Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





CAPÍTULO UM 5 страница



Quando o detetive encarregado das investigações perguntou o nome do parente mais próximo de Tony, Christian ficou em pânico. Isto iria aniquilar Olívia, pensou, imaginando como ela se sentiria quando rece­besse a notícia. Essa foi a razão por que perguntou ao policial se ele podia contar a ela. Não poderia deixar que um policial qualquer a crucificasse desse jeito.

— Certifique-se de que ela compreende que nós va­mos precisar do depoimento dela — aconselhou o dete­tive. — Nós vamos precisar de depoimentos de todos, inclusive do senhor. — Ele fez uma pausa. — E da senhora amiga do senhor Mora — acrescentou, com um olhar pesaroso até o quarto. — Mas isso pode espe­rar até amanhã de manhã.

Uma hora depois, ele estava na sala de estar espaço­sa da mansão de Tony, em Bal Harbour. Só que, na verdade, já não era a mansão de Tony. A incredibilida­de desse fato ainda era chocante. Raios, ele teria de ser forte. Tony esperaria isso dele. Mas a idéia de encarar uma mulher que nunca fizera segredo de que não sim­patizava com ele com notícias desta natureza era o suficiente para congelar seu sangue.

Através das janelas da sala iluminada por um can­deeiro, ele podia ver o átrio e a escuridão do mar para além dele. O mordomo, que o deixara entrar momentos antes, tinha ligado as luzes antes de ir chamar sua pa­troa. Era um oásis de calma num mundo enlouquecido, pensou Christian, mal podendo acreditar que apenas duas horas antes ele estava desejando cair na cama com algum entusiasmo.

Christian enfiou as mãos bem fundo nos bolsos de seu paletó. O mordomo — Donelli — deve ter se per­guntado o que estava ele fazendo ali quando abriu a porta. Porém, com sua diplomacia habitual, não falou nada, comportando-se como se receber visitas a uma hora da manhã fosse comum.

Havia vasos de fúcsia e hibiscos no átrio, derraman­do seu esplendor sobre o mosaico italiano. Escarlate e branco. Como sangue, pensou, rapidamente rejeitando a comparação. Então, ouvindo um som, virou-se e encontrou Olívia de pé à entrada da porta atrás dele, ob­servando-o.

O rosto dela estava pálido e tinha um olhar de tal expectativa temerosa que ele quase suspeitou de que ela sabia o motivo que o levara até ali. Mas ela não sabia. Não podia. Estava apenas ansiosa, como estaria qualquer mulher naquela circunstância. Era uma pena que Luis estivesse na universidade na Califórnia.

— Christian. — Pela primeira vez ela usou seu nome próprio. Normalmente, evitava dirigir-se a ele. Uma língua rosada rodeou o seu lábio superior. — Algo er­rado?

Christian não sabia por onde começar. Ela sabia so­bre as mulheres de Tony? Ela se importava? Claro, de­via se importar. Era sua esposa — ou, não, sua viúva. Oh, Deus, ele desejava poder salvá-la de tudo isto.

— É... é sobre Luis? — Mal se ouvia sua voz, e ele balançou a cabeça. Fazia sentido que ela perguntasse por seu enteado. Ela hesitou. — Então deve ser sobre Tony — disse ela, e ele se amaldiçoou outra vez por sua inadequação. — O que aconteceu? Um acidente? Ele está ferido?

— Lamento. — As palavras ficaram presas na gar­ganta de Christian, mas ele tinha de dizê-las. Ele a ob­servava enquanto ela assimilava suas palavras, dobran­do as pregas de seu roupão de seda verde. Ele suspeitou de que o roupão era tudo o que ela estava usando. Ele se recompôs com severidade. — Lamento, Olívia. Tony está morto.

Ele a viu estremecer, viu o jeito que ela pareceu di­minuir de tamanho, teve pena da incredulidade nua es­pelhada em seu olhar. Ela estava tentando desesperadamente não chorar, o que o surpreendeu. Seu rosto páli­do e suas mãos se retorcendo espelhavam sua própria consternação quando ouvira as palavras de Vicki Sutcliffe.

Então ela engoliu, levantando automaticamente uma mão até a garganta, nua acima do decote de seu roupão. Ela não estava usando qualquer jóia, nem mesmo sua aliança de casamento. Seus dedos estavam nus, suas unhas curtas e polidas com um brilho pérola.

Sua pele estava sem qualquer maquiagem, cílios es­pessos sombreando olhos de um tom de cinza particu­larmente sutil. Seu cabelo, que ele estava acostumado a ver preso, balançava solto sobre seus ombros. Madei­xas de louro prateado emolduravam um rosto que pare­cia inocente.

O olhar dele passou de leve pelo resto de seu corpo, mas ficou bem consciente de sua própria reação a ela.

Não percebera antes como ela era alta, ou como eram empinados e cheios os seus seios. Os pés dela, descal­ços abaixo da bainha do roupão, fascinaram-no sem querer.

Ele sabia que aquilo era uma loucura. Tony estava morto, pelo amor de Deus. Isto não era hora de ter pen­samentos íntimos sobre a mulher dele. Contudo, era tão diferente das mulheres que ele namorava habitualmen­te. Nenhuma delas era uma mulher verdadeira assim, quente e feminina, e incrivelmente sensual.

Christian se forçou a parar, chocado com a direção que seus pensamentos haviam tomado. Mas ele perce­bia agora que sempre a tinha admirado, apesar da hos­tilidade entre eles. Não poderia ser fácil estar casada com um homem que praticamente ignorava sua exis­tência. No entanto, apesar de tudo, ela permanecera leal. Uma mãe melhor para Luis do que Tony merecia.

Todos estes pensamentos atravessaram sua mente enquanto ele permanecia de pé ali, sentindo-se inútil pela primeira vez na vida. Ele sempre tivera orgulho por conseguir manter a cabeça fria, por sua capacidade de lidar com qualquer situação em quaisquer circuns­tâncias. Neste momento, porém, ele se sentia desampa­rado, até mesmo impotente, e não era uma sensação boa.

— Como... como isso aconteceu?

A pergunta que ele estava receando interrompeu sua abstração e ele lutou para formular uma resposta. Era natural que ela quisesse respostas e ficar sentindo pena de si próprio não iria ajudar nenhum dos dois. Se não lhe contasse a verdade, a polícia contaria. E sem lhe poupar todos os fatos.

— Ele... a polícia acredita que ele possa ter sofrido um ataque cardíaco — respondeu ele, introduzindo deliberadamente o envolvimento das autoridades. — Se serve de consolo, ele, provavelmente, nem se deu conta.

— A polícia? — Como ele esperara, ela se concen­trou nesse fato. Ela abanou a cabeça, um tanto confusa. — Então foi um acidente?

— Não. — Christian desejou que houvesse um jeito de tornar isto mais fácil para ela. — Não foi um aciden­te. Tony estava... em seu apartamento.

Um laivo de alguma emoção que ele não podia reco­nhecer atravessou o rosto dela enquanto ele falava. En­tão a expressão dela se enrijeceu e seus lábios se nive­laram demonstrando tensão.

— Ele não estava sozinho, estava? — murmurou. — Ele estava com outra mulher. Acho que você esteja fa­lando do apartamento de Coconut Grove, não é mes­mo? Lá é onde ele costuma levar suas mulheres, como estou certa que você sabe.

Christian ficou espantado. Embora adivinhasse que ela sabia que Tony era infiel, saber que ela tinha conhe­cimento do apartamento de Coconut Grove o atingiu como um murro. Tony tinha lhe contado? Certamente, ele não podia ser tão insensível. Ele tinha sido um ho­mem egoísta toda a vida, mas não um homem cruel.

Decidindo que não adiantava mentir, pois ela desco­briria a verdade em breve, ele acenou.

— Como você adivinhou?

— Eu não podia imaginar outro motivo por que você sentiria a necessidade de interceder por ele — respondeu ela simplesmente. — Como representante de Tony, você provavelmente queria assegurar-se de que eu não faria uma cena que poderia embaraçar os acionistas.

Christian suspendeu a respiração.

— Você pensa que eu só me preocupo com isso? — ele protestou. — Eu gostava muito de Tony, Olívia. Ele... era como um segundo pai para mim.

— Eu sei. — Ela levantou os ombros, um pouco can­sada. — Bem, não se preocupe. Eu não farei nada que incomode alguém.

— Acredite você ou não, eu não vim aqui por causa da empresa —- exclamou Christian asperamente. — Eu me ofereci para lhe dar a notícia no intuito de poupá-la um pouco do desgosto. Mas devia ter desconfiado de que você suspeitaria dos meus motivos. Que você é demasiado... fria para mostrar sentimentos normais!

Ele lamentou ter proferido as palavras logo que elas saíram de sua boca. O rosto dela, que estava pálido, perdeu a pouca cor que ainda tinha. As unhas dela cra­vando-se no pescoço, deixando pequenas meias-luas claramente visíveis. Ele magoara os sentimentos dela, sem dúvida nenhuma. Raios, depois de tudo o que Tony a fizera passar, ele não tinha o direito de criticá-la. Apesar de sua calma pouco normal, ela estava tão cho­cada com as notícias quanto ele.

— Acho que é melhor você ir — disse ela, sem con­vicção, gesticulando em direção à porta atrás dela. — Joseph o acompanhará até a saída.

Mas se ela esperava que o velho mordomo viesse em seu auxílio, ficou desapontada. Ou o velho homem vol­tara para a cama ou — o que era mais provável — ou­vira o suficiente para perceber que devia sumir. Eles estavam sozinhos — mais sós do que haviam estado todos esses anos desde que a conhecera. Mas por que ele estava hesitando? Ele fizera aquilo que viera fazer.

— Olívia... — Apesar de si próprio, Christian deu um passo involuntário em direção a ela. — Me descul­pe — disse, inadequado, e ambos sabiam que ele não estava se referindo a Tony.

— Não faz mal — respondeu ela, mas não havia convicção em sua voz. Ela levantou uma mão. — Hmmm... obrigada por ter vindo — acrescentou, educadamente. — Você dará a notícia a Luis ou o faço eu?

— Olívia, pelo amor de Deus! — Christian olhava para ela fixamente. Ele sabia que não podia ir embora assim, mas não era suficientemente tolo para pensar que ela apreciaria a sua preocupação. — Deixe-me pre­parar algo para beber. Há um bar por aqui, se me lem­bro bem. Você precisa de uma dose de alguma coisa.

— Eu não preciso de nada. — Ela falou firmemente, e ele escutou as palavras não ditas "de você", embora ela não as tenha dito. — Se você quer uma bebida, sir­va-se. Mas, se não se importa, eu gostaria de voltar para o meu quarto.

— Ainda não. — Por razões que ele não sabia expli­car, Christian avançou mais um passo até ela. Agora ele podia sentir o perfume dela, uma fragrância sutil, femi­nina, que foi direto para sua cabeça. Ou, mais corretamente, para seus genitais, ele admitiu, sabendo como estava cada vez mais consciente da fragilidade dela. Ele queria confortá-la, mas isso seria, definitivamente, um erro. Tentando ser gentil, ele disse: —- Olívia, você não gostaria de falar? Eu sei que isto deve ter sido um choque terrível para você.

— Eu não acho que falar irá mudar alguma coisa, você acha? — perguntou, mas, apesar de sua voz estar fria, ele podia escutar o tremor que ela estava tentando esconder com dificuldade. — Você fez o seu dever, Christian, e eu estou grata. Você me avisou sobre o que devo esperar. Não há mais nada a dizer.

— Olívia! — Ele estava frustrado por sua própria incompetência. — Eu não posso deixar você deste jei­to. Eu falei... sem pensar. Minha única desculpa é que a morte de Tony também me afetou muito. Eu preciso saber que você me perdoa.

— Não há nada a perdoar — disse ela, cansada. — É o que você pensou: o que você sempre pensou de mim. Eu sei disso.

— Mas não é verdade — Christian falou asperamen­te, consciente de que estava se movendo em águas peri­gosas, mas incapaz de se deter. — Eu não sei nada so­bre você, não é verdade? Sou apenas um ignorante.

— Eu não acho isso. — Ela respirou fundo. — Am­bos sabemos que Tony não teria uma opinião tão boa de você, se fosse o caso. — Ela fez uma pausa. — Não se culpe com isso. Este é um momento difícil para nós dois.

Christian não estava convencido.

— Escute — disse ele —, seja o que for que pense de mim, eu não gosto disto. Ambos sabemos que você não vai conseguir dormir...

— Porque estou sozinha? — Os olhos dela brilha­ram por uns instantes e ele ficou surpreendido pela sú­bita candura em seu olhar. — Estou acostumada a dor­mir sozinha, Christian. É o que eu faço. Tony e eu não tínhamos um casamento de verdade há... bem, há muito tempo.

Ele sabia disso, claro. Quem melhor do que ele sabe­ria isso? Tony tinha-lhe confiado todos os seus segre­dos, de negócios e pessoais. Mas foi só agora que se sentiu culpado por ser parte do engano.

Christian foi atingido de novo pela vulnerabilidade dela. Ela parecia tão sozinha, subitamente; tão delicada e frágil — tão inesperadamente desejável que ele ficou espantado pela agudez de seu desejo. Ele a queria, e tomou consciência disso. Ele desejava a viúva de seu primo.

Sabia que devia sair dali antes que fizesse algo completamente repreensível. E com essa constatação veio a consciência de que seu corpo estava duro e pronto. A surpresa era ela não ter notado sua excitação.

E, como para fortalecer essa crença, ela fechou o espaço entre eles e tocou a mão dele.

— Eu ficarei bem — disse ela, por sorte compreen­dendo mal a reação dele. — Dirija com cuidado ao vol­tar. Nós... todos precisamos de você agora.

Christian olhou fixamente para ela e, antes que pu­desse evitar, suas mãos cobriram as delas. Os dedos dela estavam frios, macios e, reprimindo quaisquer re­ceios, trouxe a mão dela até seus lábios.

Ele a escutou de repente prender a respiração en­quanto sua língua percorria os nós dos dedos dela, o movimento involuntário que ela fez tentando retirar a mão. Mas ela não a soltou. A proximidade do corpo macio dela estava sufocando seu bom senso e a respira­ção rápida da mulher era prova de que ele também não lhe era indiferente.

Christian não parou para pensar que talvez fosse rai­va o que o estava conduzindo. Vontade, crua e urgente, estava pedindo a ele para aproveitar a oportunidade que lhe estava sendo oferecida. Atuando por impulso, enro­lou um braço à volta da cintura dela e a puxou para perto.

Ela agora respirava ofegante, a marcação rápida do coração dela visível na batida cardíaca que latejava por baixo de sua orelha. A vontade de fazer seus dedos es­corregarem até o decote do roupão dela e sentir aquela batida acelerada contra a palma de sua mão era louca, mas ele conseguiu se controlar. Devagar, falou para si mesmo, consciente que o seu coração também batia com força.

— Eu... acho que deve ir embora — disse ela, sua respiração umedecendo seu maxilar, e, por um momen­to, voltou a oportunidade de salvar a situação.

— É isso que você quer?

— É o que ambos queremos — respondeu ela baixi­nho, mas ele sabia que não era verdade.

De qualquer jeito, era demasiado tarde. Madre de Dios, tinha sido demasiado tarde quando ele lhe tocara. Provavelmente, tinha sido tarde demais quando ele a vira parada junto à porta, olhando para ele. Ela era tão incrivelmente jovem, tão inesperadamente bela. E tam­bém tão indefesa.

A respiração trêmula saindo dos lábios dela era um sinal da sua confusão e de um convite sensual. Os olhos dele baixaram até seus seios, os mamilos eretos aperta­dos embaixo de seu roupão. Raios, ela tinha tanta cons­ciência da intimidade da situação quanto ele. Mas teria ela alguma idéia de como era frágil o controle dele sobre a situação?

— Christian... — disse ela, e o apelo em sua voz quase o persuadiu. — Me solte.

Mas ele não conseguia. A mão dele contra o roupão escorregadio sentia o calor do corpo dela, a curva si­nuosa de sua coluna e o volume generoso de suas náde­gas. O calor da excitação dela chegou ao nariz dele, misturando-se ao perfume de seu cabelo, ao perfume da pele dela. E, apesar de saber que estava se aproveitando da mulher num momento em que estava mais vulnerável, ele não conseguia se controlar.

O braço dele automaticamente se apertou trazendo-a ainda para mais próximo de si, e sua maciez confortou sua ereção. Dios, era gostoso sentir os seios dela contra seu peito, o ventre liso dela contra sua virilha. Sem poder se controlar, girou seus quadris contra ela e as pernas dela se separaram em resposta involuntária à necessidade dele.

E, apesar de crer que estava entregando sua alma à perdição, Christian levantou o queixo dela e silenciou qualquer resistência com sua boca.

Ele sentiu seus sentidos rodopiarem sem controle. A boca de Olívia era tão voluptuosa como ele tinha ante­cipado. Mas também inesperadamente quente. Os lá­bios dela se abriram aos seus, recebendo sua invasão. E, apesar de ele poder ainda sentir sua respiração quase em pânico, as mãos que estavam previamente flexiona­das contra seu abdômen escorregaram até agarrarem as laterais do cinto dele, como um apoio.

Ele posicionou sua boca sobre a dela, sua mão pou­sada na nuca de Olívia, segurando-a contra seu avanço esfomeado. Sua língua molhada explorou cada centí­metro daquela caverna úmida que ela oferecia para ele e o que tinha começado como sensual persuasão tor­nou-se um esfomeado duelo de vontades.

O calor e o perfume dela envolveram-no. Apesar do relativo frescor da sala, debaixo do roupão dela ele po­dia ver que sua pele brilhava de suor. E isso o excitava. Ele já estava antecipando como a pele dela seria ao toque de suas mãos. Sua vontade o espantou, sua falta de controle relativamente a ela era totalmente louca. Contudo, nada podia negar a atração por ela e, lutando contra seus próprios instintos, levantou a cabeça.

Ela estava olhando fixamente para ele, não com re­pulsa, como ele quase antecipara, mas com uma mistu­ra curiosa de surpresa e incredulidade. Esses frios olhos cinzas que sempre o tinham olhado com tanta hostilidade estavam agora abertos e inquiridores, e mi­lagrosamente livres de desprezo.

— Por que você está fazendo isto? — ela perguntou, sua voz baixa e rouca de emoção. — Você nem sequer gosta de mim.

Christian se perguntou se isso alguma vez tinha cor­respondido à verdade. Do jeito que estava se sentido agora, não podia imaginar como ela podia ter pensado tal coisa. Com o sangue escaldante bombeando forte em suas veias, a questão não era tanto se ele gostava dela ou não, mas como ele iria se agarrar à sua razão. Enfrentando um impulso tão forte, ele se sentia apenas confuso.

Como se entendesse seu dilema, ela acrescentou bai­xinho:

— Eu sempre pensei que você não gostava. Tinha a sensação de que você pensava que eu só havia me casa­do com Tony pelo dinheiro.

Tony!

Os flutuantes sentidos de Christian lutavam para manter a sanidade mental. Dios, o que ele estava fazen­do? Devia estar louco. Esta era a esposa de Tony, a viúva de Tony! Ele tinha acabado de lhe transmitir a notícia de que seu marido estava morto e agora ele es­tava se comportando como se isso a tornasse uma presa fácil para seu apetite carnal. Era imperdoável; ele não tinha desculpa. Tinha de sair dali antes que fizesse algo que ambos lamentariam.

E, contudo, quando tentou colocar algum espaço en­tre eles, um olhar confuso surgiu no rosto dela, e suas palavras seguintes deram à sua tentativa de retirada uma motivação totalmente diferente.

— É verdade, não é? — disse ela, um ligeiro tom acusatório permeando sua voz. — É o que todos pensa­vam. Mas não é verdade.

— Eu... — Pela primeira vez na vida, Christian sen­tiu uma onda incontrolável de compaixão esmagando seu bom senso. —- Você está errada, querida — disse ele com convicção. — Você é uma mulher linda. Qual­quer homem lhe diria isso.

— Exceto Tony?

— Tony era um idiota — respondeu Christian incon­sequentemente, consciente do perigo, mas sem poder fazer nada. — E você tem de saber, eu fui avisado para manter distância de você.

— Foi? — Um pouco da dor abandonou os olhos dela. — Mas acho que não foi tão difícil para você manter essa promessa. Eu sou — como você colocaria isso? — a mulher mais velha, não é mesmo?

— Você não devia equacionar idade com desejo — replicou ele com convicção, a mão que tinha embalado o pescoço dela fazendo uma carícia suave como uma pena em seu rosto. Ele sentiu o toque sensual do cabelo dela contra sua pele e seu tom endureceu com a frustra­ção. — O sexo não tem barreiras.

— Sexo? — Ela repetiu as palavras quase experi­mentalmente e, apesar da determinação dele para aca­bar com esta atração perversa, a suave voz dela fez com que o sangue pulsasse quente em seu corpo. — Você queria fazer sexo comigo? — murmurou ela, obvia­mente sendo a idéia uma novidade para ela. — É disso que se trata?

— Dios, Olívia — disse ele, os dedos alisando a cur­va suave de sua face. — Claro que quero fazer amor com você. Mas não acho que este seja o momento ou o lugar para estar lhe falando isso.

— Por que não? Oh... — Seus lábios se retorceram com súbita compreensão. — Você quer dizer por causa de Tony. Oh, sim, com certeza, faça de Tony sua des­culpa.

— Não é uma desculpa — disse Christian, abafando um gemido. Esta era uma nova experiência para ele: Nunca tinha desejado uma mulher que não pudesse ter, mas não era nenhum santo e Olívia era muito tentadora. — Querida, você está atormentada, sofrendo. De manhã...

— De manhã... o quê? — Apesar de ele ter a certeza de que ela não tinha consciência de como o gesto era provocante, Olívia passou as mãos pelos seios e pela curva voluptuosa de seus quadris. — De manhã, eu vou ter de encarar a imprensa, não é? Terei de suportar a simpatia fingida deles quando sei perfeitamente que o que realmente estarão fazendo é esfregar as mãos com a oportunidade de todos os jornais que vão vender à custa de Tony. E quando descobrirem quem estava com ele quando morreu... — Seus lábios tremeram. — Bem, tenho certeza de que não ficarão nada decepcionados. A menos que Malcolm Sutcliffe chegue aos editores primeiro.

— Dios, Olívia...

Usar o nome dela era tanto uma súplica como um protesto, mas ela não o escutava. Com uma dignidade patética, afastou-se dele, com as palmas das mãos esti­cadas para baixo, em sinal de derrota.

— Acho que é melhor ir — disse ela, rigidamente. — Não seria bom para sua imagem se você fosse en­contrado aqui comigo.

Christian praguejou, seguindo-a, pegando o braço dela antes que ela pudesse sair da sala.

— Você pensa mesmo que eu me importo com a minha imagem? — perguntou asperamente, e a emoção em sua voz penetrava o muro que ela estava tentando colocar entre ambos. — Dios, Olívia, que espécie de homem você pensa que eu sou?

A incerteza pairou no espaço entre eles.

— Que espécie de homem é você? — ela perguntou por fim, com um gemido de submissão quando Christian a puxou para seus braços.

— Eu sou um homem que quer você — disse ele, abandonando seu respeito próprio juntamente com sua capacidade racional. — Te deseo. Quero você.

 

CAPITULO SETE

 

 

Olívia passou parte da tarde sentada à mesa da sala de jantar, tentando avançar com sua escrita. Antes do aci­dente de Luís, ela estava otimista quanto a seus planos. Tinha mapeado os enredos de uma série de histórias embasadas na figura de um jovem panda, que tinha nas­cido no jardim zoológico londrino e que escapara para regressar para a família de sua mãe na China. Eram as aventuras dele — Dimdum — que tinha inventado no intuito de entreter Luis quando ele era ainda um meni­no e, apesar de nunca ter completado nenhum trabalho escrito, fizera anotações e ilustrações ao longo dos anos, e planejava usar tudo isso agora.

Contudo, desde o acidente, ela encarava seus esfor­ços com menos entusiasmo. O sarcasmo de Christian sobre sua falta de disciplina enquanto Tony estava vivo tinha tocado um ponto sensível e ela se perguntou se não estaria sendo um pouco ingênua em pensar que tinha um talento que poderia ajudar em seu sustento e no de seu bebê ainda por nascer.

Estava determinada a tentar e logo se envolveu nos esforços de Dimdum a fim de tentar persuadir um taxis­ta a levá-lo até às docas de Londres. De fato, estava tão concentrada que não ouviu a porta se abrindo atrás de si, e, até uma sombra cair sobre a mesa, não percebeu que alguém estava no quarto com ela.

Levantou a cabeça. Christian estava de pé ao seu lado, os olhos no esboço que ela tinha desenhado para acompanhar a cena. Com uma exclamação de aborreci­mento, colocou uma folha de papel limpa sobre seu trabalho, conseguindo escondê-lo dos olhos dele.

Então, sem conseguir disfarçar o ressentimento em sua voz, ela disse:

— O que você quer?

O rosto magro e moreno de Christian assumiu uma expressão esquisita.

— Isso são modos de cumprimentar um convidado? — protestou ele num tom magoado. — Estava prestes a elogiar seus dotes de artista. Onde você aprendeu a de­senhar assim?

Olívia arrumou seus papéis com movimentos brus­cos.

— Não acho que isso seja de sua conta — respondeu ela secamente. — Você formou uma opinião muito cla­ra sobre minhas intenções na última vez em que fala­mos sobre isso. O que houve? Luis já despertou?

Seu enteado normalmente descansava depois do al­moço. Suas sessões com o fisioterapeuta o deixavam cansado e, como ele nem sempre dormia bem durante a noite, este esquema era bom para todo mundo.

Mas Christian não se deixava desviar do seu cami­nho.

— Devo assumir que você, finalmente, começou a escrever? — ele insistiu. —- Muito bem.

— Obrigada, mas eu não preciso de sua aprovação — replicou Olívia, desprezando o jeito como as palavras dele tinham-na animado. — Você veio para me dizer que está indo embora?

— Não. — Christian se virou e apoiou os quadris contra a mesa ao lado dela. Então, com uma expressão estranha cruzando o rosto, ele disse baixinho:



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.