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CAPÍTULO UM 4 страница



—- Sim, sei.

Obviamente, Luis não acreditava nele e Christian estava irritado com o jeito como as palavras do garoto lhe tinham tocado. Ele pensava que tinha conseguido esconder seus sentimentos razoavelmente, em face das provocações de Olívia. Porém, evidentemente, tinha se enganado.

Forçando-se a levantar da espreguiçadeira, ele for­çou um sorriso breve.

— Devemos concordar em discordar, mi amigo — disse ele, sabendo que deveria conseguir rir disso. Olhou para a vivenda. — Você está precisando de algu­ma coisa? Posso buscar algo antes de ir me trocar?

— Qualquer coisa como? — Luis estava sendo sar­cástico. — Uma mulher? — ele riu. — Você sabe quan­to tempo faz que eu transei?

— Isso não é algo que me tenha feito perder o sono, não — respondeu Christian, secamente. — O que quis dizer era se você quer um drinque. Está bastante quente aqui fora.

— Não está mesmo? — Luis endireitou suas costas, cansado. Então, como se tivesse se apercebido de que estava sendo chato, ele deu um sorriso aberto. — Não, estou bem. O fisioterapeuta vai chegar logo. E eu não gosto de beber demasiado antes de ele chegar senão fico com uma vontade desconfortável de ir ao banheiro enquanto ele está fazendo o negócio dele.

— Isso podia ser um problema — concordou Chris­tian, sentindo sua tensão voltar com a perspectiva de encontrar de novo com Olívia. — Então, onde está sua mãe? É melhor eu ir lhe dizer que gostaria de ficar mais um tempo.

— Ela está por aí. — Luis pegou uma revista que estava sobre a mesa a seu lado. — Acho que ela pensa que você já foi embora.

Sim. Christian não falou nada, mas admitiu que o garoto podia estar certo, enquanto estava indo deixar as compras no seu quarto. Ele não tinha visto Olívia antes de ir à cidade e ela podia não ter notado que ele deixara sua pasta. Mas, que diabo importava? Decerto ela iria pensar que ele falaria alguma coisa antes de deixar a ilha.

Christian atirou a sacola em cima da cama e ficou parado alguns instantes, respirando fundo. Ainda não compreendia completamente o que o fazia agir desta maneira. Ou, de fato, por que viera até a ilha. Luis não corria nenhum perigo mortal; seus ferimentos não o fa­ziam correr perigo de morte, e outro telefonema teria sido igualmente suficiente.

Certo, dizer que ele queria ver o garoto pessoalmen­te não era exatamente uma mentira. Apesar de ele e Luis não serem amigos próximos, eram uma família. Mas ele tinha de se perguntar, no caso de Luis ainda estar na universidade em São Francisco, se teria atra­vessado o país para ver como ele estava. Se ele fosse sincero poderia admitir que queria voltar a ver Olívia.

Talvez fosse hora de ligar para seu escritório em Miami e saber o que estava acontecendo nas corpora­ções Mora durante sua ausência. Telefonar para Mike Delano certamente o faria colocar as coisas em pers­pectiva. Por apenas um momento, Luis tinha arranhado um nervo e não tinha gostado disso.

Olívia estava regressando de uma caminhada na praia quando viu o jipe rosa entrar no caminho até a casa. Ela pensou primeiro que fosse o fisioterapeuta de Luis, que normalmente dirigia uma moto. Mas depois viu Christian sair do veículo e seu passo abrandou. Raios, que estava Christian fazendo, dirigindo um jipe? Quanto tempo mais ele pretendia ficar?

Quando se viu obrigada a lhe oferecer uma cama na noite passada, não esperava que ele entendesse isso como um convite para ficar muito tempo. Está bem, Luis ficara feliz em vê-lo, mas seu enteado ficaria feliz em ver qualquer pessoa no seu estado atual.

No entanto, isso não era inteiramente justo. Luis gos­tava de Christian. Ele o admirava. Era provavelmen­te só sua imaginação que a fazia pensar que Luis estava se virando agora mais para Christian porque Tony esta­va morto. De qualquer maneira, o homem tinha evi­dentemente esperado passar a noite e Olívia tinha en­golido o seu ressentimento e dito a Susannah para pre­parar uma das camas do quarto de hóspedes. Tinha sido o que Luis esperara e ela não podia desapontar seu en­teado.

No entanto, agora ela lamentava a sua generosidade. Ao abrigo de uma palmeira, pensou como tinha sido tonta em pensar que já não o veria mais. Quando Su­sannah lhe falou que ele pedira um táxi para levá-lo a San Gimeno, ela quase acreditara que Christian plane­jara pegar a balsa da manhã. Como estava equivocada. Agora parecia que ele estava se instalando para ficar por um bom tempo.

Agachando-se junto à árvore, ela pousou a cabeça na casca áspera. Esperaria até que Christian entrasse em casa, decidiu, olhando para os joelhos com alguma pena. Deveria ter usado um vestido para caminhar, não esta blusa e calções de seda que quase não tapavam seu traseiro.

Encolhendo os joelhos, deixou seus braços caírem desconsoladamente entre as pernas, cravando as unhas na areia macia. O leve tremor abaixo de suas costelas a fez lembrar que tinha outra consulta hospitalar daí a dois dias e ela esperava que, a essa altura, Christian tivesse ido embora. Não só da varanda, mas da ilha, pensou ela sombriamente. A última coisa de que precisava era que ele lhe oferecesse carona até a cidade.

Ah, sim, ela falou, inventando uma conversa imagi­nária. Isso é muito amável de sua parte, Christian. Sim, eu tenho de ver o ginecologista. O quê? Oh, eu não falei para você que estou grávida? Vou fazer outro exame. Eu já devia ter feito há duas semanas, mas com o acidente de Luis e tudo mais, faltei à minha consulta. Não é bom, você sabe, negligenciar estas coisas.

Seu maxilar se enrijeceu e ela levantou as mãos e sacudiu os grãos de areia que tinham ficado colados em seus dedos. Bem, não fazia sentido especular sobre o assunto porque esta conversa nunca iria acontecer. Este era seu bebê, não dele. E se, por vezes, só ocasional­mente, sentia uma ponta de culpa por enganá-lo, basta­va pensar em como ele tinha se comportado desde que acontecera, para justificar as ações dela.

Virando a cabeça, olhou em direção à varanda e viu que Christian agora estava sentado. Droga, pensou, quanto tempo ele iria ficar ali? Ela precisava ir ao ba­nheiro, outra conseqüência da gravidez. Se ela, pelo menos, pudesse escutar o que eles estavam falando, te­ria uma idéia melhor de quanto tempo a conversa deles iria durar.

Mesmo assim, ficou surpresa quando, de repente, Christian se levantou outra vez. Pareceu muito repenti­no. Fora algo que Luis dissera? Talvez estivessem dis­cutindo, pensou ela, sem muito otimismo. Christian era demasiado esperto para arriscar perder o apoio de seu primo.

O que quer que tenha sido, ele apanhou a sacola que estava carregando antes e, depois de mais uma breve troca de palavras com Luis, entrou em casa. Mas não se comportou como se tivesse alguma dúvida quanto ao rumo a tomar.

Olívia suspirou e, depois de esperar uns instantes para se certificar de que ele não tinha entrado apenas para pegar algo, ela se levantou com alguma dificulda­de. Sua bermuda estava suja de areia e ela a sacudiu com energia. Não queria que Luis ficasse especulando se estava evitando seu visitante inesperado.

Estava descalça e, enquanto subia a grama inclinada até a casa, pensou em como as coisas tinham mudado drasticamente nas últimas quatro semanas. Quase es­quecera a liberdade que tinha sentido nas semanas an­tes do acidente de Luis. Agora, os fios da sua vida anti­ga estavam, de novo, envolvendo-a.

Luis lançou-lhe um olhar sarcástico quando ela che­gou a varanda.

— Gostou da caminhada? — perguntou, pondo de lado a revista que pegara depois de Christian ter saído, e Olívia forçou um sorriso luminoso.

— Foi uma caminhada ótima — disse ela firme­mente, resistindo à vontade de colocar as mãos nos quadris e esticar as costas doloridas. — Como você está se sentindo?

— Estou bem. — Luis a olhou com ar crítico. — Mas talvez você possa me contar o que estava fazendo escondida atrás da palmeira lá embaixo.

Os lábios de Olívia se abriram de espanto.

-— Eu... eu não estava me escondendo.

— Não? — Luis estava cético. — Então, o que esta­va fazendo? Descansando antes de subir?

A boca de Olívia se comprimiu.

— Eu... eu não estava com pressa para voltar, só isso.

— Porque Chris estava aqui. — Ela encolheu os ombros.

— Talvez. — Ela alisou a camiseta azul pálido sobre o cós da bermuda e então, percebendo que isso realçava o seu ventre, soltou-a outra vez. — Ele falou para você quanto tempo mais planeja ficar?

— A questão do momento — riu Luis. — Não, não falou. Por que você não pergunta a ele? Tenho certeza de que ele ficaria muito feliz em conversar sobre isso.

Olívia respirou com força.

— Você quer dizer que perguntou para ele?

— Não devia ter perguntado?

— O que você pergunta ou deixa de perguntar não tem nada a ver comigo — ela respondeu mordazmente. Em seguida, percebendo que estava encorajando seu escárnio, acrescentou: — Por que ele alugou aquele jipe?

— Ele falou que foi porque nós precisamos de alguma forma de transporte — respondeu o enteado, seus olhos passando por ela até o veículo de cor forte estacionado ao lado da casa. — Não sei por quê, não acho que rosa seja a cor preferida de Chris.

Olívia também não achava, mas não gostava nem um pouco que ele tivesse escolhido alugar um veículo. Parecia-lhe demasiado permanente. Por que não podia ter usado o serviço de táxis da ilha, como fazia todo mundo?

— Você não gosta do Chris, não é mesmo?

O comentário de Luis a pegou de surpresa e, por um instante, Olívia apenas conseguiu olhá-lo, sem saber o que dizer. Depois, recuperando a compostura, ela disse do jeito que lhe pareceu soar mais a incredulidade:

— Eu não sei de onde você tirou essa idéia. Eu mal conheço o cara.

— Olhe aqui, mamãe, é comigo que você está falan­do, e não com papai. Eu vi o jeito como olha para Christian. Como se quisesse que ele saltasse do cais mais próximo.

Olívia estava horrorizada.

— Isso não é verdade.

— Claro que é. — A respiração de Luis se transformou num longo suspiro. — Mas... o que foi que ele fez a você?

Isso era demais e Olívia sentiu as faces começarem a arder.

—- Ele... ele não me fez nada — mentiu, pressionan­do as palmas úmidas de suas mãos contra a parte baixa de suas costas. — Acho que você está começando a fantasiar, Luis. Deve ser toda esta inatividade. Está ten­do um efeito negativo na sua mente.

— Você acha? — As sobrancelhas de Luis se junta­ram e imediatamente ela baixou os braços. Depois ele as franziu. — Você não está gamada nele, está, ma­mãe? — exclamou, como se tivesse noção do pânico dela. — Porque, eu tenho de falar honestamente, você não faz o tipo dele.

— E ele não faz o meu — replicou Olívia rapida­mente, decidindo que já bastava deste interrogatório. — Me desculpe. Preciso ir ao banheiro.

— Então por que você o está evitando? — insistiu Luis enquanto ela atravessava a varanda, e embora Olívia tivesse preferido ignorá-lo, a cautela a aconse­lhava a não fazer nada que levantasse as suspeitas dele.

— Eu não estou evitando ele — ela exclamou acalo­radamente, e quase gemeu quando o objeto da discus­são apareceu junto às portas corrediças que abriam para a varanda. — Está vendo? — acrescentou ela, forçando um sorriso. — Aqui está ele.

Christian pareceu hesitar um pouco quando viu Olí­via e ela se perguntou se ele também tinha preferido evitá-la. Ele mudara de roupa, ela notou. Em vez das casuais calças caqui que vestia quando chegou, agora usava um short azul desportivo que assentava baixo nos seus quadris estreitos. Uma blusa sem mangas, que ele não se preocupara em colocar para dentro, expunha um atraente pedaço de pele morena.

Evidentemente, Luis considerou a chegada de Chris um bônus. Olívia calculou que ele estava gostando da hostilidade que tinha percebido haver entre eles. Como conseqüência, o seu tom de voz foi mais amigável para o homem do que poderia ter sido, e ela perguntou educadamente:

— Bom dia. Você dormiu bem?

A boca de Chris ficou sem expressão. Provavelmen­te, estava se lembrando de como ela tinha evitado se comunicar durante o jantar na noite anterior e ficou especulando sobre a sua mudança de tom. Mas, raios, ela não podia continuar se comunicando como se ele fosse um inimigo.

— Eu dormi... muito bem — respondeu ele depois de um momento, mas Olívia suspeitou de que isso não era inteiramente verdade. Seus olhos estavam mais cansados do que habitualmente e com olheiras. Apesar de sua aparência abatida lhe cair bem, não era uma in­dicação de que a situação era mais fácil para ele do que para ela.

— Que bom — disse ela, afastando-se dele quando ele adentrou a varanda. — Agora, se vocês me dão li­cença...

— Você não está nos abandonando, não é mamãe? — O rosto de Luis estava cheio de malícia. Olívia disse para si mesma que estava satisfeita por ele estar reencontrando seu senso de humor, mas ela não apreciava que fosse à custa dela.

— Tenho certeza de que você e Christian têm bas­tante sobre que conversar. Além disso, Jules chegará dentro de pouco tempo e eu sei que ele não me vai querer aqui atrapalhando.

— Então leve Chris para uma caminhada — disse Luís. — Tenho certeza de que você não quer negligen­ciar o nosso convidado.

— Eu acho que sua mãe tem mais que fazer do que ficar me entretendo — contribuiu Chris, antes que ela pudesse dizer qualquer coisa.

— Tem razão — começou ela, e parou quando Chris a interrompeu.

— De qualquer maneira — acrescentou ele, que ain­da não tinha terminado o que estava dizendo —, eu estava pensando em nadar um pouco. Duvido que Olívia queira me acompanhar.

No entanto, ela não conseguiu evitar uma pontada em sua consciência ao pensar em vê-lo dentro d'água. Ela o tinha visto nu antes, claro, e, apesar de tudo, a memória não tinha se apagado. O que era estúpido se ela considerasse como se sentia em relação a essa oca­sião. Mesmo assim, ela sabia que Christian era tão gos­toso sem a roupa como completamente vestido.

— Eu estava indo tomar uma ducha — disse ela, evitando fazer qualquer comentário. — Se vocês me dão licença, eu os vejo mais tarde.

— Que pena — observou Luis, sem querer que lhe tirassem sua vitória. — Sabe, Chris, acho que hoje é o primeiro dia em que mamãe não toma banho de mar?

Olívia respirou com força.

— Provavelmente, vou tomar mais tarde — retrucou rapidamente. — Quando já não estiver tão quente, como... como Christian falou. — Ela forçou um sorri­so. — Por que você não se concentra em seus exercí­cios, Luis? Em vez de tentar causar problemas entre seu primo e eu?

— Era isso o que eu estava tentando fazer?

Luis abriu os olhos inocentemente e ela quis re­preendê-lo. Porém, com Christian olhando, ela se sen­tia obrigada a controlar seu temperamento e, fazendo uma careta, passou pela porta aberta em direção ao in­terior da casa.

No entanto, no seu quarto, sua confiança a abando­nou. Afundando-se no assento largo sob a janela, expi­rou longamente. Não sabia o que era pior: ter Luis pen­sando que ela detestava Chris ou acreditando que esta­va gamada no rapaz.

Um movimento para além da janela a fez olhar, e ela agradeceu a distração. Um homem alto e moreno esta­va caminhando sobre a grama em direção à praia. Era Christian, claro, e, enquanto ela olhava, ele despiu a camiseta que estava usando.

Seu short expunha os ossos estreitos de seus quadris. Quando ele enfiou as mãos na parte de trás do cós, ela prendeu a respiração involuntariamente. Decerto ele não se despiria, pensou, incrédula. Não em frente às janelas. Está bem, a praia estava deserta, mas certa­mente a decência exigia que ele mostrasse algum res­peito pelo que estava à sua volta, não?

Quando ele olhou rapidamente para a vivenda, ela se recolheu instantaneamente. Ele podia vê-la? Suspeita­ria que ela não estava tomando uma ducha, para a qual tinha se retirado tão apressadamente? Mas não. Com um ruído de impaciência, ela se repreendeu por pensar que era visível. Com o sol brilhando nas vidraças, não havia jeito de que pudesse ser vista.

Mesmo assim, ela se sentiu como um voyeur. Levan­tando-se, ela se preparou para se afastar. Mas antes de o fazer, não resistiu a dar uma última olhada na janela, e a sua respiração acelerou quando viu Christian na beira da água. Enquanto ela olhava com incredulidade, ele tirou os calções e os largou na areia atrás de si. A cor mais pálida de suas nádegas estava claramente visí­vel antes de ele mergulhar no mar. Ela soltou uma gol­fada de ar. Como ele se atrevia a fazer isso? Como ele se atrevia? A sua indignação era imensa. Onde diabos exatamente ele pensava que estava?

No entanto, quando entrou na ducha, o bom senso voltou. Ela estava sendo tola. Ver um homem nu não era nada de novo para ela. Se ele escolhia tomar banho sem nenhuma roupa, qual era o problema? Ele não es­tava machucando ninguém. Luis, provavelmente, faria a mesma coisa, se tivesse oportunidade.

O fato era que Christian não era Luis, Por mais que ela tentasse racionalizar seus sentimentos, não podia olhá-lo do mesmo jeito. Ele também não era nada como Tony. Quando ela olhou para o corpo vigoroso de Christian, teve consciência imediata do quanto ele era fisicamente atraente. Ela estremeceu de repente. Tinha escolhido tirar a roupa em plena vista da janela dela porque sabia o quanto ela era suscetível?

Até aquela noite — e ela não tinha de dizer qual noite —-, ele nunca tinha olhado para ela. Bem, tinha, mas sem ter qualquer atração em mente. Houve vezes em que ela tinha a certeza de que ele evitava a sua pre­sença. Talvez ele acreditasse que ela só se casara com Tony pelo dinheiro. Se fosse isso, provavelmente, não era o único.

Além disso, as mulheres com quem Christian se en­volvia eram todas jovens e lindas. Julie, sua atual na­morada, era apenas mais uma. Tony costumava brincar dizendo que as mulheres de Christian sempre ficariam em segundo lugar, atrás de sua ambição.

O que a trouxe de volta à sua própria situação. Ela suspirou. Provavelmente, Christian lamentava tanto o que acontecera quanto ela. Bem, talvez não tanto, pen­sou, esfregando sabonete na crescente curva do seu ventre. A breve intimidade deles tinha tido uma conseqüência duradoura. Por causa disso, não podia ficar li­mitada ao passado.

Claro que ela podia interromper a gravidez. Mas, independentemente de como se sentia em relação ao pai da criança, isso era algo que ela não podia fazer sozinha. Há muito tempo ela desejava ter um bebê, e queria esta criança desesperadamente. Não podia per­mitir que o envolvimento de Christian a cegasse da ma­neira como se sentia.

O que a fez recordar a sua consulta no hospital de San Gimeno. Depois de fazer o exame, não precisaria ver o médico outra vez até daí a algumas semanas. Não queria adiar a conversa com o médico por causa de Christian.

 

 

CAPITULO SEIS

 

 

Helen Stevens juntou-se a eles para almoçar, o que tornou as coisas mais fáceis. Embora não tivesse muito para dizer, ela era como um amortecedor entre Christian e Olívia. Ele sabia que Olívia não o queria lá, mas, por alguma razão, estava sendo muito difícil ceder às suas exigências e partir. Ele odiava admiti-lo, porém quanto mais tempo falava com ela, mais ela o intrigava, e ele merecia uma oportunidade.

Além disso, Mike Delano estava fazendo um bom trabalho na sua ausência. O outro homem estava ob­viamente apreciando a chance de provar que era ca­paz. Enquanto Tony era vivo, ele não quisera delegar autoridade a mais ninguém além de Christian. E ele e Mike mantinham-se em contato por telefone e e-mail. Christian não tinha pressa nenhuma em voltar para o trabalho.

O que o surpreendeu, ele admitiu, levantando seu copo de vinho e lançando um olhar demorado para Olí­via por cima da borda do copo. Ela também teria se surpreendido, se soubesse como ele estava se sentindo, ele refletiu. Ela acreditava erroneamente que o trabalho comandava a vida dele.

Luis também estava se divertindo, ele notou. O jo­vem apreciava paquerar sua enfermeira quando não es­tava provocando Christian ou sua madrasta. Mas Christian se perguntou se Olívia sabia que seu enteado acre­ditava que eles não gostavam um do outro.

Durante a tarde, Christian retirou-se para seu quarto e passou algum tempo trabalhando em seu computador. Depois, esticou-se na cama na esperança de que pudes­se recuperar parte do sono perdido na noite anterior. O que quer que Olívia pensasse, ele não reconhecia a hos­pitalidade dela. E, apesar de ela ter-lhe oferecido uma cama para passar a noite, ele sabia que era mais por causa de Luis que por sua causa.

Consequentemente, ele tinha passado parte da noite ponderando sobre quais as razões que o tinham trazido até aqui. E, de fato, por que escolhera ficar. A última hipótese tinha algo a ver com a maneira como se sentira quando viu Olívia saindo da água. Louco como era, ele queria examinar mais a fundo esses sentimentos.

Parecia-lhe engraçado que ela, tão transparentemen­te, não apreciasse a amizade dele com Helen Stevens. Ele não acreditava realmente que ela tinha ciúmes. Ela era apenas territorial, só isso. Como um gato, ele pen­sou, rejeitando todos os que afundavam as garras no que ela considerava ser sua propriedade. Contudo, ela o considerava inimigo apesar da intimidade que tinham partilhado.

E isso o incomodava. Certo, talvez em alguma oca­sião ela tivesse razão para suspeitar de seus motivos em começar a trabalhar para Tony. Ele era quase um des­conhecido, afinal de contas, e Tony o contratara com base na confiança. Mas desde então, ele provara sua lealdade inúmeras vezes.

E, até à noite em que Tony morrera, seu contato com a esposa de seu primo tinha sido breve. Ela passava a maior parte de seu tempo em Bal Harbour e, quando estava em Miami, raramente visitava o edifício Mora.

Claro que Christian conhecia a história dela. Tony tinha lhe contado como, quando a tia que a criara mor­reu, ela respondeu a um anúncio de babá para Luis. Tony tinha um fraco por babás inglesas e, após se en­contrar com Olívia pela primeira vez, Christian com­preendera o motivo. Ela sempre lhe parecia calma e eficiente, e sem dúvida Luis dependia dela para muitas coisas.

Ele não sabia se essa fora a razão por que Tony se casara com ela. Conhecendo seu primo, ele podia facil­mente acreditar que Luis se sentira atraído pela jovem inglesa e talvez ela tivesse tornado o casamento uma condição para a relação deles. De qualquer maneira, no momento em que Christian entrara em cena, o ar­dor de Tony tinha arrefecido consideravelmente. Mas isso não o tinha impedido de avisar o jovem para não olhar para sua esposa como uma presa fácil. E, até à noite em que Tony morrera, Christian nunca pensara nela desse jeito.

A notícia de que Tony estava morto chegou a Chris­tian às onze da noite. Ele passara a maior parte da noite no escritório, pesquisando um estudo preliminar relati­vo aos baixos retornos da operação Pacific Rim. Tivera de atender meia dúzia de chamadas queixosas de sua namorada e, quando voltou para seu apartamento e encontrou a secretária eletrônica piscando, ficou tentado a ignorá-la.

Felizmente, não a ignorou. A chamada, que ficara registrada às dez e quarenta e cinco, tinha sido a última conquista de Tony. Em pânico, a mulher do senador tinha gritado pedindo sua ajuda.

— Ele está morto! — A voz de Vicki Sutcliffe esta­va quase irreconhecível. — Mas que droga, Rodrigues, onde está você? Tony está morto, você entendeu isso? Deus do Céu, o que vou fazer agora?

Mais tarde, Christian pensou que era um sinal de seu desespero o fato de que ela telefonara para ele, em vez de para os serviços de emergência. Como mulher de um político, aprendera a ser muito cuidadosa sobre o que dizia — e a quem.

Mas agora ele estava demasiado atordoado para con­siderar alguma coisa além da notícia chocante que ela lhe transmitira. O seu primeiro impulso foi voltar para seu carro e atravessar a cidade até o apartamento de Tony. Não era o apartamento que ele partilhava com a esposa. Ostensivamente, era mantido apenas para en­treter clientes. Porém, durante todo o tempo que Chris­tian conhecera seu primo, os únicos clientes que ele levara lá tinham sido do sexo feminino.

Agora, no entanto, Christian respirou fundo. Embo­ra estivesse desesperado para ver Tony com seus pró­prios olhos, para se certificar de que Vicki não comete­ra um erro, ele hesitou. Só tinham passado quinze minutos desde que ela fizera a chamada. Pegando no tele­fone, ligou para o apartamento.

E deu sinal de ocupado.

Praguejando, ele saiu de seu apartamento e pegou o elevador até a garagem no subsolo. Embora estivesse tenso, não podia pensar em si próprio neste momento. Tony precisava dele. O que quer que Vicki tivesse dito, era com Tony que tinha de se preocupar agora. Ele sen­tiu a estranha sensação de lágrimas surgindo em seus olhos. Droga, Tony não podia estar morto.

Mas estava. Um olhar para o corpo de Tony, estendi­do obscenamente na grande cama, confirmou seus pio­res receios. Ele tinha morrido, provavelmente procu­rando a excitação que buscara durante toda sua vida. O coração de Christian doía.

Não havia sinal de Vicki no apartamento. Evidente­mente, ela se apercebera como a situação era delicada. Todavia, os gritos dela tinham atraído um grupo de curio­sos vindos de outros apartamentos e Christian teve de forçar sua entrada até à porta.

A polícia também já estava lá. Alguém, um dos vizi­nhos de Tony, sem dúvida, tinha ligado para a emer­gência logo após ouvir os gritos de Vicki. Esta era uma vizinhança seleta e não estava acostumada a testemu­nhar uma cena assim.

E as coisas pioraram. O médico acreditava que tam­bém houvera envolvimento com drogas e sua conclu­são preliminar foi de que o coração de Tony não agüentara o esforço.



  

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