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CAPITULO CINCO



CAPITULO CINCO

 

Rafe chegou em casa depois do meio-dia. O apartamento ficava em cima do pequeno ateliê onde exibia os seus trabalhos artísticos e, às vezes, os de outras pessoas. Sempre teve o sonho de abrir o próprio negócio. E, embora os lucros fossem modestos, a satisfação era grande.

Naquela manhã, ele daria uma aula na escola onde trabalhava meio expediente. E, à tarde, Liv Holdemess iria ao ateliê para que ele fizesse os primeiros esboços do retrato dela. Às vezes, Rafe usava uma câmera para estudar o modelo, calcular a iluminação adequada. Acabou se tomando um ótimo fotógrafo, mas pintar sempre foi a sua maior paixão.

No apartamento, que tinha uma ampla área de convivência, cozinha americana, quarto e banheiro, Rafe tirou o colete e foi preparar o café. Enquanto colocava o pó no filtro de papel, lembrou-se do encontro com Juliet naquela manhã. Droga, o que aquela mulher fez para incomodá-lo tanto? Ela foi gentil, quase simpática, mas ele se comportou feito um imbecil.

Aliás, para início de conversa, recordou como a havia provocado. E, de fato, preferia não pensar na maneira como reagiu mais tarde. Deixar-se seduzir por ela foi patético. Acima de tudo, Juliet era noiva de Cary. E, a julgar pelo que Lady Elinor contou, parecia que ela nunca tinha encarado um único dia de batente na vida.

De acordo com a avó, ela era a filha única mimada de um rico executivo. Casou-se logo depois de concluir o ensino médio, tornando-se uma esposa paparicada. Os motivos pelos quais o casamento havia fracassado não eram muito claros. Diferenças irreconciliáveis, presumiu, ligando a cafeteira. Não era esse o jargão usado hoje em dia? O que ela via em Cary Daniels era outro mistério. A menos que fosse daquelas mulheres carentes. Em todo o caso, não era da sua conta. Graças a Deus, ele era independente e vivia com conforto, sem a ajuda de ninguém. Esta era uma das coisas que incomodavam Lady Elinor, pois ela preferia que ele fosse igual ao primo.

Rafe tomava a segunda caneca de café quando Olivia chegou. Guardou o resto de um sanduíche no frigobar e foi abrir a porta.

Olivia Holderness era completamente diferente de Juliet Lawrence. Embora o motivo para compará-las, mais uma vez, o aborrecesse. Não era justo criticar Liv só porque ela era uma loura escultural, que gostava de usar saias curtas e saltos altos para chamar atenção. Porém, comparou-a com uma mulher alta, esbelta e elegante, mas que não possuía o mesmo charme.

Entretanto, Rafe não estava no melhor dos humores quando acompanhou Liv até o ateliê. O lugar ficava fechado ao público quando estava ocupado. Ao contrário de certos pintores, Rafe não gostava de platéia. Além do mais, qualquer colecionador sério poderia marcar uma visita, e a sua principal fonte de renda eram as comissões de vendas.

- Só posso ficar uma hora - avisou Olivia, acomodando-se na cadeira. - Bobby acha que fui ao cabeleireiro - confessou, enquanto Rafe ajustava as luzes para iluminar o rosto. Ela riu. - Vou ter que inventar alguma desculpa quando ele notar que o meu cabelo continua igual. O que você acha?

Rafe ainda não se acostumara ao fato de que "Bobby" era Lorde Robert Holderness. Liv contou que Bobby havia se apaixonado porque ela era muito diferente das outras esposas. E Rafe acreditou sem hesitar.

- Meu cabelo está bom, não é? Isto é, quero sair bem no retrato. Imagine, eu, posando para uma pintura! Quem diria?

- Quem? - brincou Rafe, e Liv lançou-lhe um olhar sedutor.

- Você não acha que sou boba?

- Não. Por que acharia? Você me pagou muito bem e preciso do trabalho.

- Ora, por acaso sei que não é verdade. Poppy... Poppy Gibson - acrescentou, mencionando o nome da esposa do membro do parlamento que residia na região - ela contou que foi na sua recepção, na semana passada., e que você recebeu algumas comissões. Queria tanto vir com o Bobby. Mas ele não estava se sentindo bem - ele tem pressão alta, sabe - e eu não podia deixá-lo sozinho, não é?

- Claro que não.

- E você acha que o meu cabelo está bom? - Liv ajeitou as mechas sedosas que caíam no decote generoso. - Connie - Conrad Samuels do salão Batik em Bodmin - acha que essa cor combina comigo. Mas não tenho certeza. Eu sou loura natural, sabe?

- Sim, claro. - Rafe conhecia Liv há tempo o suficiente para saber que o cabelo natural dela era castanho. Igual à Juliet, pensou, mas sem o mesmo brilho. Rafe amarrou a cara. Deus, ele tinha que tirar aquela mulher da cabeça.

- Não precisa ficar zangado. - Olivia pensou que ele tivesse ficado aborrecido com o comentário. -Aliás, Bobby pensa que eu sou loura natural, e isso é o que conta.

- Ele acha mesmo? Ora, que surpresa.

- Seu descarado! Aposto que você não se lembra de como eu sou. Daquela vez, estava escuro e você ficou...

- Bêbado - completou Rafe. -Agora fique parada, certo?

- Mas foi bom, não foi? Lembro-me de acordar na manhã seguinte e achar que estava apaixonada.

- Excitada, é mais provável - retrucou Rafe, preferindo evitar aquela conversa. O caso com Liv fora breve, e não especialmente romântico. Recordou-se de acordar com ressaca. Muito parecida com a que teve esta manhã, pensou, mas por uma causa nobre.

- Mas a gente se dava tão bem - insistiu ela. E como Rafe não respondeu, Liv balançou a cabeça, chateada. - Rafe, você está me ouvindo?

Ele ajustou a câmera, mas Liv se mexeu e estragou a foto.

- Sou todo ouvidos - resmungou. - Mas estou tentando trabalhar.

- Desculpe.

- Não.me leve a sério. Tomei vinho demais ontem à noite.

- Vinho? Desde quando você bebe vinho, Rafe?

- Desde que descobri que é um analgésico mais barato do que uísque. - Rafe estudou-a através das lentes da câmera um instante - Então, realmente acha que o seu marido vai gostar?

- Que eu seja pintada nua? Oh, sim. Bobby é louco pelo meu corpo.

- Certo. Então... você quer o esquema completo? Barba, cabelo e bigode?

Olivia fez uma careta.

- Você tem um jeito tão romântico de dizer as coisas. - Liv cruzou os braços no colo, puxando a bainha da saia e fingindo não querer que ele olhasse para as suas pernas. E que pernas, Rafe admitiu.

- Ótimo.

Ajustou a câmera novamente e bateu fotos de ângulos variados. Seriam úteis para estudar a estrutura do rosto. Rafe sabia que Liv observava ansiosa. E perguntou-se pela primeira vez se teria sido sensato aceitar aquele trabalho.

- Pronto - disse ele, alguns minutos depois, arrastando um sofá de veludo para o centro do cômodo - Deite-se aqui. Quero fazer alguns esboços, só para ter idéia de como vai ficar.

Olivia saltou de pé.

- Já posso tirar a roupa?

- Não! Quer dizer, hoje ainda não é necessário. São apenas esboços. Completo os detalhes depois. É incrível o que se pode fazer sem a presença do modelo.

Olivia fez beicinho.

- Quer dizer então que não vou precisar tirar as roupas?

- Por enquanto, não. Você devia estar aliviada. Este lugar é muito abafado.

- Imagino. - Mas Olivia ainda parecia desapontada e Rafe compreendeu que ela.queria se despir por sua causa. Oh, Deus, pensou ele, não é possível que a avó tivesse razão. Quando Lady Elinor destilou todo aquele veneno sobre a nova Lady Holdemess, talvez ele devesse ter escutado...

 

Juliet passou duas horas agradáveis passeando pela margem do rio, que não era particularmente largo. Na verdade, as árvores de um lado quase tocavam as outras na margem oposta. O terreno, como Rafe tinha avisado, estava cheio de húmus acumulado desde o último desfolhamento do outono, após meses de chuva forte.

A primavera despontava. Juliet lamentou não saber mais sobre as flores silvestres que cresciam abundantes ao longo do rio.

Quando voltou para casa, descobriu que Cary e a avó tomavam café no jardim de inverno. Juliet, depois de tirar as botas de Josie na área, preferia subir correndo e se arrumar antes de encontrar a anfitriã. Mas surpreendeu-a no corredor.

- Onde você se meteu? Se planejava sair, podia ter me avisado.

- Apenas quis dar uma volta, mais nada.

- Mesmo assim, devia ter me avisado. Eu adoraria respirar ar fresco para compensar o clima nesse mausoléu.

- Desculpe.

- Ora, deixa para lá. Venha. Estamos tomando o café no jardim de inverno.

- Ah, bem... eu já ia me arrumar - protestou, mas Cary não pareceu se importar com a opinião dela.

Ou com a sua aparência, para ser exato.

- Mais tarde - disse ele, segurando-a pelo cotovelo para conduzi-la até o jardim.

Juliet lançou-lhe um olhar impaciente, mas Cary não arredou pé.

- Aqui está ela, vovó! - exclamou triunfante. - Juliet foi só foi dar um passeio.

Antes que Juliet pudesse responder, Hitchins apareceu correndo. A voz alta de Cary o perturbou. Como antes, ele mirou direto na barra da calça de Cary, que não conseguia esconder a frustração por não poder fazer nada.

- Ei... - Sorrindo para Lady Elinor, Juliet agachou-se e separou o pequinês da sua presa. Hitchins, com certeza, não antipatizava com ela, pois assim que se viu nos seus braços, sapecou-lhe uma lambida no queixo. - Ora, você não vai me amolecer assim - disse ela, já comovida pela demonstração de afeto do cachorrinho. - Não se sai por aí mordendo as pessoas, certo?

- Ele gosta de você, srta. Lawrence - comentou Lady Elinor. - Geralmente, Hitchins sabe distinguir um bom caráter, creio.

O que, sem dúvida, deixava Cary em maus lençóis. O sorriso confiante deu lugar a uma carranca despeitada. Sem dizer nada, ele simplesmente se fez de desentendido.

- Eu tinha um labrador - contou Juliet. - Quando eu era pequena. E, por favor... meu nome é Juliet. Adoraria se me chamasse assim.

-Juliet. - Lady Elinor concordou e apontou a poltrona de vime a seu lado com a bengala. - Venha cá e sente-se, Juliet. E já pode colocar o Hitchins no chão, aliás. Se o Cary parar de tremer, Hitchins simplesmente vai ignorá-lo.

- Eu não estou tremendo, vovó. Posso mandar a Josie colocar outra xícara para Juliet? Daí vocês duas conversariam mais à vontade.

Juliet fitou-o com os olhos arregalados de pânico.

- Sim, faça alguma coisa de útil, Cary. E traga um bule de café fresco quando voltar.

- Eu não sou um criado, vovó.

- Nem Josie - respondeu, balançando a bengala como se ela fosse uma varinha de condão. - Vá logo. E não demore.

Para a surpresa de Juliet, Cary não protestou. Apenas baixou a cabeça e obedeceu. Um impressionante como permitia que Lady Elinor pisasse nele. Será que Cary suportaria qualquer tipo de humilhação só para garantir a herança? Pelo jeito, sim.

- E você, apreciou o passeio? - indagou Lady Elinor, tão logo Cary saiu.

- Muito.

- Caminhou ao longo do rio? Josie a avisou que é muito escorregadio nessa época do ano?

- Hum... foi o sr. Marchese, na verdade.

- Rafe? Rafe estava aqui?

- Sim. Acho que ele trouxe algumas... coisas... para a sra. Morgan. Acordei cedo e por acaso estava na cozinha quando ele chegou.

- Ah. Então... qual é a sua opinião sobre Rafe? - Oh... - Juliet ficou perplexa. - Ele... bem...ele parece muito meigo. Ele mora aqui por perto? Lady Elinor gargalhou.

- Querida, meu neto mais velho não tem nada de meigo. Irritante, debochado, e até fascinante. Mas meigo,não.

- Ele... não se parece muito com o Cary, não é?

- Não. Graças a Deus! Então... suponho que Rafe não lhe contou onde mora.

- Não. Nós não conversamos muito.

- Bem, ele mora em Polgellin Bay. Em cima do ateliê.

- Tem algum dos quadros dele, Lady Elinor?

O silêncio se estendeu, e Juliet começou a achar que cometera uma gafe. Mas a senhora respondeu:

- Rafe não acredita que me interesso pelo trabalho dele. Mas gostaria de conhecer a sua opinião, Juliet.

Como se isso fosse acontecer, Juliet concluiu, irônica. Apesar de aberto ao público, o ateliê de Rafe era o último lugar para onde Cary a levaria.

- Você e Cary já marcaram a data do casamento? A pergunta foi tão inesperada que Juliet ficou sei palavras.

- Oh, não. Nós... acabamos de ficar noivos. Não pretendemos nos casar tão cedo.

- Foi o que pensei.

Lembrando-se de que Cary não ficaria nada feliz caso ela criasse dúvidas na cabeça da avó dele, Juliet inventou algo.

- Talvez... deixemos para planejar tudo no fim do ano.

- Você não está usando um anel.

- Não. - Agora Juliet não teve resposta.

- Suponho que meu neto esteja com problemas financeiros, como sempre. Lembre-me de dar uma olhada na minha caixa de jóias, Juliet. Talvez eu tenha um anel perfeito para você usar.

Oh, Deus! Era vergonhoso imaginar-se com um anel de Lady Elinor. Juliet nunca se sentiu tão desprezível. O retorno de Cary não bastou para consolá-la. O estrago já fora feito. Sem dúvida, logo que voltassem a Londres, Cary mandaria avaliar o anel e Juliet duvidava que Lady Elinor tornaria a vê-lo.

Naturalmente, a avó comunicou a sugestão a Cary.

- Como amanhã à noite oferecerei um jantar para comemorar o noivado, não posso permitir que Juliet apareça sem um anel de noivado, posso?

- Você é um anjo, vovó! - exclamou Cary, abraçando-a com tanto entusiasmo que Hitchins quase o atacou de novo. - O que faríamos sem você?

 

 



  

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