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CAPÍTULO NOVE



CAPÍTULO NOVE

 

Logo depois, Juliet ficou tonta e apoiou-se na parede, sem saber se por causa do nervosismo ou por ver os esboços. Sem dúvida, as imagens do corpo nu de Liv a deixaram atordoada. Santo Deus, os dois tinham um caso. Por que outra razão Liv estaria deitada no sofá de Rafe, completamente nua? Não era de se admirar que ela o tratasse com aquele ar de proprietária. Rafe não se importava por Liv ser uma mulher casada?

Aliás, Rafe também não se incomodou com o fato de que ela e Cary fossem noivos. Como ele ousava criticar Cary? Comparado a Rafe...

Mas a cabeça girava e o calor na sala era sufocante. Atônita, Juliet virou-se, enquanto Rafe correu para acudi-la.

- Mulher estúpida - resmungou, segurando-a pela cintura. - Por que diabos não olha por onde pisa?

Juliet tremia tanto que mal encontrou palavras para se defender. E a verdade é que, sem o amparo de Rafe, talvez se estatelasse no chão.

- Lorde Holderness sabe que a esposa dele posa nua para você?

Rafe suspirou. E xingou a si próprio por deixar os esboços à vista.

- Não. Estou pintando um retrato de Liv para o aniversário do marido dela. Será uma surpresa, portanto, agradeço se guardar segredo.

- Minha nossa, você deve me achar uma completa idiota!

- É verdade - Rafe retrucou, obstinado. E quando Juliet tentou se esquivar, ele a segurou pelos pulsos e puxou-a para si. - Eu não minto. Se eu tivesse um caso com Liv, acha que eu estaria aqui com você?

- Eu só pedi para ver o seu trabalho.

- E eu relutei para mostrar.

- Por causa da Liv.

- Não, por causa disso - sussurrou Rafe, tenso e, envolvendo Juliet nos braços, beijou-a.

Ele havia se aproveitado da sua fraqueza, Juliet pensou consigo mesma mais tarde. Por isso ela não havia conseguido detê-lo quando Rafe entreabriu seus lábios com a língua. Após sentir o contato inconfundível da excitação dele, foi muito fácil render-se às emoções. E quando Rafe roçou os dedos na base dos seios, Juliet sentiu uma vontade incontrolável de colar seu corpo no dele.

Os sentidos ficaram inebriados e, de repente, a noção de que fingia ser a noiva de Cary se perdeu no prazer sensual que Rafe despertou no seu íntimo. A força do próprio desejo sufocou todo o rancor. Juliet queria que Rafe a beijasse. Santo Deus, queria que ele fizesse muito mais do que isso.

Conforme devassava a boca de Juliet com a língua, Rafe sentiu-se dominar por uma paixão avassaladora. Ele a desejava, pensou. Ele a queria com um desespero que jamais havia experimentado. Estavam sozinhos aqui. Mas poderiam contar que não seriam flagrados por Liv, ou Cary? Adoraria possuí-la no sofá, e apagar da mente as imagens do corpo nu de Liv.

-Eu quero fazer amor com você - confessou, percorrendo a nuca úmida com os lábios, mordiscando a carne com um ardor voluptuoso. Juliet gemeu baixinho e as mãos de Rafe tremeram um pouco quando ele abaixou a blusa dela até os ombros. Apele era tão macia, as alças finas da lingerie mal disfarçavam os bicos tenros dos seios.

Com o indicador, Rafe percorreu o queixo, a garganta, descendo até o vale logo abaixo do decote da camiseta. Então, abaixou a cabeça e repetiu o gesto com a língua, deliciando-se com o sabor levemente salgado da pele úmida. Jamais sentira uma descarga emocional tão forte, jamais sentira o sangue pulsar com tanta força nas veias.

- Você tem um gosto tão bom - sussurrou, enquanto Juliet acariciava os seus lábios com os polegares, de maneira sensual. Rafe perdeu o controle, abriu a boca e cravou os dentes no relevo macio, até Juliet choramingar. Em seguida, baixou as alças da lingerie e enterrou o rosto entre os seios.

Juliet foi incapaz de resistir, estava em brasas e se sentia viva, alerta, a cada gesto provocante de Rafe. Sentir uma das pernas dele aninhada entre as coxas fez o ponto mais sensível do seu corpo palpitar, inundado de desejo. Rijo e pulsante, Rafe a agarrava com força.

A vontade de possuí-la era desesperadora. Rafe só conseguia pensar em mergulhar na umidade cálida do corpo de Juliet, e deixar-se envolver pelos músculos tensos até sentir dor. Beijou-a com mais paixão, imprensando-a contra a parede, explorando a boca de Juliet com mais voracidade ainda.

Quando Rafe aprisionou seu corpo contra o dele, Juliet se deliciou com tamanho arroubo de luxúria. Impaciente, ela se contorcia, louca para ser tocada por inteiro. E, particularmente, naquele lugar secreto que ansiava por ser possuído.

- Céus, fique quieta! - Rafe resmungou, rouco. Jamais chegou tão perto de perder o controle. Se ela não parasse de se mexer...

De repente, porém, Juliet paralisou. Foi como se a brusca rispidez daquelas palavras quebrassem o encanto da loucura que os dominou.

- O que você disse? - indagou hesitante, agora repelindo Rafe.

-Droga, Juliet...

- Me solta!

- Ah, pelo amor de Deus...

Rafe estava descalço e, quando ela pisou no seu pé, ele gritou de dor.

- O que você esperava? - indagou zangada. -Você acha que, me seduzindo, conseguiria apagar o desprezo que sinto pelo modo como trata o marido de Liv. Você... me atacou! Você é totalmente... totalmente imoral!

- Ah, cai na real! - disse Rafe, ofendido. Havia se deixado abater pelo insulto de Juliet, e uma nítida sensação de tristeza o abalou. - Beijar você não teve nada a ver com aqueles esboços da Liv. Por favor, é o meu trabalho. Eu sou um pintor! -Tanto faz...

- Tanto faz? Nada disso. Você não tentou me machucar porque a beijei. Você apenas percebeu que gostou e sentiu-se culpada por enganar o tolo do meu primo lá em cima!

 

Depois que Liv saiu, Rafe continuava mal-humorado. Lembrou-se que, para o seu alívio, Juliet não mencionara nada do que se passou no ateliê e foi logo embora com Cary. Liv, entretanto, pareceu desconfiar do isolamento prolongado dos dois, mas teve o bom senso de não abrir a caixa de Pandora hoje. Mesmo assim, Rafe sugeriu que adiassem o compromisso para a próxima semana.

- Estou com dor de cabeça - alegou, embora o que realmente o afligisse fosse uma excitação que se recusava a passar.

Mais tarde, um banho frio resolveu o problema e Rafe acabava de sair do boxe quando o telefone tocou. Enrolou-se na toalha e atendeu, impaciente.

- Sim - falou ríspido, torcendo para não ser nenhum cliente, e então conteve um palavrão quando escutou a voz autoritária de Lady Elinor.

- Raphael! Raphael, é você?

- Já que este é o telefone do meu apartamento, eu diria que há uma grande chance de que seja eu. O quevocê quer, vovó?

- Parece que você farreou a noite toda e está de ressaca - Lady Elinor disse, afinal. - Você viu o Cary?

- Por que a pergunta?- indagou, imaginando se Juliet havia comentado algo. Mas não. Ela e Cary mal tiveram tempo de voltar a Tregellin.

- Porque creio que ele e Juliet foram para Polgellin Bay essa manhã. Juliet queria ver o seu trabalho.

- Eles já foram. - Se não contasse a ela, Cary certamente contaria. Aliás, a presença de Liv despertaria certa curiosidade discreta - ou, no caso de Cary, não tão discreta.

-E você lhe mostrou os quadros? Ela é uma garota tão simpática, não é? Não é nada do que esperávamos.

- Do que você esperava, quer dizer. Eu sequer tinha alguma opinião.

- Mas agora a conheceu. Você deve ter formado alguma opinião sobre o caráter dela. Josie contou que vocês dois conversaram ontem à noite.

- O que você quer que eu diga, vovó? Que gosto dela? Que invejo a sorte de Cary? Você gosta dela. Não basta?

- Raphael, só estou pedindo a sua opinião.

- Jura? - Rafe irritou-se e perdeu a compostura. - Você acha que eu quero fazer sexo com ela? É isso que quer ouvir?

Se Rafe esperava que Lady Elinor ficasse ofendida, enganou-se redondamente. Ela soltou uma gargalhada.

- E você quer? Pobre Cary. Ele não faz idéia do que terá de enfrentar.

- Às vezes, você é uma bruxa má. Olha, onde pretende chegar com isso? Porque estou só de toalha.

- Então, não vai falar sobre Juliet?

- Falar o quê? É óbvio que você gosta dela. O bastante para dar-lhe o anel da minha mãe.

- Ah! - Rafe teve a sensação de que essa era a deixa que a avó esperava. - Você notou.

- Seria impossível não notar, não é?

- Se pensa assim, querido. Devo entender que você se opõe à minha generosidade? Ou está com medo de que Cary possa afanar o anel antes que você o recupere?

- Não há a menor chance disso acontecer, não é? Em todo o caso, o anel é seu. Pode fazer com ele o que bem entender.

- Sim, posso. Mas não foi por isso que liguei. Quero que venha jantar aqui esta noite. Você não tem nenhum compromisso, tem?

- Você está brincando!

- Não.

- De jeito nenhum.

- Raphael, não faça assim. Você não gostaria que a sua avó ficasse segurando vela, não é? Os Holderness também vêm, você sabe.

- E isso me interessaria porque...?

- Sei que você e Lady Holderness são velhos amigos.

- Somos amigos. Já contei qual é a minha relação com Liv. Ela passou aqui esta manhã, na verdade. Ela e os seus hóspedes chegaram juntos.

- Que simpático! Bem? O que me diz?

Voltar a Tregellin enquanto Juliet estivesse lá não era boa idéia. E vê-la com Cary... Rafe encolheu os ombros. Ele seria muito burro se aceitasse o convite...

 

Desanimada, Juliet arrumou-se para o jantar. Porém, lembrou-se, era a última noite em Tregellin. Amanhã eles partiriam cedo e ela poderia tirar Rafe Marchese da cabeça.

E esqueceria tudo o que aconteceu naquele dia, acrescentou. Minha nossa, o que deu nela para permitir que aquele homem a tocasse outra vez? O sujeito era um descarado.

E quanto àquela história do retrato de Liv Holderness? Seria possível que Lorde Holderness quisesse que todo mundo visse a esposa nua? Claro, podia ser só um pretexto de Liv para visitar Rafe. Mas por melhor que fossem, era improvável que os esboços se transformassem em um retrato em tamanho natural.

Uma natureza morta, talvez, pensou maliciosa. No entanto, apesar das reservas, ela precisava admitir que o talento de Rafe era extraordinário.

Deveria estar preocupada com o que Lady Elinor faria, caso revelasse o seu segredinho sórdido. Inevitavelmente, Cary ficaria humilhado. Ele jamais a perdoaria. Porém, pensou Juliet, isso seria tão ruim assim?

E ela precisava enfrentar aquele jantar, pois era algo que devia a si própria. Ela não era má pessoa, pensou. Era só ridiculamente ingênua e fraca.

O vestido preto de renda, com forro de cetim e mangas de chiffon, era lindo. Um pouco acima da altura dos joelhos, mas as meias de seda pretas escondiam as coxas esguias. As sandálias de saltos de dez centímetros ameaçavam torcer um tornozelo, mas eram o único par de sapatos no estilo da roupa.

Juliet hesitou ao escolher que brincos usar e, enfim, optou pelas argolas douradas que combinavam com o colar. Colocou o anel de rubi com certa relutância. Desde que Rafe lhe contara a quem pertencia a jóia, ela se sentia ainda pior ao usá-lo.

Mas Rafe não iria ao jantar, portanto, ela poderia relaxar. E até inventar que esqueceu o anel na manhã seguinte, e enfrentar a ira de Cary quando voltassem a Londres.

Juliet se olhou no espelho e saiu do quarto. Passava pouco das 19h30, mas suspeitava que Lady Elinor já estivesse aguardando as visitas na sala.

Escutou vozes no corredor e ficou nervosa. Já enganara quatro pessoas e não ansiava para enganar uma quinta. E se alguém perguntasse algo que não conseguisse responder?

Juliet sentiu-se tão tensa ao entrar na sala, que pensou que estivesse tendo alucinações. O homem de pé ao lado da lareira era muito familiar. Todo vestido de preto - calça social, camisa de gola rulê e até o paletó de veludo preto - Rafe parecia à vontade. O sujeito encharcado de suor que os recebera de manhã, ou o artista descalço com quem trocara aqueles beijos avassaladores, talvez fossem dois estranhos. Este era Rafe Marchese, o neto de Lady Elinor.

Juliet engoliu em seco e Lady Elinor, sentada no sofá, acenou simpática.

- Entre, querida - disse ela. - Pensei em convidar Raphael para unir-se a nós. Raphael, por que não oferece um drinque a Juliet?

 

 

CAPÍTULO DEZ

 

Lady Elinor esperava que Juliet acompanhasse Rafe até o armário de bebidas. Na verdade, uma vodca pura não cairia mal, mas era mais sensato manter a cabeça no lugar.

- O que vai ser? - indagou Rafe, percebendo a sua relutância. Droga, ele também preferia não estar aqui. - Xerez... ou uma bela dose de cicuta com gelo?

Juliet fitou-o, aborrecida.

- Suponho que esteja se divertindo, não é? - cochichou. - Por que não contou que viria?

-Você acreditaria se eu dissesse que só soube disse ontem? -Não.

- Mas é verdade. A vovó gosta de manter os convidados na coleira. Não reparou nisso?

- Não tive tempo ainda.

- Verdade? Para mim é como se você estivesse aqui há semanas.

- Por que tenho a sensação de que isso não foi um elogio?

- O que vocês dois estão fazendo? - Rafe não demonstrou surpresa diante da irritação da avó. -Não sabem que cochichar é falta de educação?

Juliet virou-se.

- Desculpe...

- Ela ainda não resolveu o que quer - explicou Rafe. - Vamos, Juliet. Decida.

Juliet lançou-lhe um olhar fulminante.

- Xerez. Obrigada.

- O prazer é meu.

Lady Elinor observou Juliet com atenção.

- O que Raphael lhe falou? Alguma coisa inadequada?

- Não. Eu... Rafe... quer dizer, Raphael só sugeriu o que... o que eu devia tomar.

- Só isso? Você não andou intimidando a moça, não é, Raphael?

- Ora, por que você pensaria uma coisa dessas, vovó? Nós mal nos conhecemos.

- Mas ela visitou o ateliê hoje de manhã - insistiu Lady Elinor, que tornou a dirigir-se à hóspede.

- Raphael lhe mostrou algum trabalho dele?

- Oh, sim - confirmou Juliet, evitando olhar para Rafe.

- E, o que achou? O menino tem talento? O menino! Juliet conteve um gemido.

-Eu... aposto que sim. Mas... não sou nenhuma especialista.

- A resposta clichê - Lady Elinor retrucou, irritada. -Você mora em Londres, não mora? Deve ter visitado outras galerias.

- Eu não tenho uma galeria, vovó - interveio Rafe.

- E não pode esperar que Juliet lhe dê um relatório.

- É claro que você diria isso. Ah, onde está o Cary? Os Holderness chegarão logo.

- Na verdade, achei uma das pinturas que ele me mostrou incrivelmente boa - Juliet comentou de repente, lamentando ser tão impulsiva quando o suposto noivo entrou saltitante na sala.

- Sério? - Apesar de reclamar do atraso do neto, agora Lady Elinor ignorou Cary para observar Juliet.

- Por que me deixou pensar que não tinha ficado impressionada com o trabalho de Raphael?

- Porque não ficou! - Cary exclamou, desdenhoso, intrometendo-se na conversa. - Santo Deus, vovó, foi por isso que nos chamou aqui? Para espionar de graça?

- Cuidado com a língua, Cary. Para alguém que ganha a vida como segurança de um cassino, não creio que deva criticar o seu primo por tentar conquistar o sucesso.

O queixo de Cary caiu.

- Quem lhe contou que trabalho em um cassino? - perguntou Cary. - Se a Jules...

- Não foi a sua noiva - Lady Elinor replicou, sarcástica. - Nem o Raphael. Não sou uma idiota completa, Cary. Tenho amigos na cidade. Eles me mantêm informada sobre o que você faz. E por que não? Você não tem nada a esconder, tem?

- Não!

Cary ficou indignado, e seu rosto vermelho denunciou a mentira. Mais uma vez, Juliet lamentou ter se envolvido nas armações dele. Independente do que ela achava do comportamento de Rafe, o seu era muito pior.

Aliviada, ouviu vozes no corredor, anunciando a chegada dos outros convidados. Ela se levantou para cumprimentar Lorde e Lady Holderness com um semblante amável. E se julgou o decote ousado e a calça de seda bufante de Liv pouco adequadas, ninguém desconfiaria.

Robert Holderness beirava a casa dos 60 anos, um homem cuja simpatia disfarçava o orgulho da jovem esposa. Vestindo paletó preto e gravata, fez Liv entrar na sua frente e cumprimentou Rafe antes de aceitar a mão estendida de Lady Elinor.

- Desculpe o atraso, Evie - disse ele, e por um instante, Juliet não entendeu a quem Lorde Holderness se dirigiu. Então, Elinor - Evie se aproximou e Juliet notou que Rafe a observava.

- Não se preocupe, Bob - Lady Elinor assegurou contente. - E esta deve ser a sua nova esposa. Olivia, não é? Raphael contou que vocês dois são velhos amigos.

Liv mostrou-se surpresa.

- Eu... sim - admitiu, nervosa. - Que... casa adorável a sua, Lady Elinor.

- Gosto dela. - A resposta da velha senhora não mencionava o fato de que o lugar estava praticamente caindo aos pedaços. - Raphael, você faria a gentileza de oferecer um aperitivo aos convidados?

- Eu cuido disso. - Cary passou esbarrando pelo Primo e postou-se em frente ao armário. - O que vai querer, milorde? Uísque e soda? Um martíni?

- Talvez deva perguntar primeiro à minha esposa argumentou Lorde Holderness, meio petulante. Virou-se para Liv. - O que você quer, meu anjo?

- Ah... hum, vinho, por favor - disse ela, embora Juliet reparasse que Liv olhava para Rafe, e não para Cary. - Acho que você devia tomar o mesmo, querido. Lembre-se do que o dr. Charteris falou.

- Charteris é uma comadre velha - declarou o marido, e Lady Elinor bateu palmas.

- Bravo - disse ela. - Concordo em número, gênero e grau, Bob. Já conhece Juliet, a noiva de Cary?

- Ora, não. - Lorde Holderness apertou a mão de Juliet. - Como vai, querida? Eu não sabia que o seu neto tinha uma namorada firme.

- Nem a gente - Lady Elinor murmurou risonha, mas o sorriso para Juliet implorava perdão.

- Deixe-me apresentar a minha esposa - continuou Lorde Holderness. - Aposto que as duas têm muito em comum. O que me diz, Olivia?

Juliet achou que Liv pareceu incomodada, mas não conseguia simpatizar com ela. Pelo amor de Deus, a mulher traía o marido.

-Para falar a verdade... - começou, ignorando a súplica nos olhos da outra. Mas antes que pudesse revelar que havia conhecido Lady naquela manhã, Cary os interrompeu.

- São dois vinhos então, certo? - indagou, ressentido por ter sido ignorado. E grata, Liv virou-se na direção dele.

- Por favor. Tudo bem, Bobby?

- Tudo o que Lady Holderness mandar - o marido declarou. - Eu apenas cumpro ordens.

- Ah, Bobby, isso não é verdade - protestou Liv, tomando a frente de Juliet outra vez. E Lady Elinor aproveitou a oportunidade para convidá-la a se sentar ao seu lado no sofá.

- Quero saber tudo sobre como os dois se conheceram - afirmou. - Bob é tímido demais quando se trata de detalhes pessoais.

Sem dúvida, agora Liv parecia mesmo nervosa e Juliet não a culpava. Ela própria tinha passado por um interrogatório semelhante.

- Então... Juliet, não é? Há quanto tempo você e o neto de Ellie saem juntos? - Lorde Holderness, obviamente, decidiu conduzir a própria investigação. - Você conheceu Cary antes que ele fosse para a África do Sul?

-Eu... bem, sim - Juliet sentiu-se confusa, mas para a sua surpresa, Rafe correu em seu auxílio.

- Eles se conheceram quando eram crianças - explicou. - Não é mesmo, Cary? Antes de você vir morar aqui, certo?

Cary entregou as taças de vinho e lançou um olhar ressentido para o primo.

- Você sabe que sim - retrucou, ingrato.

- Foi o que pensei - Rafe comentou, risonho.

Enquanto observava os dois, Juliet sentiu-se impotente para intervir. Talvez acreditasse que Rafe só estava usando Cary para proteger o relacionamento com Liv, mas agora ela receava contar a Lorde Holderness que a esposa tinha um caso com um homem mais jovem. Ele parecia ser um sujeito sincero demais Para ser magoado assim.

Felizmente, Cary mostrou-se mais disposto a melhorar a impressão que Lorde Holderness tinha dele do que a brigar com Rafe. E, enlaçando-a pela cintura, comentou:

- Eu me considero um homem de muita sorte, milorde.

Rafe, assistiu às atitudes de Cary com uma irritação injustificada. Ver o primo colocar as mãos em Juliet provocou-lhe uma ira insuportável.

O que não era típico dele, pensou. Mantendo os olhos afastados do rosto ruborizado de Juliet, Rafe tentou analisar o que se passava em seu íntimo. Ora, ele não era nenhum troglodita. Mas, pela primeira vez na vida, Rafe devia aceitar que Juliet despertava-lhe sentimentos que ele se recusava a analisar. Ele a queria, reconheceu, frustrado.

Ou talvez, sem romantismo, quisesse apenas dormir com ela. Voltando a prestar atenção na conversa, escutou Cary dizer:

- Liv é uma mulher extraordinária - disse Cary. - Sempre achei isso.

- Já conhecia a minha esposa, Daniels?

- Oh... Bem, sim. Todo mundo conhece! Pela fama, lógico.

- Pela fama!

Lorde Holderness quase botou fogo pelas ventas e Rafe sentiu-se obrigado a intervir.

- Acho que Cary quis dizer que, como filha de Ken Melrose, Liv naturalmente conheceu muita gente. Não é, Cary?

- Bem, sim - resmungou Cary.

- Entendo, porque o pai dela é dono do Dragon Hotel - Lorde Holderness retrucou, mais calmo. - Mas ela nunca trabalhou no bar, sabe.

Não? Rafe trocou um olhar cúmplice com Liv, mas não desmentiu o lorde. Quando Josie apareceu para anunciar que o jantar estava servido, foi um alívio geral.

Todos comeram nó jardim de inverno, dispensando a dignidade questionável da sala de jantar. Apropria Lady Elinor havia escolhido a arrumação da mesa, que presidia com elegância. Sugestivamente, ela e Lorde Holderness sentaram-se nas cabeceiras, com Juliet e Cary de um lado, e Olivia e Rafe do outro. Juliet percebeu que Rafe a observou com uma freqüência perturbadora durante a refeição, e notou também a indignação de Cary porque a avó o colocou de frente para Rafe.

- Que diabos ela pensa que está fazendo? - resmungou para Juliet, enquanto os outros debatiam os prós e contras da independência da Cornualha. - É para me castigar, não é? Porque ela descobriu que não tenho um emprego chato na cidade.

- Rafe é seu primo - ressaltou Juliet. - Pelo amor de Deus, Cary, o que isso importa? Vamos para casa amanhã.

- Eu sei. Mas preciso levar em conta o que ele fala na minha ausência.

- Você é paranóico - Juliet protestou e, então, corou ao flagrar Rafe olhando, na sua direção. - Não se esqueça, ele o livrou de uma enrascada hoje.

- É. Me pergunto por quê. O que acha? Ele e Liv têm um caso? Ela parece conhecer o apartamento dele muito bem. E não gostou quando você e ele voltaram sozinhos ao ateliê, por mais simpática que parecesse.

O estômago de Juliet embrulhou. Ouvir a própria opinião vinda de outra pessoa foi muito pior do que acreditar que era a única que sabia a verdade.

- Você não está comendo, Juliet.

Lady Elinor percebeu que ela mal tocou no frango temperado com alecrim.

- Ah... não estou com muita fome - murmurou sem graça.

- Você não gosta de frango?

- Céus, sim. Não é a comida... -Então, é o quê...?

- Você a está envergonhando, vovó. - Rafe encarou Lady Elinor. - Por que não dedica as suas energias para tocar a campainha e chamar a Josie? Aposto que os convidados apreciariam outra garrafa deste excelente Chardonnay.

Lady Elinor franziu os lábios.

- Eu agradeceria se guardasse as suas opiniões para si, Raphael - declarou irritada, e Juliet notou o sorriso triunfante de Cary perante a humilhação de Rafe. Mas as palavras de Rafe surtiram o efeito desejado e, um segundo depois, Lady Elinor puxou a campainha. Entretanto, Rafe reparou que isso não impediu que ela lançasse um olhar ressabiado para ele e Juliet, e deduziu que o gesto de defender a moça não havia passado despercebido.

Todos foram para a sala após a sobremesa - um delicioso pudim de frutas vermelhas. Desta vez, Cary tratou de se sentar perto de Lorde Holderness, e depois que Josie serviu o café, puxou a conversa ao comentar, ingenuamente:

- Vovó contou que você mora num castelo, milorde. Que maravilha! É muito antigo?

Lorde Holderness se aborrreceu.

- O que você andou dizendo, Ellie? Sabe muito bem que Trelawney é só uma casa de campo.

- Creio que o que eu disse, na verdade, é que Trelawney lembra um castelo - retrucou, fuzilando o neto caçula com o olhar. -Aliás, não entendo porque isso lhe interessaria, Cary.

- Ah, você se engana. Sempre estou interessado em imóveis antigos. Quer dizer, sempre me admiro com as despesas de manutenção hoje em dia. Não imagino como você - vocês dois - conseguem.

Agora Juliet ficou horrorizada.

- Apesar de tudo, conseguimos - Lorde Holderness replicou, constrangido. - Sacrificar uma herança no altar do capitalismo seria vergonhoso.

- Concordo. - Cary tentou soar sincero. -Amo essa velha casa, mas ela está apodrecendo. Adoraria que existisse um meio de ajudá-la, vovó. Já pensou em vender parte da terra? Para levantar algum capital de giro.

- Basta, Cary.

Foi Rafe quem falou. Juliet percebeu que ele ficou furioso. Ela mesma se aborreceu, pensou, e sequer era membro da família.

- Não falei com você - retrucou Cary. - Você deve concordar comigo, vovó. Tregellin vai desabar sobre a sua cabeça a menos que tome providências.

- Cary...

- Tudo bem, Raphael. Cary tem as próprias opiniões, claro. E estou curiosa para conhecer os planos dele para Tregellin. Devo considerar a sugestão de vender a propriedade.

- A casa não - interrompeu Cary. - Só... uma ou duas fazendas, talvez.

- Creio que sei o que é melhor para Tregellin, Cary. Agora - dirigiu-se a Lorde Holderness - a sua esposa joga bridge, Bob?

Não jogava, mas a anfitriã a convenceu a aprender. E com Cary,-que ansiava por fazer as pazes, eles formaram duas duplas.

- Você não se importa, não é, Juliet? - indagou Lady Elinor. - Raphael, entretenha nossa jovem hóspede, sim? Mostre-lhe as pinturas da sua mãe. Você encontrará uma ou duas na biblioteca.

 

 



  

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