Хелпикс

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CAPÍTULO UM 7 страница



— Gostou? — perguntou ele com uma voz rouca, e ela fez que sim com a cabeça.

— Mas você não...

— Isso foi para você — disse ele suavemente. Então, ela abriu a gaveta da cômoda e, sem pensar, buscou o pacote de preservativos que ali deixara, há tempos. De­pois, antes que ela pudesse voltar a protestar, ele se colocou em cima dela e dentro dela e ela ficou sem respiração enquanto ele disse com voz rouca:

— Isto é para nós dois.

O membro grosso dele a preenchia completamente, os músculos dela se esticando para acomodar o tama­nho dele.

— Apertada — disse ele com satisfação. — Eu sabia que você seria. Eu quase podia acreditar que você nunca tinha estado com um homem antes.

Olívia tremeu. Ela não sabia que sexo podia ser as­sim, não sabia que podia haver tanto prazer, tanta satis­fação para ser partilhada. E o que ela definitivamente não esperava foi o que sentiu quando ele começou se movendo dentro de si, tocando em nervos que ela nem sabia que tinha.

Inacreditavelmente, sentiu seu corpo começando a responder outra vez. Olhou para o rosto magro e atraente do rapaz, sentiu as madeixas molhadas do ca­belo de Christian coladas à nuca quando agarrou o pes­coço dele.

O clímax da mulher chegou quando ele colocou as mãos entre eles, abrindo ainda mais as pernas dela, pe­netrando a essência do seu ser. E foi inundado por seu próprio prazer, quando caiu, estremecendo, nos braços dela.

 

CAPITULO OITO

 

 

Olívia estava agora sentada à janela, olhando fixamen­te as sombras do entardecer. Era a primeira vez que se permitia relembrar os acontecimentos daquela noite em detalhe e a perturbava tomar consciência por fim de que Christian não era mais culpado do que ela.

Talvez menos, admitiu dolorosamente, lembrando-se de como estava carente. Era fácil ter como desculpa o fato de que teria estado mais vulnerável, que Chris­tian era mais experiente. Mas, na verdade, ela tinha dado início ao que acontecera, ela convidara Christian para sua cama.

Encostou a mão no seu ventre para acalmar o tremor que ondulou por cima de seu útero quando admitiu que era também responsável. O que deveria fazer ela ago­ra? Teria de contar a Christian sobre o bebê? Contar a um homem que, na melhor das hipóteses, a considera­ria um fardo necessário, que estava grávida dele?

Não poderia fazer isso. Não poderia se expor desta maneira. Ele tinha sua própria vida e ela a sua. Ela não queria que Christian sentisse qualquer responsabilida­de por algo que ele só poderia considerar um erro.

De qualquer jeito, tinha de parar de se comportar como se ele fosse seu inimigo. Podia entender agora que isso só criaria o tipo de atrito que estava tentando evitar. Além disso, ela entendia agora que tinha sido a atração que lhe estava causando tanta insegurança. Ela queria odiá-lo; ela queria responsabilizá-lo. Mas não podia.

No entanto, até Luis se recuperar, tinha de ficar cala­da e se comportar como se a presença de Christian fos­se uma complicação inesperada e nada mais que isso. Analisar seus sentimentos não tinha resolvido seus pro­blemas. Só os tinha clarificado. E ela podia ver agora como tinha sido patética.

Com esta revelação, ela aceitou que tinha de agrade­cer muito a Christian. Foi ele quem se deslocara até a Califórnia para informar Luis sobre o que sucedera a Tony. Foi ele quem manteve os jornalistas afastados até a polícia liberar o corpo de Tony para o enterro.

Apesar dos melhores esforços do senador Sutcliffe, a relação de sua mulher com Tony Mora tinha sido ex­posta na imprensa, mas Olívia recusara quaisquer en­trevistas que implicassem condenar o comportamento de seu marido. Em vez disso, ela permanecera anor­malmente altiva, escondendo seus sentimentos atrás de uma parede de silêncio, ganhando assim o rótulo de viúva de gelo.

Ela suspirou e, decidindo que devia começar como planejara continuar, foi tomar uma ducha antes de se vestir para o jantar. Escolheu seu short de seda favorito e uma túnica até ao quadril, de chiffon verde pálido. Era o tipo de roupa fresca e solta que teria usado se estives­se sozinha.

No entanto, enquanto espalhava sombra cor de âm­bar nas pálpebras, perguntou-se se a teria escolhido arbitrária ou deliberadamente. Seu sutiã estava claramen­te visível através do tecido leve, seus seios mais volu­mosos do que habitualmente, transbordando as copas de renda. Ela se assegurou que não era mais ousado do que a blusa e calções que estava usando na manhã em que Christian a tinha encontrado na praia. Mas a sus­peita de que ele a estava testando permanecia.

Seus cabelos ainda estavam molhados depois do ba­nho, por isso ela o prendeu na nuca com uma tira de couro. Então, depois de calçar um par de sandálias sem salto, juntou-se a Susannah na cozinha para combinar o que seria o jantar desta noite.

Mas Luis estava de muito mau humor quando se jun­tou a eles. A refeição civilizada que Olívia tinha plane­jado se perdeu em uma série de discussões entre seu enteado, sua enfermeira e Christian, e os deliciosos ca­ranguejos de casca mole e o peixe grelhado passaram sem serem comentados.

A desculpa de Luis que sua cadeira estava lhe dando uma coceira insuportável e que estava farto de estar confinado à casa não lhe garantiu muita simpatia, mas foi só quando Christian mencionou que estava pensan­do em voltar para Miami no dia seguinte que Luis real­mente perdeu a compostura.

— Pensei que você tinha dito que estava consideran­do ficar alguns dias — protestou ele furiosamente. — O que aconteceu? O que mamãe lhe disse? — ele vol­tou o olhar zangado para Olívia. — Pelo amor de Deus, mamãe, não pode colocar seus sentimentos egoístas de lado só uma vez e pensar em mim?

— Luís!

Christian soltou uma exclamação de protesto que es­magou a censura automática de Olívia.

— Não fale assim com sua mãe, chico — avisou ele, seu rosto magro e moreno sombrio e intenso. — Se não fosse por Olívia, passaria o resto dos seus dias com pessoal de enfermagem pago para cuidar de você. Não estaria vivendo neste ambiente. Você é um cachorrinho ingrato e eu tenho vergonha de você.

— Eí, eu não preciso da sua aprovação — começou Luis, mas Christian ainda não tinha terminado.

— Ah, você precisa, sim — ele o contrariou. — Sua mãe pode ser sua tutora até você ter 21 anos. Mas eu sou o executor do testamento de seu pai e a menos que você altere o seu jeito e comece a se comportar como um adulto responsável, eu vou ter de rever a minha opinião sobre a mesada generosa que recebe atualmente para fazer porra nenhuma.

Christian parou de falar, uma cor leve colorindo sua face ao atingir o ponto eminente de falta de controle. Mas o que queria dizer ficou bem claro e, apesar de Luis ter bufado um pouco, ele sabia que estava cami­nhando em terreno perigoso.

— De qualquer jeito — Luis murmurou quando Hellen Stevens deu uma desculpa qualquer sobre ajudar Susannah a levantar a mesa e saiu —- eu aprecio o que mamãe fez por mim. Aprecio. Eu não sou um completo idiota. Eu sei que ela tem sido maravilhosa. Mas isso não altera o fato de que eu estava ansioso por ter você conosco mais uns dias. Pensei que poderíamos ir velejar ou algo assim. Você tem o jipe. Poderíamos ir até às docas. Talvez alugar uma lancha. Eu preciso de compa­nhia masculina, pô! Estou vivendo aqui com três mu­lheres e é um saco!

A expressão de Christian quase não se alterou.

— Eu acho que devia ter cuidado com a linguagem, cara — disse, sem nenhum vestígio de simpatia no seu tom de voz, e Olívia soltou um suspiro nervoso.

— De qualquer jeito, me parece que Hellen não aprovaria as suas voltas de jipe até as instruções do médico — acrescentou ela com ar infeliz.

— São trinta e dois dias, desde o acidente, e conti­nuo contando.

— Luis...

— Você está sentindo pena de você, é isso — Chris­tian interrompeu antes que Olívia pudesse começar a se defender. — E não vamos esquecer, você só tem a si próprio para culpar. Segundo o departamento de trânsi­to da Califórnia, você estava circulando a uma veloci­dade bem superior ao limite permitido. Bem superior. Teve sorte por não ter morrido.

— Sorte, sim — murmurou Luis amargamente, mas era óbvio que toda a agressão o tinha abandonado e Olívia o sentiu enfraquecer.

— Olhe — disse ela com dificuldade —, eu não co­loco objeções se... se o Christian quiser mudar de idéia e ficar por mais uns dias. — Ela sentiu os olhos de Christian sobre si, mas não conseguiu olhar para ele.— Claro, ele pode ter outros planos... — Sua voz se apa­gou. — Mas se não tiver...

— Você não tem de fazer isto, Olívia. — As pala­vras de Christian obrigaram-na a olhar para ele e ela viu a cautelosa incerteza em seu rosto. — Luis está tendo um dia ruim. Vai passar.

— De qualquer maneira... — Olívia falou rapidamente antes que tivesse tempo de pensar. — Se quiser, você pode ficar. Eu não me importo.

Christian franziu as sobrancelhas.

— Olívia...

— Ei, ela disse que pode ficar — interrompeu Luis num tom desesperado, obviamente vendo a sua segun­da oportunidade desaparecendo também. — Vamos lá, Chris. Fique. Eu sei que tenho agido como um idiota e peço desculpas. Me da uma oportunidade. Prometo que não farei nada estúpido outra vez. Por favor! Diga que vai ficar.

— Bem... — Christian olhou para Olívia novamente e desta vez ela não conseguiu evitar a onda de rubor que subiu por seu pescoço ao ver a hesitação dele. — Se você tem certeza...

Ela engoliu.

— Tenho — disse ela com convicção, levantando-se e recolhendo os pratos vazios. — Me desculpem. Preci­so ir ver como estão indo os outros.

Christian estava ainda avaliando as razões pelas quais Olívia teria mudado de opinião na manhã seguin­te. Ela estava com tanta pressa para se ver livre dele, tão inflexível de que ele deveria ir embora. Ela teria lhe pedido para ficar só para acalmar seu enteado? Ou estava começando a acreditar que ele não era tão mau as­sim?

Sua relação com Olívia tinha sido por vezes difícil. Ela sempre tinha suspeitado de seus motivos para ter vindo trabalhar com Tony. E ele, por sua vez, se sentiu obrigado a manter distância devido ao que Tony lhe dissera.

Ele suspirou. O que tinha acontecido naquela noite? Ah, seria fácil arranjar desculpas para seu comporta­mento, mesmo que sua consciência não lhe desse des­canso. Olívia estava perturbada e ele tinha lhe ofereci­do conforto. Mas, no processo, ele se tinha deparado com um problema que não parecia poder resolver.

E isso era difícil de admitir. Particularmente depois do jeito como ela o tinha tratado depois que Tony mor­rera. Mesmo que tentasse, ela não poderia tornar mais evidente seu desprezo por ele. Ela não gostava dele e não perdia nenhuma oportunidade para demonstrar isso a ele.

Apesar de tudo, algo acontecia quando estavam jun­tos, refletiu ele. E também não era o único consciente disso. Mesmo no hospital, depois do acidente de Luis, sentiu o pânico que a invadira quando ele a tocou. Ela tinha medo dele? O que ela tinha para esconder?

Christian gostaria de pensar que era por ela estar atraída. Mas ele tinha medo de estar indo longe demais. Sabia que ela não tinha muita experiência com homens e estava lidando com o que acontecera do único jeito que sabia. Ele estava realmente se enganando se acreditasse que ela tinha qualquer outra razão para manter a distância.

O verdadeiro problema era que ele se sentia atraído por ela. Ele sempre tinha notado sua presença, claro, mas enquanto Tony estivera vivo, sempre respeitara o desejo de seu primo de manter outros homens afasta­dos. E Christian não se envolvia com mulheres casa­das, mesmo que elas estivessem interessadas.

E não estava realmente envergonhado pelo que acontecera na noite em que Tony morreu, admitiu ele pesaroso. Ele não poderia tê-la beijado como beijou nem poderia ter feito amor com ela como tinha feito sem os fortes sentimentos que ela havia despertado nessa noite. O problema é que esses sentimentos não tinham desaparecido. Ainda o estavam incomodando. Essa tinha sido a razão pela qual tinha feito a viagem até San Gimeno. Queria verificar se estava exagerando quanto à importância dela para si mesmo.

E ele não tinha exagerado. Eles continuavam bem vivos e revolvendo seu estômago. Essa era a razão pela qual sua relação com Julie havia fracassado. No entan­to, nem Olívia podia negar a eletricidade que existia entre eles. Até Luis tinha notado que eles soltavam faíscas cada vez que se encontravam. Essa era uma das razões pela qual ele julgava sua companhia tão estimu­lante. Gostava de estar com ela! Nunca se aborrecia quando estavam juntos. Nunca olhava para o relógio ou desejava estar em outro lugar.

Mas convencê-la disso era um problema quase insolúvel. Certo, ela tinha concordado em permitir que ele ficasse por uns dias, mas o que significa isso? Ele teria de ir a Miami no fim de semana, de qualquer jeito. Ele não podia deixar Mike Delano cuidando da empresa por tempo indeterminado. E então, quando voltaria a vê-la? Que desculpa poderia arranjar para voltar?

Tinha tido uma esperança de que ela tivesse tomado já o seu café da manhã e ido embora antes que ele en­trasse na sala iluminada. Mas ela ainda estava sentada à mesa, segurando uma xícara de café e olhando fixa­mente para a paisagem quando Christian entrou. No instante antes que ela notasse sua presença, ele estudou seu rosto pensativo quase vorazmente. E sentiu a fami­liar punhalada de desejo que estava tentando reprimir.

Dios, que estava acontecendo com ele? De onde ti­nha surgido esta fome repentina? Quando parara de vê-la como uma mulher mais velha? Quando tinha se transformado nesta criatura perturbadora que enchia as suas noites com sonhos atormentados?

— Bom dia — disse ela, em sua saudação educada.

Ele resmungou uma resposta, pegando, grato, a ca­deira antes que ela pudesse notar como o afetava. Em seguida, pegou a cesta de pãezinhos quentes que a mu­lher empurrou na direção de seu prato.

— Tomo só café. Obrigado — ele acrescentou, qua­se tarde demais. Mas ele não gostava desta sensação de inadequação. Custava a se acostumar.

Olívia vestia rosa nesta manhã: camiseta rosa pálido, com uma estampa de um golfinho simpático em cima de seus seios; bermuda rosa que revelava pernas longas e encantadoras, e uma fita larga de cabelo, rosa, que complementava o bronzeado dourado que lhe coloria o rosto e deixava seus cabelos soltos à altura dos ombros.

Ela era tão jovem, pensou ele, incredulamente. Tão completa. Ele nunca tinha visto uma mulher com tão bom aspecto sem qualquer maquiagem.

— O café ainda está quente?

O tom sério das palavras de Olívia lhe mostrou que ela estava fazendo o possível para ter um comporta­mento civilizado. Era o tipo de coisa que uma boa anfi­triã diria. Mas, apesar dos avisos que ele havia dado, não pôde evitar sentir algum ressentimento pela abor­dagem fria que ela insistia em usar.

— Isso lhe importa? — perguntou ele, provocando-a deliberadamente. — Ambos sabemos que você só me convidou a ficar para se livrar de Luis.

Por um momento, pensou que ela iria negar. Os lá­bios dela se separaram com surpresa e demorou um momento até que ela formulasse sua resposta. Mas en­tão a sua expressão mudou e Christian lamentou ter sido indelicado.

— Isso não o fez recusar a minha oferta — disse ela por fim, evidentemente decidindo não tentar convencê-lo do contrário. — Eu tinha esperança de que conse­guíssemos alcançar uma relação de trabalho, mas por certo estava enganada.

Christian encolheu os ombros, ainda achando difícil silenciar seus demônios.

— Estou disposto a fazer uma trégua — disse ele e levantou uma sobrancelha com ar de gozação. — Que tipo de "relação de trabalho" você tem em mente?

Era rude e sugestivo e ele não ficou realmente sur­preso quando ela deixou a pergunta sem resposta. Em vez disso, ela empurrou sua cadeira, se levantou, e atra­vessou a sala em direção às portas abertas. Teria sido um bom castigo para ele se ela lhe dissesse para ir em­bora, pensou Christian. Era o maior idiota do mundo e sabia disso.

— Dios, Olívia... — murmurou ele quando ela al­cançou a entrada da varanda. Mas apesar de ter ouvido seu protesto, ela não olhou para trás. Com outra excla­mação, desta vez menos educada, ele empurrou a ca­deira e a seguiu, parando por uns instantes quando a viu encostada ao parapeito da varanda.

Ela estava de costas para ele e a primeira reação do rapaz foi pensar como era delicioso aquele bumbum ar­redondado no short rosa que ela usava. Mas então, afas­tando esse pensamento, ele atravessou o piso até chegar junto dela, parando e tentando acalmar sua respiração.

— Olívia — disse ele novamente, desta vez com emoção genuína, e ela se virou e pressionou os lábios, evidentemente surpresa por encontrá-lo tão próximo de si. Ela apertava os lábios e seus olhos estavam total­mente abertos e assustados. Parecia um coelho ofusca­do pelas luzes de um veículo em sua direção.

— Me desculpe — disse ele, ansioso por corrigir seu comportamento. Mas as suas desculpas só serviram para trazê-la de volta à realidade. Sacudindo a cabeça, ela o teria deixado ali, em busca da empregada ou de seu enteado. Mas Christian segurou o parapeito de cada lado dela, conseguindo aprisioná-la entre suas mãos.

— Você não acredita em mim? — perguntou, e, es­cutando a si mesmo, surpreendeu-se com o quão deses­perado ele soava agora. — Querida — continuou — eu fui mal educado. Não queria magoar você. Sou um inú­til e não mereço outra coisa.

Para sua surpresa, Olívia não respondeu como ele previra. Esperava que ela ignorasse seu apelo e insistis­se que ele a largasse imediatamente. Em vez disso, um ligeiro sorriso tocou os lábios dela e ele podia ver que sua escolha de palavras a divertira.

— Você não é inútil — disse ela, encostando um dedo no peito dele, com a esperança de que ele se afas­tasse. — Agora, por favor, tenho trabalho para fazer. Luís ainda não tomou o café da manhã.

Christian estava tentado a dizer "Luis que vá para o inferno", mas ainda não estava imune. E apesar de o senso comum exigir que ele se considerasse com sorte por ter saído de uma fria tão facilmente, estava forte­mente consciente do dedo dela enterrado em seu peito.

— Então você me perdoa? — insistiu, sentindo a respiração dela umedecendo a pele logo acima de sua blusa. Foi outro elo entre eles. Não foi algo que ele desejasse, mas mesmo assim se sentia excitado.

Olívia retirou seu dedo bruscamente, como se o ca­lor que ele estava gerando tivesse chegado a ela, e desta vez seu sorriso era um pouco forçado quando ela per­guntou:

— O que há para perdoar?

Foi uma resposta instintiva, feita na esperança de que ele a aceitasse e a deixasse ir. Ela se apoiava em cada pé, um sinal inegável de que estava nervosa, e ele ficou espantado com o quanto ela lhe parecia inocente, até neste momento.

— Que tal se esquecermos o que aconteceu até agora e começarmos de novo? — ele sugeriu, meigamente, fazendo um esforço supremo para resistir ao impulso de delinear a curva do maxilar dela com a língua. — Eu gostaria que fôssemos amigos. — Raios, ele gostaria de muito mais do que isso, para falar honestamente. — Eu sei que começamos mal, mas gostaria mesmo que pu­déssemos nos conhecer adequadamente.

Isto devia servir para lhe dar confiança, mas não pa­receu fazê-lo. Apesar do fato de que estava pondo ener­gia genuína no esforço de ganhar a confiança dela, Olí­via ainda parecia tão arisca como um potro.

— Vamos ver — disse ela por fim, cruzando os bra­ços sobre o peito e enfiando os dedos sob os braços. — Mas eu não posso mesmo falar sobre isso agora. Como já disse antes, tenho coisas para fazer.

— Como o quê? — perguntou ele dobrando as mãos no parapeito de madeira em vez de sucumbir a um de­sejo de alisar as pontas dos dedos na pele macia dos braços dela. — Preparar o café da manhã para Luis? Eu pensei que isso era uma tarefa de Hellen.

— Bem, é. — Não restava dúvida de que Olívia es­tava frustrada agora. — Mas eu sempre vou ver como se sente antes de ele se levantar.

— Que sorte a de Luis — pensou Christian secamen­te, seus olhos fixos no rosto ansioso dela. O calor que começara antes em sua garganta tinha agora alcançado seu rosto e algumas manchas de cor o iluminavam.

— Está bem — ele disse finalmente, decidindo que não ganharia nada em tentar seduzi-la. Os lábios dela se separaram quando ele recuou e ele foi quase tentado a mudar de idéia. Ela não imaginava como era provo­cante quando umedecia os lábios.

Gostaria de pensar que ela estava tomando consciên­cia da energia que tinha explodido entre eles na noite em que Tony morrera. Mas até agora ela o tinha ignora­do, permanecendo altiva para todos os homens exceto Luis, e provavelmente achava difícil sentir-se relaxada próximo dele.

Ela se afastou do parapeito, passando por ele de lado, claramente esperando que ele não a impedisse ou­tra vez.

— Até mais tarde — disse ela, e Christian afundou as mãos nos bolsos de sua bermuda para disfarçar sua ereção.

— Acredite nisso — acrescentou ele, e ela lhe deu um pequeno aceno antes de sair depressa.

 

 

CAPÍTULO NOVE

 

 

Não foi fácil evitar Christian. A casa, que era quase espaçosa quando Olívia estava vivendo sozinha, pare­cia estar encolhendo a cada dia. Além disso, evitar Christian significava muitas vezes evitar Luis, e ela não podia deixar seu enteado pensar que algo estava errado.

No fim de tudo, Luis nunca tinha parecido tão feliz. Foi estranho para ela chegar a essa conclusão, levando em conta que ele estava se recuperando de ferimentos graves, mas era verdade.

A verdade era que ele e Christian tinham mais em comum do que ele jamais tinha tido com Tony, e ela não podia colocar defeito na paciência de Christian com o rapaz. Ele encorajava Luis a usar as muletas, até o ajudou a descer à praia em uma ocasião. E disputa­vam intermináveis partidas de xadrez quando estava calor demais para sair.

Como conseqüência, os poucos dias passaram voando. Por Christian estar lá fazendo companhia a Luis, Olívia tinha mais tempo para escrever e seu primeiro conto sobre as aventuras de Dimdum estava quase ter­minado. Ainda havia esboços e desenhos para fazer, mas isso era a parte fácil.

Claro que ela teria de telefonar para o hospital em San Gimeno e alterar a data de sua consulta. Mas isso era um pequeno preço a pagar, disse ela a si mesma, se Luis estava feliz.

Apesar de Christian perturbar seu sono algumas ve­zes, ela também estava se sentindo melhor. Mesmo as­sim, teria sido tão mais fácil se convencer de que estava fazendo o que era certo, não lhe contando sobre o bebê.

Agora não era tão fácil. E quando ele estava sendo simpático com ela, por vezes especulava sobre qual se­ria a reação dele se soubesse. Mas sempre que a sua de­terminação enfraquecia, ela se lembrava da vida que tinha tido com Tony. Não poderia aceitar um casamen­to desse tipo outra vez. Nem mesmo para dar o nome do pai a seu bebê.

A hora das refeições eram as mais difíceis. Ela con­seguia escapar ao café da manhã. Susannah gostava muito de tê-la como companhia na cozinha, comendo torradas e café. Mas o almoço e o jantar eram diferen­tes. Hellen normalmente juntava-se a eles, o que torna­va a ocasião mais social. Mas nem sempre era fácil desfrutar da comida com Christian a observando.

Não era por ele dizer ou fazer algo afrontoso. Ou por ele sempre dirigir seus comentários a ela. De fato, por vezes quando ele estava conversando com Hellen, Olívia sentia uma indesejada pontinha de ressentimento. Não que tivesse ciúmes, dizia a si mesma. Era só o ressentimento de uma mulher ao ser ignorada.

Hellen, é claro, desabrochava diante da atenção dele. Em vez de usar seu uniforme, começou a se vestir muito mais casualmente para o jantar. E ela era uma garota bonita, com seus cachos castanhos e corpo magro e atraente. Fazia Olívia sentir-se gorda e velha, e tinha a certeza de que Christian notava a diferença en­tre as duas.

Felizmente para Hellen, ela ganhou outro admira­dor. Jules, que sempre apreciara a sua companhia, a convidou para acompanhá-lo a um churrasco na cida­de. Talvez ele pensasse que teria em Christian um competidor, agora que ele estava ficando na casa. De qualquer maneira, ele avançou e Hellen aceitou o seu convite.

Como sempre, a noite do churrasco estava quente e indolente. Até a leve brisa que houvera durante o dia desapareceu com o entardecer. Era uma noite perfeita para um churrasco. Uma noite perfeita para qualquer coisa, exceto ir para a cama.

Olívia, que tinha deixado suas janelas abertas enquan­to jantava, lamentou tê-lo feito. Seu quarto estava quente e abafado demais, e ela decidiu dar uma caminhada na esperança de que esfriasse um pouco. Deixando suas sandálias para trás, foi até a varanda. Em seguida, afas­tando-se da fachada da casa, foi até os degraus nos fun­dos da quinta. Christian e Luis estavam jogando gamão no terraço da frente e ela não queria incomodá-los.

Caminhou pela grama sem fazer nenhum ruído, a fragrância exótica das flores proporcionando à noite um encanto sensual. Parou junto a um arbusto de magnólia, as flores de um branco cremoso brilhando no es­curo. Suas pétalas estavam frescas e pegajosas quando ela as tocou, e pareciam tão perfeitas que eram quase irreais.

Enquanto circundava a casa, ouviu o som das vozes dos homens vir ao seu encontro. Não podia escutar o que estavam falando, mas pareciam estar gostando do jogo. Christian o tinha comprado em uma de suas viagens no jipe de praia cor-de-rosa. Não parecia lhe importar que fosse um veículo inadequado para ele dirigir.

Chegou até a praia sem problemas, dirigindo-se à areia úmida sobre a qual era muito mais fácil caminhar. A maré ondulante cobriu seus pés, refrescante e convi­dativa. Desejou ter a coragem para se despir e mergu­lhar nua, como Christian tinha feito. Mas, em sua con­dição atual, isso não era uma opção.



  

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