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CAPÍTULO SETE



CAPÍTULO SETE

 

Juliet aconchegou-se debaixo das cobertas, sabendo que havia cometido uma grande estupidez. Por mais que tentasse justificar o incidente, nada mudaria o fato de que, enquanto todos pensavam que era noiva de Cary, ela deixara que Rafe Marchese a beijasse.

Ele a beijou!

Foi só isso que ele fez? Seria essa uma descrição coerente com aquele ardente arroubo de paixão? Santo Deus, ela se sentiu violada. Que outra palavra traduziria a avidez com que a língua de Rafe explorou a sua boca, impedindo qualquer tentativa de defesa?

Bem, para ser honesta, Rafe não a obrigara a nada. Sim, ele a beijou, e a língua dele quase a sufocou. Rafe chegou a aninhar a perna entre as suas para puxá-la para si. Porém, não a tocou com maior intimidade. Embora ainda se sentisse palpitante por causa de uma onda patética de excitação.

Como diabo isso aconteceu?, perguntou-se pela enésima vez. Por que não o deteve? Por que não lhe deu um tapa?

Mas que coisa, quando Rafe a tomara nos braços, as pernas tremeram feito gelatina. Ele a abraçou com tanta força que comprimiu-lhe os seios, cuja reação seria inútil negar. E quando Rafe segurou-lhe as nádegas, ela sentiu uma umidade peculiar na calcinha.

Agora, tocando os próprios seios, Juliet descobriu que ainda estavam quentes e rijos. Assim como a visível excitação de Rafe, lembrou, trêmula. Ele pareceu tão grande, tão forte ao roçá-la com um desespero que ela jamais conhecera. Quando fazia amor com David, ela nunca reagia com tamanho ardor.

O que havia de errado com ela, ora, bolas? Céus, ela sequer se abalou quando David a deixou. Por que Rafe Marchese fazia com que ela agisse de um jeito absolutamente estranho? Santo Deus, bastou o sujeito beijá-la e ela se transformou num pudim.

Agora, relembrando tudo no refúgio do quarto, Juliet imaginou o que aconteceria se Josie não os interrompesse. Felizmente, ambos escutaram os passos dela e, quando Josie apareceu na porta, Rafe já estava do outro lado do jardim. Juliet estava entorpecida de alívio - ou de desapontamento. Não sabia direito qual dos dois.

 

Na manhã de sábado, Cary sugeriu que fizessem um passeio até Polgellin Bay.

Juliet ignorava a hora em que ele havia voltado na noite passada, e não se importava. Contudo, achava que ele devia passar algum tempo com a avó, em vez de sair outra vez.

- Ah, ela está bem - Cary argumentou quando ela tocou no assunto. - Eu a vi hoje cedo e ela disse que se sente muito melhor.

Juliet não discerniu bem se era verdade ou não, mas julgou que não tinha o direito de criticar Cary, quando ela mesma não era nenhum exemplo de virtude.

Entretanto, Juliet suspeitou de que havia sido Josie quem lhe passou aquela informação. Mais cedo, quando visitou Lady Elinor, Josie não comentara que tinha visto Cary. Só Rafe.

Lady Elinor dissera a Josie que gostaria de falar com Juliet após o café da manhã. Cary ainda não tinha descido. E Juliet permaneceu na sala de jantar porque Josie mostrou-se irredutível quando ela pediu para comer na cozinha também.

- Não. Agora, espere sentada aí, enquanto eu busco café e torradas.

Quando retornou, Josie informou-lhe o pedido de Lady Elinor.

- Ela vai levantar mais tarde e está muito melhor agora. Um bocado ansiosa para o jantar de hoje. Vamos, eu acompanho você até o quarto.

Lady Elinor estava recostada nos travesseiros. No quarto enorme, havia o tipo de mobília antiga que Juliet vira apenas em exposições. Porém, todo aquele esplendor em decadência ainda guardava algo de impressionante, e a vista das janelas era digna do tesouro de um rei.

Ou da fortuna de um empreiteiro, Juliet pensou contrariada. Se ela fosse Lady Elinor, faria tudo ao seu alcance para manter o lugar. Não era só uma casa. Era uma tradição de família.

- Você viu o Rafe ontem à noite - disparou Lady Elinor.

Após responder com impaciência às perguntas preocupadas de Juliet, Lady Elinor foi direto ao assunto.

- Hum... sim. Suponho que você também tenha conversado com ele.

- Ora, é claro. Rafe veio me visitar. Ele se preocupa comigo. Ou, pelo menos, é o que ele diz.

- Garanto que todos estávamos preocupados com você ontem - Juliet afirmou, ressabiada. Chato, mas ela precisava apoiar Cary. - Rafe... disse que você pegou um resfriado, e que talvez tenha se esforçado demais.

- Rafe deveria guardar as próprias opiniões para si. Quem chamou Charteris? Foi ele?

- Não, acho que foi Josie - disse Juliet, torcendo para não dedurar ninguém. - É sempre melhor contar com a opinião de um profissional.

- Humpf. Não poder decidir o que se quer é muito irritante. Contou a Rafe que lhe dei um anel?

Juliet prendeu a respiração.

- Não.

- Por que não? É estranho que Rafe não lhe perguntasse nada a respeito.

- Bem, de fato, eu não estava usando o anel. Guardei-o no bolso enquanto ajudava a sra. Morgan a preparar o jantar, e acabei me esquecendo. Até... mais tarde.

Até escapar do jardim de inverno, na verdade.

Nervosa, Juliet recordou-se de ter corrido escada acima, sentindo-se uma desclassificada. Tirou o anel do bolso e colocou-o no dedo. Como se ele pudesse funcionar como um amuleto e apagar os erros que havia cometido.

Não apagou, claro.

- Entendo. - Caso não se sentisse tão envergonhada, Juliet talvez estranhasse o brilho quase complacente nos olhos da velha senhora. - Bem, hoje você está usando.

- Oh... sim. É tão bonito! Naturalmente, devolverei antes de partirmos.

- Devolver? O anel é seu.

- Mas... se... quando... Cary comprar um anel de noivado, não precisarei mais dele.

- Você não gostou?

- Claro que gostei.

- Então, o assunto está encerrado. Gosto de saber que a esposa de meu neto usará este anel. Que um dia, ele pertencerá a minha bisneta. Agora, quero que saiam e divirtam-se. Vejo vocês mais tarde.

E Juliet não teve escolha, exceto obedecer. Não estava feliz com a situação, e decidiu que, quando o "noivado" acabasse, devolveria o anel a Lady Elinor. Mais tarde, acabou aceitando o convite de Cary para darem uma volta, assim Lady Elinor teria tempo para repousar.

Logo depois de avisarem Josie, Cary e Juliet saíram. Já passava das dez e, depois da chuva, um sol tímido surgia por entre as nuvens. As muretas da estrada sinuosa ofereciam um vislumbre do mar, enquanto a brisa salgada do oeste soprava forte. Polgellin Bay era maior do que Juliet esperava. Seguiram pela estrada litorânea até o ponto mais movimentado. A estreita rua principal conduzia a um ancoradouro, onde havia barcos de pesca e iates luxuosos.

Cary estacionou na marina que, nessa época do ano, não ficava lotada como na alta temporada, contou ele.

Agora, era possível circular sem dificuldades. Entre o final da primavera e o início do verão, a multidão transformava qualquer passeio em um pesadelo.

Juliet duvidou que um lugar tão bonito poderia ser considerado um pesadelo em qualquer estação. Agora que o sol saiu, fazia bastante calor e ela ficou grata por trocar o jeans por uma calça de algodão de cintura baixa. Combinando ainda uma bata rosa-choque e uma camiseta branca de malha, Juliet sentiu-se de férias. Talvez, por algumas horas, ela esquecesse o próprio papel naquela farsa.

Um bar à beira-mar oferecia mesas ao ar livre, e Cary sugeriu que tomassem um drinque.

- Eu só quero um café - Juliet insistiu, contente pela oportunidade de sentar e apreciar o movimento.

Em seguida, os dois passearam pela rua íngreme que haviam subido de carro na chegada. Várias lojas famosas disputavam a clientela com os comerciantes locais. Havia inúmeros cafés e muitas lojas de suvenir, assim como diversas galerias de arte.

- É aqui que... o seu primo tem um ateliê, não é? - Juliet deixou escapar, amaldiçoando a própria língua comprida.

- É - Cary retrucou seco. - Bem, não aqui, exatamente. Fica numa dessas ruas laterais. Ele não pode pagar o aluguel nessa área com o que ganha vendendo aqueles rabiscos.

- Suponho que você não se interessa por arte.

- Arte, sim. O que ele faz, não. Venha. Eu lhe mostro. Aposto que Rafe não vai barrá-la na entrada.

- Oh... não...

Ver Rafe era a última coisa que Juliet queria. Santo Deus, ele pensaria que ela tivesse armado o passeio de propósito. Apesar da maneira como o repelira na noite passada, mal podia esperar para vê-lo de novo.

- Honestamente, não acho que é uma boa idéia. O ateliê deve estar fechado.

- Talvez. Mas eu o convenço a abrir.

O lugar parecia vazio, e Juliet já ia sugerir que fossem embora quando uma mulher saiu de uma Mercedes reluzente e caminhou na direção deles.

- Estão procurando o Rafe? - indagou ela. - Ei, você é o primo dele, não é? - continuou, olhando fixo para Cary. - Lembro-me de você na época em que morava em Tregellin.

Na mesma hora, Juliet percebeu que Cary não gostou de ser associado a Rafe. Porém, observando o decote ousado e a minissaia da moça, Juliet imaginou que ela fosse justo o tipo de mulher que Rafe apreciava.

- Sim, eu sou Cary Daniels. E você é?

- Liv Holderness. Bem, Liv Melrose, não se lembra? Você costumava se hospedar com bastante freqüência no hotel do meu pai.

- Meu Deus! - Cary mostrou-se estupefato. - Você é a Lady Holderness?

- Primeira e única. Bobby e eu vamos jantar com você e a sua avó hoje à noite. Ela não contou?

- Eu... ela deve ter comentado. - Cary ficou em uma saia-justa. - Você veio aqui ver... o Rafe?

- Isso cabe a mim saber e a você descobrir - brincou ela, lançando um olhar para Juliet com um interesse calculado. - Quem é ela? Outra parente?

- Bem... esta é Juliet Lawrence. Minha noiva.

- Noiva? Aposto que a sua avó aprovou.

- Claro. - Juliet foi compelida a responder. Depois, olhou para Cary. - Precisamos ir.

- Vocês viram o Rafe?

Coube a Cary admitir que não, o ateliê parecia estar fechado.

- Bem, ele não abrirá - Liv afirmou impaciente. - Rafe nunca trabalha com gente assistindo. Além do mais, ele deve estar lá em cima no apartamento. Já tocaram a campainha?

-Não. - Cary olhou desesperado para Juliet e observou a mulher passar-lhes a frente e apertar o botão. - Eu acho que ele não vai atender.

- Ah, vai sim - Liv assegurou, confiante. - Ele está me esperando.

Angustiada, Juliet não queria estar ali. Ainda mais agora, ao descobrir que Rafe tinha uma espécie de caso com aquela mulher.

Mas era tarde demais. A porta se escancarou e Rafe apareceu, irresistivelmente másculo numa camiseta de malha e. short caqui. Também calçava tênis e, a julgar pela marca de suor em forma de V que manchou a frente da camiseta - delineando cada músculo -, ele estava correndo ou praticando algum outro exercício físico. E Juliet, que costumava acreditar que não gostava de homens de short, reconheceu que a própria opinião tinha pouquíssimo fundamento.

- Querido! - Liv torceu o nariz. - O que você andou fazendo?

A contrariedade transpareceu no semblante de Rafe. Só faltava essa, pensou ele, que diabo Cary veio fazer aqui? Com Juliet?

- Você chegou cedo - foi tudo o que disse, ignorando a expressão sarcástica do primo. - Eu ia tomar um banho.

- Já passa da hora, eu diria - alfinetou Cary. - Eu não sabia que dar umas pinceladas à toa deixavam ninguém suado!

- E como saberia, Cary? Duvido que você sequer tenha suado algum dia! Ah, exceto quando as autoridades sul-africanas estavam no seu encalço.

- Ora, seu...

Juliet não imaginava o que Cary faria caso Liv não intercedesse a tempo. Mas ela duvidava que o "noivo" sairia ganhando.

- Podemos subir?

Foi Liv quem falou, enquanto Juliet tentou convencer Cary a ir embora. Mas Cary não atenderia a um reles pedido.

- É, o que acha, Marchese? - indagou ele. Em seguida, dirigiu-se a Juliet. - Quero ver onde ele mora. Aposto que é um pardieiro!

Fora o fato de que se recusava a perder mais tempo com Cary do que o necessário, Rafe não queria que Juliet invadisse o espaço dele. Ela já havia lhe invadido os pensamentos, mais do que era sensato. Droga, ela era noiva do seu primo idiota. Ele não tinha o direito de lembrar como os lábios dela eram macios.

Contudo, Liv logo suspeitaria que havia algo no ar se ele agisse de maneira estranha. Resignado, Rafe disse:

- Sim, vamos subir. Liv, prepare um pouco de café.

Juliet fuzilou Cary com o olhar, mas ele apenas a encorajou a entrar.

- Depressa, querida - disse ele. - Você sabe o quanto eu quero ver a residência do grande pintor.

Se Rafe ouviu, ignorou, e arrependida por meter-se nessa situação, Juliet subiu a escada estreita, acompanhando Liv. A outra mulher calçava saltos altos e quase perdeu o equilíbrio nos degraus desnivelados. Juliet notou que os olhos de Cary pareciam grudados na bainha da saia de Liv, que balançava lascivamente na altura das coxas.

O apartamento era mais espaçoso do que imaginava. Pelo menos a sala, corrigiu Juliet. Comparado a Tregellin, era moderno demais, com um conjunto de sofá e poltronas de couro marrom num dos cantos da sala, além de mesa e cadeiras de ferro batido no outro. Havia uma larga estante de madeira com aparelhagem de som e vídeo, decorada com esculturas que conferiam ao ambiente uma aparência sofisticada. Mais até do que Cary esperava, suspeitou Juliet, reparando o olhar atento com o qual ele observava o bom gosto da decoração. E, determinada, desviou os olhos dele.

Neste instante, Juliet encontrou o olhar misterioso do anfitrião. Ela paralisou, especulando se Rafe pretendia vingar-se ao mencionar o encontro da noite anterior. Mas tudo o que ele disse foi:

- Se me dão licença... - e, lânguido, dirigiu-se a porta que conduzia ao banheiro.

 

 



  

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