesado casaco de tweed, indagou: — Você não tem outra coisa para usar?

A expressão de Janete endureceu: — Você sabe que não.

— Bem, espere um minuto. — Entrou no quarto e voltou com uma capa de veludo azul-escuro. — Use isto aqui! Quase nunca a ponho. Acho que combina melhor com você do que comigo.

O prazer de Janete era evidente. Colocou a capa nas costas e foi correndo até o quarto examinar-se nos grandes espelhos dos guarda-roupas. Voltou para a sala, excitada.

— É incrível, Andréa. É exatamente o que eu queria.

Andréa sorriu, sentindo-se vagamente maternal. — Pois então, tudo bem. Vá indo, Cinderela.

Depois que Janete saiu, Andréa andou inquieta pela suíte. Ergueu a cortina e viu-a sair do hotel, acompanhada pelo barão, alto e distinto. Então experimentou uma sensação de desconforto que nada tinha a ver com as aspirações ingênuas de Janete.

Pouco depois colocou um casaco de peles e desceu para encontrar Roy. Ele parecia muito estranho, usando terno e gravata, mas não havia como desmentir sua bela aparência.

— Vamos a pé ou pegamos um trenó? — ele perguntou, ao saírem no ar frio da noite.

— Vamos andando — disse Andréa, rejeitando inconscientemente tudo o que lhe recordasse Janete e Axel von Mahlstrom.

O Gasthof era um restaurante convencional, calmo e discreto, e cada mesa tinha seu próprio abajur. Era também extremamente caro. Andréa não conseguia ver Janete ou o barão, pois as divisórias escondiam os ocupantes das mesas.

O cardápio era muito variado. Roy escolheu galinha no espeto como prato principal e Andréa acompanhou-o. Em seguida provou as palats-chinken, panquecas muito finas recheadas com frutas, polvilhadas com açúcar. O café era forte e escuro, como Andréa gostava. Roy tirou um charuto e perguntou a Andréa se ela se importava que ele fumasse.

— Não. Fique à vontade!... — ela exclamou preguiçosamente recos­tando-se na cadeira e sentíndo-se muito à vontade. — Deste lugar eu só saio daqui a meia hora,

Roy sorriu: — Gostou?

— Imensamente. Já esteve aqui antes?

— Uma vez.

— Na companhia de Ruth, imagino.

— Isso mesmo.

— E o que é que você faz, Roy? Quero dizer, você tem um emprego?

— No momento, não. Trabalhei em um hotel em Bournemouth durante o verão, mas atualmente estou desempregado.

— Mas então como é que você está passando férias no Hotel Kiitzbuhl?

— Meu pai é banqueiro — disse sorrindo. — Quer que vá trabalhar com ele. Estas férias são uma espécie de chantagem para me convencer a fazer o que ele quer.

Andréa aceitou a explicação. Se o pai de Roy fosse realmente um ban­queiro, ele pertenceria a um meio que seu pai certamente aprovaria. Como Patrick Connolly ficaria contente se pudesse vê-la naquele momento, refletiu com ironia. Mas duvidava de que ele aprovasse sua conduta em relação ao barão.

Um pequeno conjunto tocava durante as refeições. A música era lenta e ritmada, sem ser barulhenta, e assim que acabou de fumar o charuto Roy sugeriu que dançassem. Foi nesse momento que Andréa viu Janete e Axel von Mahlstrom. Estavam sentados próximo à pista de dança, e seria uma indelicadeza não saudá-los, mesmo que Janete evitasse o olhar de sua prima.

Guten Abend, Fràulein — respondeu o Barão, levantando-se com toda polidez.

Ele era mais alto do que Roy, e a brancura de sua camisa realçava sua pele queimada de sol. Os olhos cinza conservavam a expressão enigmática de sempre e Andréa sentiu intensamente sua presença, como nunca tinha acontecido antes. Forçou-se a sorrir. Não fora sua intenção interrompê-los, mas não tinha levado em conta a inata cortesia austríaca.

— A senhorita e seu... amigo tomarão um drinque conosco, Fràulein? — ele sugeriu delicadamente.

Andréa notou a expressão de impaciência no rosto de Roy e os lábios contraídos de Janete. — Eu... não, obrigada. — Enfiou de propósito o braço no de Roy. — Estávamos indo dançar, não é mesmo, querido?

A expressão de Roy mudou milagrosamente. — Sim, querida, estávamos — ele replicou, e Axel von Mahlstrom inclinou a cabeça. Andréa sorriu brevemente e eles se afastaram.

— Bem, querida — murmurou Roy, na pista de dança —, não pense que eu sou tão fácil de enganar.

— Não sei o que você quer dizer com isso.

— Sabe, sim. Você não estava tão desesperada assim para dançar comigo. Acontece que você não queria tomar um drinque com o barão.

pense que sou um desses ingleses sem fibra que suportam esse tipo de insolência!

— O senhor não pode me obrigar a fazer uma coisa dessas.

— Não posso, Fràulein? Pois veremos. — E, você queria?

— Claro que não. Mas reconheço perfeitamente quando estou diante de gente competindo.

— Você está completamente enganado. O Barão von Mahlstrom não tem o menor interesse em mim. Janete tem muito mais coisas a oferecer.

— Estou percebendo um certo cinismo em suas palavras.. ,

— Não. Estou falando a sério.

Roy deu de ombros, um tanto surpreso, e a partir daí dançaram em silêncio.

Andréa sugeriu logo mais que deveriam ir embora. Roy estava ficando levemente embriagado e um pouco mais difícil de controlar. Deixando-o sentado à mesa, dirigiu-se ao vestiário e deparou com o barão, aparente­mente à espera de Janete, que deveria estar no toalete. Para sua grande surpresa, ele estendeu a mão e tomou-a pelo braço. Andréa olhou-o um tanto irado e ia abrir a boca para protestar, quando ele disse:

— Acho que está tendo problemas com seu companheiro, Fràulein. Permita que a acompanhe até o hotel com sua prima.

— O senhor se engana, barão. Não estou tendo nenhum problema,

Herr Stevens bebeu demais, não é? Notei na pista de dança, os seus esforços para coloca-lo à distância.

A respiração de Andréa alterou-se, não só devido à consciência de que ele a estivera olhando, como também à irritação provocada por sua tentativa de controlar a situação: — Achei que estava por demais concen­trado em seus interesses, Herr Baron, para prestar atenção aos meus!

A pressão de seus dedos aumentou perceptivelmente e ela quase gritou de dor. — Vai ter de me pedir desculpas, Fràulein — ele declarou com frieza. — Não

Andréa odiou a ameaça velada contida em suas palavras e explodiu: — Não ouse dizer o que eu devo fazer! Sei tomar conta de mim mesma.

Um sorriso zombeteiro aflorou aos lábios do barão e ele subitamente retirou a mão de seu braço. — Como quiser, Fràulein. É óbvio que gosta de ser atacada na pista de danças.

Isso não era verdade, e Andréa desprezou-se, ao sentir que as lágrimas lhe vinham aos olhos. Nesse momento, Janete saiu do toalete e seus olhos perspicazes perceberam a perturbação de sua prima: — O que aconteceu?

— Nada.

Andréa passou rapidamente por ela, recusando-se a ser consolada por Janete. E viu-se forçada a deixá-la afastar-se. Ao chegar ao toalete, Andréa comprimiu um pano úmido de encontro aos olhos. Não sabia por que se sentia tão perturbada. A dor no braço persistia e, ao recordar o des­prezo de Axel von Mahlstrom, sentiu-se magoada. Enfiou o casaco de peles e saiu do restaurante sem procurar Roy.

 

                                  CAPÍTULO IV

 

Na manhã seguinte, durante o café, Janete comentou o comportamento de Andréa na noite anterior.

— Mas o que aconteceu? Teve algo a ver com Roy? Axel estava na recepção e eu perguntei se ele tinha visto o que se passara, mas ele disse que não.

 Andréa serviu-se de mais uma xícara de café. Até então não comera nada e olhar Janete consumir várias torradas com manteiga não melhorava seu apetite.

— Acho que entrou alguma coisa no meu olho — ela replicou, sem muita ênfase. — Você se divertiu bastante?

— Oh, sim. Foi maravilhoso. Axel é um homem tão interessante. Sabia que ele viajou pelo mundo inteiro? Austrália, América do Sul, Japão. . . Sabe que já trabalhou como pastor numa fazenda em Queens-land, na Austrália? E engajou-se em uma expedição no Orenoco che­gando até a uma tribo de índios. . .

— Não me leve a mal — interrompeu-a Andréa irritada —, mas não estou interessada na biografia de Axel von Mahlstrom. Contanto que você se divirta. -

— Não está mesmo?

— Jan, não espere que eu me entusiasme com as coisas como você se empolga.

— Achei que Roy e você estavam se dando tão bem ontem à noite.

— Pois é. Mas você se enganou.

— Vocês discutiram?

— Não exatamente. — Nesse momento entrava no restaurante um

grupo de jovens. — Dentro de exatamente dez segundos você vai ver o que eu quero dizer.

Como ela linha previsto, Roy encaminhou-se diretamente à sua mesa. olhando furioso para Andréa. — Você é de um atrevimento! — excla­mou furioso. — Como pôde me dar um fora daqueles? Qual era sua intenção? Fiquei sentado durante quatro horas, esperando você voltar.

Andréa lançou um olhar significativo na direção de Janete. Ele endi­reitou-se e murmurou: — Bom dia, Janete.

Janete respondeu automaticamente, fascinada com tudo aquilo e Roy voltou-se para Andréa.

— Você estava bêbado — ela respondeu calmamente. — E eu não estava disposta a ter que me defender de você. — Usou o verbo de propósito e um arrepio percorreu-lhe a espinha ao recordar a terrível cena com o barão.

— Eu não estava bêbado! —- ele negou indignado. — Tomei um boca­do de vinho, mas não fiquei embriagado!

— Muito bem, você ficou meio alto. Mesmo assim preferi vir para casa sozinha.

— Você devia ter me avisado.

— O quê? Você acha sinceramente que teria aceitado?

— Bem. . . Pelo menos deveria ter deixado um recado.

— Sim, isso pelo menos eu poderia ter feito — ela concedeu. — Só que não me passou pela cabeça.

— Muito obrigado. — Roy cerrou os punhos e enfiou-os no bolso. Andréa suspirou. Afinal, não era culpa de Roy. — Desculpe, Roy — murmurou. — Não foi muito legal de minha parte.

— É que ela estava com um cisco no olho — observou Janete, como se seu comentário pudesse equilibrar a situação. — Eu a vi. Ela parecia estar bem incomodada.

— É mesmo? — Roy olhou para Andréa com ar preocupado. — Não sabia disso.

— Não foi nada de mais. Olhe, seus amigos estão esperando por você.

— O que você vai fazer agora de manhã?

Andréa olhou para Janete. — Acho que vamos até as pistas de esqui, não é mesmo?

Janete ficou intensamente ruborizada. — Bem, Andréa, Axel prometeu dar-me algumas aulas hoje. — Riu. — Aulas de esqui, quero dizer. Você se incomoda?

— E se eu me incomodasse faria alguma diferença? — perguntou Andréa secamente. — Não, claro que não me incomodo.

— Que tal ir até o monte Feldberg conosco, Andréa? — sugeriu Roy com mais entusiasmo, enquanto Susie e outras pessoas do grupo   se aproximavam para ver o que estava acontecendo.

— Venha, sim — insistiu Susie. — Roy parece um urso, está de péssimo humor desde que se levantou.

Andréa hesitou, olhando Roy. — Tem certeza de que quer minha companhia depois do que aconteceu ontem à noite?

— Sim — ele afirmou secamente. — Você vem?

— Muito bem. Contanto que Ruth não corte minha cabeça.

— Não cortará garantiu Susie. — Ela não virá.

O dia estava gélido e um sol mortiço incidia sobre as árvores e as encostas das colinas. Em meio ao grupo Andréa não teve tempo de preocupar-se com seus problemas e resolveu aderir ao espírito de coletividade, com entusiasmo.

Ao chegarem ao pequeno restaurante próximo ao terminal do folicular, ela forçou-se a comer um cachorro-quente. Sentiu-se melhor, o que lhe trouxe grande alívio.

Voltaram ao hotel no final da tarde, combinando um encontro no bar. Andréa achou que Janete não estava, mas quando se dirigia para o quarto a voz de sua prima chamou-a: — Andréa! Andréa é você?

Foi até a porta do quarto de Janete e olhou para dentro. Ela estava deitada, com um dos tornozelos enfaixado.

— Oh, Jan, o que aconteceu?

— Acho que foi uma luxação no tornozelo. Axel disse que foi muita sorte eu não ter quebrado.

Andréa aproximou-se da cama. — Garanto que foi enquanto esquiava.

— Sim. Eu estava indo tão bem. . . Axel também achou. Mas de repente não consegui mais controlar o esqui. Mas que azar! Logo quando eu começava a me divertir.. .

— Pois olhe, você teve muita sorte de não ter quebrado o pé — comentou. —Você teria de ficar engessada até o fim das férias.

Janete comprimiu os lábios e, resignada, voltou a deitar-se. — Acho que você tem razão. Quanto tempo você acha que vai levar para eu melhorar?

— Uns dois ou três dias. "

— Axel disse que eu deveria descansar bastante.

— Ele .tem razão. É o único meio de sarar.

— Disse que me carregaria até o restaurante para jantar hoje à noite. Você me ajuda a me vestir, Andréa?

Andréa forçou-se a sorrir, mesmo sabendo que a vinda de Axel von Mahíslrom à suíte era algo insólito. — Claro. Dê-me tempo de tomar banho e de descansar alguns minutos. Logo em seguida venho ajudá-la.

Andréa vestiu uma calça de veludo cor de púrpura, que usara na primeira noite em Grossfeld, combinando-a com uma túnica de veludo em tons de violeta. Sentiu-se inclinada a usar algo mais tentador e atrevido, mas dominou seus impulsos.

Axel chegou logo depois das sele e meia e Andréa viu-se obrigada a atender a porta.

Guten Abend, Fràulein — ele saudou com polidez. Ao olhar aquele traço calmo e enigmático, Andréa desejou saber o que ele estava pensando exatamente.

— Por favor, entre — ela convidou com toda formalidade. — Janete está quase pronta — continuou, consciente de que estava muito sem jeito.

— Vou lhe dizer que o senhor chegou.

Danai.

— Vai jantar no hotel hoje à noite, Herr Barão?

— Para dizer a verdade ia.

— Com. . . Janete?

— Ah, nein. — Moveu a cabeça. — Herr Lieber convidou-me para jantar com ele. Certamente a senhorita não depende da companhia de sua prima?



  

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