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CAPÍTULO DOZE



CAPÍTULO DOZE

 

Droga!

Rafe abriu os olhos e flagrou-se estirado sobre o corpo inerte de Juliet. Estava aninhado entre as suas pernas convidativas. Ele ainda permanecia dentro dela, esperando apenas o menor estímulo para enrijecer num pulsar de vida.

O que ele não deveria permitir que acontecesse!

Sufocou o palavrão que lhe veio aos lábios e tentou esquecer a gravidade daquela situação. Embora determinado a se conter, fizera amor com a noiva do primo. Agora, toda a repulsa que sentia pelas atitudes de Cary se voltou contra ele. Com uma perna enrascada na dele, Juliet parecia exausta e alheia às possíveis conseqüências daquele ato.

Tão logo abrisse os olhos, e compreendesse que ele havia se aproveitado da sua inexperiência, Juliet ficaria horrorizada. Talvez jamais o perdoasse. Jamais entenderia o quanto ele se odiava agora.

Como pude fazer tal coisa? Tudo bem. Ela era deliciosa, sexy, estranhamente inocente e, ah, muito doce. Boa demais para Cary, que nunca a faria feliz Porque era muito egoísta.

Mas será que ele próprio era muito diferente?

Rafe não encontrou resposta. Foi ele quem a seduziu, não o primo. Decerto a procurou na melhor das intenções. Pretendia pedir desculpas pelo modo como a tratara mais cedo. Entretanto, o que acabou fazendo, na verdade, foi levá-la para a cama, a forma mais sórdida de traição.

Precisava se mexer. Entre outras coisas, sentia cãimbra nas pernas. Seria pura maldade continuar deitado ali, ansioso para que Juliet acordasse e o deixasse recomeçar tudo de novo. Caso lhe restasse algum juízo, iria embora antes que a avó terminasse a partida e desse pela falta de ambos.

Às pressas, recolheu as roupas no chão e vestiu-se. Detestava a idéia de deixar Juliet sozinha. Tal gesto seria mal interpretado.

Mas não acreditava que Juliet aceitaria o seu arrependimento tardio como qualquer tipo de consolo.

Impossível. Juliet nunca o perdoaria. Era melhor apanhar as roupas e recolher-se à própria insignificância.

- Onde você vai? - perguntou Juliet, sonolenta, enquanto Rafe enfiava uma das pernas na cueca samba-canção.

- Hum... acho melhor sair e ver como andam as coisas - resmungou. Devia ter previsto o que dizer antes de começar a se vestir.

- Algum problema?

Juliet apoiou-se nos cotovelos e a manta com a qual ele a cobrira escorregou, revelando os seios perfeitos. Santo Deus, pensou Rafe, isso não era justo. Ele era apenas humano. Será que ela não percebia o que aquela visão fez com ele? Ah, sim, percebeu. Juliet baixou o olhar lânguido para o volume sob a cueca.

- Numa... situação normal, não. Mas é possível que... o seu noivo esteja à sua procura.

- E isso importa? Ah, já entendi. Fazer sexo com a noiva do seu primo pode, desde que você não seja apanhado, certo? Deus me livre de tê-lo interpretado mal.

Rafe lamentou criar aquela situação. Devia ter saído quando teve chance. Antes de meter os pés pelas mãos e fazê-la pensar que se arrependia do que aconteceu. Claro que se arrependia, mas não pelas razões que ela acreditava.

Mesmo assim, Juliet era noiva de Cary. Isso devia significar alguma coisa, não é? Podia achar que o sujeito era um parasita, mas Juliet era noiva ele. Não acreditava que Juliet estivesse preparada para dispensar Cary só porque fizera sexo com ele, por melhor que a idéia lhe parecesse. No entanto, precisava descobrir antes que entregasse o segredo por completo.

- Do que você está falando? - ele indagou, apanhando a calça. - Está tentando me dizer que o que acabamos de fazer mudou os seus sentimentos por Cary? Nos conhecemos há apenas dois dias, Juliet. Espera que eu acredite que se apaixonou loucamente por mim, e que quer ter um filho meu? Parece muito lisonjeiro, mas você pretende romper o noivado para ficarmos juntos?

Juliet engoliu em seco, sentindo o peso da própria acepção desabar sobre os ombros. Lógico, ele tinha razão. Qualquer outra coisa era pura fantasia da parte dela. Aliás, não era o que Rafe queria, isso era óbvio.

- Eu... não posso - murmurou. Era preferível que Rafe achasse que ela era uma aproveitadora do que unia mulher patética, com mais imaginação que juízo.

- Foi o que pensei - zombou Rafe. -Não, você não entende...

- Não fique tão certa disso - retrucou, soando contraditoriamente amargo. - Entendo muito bem o que você quer, e não é o neto ilegítimo de Lady Elinor!

 

Rafe estava trabalhando quando alguém bateu na vitrine do ateliê. Havia fechado as cortinas de propósito, após escancarar as portas dos fundos para permitir a entrada dos pálidos raios de sol. Não queria ver nem conversar com ninguém, e imaginou quem teria a ousadia de perturbá-lo em plena manhã de domingo.

Ouviu a batida irritante outra vez, mas ignorou. Não podia ser ninguém que desejasse receber. Segundo a avó, os hóspedes partiriam esta manhã.

Amenos que Cary houvesse descoberto...

- Rafe! Rafe! Droga, sei que está aí dentro. Tenha a decência de abrir a porta.

Então, não era Cary. Devia ter previsto que só havia uma única pessoa capaz de vir até aqui atrás de uma explicação pelo modo como havia se comportado na noite anterior. E não era Lady Elinor.

Escancarando a porta com um gesto agressivo, encarou a mulher que o aguardava na soleira com um olhar fulminante.

- O que você quer?

- Oh, querido, quanta esperteza! - Sem esperar convite, Liv passou espremida por ele e entrou. - Você está sozinho?

- O que você quer, Liv? Não creio que tenhamos compromisso hoje.

- Não tínhamos. Só pensei que talvez quisesse me contar o porquê do jantar de ontem.

- Ontem? Você se divertiu?

- Não tanto quanto você, aposto. Por que raios não me disse que estaria lá?

Rafe amarrou a cara. Alguém que ele estava tentando esquecer a todo custo havia perguntado a mesma coisa. E ele não gostou que Liv viesse até aqui para lembrar-lhe tal fato.

- Eu não sabia. Só fui convidado depois que vocês foram embora.

- Sim, claro.

- É verdade. - Rafe esforçou-se para não perder a paciência. -Agora, se isso é tudo o que veio me dizer...

- Não é. Por que Lady Elinor o convidou? Você sabe?

- Nas altas-rodas sociais, é comum acomodar o mesmo número de homens e mulheres na mesa de jantar...

-Não me subestime, Marchese!

- Então não finja que se importa com o motivo Pelo qual fui convidado. Eu estava lá. Pronto. Se o seu maridão não gostou do que foi dito, que tire satisfações com o Cary, não comigo.

- Para falar a verdade, Bobby adorou a noite. Ele e a sua avó se dão muito bem.

- E por que não? Os dois se conhecem há muitos anos.

- Quer dizer, ela é de uma faixa etária mais próxima de Bobby do que eu.

- Eu não falei isso.

-Não, mas pensou. Em todo o caso, já que aparenta me conhecer tão bem, por que não me conta o motivo da minha visita?

- Ah, não. Você não espera que eu adivinhe como a sua mente funciona.

- Cretino!

- Já me xingaram de coisas piores.

E muito recentemente, ponderou, mais uma vez surpreso pela facilidade com que a lembrança de Juliet o abalava.

Por um segundo angustiante, Rafe temeu que ela houvesse adivinhado o que se passava na cabeça dele. Mas tudo o que ela fez foi fitá-lo calada e dizer:

- Tudo bem. Então me conte, por que foi embora da festa sem sequer se juntar a nós para um último drinque?

- Não bebo antes de dirigir. Não tenho motorista para me levar para casa.

- A gente podia ter levado você. Mas nem tivemos a chance de lhe oferecer carona.

- Desculpe.

- Então, por que saiu daquele jeito? Notei que Lady Elinor não ficou satisfeita.

- É mesmo? Eu estava cansado, sabe? Andei trabalhando muito ultimamente. Suponho que você não entenda nada do assunto.

- Certo, certo. Então a sua saída não teve nada a ver com... qual é mesmo o nome dela... Juliet?

Com esforço, Rafe conseguiu manter o semblante impassível.

- Juliet? Não. Por que deveria?

- Ah, por favor. Você passou a maior parte da noite com ela!

-Alto lá! - Rafe orgulhou-se do próprio tom indignado. - Passamos - deixe-me ver - meia hora juntos na biblioteca, olhando os quadros. - Franziu a testa, fingindo lembrar. - Depois, ela subiu para o quarto, e eu li um pouco até vocês terminarem o jogo.

- Jura?

- Sim, claro - garantiu, rezando para que Deus o perdoasse por tantas mentiras. - Agora, se me der licença...

Liv suspirou.

- Mas o que você acha que Lady Elinor pretendia quando praticamente a empurrou para cima de você? Quer dizer, sei que Cary é um puxa-saco, mas fazê-lo jogar cartas enquanto a noiva fica sozinha com outro homem não me parece digno.

- Quando você conhecer melhor a minha avó, entenderá que jogo limpo não faz parte do vocabulário dela - gracejou Rafe. -Agora, importa-se de sair daqui? Já perdi tempo demais.

 

Ao cair da tarde, Juliet e Cary voltaram para Londres. Embora Cary preferisse esperar até o fim do dia, Juliet lembrou-lhe do acordo e, contrariado, ele foi forçado a ceder. Cary visitou a avó antes de partirem, talvez na esperança de que ela convencesse Juliet a ficar mais. Porém, Hitchins encurtou a visita, e a senhora não demonstrou lamentar vê-lo ir embora.

- É tudo culpa daquele miserável do Rafe - resmungou Cary, acelerando para pegar a rodovia principal. - Se ele não abrisse a boca ontem, a velha talvez começasse a enxergar a sensatez da minha sugestão.

Na verdade, Juliet estava com dor de cabeça, e não se sentia disposta a aturar os chiliques de Cary. Contudo, essa acusação deu-lhe nos nervos.

- Se o Rafe não interferisse, você estaria muito mais encrencado. Você não é sutil, Cary. Acho que ficou óbvio que você leu aquela carta.

- Eu não acho.

- Bem, eu sim. Por que pensa que ela o convidou para formar uma dupla no bridge, no lugar de Rafe? Para castigá-lo, só isso. Apenas reze para que ela já tenha se esquecido de tudo na sua próxima visita.

- Ah, lógico. E quando eu aparecer sem você, o que acha que ela vai dizer?

Juliet suspirou. Ela não merecia isso.

- Cary, você sabe que o trato valeu por uma ocasião. E deve ter percebido que Lady Elinor ficará desapontada quando nós... bem, rompermos.

Cary xingou o motorista que buzinou porque ele tentou cortar sem sinalizar.

- Não creio que... isto é, você não reconsideraria...?

- Repetir a dose? Você só pode estar brincando!

- Por que não? Nós nos saímos bem, não foi? Ninguém suspeita que não somos um casal, suspeita?

- Não. Mas não farei isso de novo de jeito nenhum. Detestei a experiência. Me senti... suja.

- Ah, por favor. Você se divertiu. Não finja que não. Devia me agradecer. As pessoas na sua situação raramente conseguem uma segunda chance para conseguir alguma coisa na vida.

- Você acha mesmo que fingir ser noiva é conseguir alguma coisa da vida?

Cary calou-se, e Juliet pensou que houvesse compreendido o que ela disse e desistido. Mas ele voltou ao assunto.

- Não precisa ser fingimento - sugeriu, e o queixo de Juliet caiu.

- Quê?

- Ei, não fique tão chocada. -A expressão de desdém de Cary transformou-se num sorriso malicioso. - Estou fazendo uma proposta aqui. Por que não pensei nisso antes? Preciso de uma esposa e você de um emprego. Não é conveniente?

 

 



  

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