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CAPITULO QUINZE



CAPITULO QUINZE

O trem sacolejou nos trilhos e recuperou o ritmo normal. Não estava cheio. Apesar da época, o avançar da hora aparentemente intimidou mesmo os turistas inveterados. Juliet teve muita sorte de encontrar um lugar no canto. Assim, não precisaria conversar com ninguém.

Recostando a cabeça no assento, fechou os olhos e tentou dormir. Mas a mente girava às tontas com imagens daquele dia, tornando impossível buscar refúgio no sono. Até agora não tinha conseguido assimilar o que aconteceu. Evidentemente, Cary sentia o mesmo.

Não que ela se importasse com Cary. Descobrir que ele havia continuado a enganar Rafe com a história do noivado destruiu qualquer pingo de simpatia que ainda lhe restasse. O único consolo é que ele não conseguira enganar a avó. Lady Elinor tinha tomado providências para descobrir tudo sobre o neto e a "namorada". De acordo com o sr. Arnold, o relacionamento de Cary com uma stripper do cassino onde trabalhava não passou despercebido.

Cary tentou negar. Inclusive, teve o descaramento de pedir que Juliet o ajudasse. Porém, Juliet respondeu que não queria mais nada com ele. E, então, a surpresa que o sr. Arnold lhe entregou levou Cary a acusá-la de ter se aproveitado de Lady Elinor.

Tudo foi muito desagradável e Juliet foi incapaz de olhar para Rafe. Com certeza, ele pensava o mesmo que Cary. Que ela havia mencionado a sua situação financeira e Lady Elinor resolvera ajudá-la. Não era verdade. Mas quem acreditaria nela agora?

Em todo o caso, Lady Elinor deixou para ela os três anéis que lhe oferecera naquela tarde em Tregellin. Havia o anel de rubi, que pertencera à mãe de Rafe, o anel de esmeralda e o solitário. Agora Juliet poderia usá-los ou vendê-los, como bem entendesse.

Juliet ficou tão comovida quanto constrangida. Os anéis faziam parte da herança, e ela sentiu que não tinha o direito de removê-los da propriedade. Mas o sr. Arnold insistiu que a cláusula adicionada ao testamento semanas atrás, atendendo às instruções da Lady Elinor, estipulava que ela desejava que Juliet recebesse os anéis com a sua bênção.

Josie, que se sentou ao lado dela durante a leitura do testamento na biblioteca, apertou-lhe a mão.

- Elinor gostava de você - falou baixinho. - Queria que você guardasse alguma lembrança dela.

E Juliet, independente do que acontecesse, guardaria aqueles anéis. Dois, pelo menos. O que pertencera à mãe de Rafe, ela devolveria assim que voltasse a Londres. Assim, ele jamais teria a chance de acusá-la.

Outras doações se seguiram, para pessoas de quem Juliet nunca ouviu falar, e para o médico, que ela conhecia. E Josie, claro. Além de um pequeno chalé, onde poderia morar quando se aposentasse, a governanta recebeu a generosa quantia de cem mil libras, o que fez Cary engasgar de susto. Até Rafe se surpreendeu com a sorte de Josie. Porém, ao contrário de Cary, foi o primeiro a aplaudir a decisão da avó.

-Você merece - garantiu, perscrutando a face corada de Juliet. - Sem o seu carinho e apoio, ela jamais conseguiria manter esse lugar em ordem.

- E isso é motivo para recompensá-la? - Cary foi ferino. - Sei que a velha não era tão durona quanto fingia ser. Mas abrir mão de cem mil! É ridículo!

- O dinheiro era dela, sr. Daniels. - O advogado encarou-o com um olhar severo. - Mas agora vamos à partilha do patrimônio de Lady Elinor.

Cary se calou, e agora Juliet estremeceu ao relembrar os eventos que se sucederam. Ninguém estava preparado para a notícia que o sr. Arnold relatou, mas ela supôs que todos entenderam a dica quando anunciou que Cary herdara duzentas mil libras em títulos do tesouro. O resto da propriedade - incluindo a casa, as fazendas que a cercavam e o conteúdo de um cofre depositado no banco em Bodmin - foram deixados para o neto mais velho de Lady Elinor.

- Mas este sou eu! - Cary exclamou, confuso. - Eu sou o único neto legítimo da vovó. Rafe... Ele é um bastardo, em todos os sentidos.

- Receio que não. -Antes que o advogado tornasse a falar, Juliet notou a dor que assomou o semblante de Rafe. Mas, então, o sr. Arnold tirou outro envelope da pasta e estendeu para Rafe com um sorriso curioso. -Isto lhe pertence, creio. A sua avó me pediu para lhe entregar junto com um pedido de desculpas.

- O que é? - indagou Cary, o rosto vermelho de raiva.

Rafe ignorou, sacando o documento em meio ao silêncio mortal que se abateu sobre a sala. Então, a própria expressão traiu o choque que acabara de receber. Ficou tão pálido que Juliet pensou que ele desmaiaria. Entretanto, o sr. Arnold explicou que era a certidão de casamento dos pais de Rafe. Uma certidão datada de 32 anos atrás, antes de Rafe nascer.

Lógico, Cary enfureceu-se e arrancou o documento das mãos trêmulas de Rafe, brandindo o papel na cara do primo, enquanto o insultava com todos os palavrões imagináveis.

- É uma farsa - rosnou. - A vovó perdeu o juízo! - Virou-se para o sr. Arnold. - Quem falsificou isso? Não, nem se incomode em responder. O próprio Marchese cuidou disso, claro.

- Não é nenhuma farsa - informou o advogado, tomando-lhe a certidão por precaução. - Desculpe, Rafe. Sei que ela queria lhe contar antes, mas temia perdê-lo, caso o fizesse. Tregellin é sua. Acho que agora você entende que essa sempre foi a intenção dela.

Juliet sentiu os olhos cheios de lágrimas. Querida Lady Elinor, pensou. Você sabia qual dos dois netos realmente gostava de Tregellin. Devia ser complicado para Cary, pois ele esperava herdar a propriedade. Porém, neste caso, ele a venderia sem hesitação. E Rafe, apesar das dificuldades, faria tudo ao seu alcance para manter o patrimônio intacto.

Enquanto o sr. Arnold explicava os procedimentos legais a Rafe e a Josie, Juliet esgueirou-se para fora.

A sua presença não era mais necessária e ela não pretendia se envolver nos planos de vingança de Cary. Não seria estranho caso ele tentasse contestar o testamento, se pudesse. Todavia, Juliet acreditava que o sr. Arnold era mais do que páreo para ele.

Dois dias depois, Juliet viu Cary outra vez. Estava saindo da butique no horário do almoço quando ele a abordou.

- Ei - disse Cary. - Onde você se meteu na outra tarde? Pensei que quisesse dar uma última olhada na propriedade, mas procurei você por toda parte e não a encontrei.

-Ah... eu... não devia estar ali - explicou, constrangida. - Como descobriu onde me achar?

- Bem, fui ao seu apartamento. E uma senhora me contou que você arrumou emprego numa butique na cidade. Ela disse que a loja se chamava Close To You, ou algo parecido e, por sorte, me lembrei de um lugar chamado Close-Up. Juliet fez uma careta. Só a sra, Heaton daria tal informação. A vizinha idosa não passava muito bem ultimamente, e como Juliet ia à cidade todo dia, fazia umas comprinhas para ela. Claro, a sra. Heaton perguntou onde trabalhava, e Juliet não viu mal nenhum em contar. Agora lamentava não ter sido mais discreta.

- Então, o que você quer? Só tenho meia hora de almoço. Preciso voltar à loja às 13h30.

- Ei, é assim que se trata o ex-noivo?

- Ora, Cary, o que você quer?

- Vamos, me deixe pagar-lhe o almoço. Depois eu conto. - Ergueu a mão quando ela esboçou um protesto. - Tudo bem, só um sanduíche. Tem uma cafeteria na esquina.

-Eu sei. - Era onde Juliet almoçava às vezes. Quando trazia os livros da faculdade, usava a hora de almoço para estudar.

- Tudo bem, então. - Cary colocou a mão no ombro dela. - Vamos.

Era mais fácil acompanhá-lo do que discutir. A última coisa que Juliet queria era que Cary armasse um escândalo na porta da loja. Mas soltou o braço com força, antes de atravessarem a rua.

- Você não está usando nenhum dos anéis - observou Cary, quando ela aceitou um café. - Não sei se você sabe, mas aqueles anéis foram avaliados em um quarto de milhão.

O queixo de Juliet caiu.

- Você não está falando sério!

- Claro que estou. Certa vez, peguei um deles emprestado e levei para Bodmin. O joalheiro falou que me daria mais de um milhão pelo lote.

- Mas você acabou de dizer que...

- Na avaliação do seguro - esclareceu. - Em todo o caso, pensei se não estaria disposta a emprestá-los, como... fiança para um empréstimo.

- Não posso.

- Como assim, não pode? - Cary imediatamente variou de amigável para agressivo.

- Não tenho todos os anéis. Enviei o anel de rubi de volta para Rafe ontem.

- Sua imbecil! Não sabe que esse era o mais valioso dos três? Ah, eu não pensei nisso antes, mas de acordo com o joalheiro, trata-se de um raríssimo rubi burmês.

- Ora, ótimo. - Juliet sentiu-se grata por estarem na cafeteria. Tinha a sensação de que Cary não respondia pelos próprios atos. - Estou feliz por devolvê-lo a Rafe. Enfim, se isso era tudo o que você queria, voltarei para a loja.

- Mas e os outros anéis?

- O que têm eles?

- Bem, não vai me emprestar como pedi? Você me deve uma, Juliet. Sem aquela carta de referência que lhe dei, você não conseguiria emprego.

Juliet contou até dez.

- Já se esqueceu de que cumpri a minha parte no trato? E não lhe custou nenhum centavo, aliás. Use o dinheiro que Lady Elinor deixou. Deve bastar para financiar qualquer empreendimento que planeje.

- Você só pode estar brincando! Aquilo mal pagou as minhas dívidas. A propósito, se espera que Marchese agradecerá a devolução do anel, esqueça. A boa e velha Liv já anda calculando os lucros.

Juliet não acreditou, porém, mais tarde, enquanto comia a pizza que preparara no microondas, não conseguiu evitar pensar no que Rafe faria. Herdar Tregellin foi maravilhoso, mas sustentar o lugar seria bem diferente. Era possível que fizesse como Cary sugeriu e vendesse uma das fazendas para obter capital. Não restava dúvida de que a casa carecia de uma reforma urgente. E Rafe não poderia protelar isso indefinidamente, não se pretendesse que a antiga residência resistisse.

Entretanto, isso não era da conta dela, lembrou-se. No máximo, o seu envolvimento foi transitório, e ainda sentia que não merecia o legado que Lady Elinor lhe deixou. O único consolo é que Cary, sabendo dos anéis, talvez os vendesse sem hesitação assim que a avó morresse. Possivelmente, sem contar nada a Rafe.

Juliet lavava os pratos quando alguém tocou o interfone, e preparou-se para atender algum desconhecido que apertou o botão errado.

- Alô?

- Juliet?

A boca ressecou imediatamente.

- Sim?

- Posso subir?

A mão tremia. Queria despachá-lo. Mas o desejo de vê-lo outra vez foi mais forte.

- Tudo bem - retrucou, apertando o botão. - Empurre a porta. Está aberta.

Juliet correu para o banheiro. Não havia tempo para lavar o rosto, trocar de roupa, ou se maquiar. Mas, pelo menos, ela passou um pente nos cabelos, prendendo-os num rabo-de-cavalo. Sempre que chegava do trabalho, tirava o elástico e trocava a bata de renda e a minissaia por uma camiseta rosa bem desbotada e um short cinza que já vira dias melhores.

Ele bateu poucos instantes depois, e Juliet correu de volta para a sala. Respirou fundo antes de abrir a porta.

- Oi.

Rafe ficou parado na soleira, vestindo um jeans preto e camiseta. Só mesmo nele roupas tão casuais adquiriam aquela elegância despojada, insinuando os músculos rijos que cobriam.

Mas foi a folha grossa de desenho que ele segurava que a distraiu. Era um esboço em carvão de Juliet deitada na cama. Um desenho delicado, inocente, embora sensual. Uma interpretação lisonjeira da aparência dela na noite em que fizeram amor.

Juliet engoliu em seco, e Rafe aproveitou a oportunidade para dizer:

- É bom ver você, Juliet. Vai me convidar para entrar?

Juliet paralisou, tentando não se deixar seduzir pelo sorriso lânguido de Rafe. Era óbvio que trouxera o desenho para desarmá-la.

- Pensei que eu fosse a última pessoa que você quisesse ver.

- O que só demonstra o quanto está enganada. Tome. - Entregou-lhe o desenho. - Isto é para você, se quiser. Eu tenho dúzias semelhantes em casa.

- Espera que eu acredite nisso?

- Eu não minto. Se aceitar visitar o ateliê novamente, posso provar.

- Mas o que você quer? - indagou, tristonha, apoiando o desenho no cabideiro logo atrás da porta.

- Conversar. Pedir desculpas, acho. Agi feito um imbecil no enterro. Parece que você provoca o que há de pior, e melhor, em mim.

Juliet suspirou.

- Ora... tudo bem. Vá em frente. A sala é logo ali. Quando Rafe entrou, ela foi assaltada pelo perfume da loção de barba, pelo aroma único do seu corpo. Ele pareceu hesitar, mas encaminhou-se até a sala, observando tudo com um olhar atento.

- Aceita um drinque?

- Um refrigerante cairia bem - disse Rafe, embora não estivesse dirigindo. Mas o álcool apenas aumentaria o seu constrangimento.

- Coca-Cola diet ou suco de laranja? - indagou Juliet, fingindo estudar o conteúdo da pequena geladeira. - Pode escolher.

- Um suco seria ótimo. - Então, vendo que ela apanhou um copo, Rafe aproximou-se. - Eu bebo na lata mesmo.

Os dedos de ambos se tocaram e ela sentiu pequeninas fagulhas de energia dardejarem pelo braço. Entretanto, Rafe não pareceu notar e abriu a lata, bebendo sofregamente.

- Eu precisava disso. Obrigado.

- Por que não se senta?

Ele era uma figura intimidante, sentado na beira do sofá, as pernas esticadas, ainda segurando a lata vazia.

- Por que não se junta a mim?

- Prefiro continuar de pé. Então... mais alguma coisa?

- Evidentemente, você acha que não.

- Bem, você falou que queria pedir desculpas, e já aceitei. O que falta mais? Ah... - Juliet continuou quando uma idéia lhe ocorreu. - Fiquei feliz porque a sua avó deixou Tregellin para você. Tenho certeza de que você merecia isso muito mais do que o Cary.

Rafe contemplou a lata antes de depositá-la na mesinha ao lado.

- Foi por isso que você fugiu? Não foi uma atitude meio infantil?

- Eu não fugi. Para começar, eu nem queria comparecer à leitura do testamento. E você não estava interessado em nada do que eu tinha a dizer. Gostaria de ter me despedido de Josie, mas você e ela estavam conversando com o advogado. Apenas fui até a vila e chamei um táxi. Já tinha o bilhete de trem para voltar a Londres.

- Você viajou com o Cary? -Não! Ele disse isso?

- Talvez tenha comentado algo a respeito. Imagino que você o encontrou. Apesar dos seus protestos, pelo jeito o meu primo ainda faz parte da sua vida.

- Não é verdade. Se quer mesmo saber, ele veio me pedir emprestado os anéis que a sua avó me deixou. Eu não emprestei. Temi que jamais os veria novamente.

- E não é verdade? Meu Deus, o sujeito não tem nenhum escrúpulo.

- Acho que ele não concorda que eu mereça os anéis. E, com toda a franqueza, nem eu.

- Bobagem. - Rafe levantou-se, admirando-a com uma intensidade perturbadora. - A vovó queria que você ficasse com eles. - Colocou a mão no bolso da calça e tirou o estojo de veludo que Juliet lhe devolvera. - Incluindo esse.

Quando Rafe levantou a tampa, Juliet viu o rubi burmês aninhado no forro de cetim branco.

- Lindo, não é? Tome. Aceite.

- Não. - Propositalmente, Juliet colocou as mãos para trás. Rafe imaginou que ela não percebeu que, ao fazê-lo, revelou que não estava usando um sutiã. - É seu. Ele pertenceu a sua mãe. Ninguém tem mais direito a guardá-lo do que você. Foi por isso que o devolvi.

Rafe tentou ignorar a excitação súbita e se concentrar no que ela falava.

- Então, não foi só porque o anel era da minha mãe?

- Não. - Nada poderia passar mais longe da verdade.

- Então, talvez você o devolveu na esperança de que eu viesse trazê-lo de volta pessoalmente.

- Não. - Agora ela ficou indignada para valer. - Eu não lhe daria tal satisfação. Além do mais, Cary contou que você e... Lady Holderness andam muito... íntimos.

- Ah, é mesmo? Eu esperaria algo assim dele, mas não de você.

- Por que não? Não pode negar que ela conhecia bem o seu apartamento. E quanto àqueles desenhos...

- Quer dizer, os esboços? Já lhe contei tudo. Liv queria que eu pintasse o retrato dela para dar de presente ao marido. Era para ser uma surpresa. O que eu deveria fazer? Recusar a comissão?

- Então você fez? Pintou o retrato dela?

- Sim, pintei. E ela o deu de presente ao marido. Parece que ele adorou, portanto, não é mais nenhum segredo.

- Sinto muito.

- É, eu também.

- Você não pode negar que ela... bem, ela gosta de você.

- E eu gosto dela. Em doses homeopáticas. Juliet, quando eu aceitei pintar esse retrato, eu sequer conhecia você.

- Eu sei. - Juliet sentiu-se envergonhada. Espiou na direção do hall. - O desenho que você trouxe... é muito bom.

- Então não vai rasgá-lo assim que eu sair pela porta.

- Não!

- Mas devolveu o anel.

- E você sabe por quê.

- Independentemente da opinião do Cary?

- Independentemente da opinião do Cary. Ele é um mentiroso. Agora eu sei.

- Ah, sim. Mas ele queria que eu financiasse um saque a descoberto, dando-lhe permissão para vender o anel. Como indenização por privá-lo da própria herança.

- Não é verdade. Privá-lo, digo.

- Eu sei. Mas como você, me senti culpado pelo modo como a vovó o tratou.

- A maioria das pessoas consideraria duzentas mil libras mais do que suficientes.

- Sim. Mas tudo é relativo, suponho, e ninguém falou que o Cary custava barato.

– E daí?

- Em troca, ofereci o ateliê e o apartamento. Disse que ele poderia alugar ou vender. Não preciso deles. Reformei a velha cocheira onde costumava trabalhar, e pretendo me mudar para Tregellin. Josie falou que fica comigo até eu decidir substituí-la. Com as obras e tudo o mais, eu não poderia passar sem ela.

- Então, como você vai... - Calou-se de repente. - Esqueça. Não é da minha conta.

- Como financiarei a reforma? Lembra-se do cofre do banco que o velho Arnold mencionou? Ele guarda dúzias de títulos de investimentos que a vovó juntou desde que o meu avô morreu. Arnold falou que eu podia vendê-los e vendi. Paguei o imposto, lógico, mas mesmo assim sobrou mais do que dinheiro suficiente para reformar Tregellin, e ainda financiar a sua manutenção por um longo tempo.

- Ora... que bom. Fico muito feliz por tudo estar dando certo para você.

- Fica mesmo? - Juliet estava completamente desprevenida quando ele passou a mão trêmula na sua face abrasada. - Você faz alguma idéia do motivo pelo qual vim até aqui? Sabe como lhe sou grato por devolver o anel e me dar um pretexto para vê-la?

Juliet estremeceu.

- Você precisava de um pretexto?

- Depois do que aconteceu no funeral? Acho que sim.

Juliet cravou as unhas nas palmas das mãos.

- Você só disse o que pensava de mim... -Não! Nada disso.

- Sim. E não o culpo. O que eu fiz é imperdoável...

- Juliet...

- Por favor, me desculpe, sim? A minha única justificativa é que estava muito desesperada naquela época...

- Como eu estou agora - Rafe interrompeu bruscamente, capturando o rosto perplexo de Juliet entre as mãos e fitando dentro daqueles olhos tristes. - Minha querida, ouça. Eu me arrependo de cada palavra que eu disse. Sim, eu estava zangado, acreditava que você e Cary continuavam juntos. E sim, eu estava cego de ciúmes. Mas já estava sofrendo, e vê-la com Cary acabou comigo.

- Compreendo. A morte da sua avó deve ter sido um choque terrível.

- Sim, foi. Eu amava muito aquela velha. Mas não foi só isso. Antes de falecer, ela me contou que a morte da minha mãe não foi um acidente como sempre pensei. Ela disse... que a minha mãe cometeu suicídio. Que ela se jogou da sacada do hotel.

Juliet engasgou.

- Mas como ela podia saber uma coisa dessas? Pensei que as duas não fossem íntimas.

- E não eram. Mas ela escreveu para a vovó um dia antes de morrer, pedindo para que cuidasse de mim.

- Oh, Rafe!

- Sim. Acho que não é o que você esperava ouvir. Faz alguma diferença?

- Diferença em relação a quê?

- O que você acha? Deve saber que gosto de você. - Respirou fundo. - Santo Deus, Juliet, eu sou apaixonado por você.

Juliet emudeceu.

- Não sei o que dizer.

- Diga que sente o mesmo - pediu baixinho. Baixou o olhar para os lábios dela. - Sabe o quanto eu quero beijá-la agora? Deixe-me beijá-la. Você não sabe, mas tem a boca mais incrível do mundo...

Murmurou a frase junto aos lábios dela, enquanto Juliet deliciava-se com o seu gosto. Rafe segurou-a com força, a língua invadindo e acariciando, mostrando o quanto precisava dela com esse simples gesto de amor.

E Rafe era um mestre na arte de amar. Quando segurou a barra da camiseta dela, Juliet ajudou. Ela se derreteu por dentro conforme ele a acariciava, a língua possuindo cada um dos mamilos rijos. Ela tremia nos seus braços. Desejou tanto que ele a abraçasse de novo. E Juliet sussurou:

- Claro que eu amo você.

- Você não faz idéia do quanto eu fiquei desesperado quando você foi embora - disse ele, puxando-a para si, para que ela sentisse o que tal confissão lhe provocou. - Pensei que havia estragado tudo, e que você sequer soubesse sobre a minha mãe. Deus, eu não durmo desde que você me deixou. Sem mencionar que eu achava que você e Cary continuavam juntos.

- Nós nunca estivemos juntos. Você acredita em mim, não é? E lamento pela sua mãe, mas se você ainda vivesse na Itália, nós jamais nos conheceríamos.

- Acredito em você - garantiu, sentindo o sangue pulsar abrasado. - Mas, Santo Deus, podemos guardar as explicações para depois? Eu quero você, quero entrar em você.

Juliet abriu um sorriso.

- Oh, sim. Gostaria de conhecer o meu quarto?

- Desde você entenda que não pretendo dormir. Certo, mostre-me. Talvez eu pense em outra coisa para lhe mostrar.

Rafe não deixou Juliet fechar as cortinas.

- Se alguém quiser assistir, tudo bem. Eu amo você, Juliet. Não temos nada a esconder.

Ambos despiram um ao outro, lentamente de início e, então, com um desespero cada vez maior. A camiseta e o short de Juliet foram fáceis de tirar, mas ela demorou um pouquinho para livrá-lo do cinto e da calça.

-Juliet, permita que... - sugeriu Rafe, as mãos trêmulas quando abaixou o jeans até as coxas, -tenho mais experiência do que você. - Ela o encarou ressabiada. - Não tanta assim. E nunca disse a uma mulher que a amava. Exceto a vovó, lógico. Mas ela era especial.

Os beijos foram tão vorazes, e Rafe explorava os seios com as mãos, massageando os bicos túrgidos com os polegares.

- Você é tão linda. Não acredito que a deixei partir sem dizer o que sinto por você. Minha única desculpa é que eu só descobri que você foi embora depois.

- Eu mal podia esperar para fugir dali - confessou. - Achava que você devia me odiar. E não o culparia por isso. Eu mesma me odiava.

- E o que sente por mim? Ela arregalou os olhos.

- Precisa perguntar?

- Acho que sim. Depois do jeito como a tratei.

- Ah. - Juliet repousou a testa na dele. - Creio que me apaixonei por você desde aquela primeira manhã em Tregellin. Você e Hitchins vieram nos receber e pensei que formavam a dupla mais simpática que eu já vi.

- Tem certeza? Hitchins não é muito simpático. Juliet riu.

- Não, não é. Onde ele está, a propósito? Eu meio que me apeguei àquele cachorrinho.

- Está onde devia estar, em Tregellin - contou Rafe, que circundou os lábios dela com a língua. -Você logo o verá. Ele é um excelente juiz de caráter.

Porém, ele não agüentaria esperar mais. Fazendo com que ela se recostasse nos travesseiros, Rafe enterrou o rosto entre os seios de Juliet.

- Eu amo você. Muito - declarou, aconchegando-se sobre o corpo dela. - Nunca mais me deixe. Eu não suportaria. Enchi a casa de desenhos seus, mas eles não são bons o bastante. Nada... - e abaixou o tom, num sussurro sensual - ...nada se compara ao original...

 

 



  

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