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Título original: SPANISH MAGNATE, RED-HOT REVENGE 9 страница



Isabel olhou para ele. Teria sido tão fácil deixar seu comentário passar despercebido, mas ela o respeitava muito para isso.

— Você não a assustaria! — ela exclamou. Mas pôde ver que ele não acreditava nela. — Emma não é nenhuma florzinha delicada. Ela é rápida e esperta. Além disso, as crianças não veem as coisas como os adultos.

— Como você vê? — Alexandre sugeriu de modo amargo ao devolvê-la o telefone. Então, sem esperar por sua resposta, ele se levantou. — Vamos voltar a conversar, Isabela. Esteja certa disso.

Para sair precisava passar a perna por cima do assento da cadeira de novo. Alexandre tentou mostrar o mesmo autocontrole que exibiu na chegada, mas toda a atividade física a que se submetera durante o dia o havia deixado sem flexibilidade, e ele perdeu o equilíbrio. Segurou-se no encosto da cadeira para se endireitar, mas não funcionou. A cadeira virou e ele cambaleou para trás.

Isabel viu o que acontecia, claro, e no mesmo instante foi tentar ajudá-lo. Mas ela não era forte o suficiente, e embora Alexandre tivesse dito para que saísse do caminho, ela não obedeceu.

Como consequência, o corpo dele a jogou para trás. Ela caiu de braços abertos no sofá em que estava sentada antes, com o peso considerável de Alexandre sobre ela.


CAPÍTULO DOZE

 

 

Alexandre praguejou, enquanto se esforçava para erguer-se. Estava com uma das mãos em cada lado da cabeça de Isabel por ter tentado não esmagá-la.

Meu Deus! Perdão! Me desculpe. — Ele ergueu as costas. Estava montado nela e seus joelhos pressionavam seu quadril. — Que idiota! — disse em português e repetiu em inglês.

— Não tem importância — Isabel falou um pouco sem ar. Mas esboçava um sorriso. — Verdade, Alexandre, foi um acidente, só isso. Eu não deveria ter interferido.

— Você tentava ajudar — Alexandre a contradisse enquanto lutava para recuperar seu próprio fôlego. Ficou com o rosto ruborizado por vergonha da posição em que se encontrava. — Deus, o que vai pensar de mim? Além de desfigurado... Como se diz... Decrépito também.

— Você não é decrépito!— Isabel olhou para ele com impaciência. Queria tranquilizá-lo, dizer que não pensava o pior por ele provar que era humano no final das contas. E quanto a estar desfigurado...

A mão dela se moveu por vontade própria. Sem hesitar alcançou a cicatriz que cobria seu queixo e a acariciou. Ele se afastou, mas ela insistiu em sua exploração. Apele de ambos os lados da cicatriz estava macia como sempre fora.

Não — ele disse de modo áspero enquanto prendia a mão dela com sua mão muito maior. — Não faça isso.

— Por que não? — Ela perguntou em um tom desafiador. E embora esperasse que ele soltasse sua mão, ele a levou até a boca. Seus lábios buscaram a palma de sua mão e com a língua saboreou o gosto salgado que encontrou ali. Então seus olhos encontraram-se com os dela, e ela ficou sem ar mais uma vez.

— Isabela — ele disse seu nome com a voz rouca. Soava ao mesmo tempo como um protesto e uma carícia. — Não era para isso acontecer.

— Eu sei — Isabel estremeceu. — Duvido que pretendesse me derrubar no sofá — disse numa tentativa de amenizar a situação.

Alexandre suspirou.

— Não era minha intenção, e você sabe disso — ele afirmou de modo rude.

Os olhos dele vagaram sobre seu corpo e se demoraram de modo sensual sobre a pele exposta abaixo da borda de sua camiseta. Quando caiu sobre ela no sofá, deve ter arrastado sem querer seu short para baixo, pois agora conseguia ver seu umbigo.

Ele prendeu a respiração. Sabia que se a tocasse não poderia se responsabilizar por suas ações. Já estava excitado, e, ironicamente, sua perna doía menos quando olhava para ela. Naquele momento, lutava contra a vontade de passar suas mãos naquela pele macia para sentir seu calor e aliviar a tensão entre eles.

A curva de sua cintura era uma tentação. Se a beijasse ali, onde a reentrância de sua cintura formava uma cavidade perfeita para seus lábios, será que seu gosto seria tão doce quanto ele lembrava?

Ele lembrava de tudo sobre ela. Da tarde e da noite que passara na cama do apartamento dela, antes que a ligação de seu pai destruísse seu relacionamento. Sua receptividade, seu fogo, sua paixão. De como ele colocou o rosto em seu sexo e inalou a fragrância que o sexo que fizeram deixara ali...

Deus!

Ele tentou afastar inteiramente seus pensamentos, como aconteceu naquela vez em que seu pai ligou, mas foi inútil. Com o bico rígido de seus seios como prova de sua excitação, e o cheiro de seu corpo que invadia suas narinas, era impossível resistir a ela.

Segurou os braços dela ao tentar se levantar e viu que sua pele macia ficava logo vermelha ao toque. Afrouxou um pouco as mãos e deslizou os dedos desde seus pulsos até a parte superior de seus braços. Sentiu os nervos dos ombros dela saltarem ao acariciá-la. Seus músculos palpitavam sob cada toque seu.

Tão doce — ele murmurou. E então, num último lampejo de consciência, disse entre os dentes: — Isso não deveria acontecer.

—Não aconteceu nada — Isabel protestou sem firmeza. Mas ele podia jurar que ela não acreditava nisso.

— Mas vai acontecer — ele respondeu com a voz embargada de emoção. — Ou você espera que eu ignore a evidência que seu corpo não consegue esconder?

— Eu... Alexandre.

Mas era tarde demais, Ele já tinha inclinado sua cabeça em direção a ela, e tomou para si um dos mamilos que roçavam o tecido fino da camiseta.

Ele o sugou com ardor e Isabel sentiu seus membros ficarem frouxos. Então, entre suas pernas, ela sentiu um jorro molhado. Ela estava à beira de um orgasmo e ele mal a tocara!

Querida — ele disse com a voz rouca enquanto transferia sua atenção para o outro mamilo. — Você está com roupas demais.

Mais uma vez ele a sugou. Sua língua buscava uma satisfação que só ela podia lhe dar, Com um gemido, ele levantou sua incômoda camiseta e liberou seus seios.

— Melhor assim — ele sussurrou. — Muito melhor. — Ele abaixou a cabeça de novo e dessa vez sentiu como se sua língua sorvesse toda a força do corpo dela.

Sua boca procurou a dela e prendeu seu lábio inferior entre os dentes. Mordendo-a, não de modo doloroso, mas íntimo, e depois deixou que sua língua a explorasse eroticamente.

Isabel deu um gemido. Não conseguia evitar. Estava afundando em um mar de sexualidade, e quando as mãos dele deslizaram em seu quadril para segurar suas nádegas, ela arqueou o corpo em direção a ele.

Primeiro seus dedos escorregaram para dentro de seu short, que ficou ainda mais justo em volta dela. Mas depois, impaciente com a limitação, desceu o short pelas pernas dela. Ficou satisfeito em descobrir que ela estava sem nada por baixo, como previra. E assim que ele terminou de tirar a camiseta, ela ficou totalmente exposta.

Bela — ele disse com voz rouca. — Bonita. — Ele traçou com seu dedo curioso um caminho que começava no umbigo, passava pela leve curva da barriga e ia até o centro de sua feminilidade. — Muito bonita.

Isabel recuou com aquela invasão e, com a voz sufocada, pediu:

— Por favor, não.

— Não?

— Não — Isabel estremeceu. — Ainda não.

Alexandre se inclinou para fazer com que sua língua seguisse seus dedos e ela teve um espasmo violento.

— Você não fala sério — ele disse confiante enquanto as mãos de Isabel procuravam o fecho de sua calça.

— Você... — disse com a voz trêmula. — Você está com roupas demais.

Alexandre parou.

—Acredite em mim, você não fala sério — ele disse. — Mas se apagar as luzes...

— Não. — Isabel ergueu-se, apoiada em uma das mãos, e com a outra segurou seu pulso. — Você acha que me incomodo com sua aparência?

— Eu me incomodo — afirmou de modo categórico. Ela saiu debaixo dele. Ajoelhada de frente para ele, começou a desabotoar sua camisa com determinação.

— Não!

Ele a impediu com as mãos, mas ela encarou seus olhos escuros sem hesitação.

— Sim — ela disse com firmeza enquanto libertava seus dedos para segurar-lhe o rosto. E então colocou a boca sobre sua cicatriz e sussurrou: — Confie em mim, Alexandre. Não vou te desapontar.

Mas ela iria sim, Alexandre sabia disso. Sabia que seria tolice confiar em qualquer mulher. Ela e Miranda não o provaram isso? Mas quando seus seios nus invadiram a parte da camisa que ela conseguira abrir, e roçaram nos pelos de seu peito, ele reprimiu seu protesto e disse a si mesmo que era tarde demais para resistir.

Ao apoiá-la de volta nas almofadas do sofá ele silenciou as vozes em sua cabeça que o avisavam que iria se arrepender daquilo. Com a boca colada à dela, entregou-se às exigências de seu corpo. Sua camisa estava para fora da calça e ele a sentiu puxá-la pelos seus ombros. Se ela se assustou com a rede de cicatrizes que marcava suas costas, ele não percebeu, e quando os dedos delas voltaram ao fecho de sua calça, ele não a impediu mais.

Ele a deixou abrir o cinto e desabotoar sua calça. Seus dedos eram sensuais ao extremo em sua pele rígida. Então sentiu o zíper ser aberto e ela abaixou seu jeans e a cueca de seda, deixando sua ereção saliente pousar com liberdade em suas mãos.

E, era bom, bom demais, sentir a mão dela ali. Ela o acariciava, e ele deu um suspiro involuntário quando ela se abaixou e colocou seu membro na boca.

Deus do céu, ele mal conseguia respirar, nem ousava respirar, admitiu indefeso, consciente de que corria o risco de se descontrolar por completo.

O desejo que lutava para controlar desde que entrara ali queimava como se fosse fogo líquido em suas veias, e ele sabia disso. Não havia modo de poder, ou querer, voltar atrás. A sensação causada pela proximidade do corpo dela e o erotismo de sua língua escorregadia eram como placas que indicavam o caminho para o nirvana. Ele a queria, isso era fato. E, não importava o que pudesse acontecer depois, ele tinha que tê-la.

Ao enfiar os dedos em seus cabelos e puxar sua cabeça para cima, sentiu o ar frio onde momentos antes sua língua quente o tocava. Ele sabia que queria ficar dentro dela, onde seu calor e seu fogo venceriam todas suas resistências.

—Alexandre — ela sussurrou enquanto recuava e se apoiava sobre um dos cotovelos, propiciando-lhe uma visão completa de todo seu corpo bem torneado. Seus seios estavam rosas e intumescidos onde ele havia sugado, e os pelos loiros entre suas pernas ainda estavam molhados desde que a tocara com sua língua.

Sem pensar nos ligamentos rompidos que desfiguraram sua perna, ou no cuidado com que costumava tirar suas roupas, ele empurrou seu jeans até os tornozelos. Ao fazê-lo arrancou as botas, e terminou de livrar-se da roupa com um pontapé.

Ele viu que Isabel o olhava, mas não fazia o menor sentido tentar esconder suas cicatrizes. Mesmo assim, ele conseguiu disfarçar que rangia os dentes quando uma dor quente percorreu sua coxa.

Além disso, a atenção de Isabel estava concentrada em seu membro empinado, aquele mastro rosa e masculino rodeado de pelos escuros. E ele não tinha que se envergonhar daquilo.

— Fala — ele disse ao segurar as mãos dela antes que o tocasse de novo. — Fala que me quer. Me diz, Isabela. Não quero que tenha dúvidas dessa vez.

Isabel olhou para cima, para seu rosto atormentado, com os olhos inadvertidamente provocativos.

— Eu não tinha dúvidas da última vez — ela murmurou de modo quase inaudível e achou que ele não conseguiu escutar. O que talvez fosse melhor. — Eu quero você, Alexandre — assegurou com a voz rouca. — É isso que precisava ouvir?

— Sim — ele respondeu ao abaixar a cabeça até o monte de pelos entre suas pernas e abrir mais uma vez seus lábios rosados com a língua. — Era o que eu precisava ouvir — ele concordou. Os pelos de sua barba causavam uma sensação erótica ao extremo em sua pele sensível. — Ah, você está pronta para mim. Ele a olhou com um certo sorriso de zombaria. — Me pergunto... Devo te fazer esperar?

Isabel estava com a respiração paralisada, mas conseguiu dizer com suavidade:

— Você consegue?

E ele foi para cima dela e a beijou. Ao fazer isso, a cabeça de seu membro tocou-lhe onde estava úmida. Isabel abriu as pernas para encorajá-lo. Era um convite provocante, e Alexandre não era imune à sua sedução.

— Sabe que não posso — disse com a voz vacilante. — Me ajuda. — Ele prendeu a respiração. — Deus, isso é tão bom.

Com a ajuda das mãos macias dela, ele a penetrou. Ela era apertada, muito apertada, mas seus músculos se expandiram em volta dele como se tivesse sido feita para aquilo.

Quando a penetrou totalmente, ficou parado por um instante para desfrutar de seu calor. Ele se lembrou da outra vez em que fez amor com ela e reconheceu que não importava quantas mulheres tivesse conhecido, antes ou depois, nunca experimentara a mesma satisfação com nenhuma outra.

— Alexandre — ela murmurou enquanto rodeava-lhe o pescoço com os braços e puxava seu rosto de encontro a si. — Me ame, Alexandre.

Ele a olhou. A olhava enquanto ele tirava até quase sair, para depois voltar a entrar. Ela gemia de satisfação. Com uma perna enrascada em seu quadril, deixava que a sola do pé deslizasse com sensualidade na perna dele.

Era uma carícia erótica, e Alexandre não conseguiu controlar seus movimentos. Quase a contragosto, seu corpo aumentou o ritmo, colocando e tirando com uma velocidade que só aumentava o prazer de ambos.

Quando sentiu as primeiras vibrações do orgasmo, ele soltou um gemido de satisfação. Seu corpo enrijeceu e teve um espasmo. Estava em seu limite. Então, quando sentiu o líquido dela jorrar, não conseguiu mais se conter.

Com uma investida final, e uma sensação de preenchimento que era mais do que mero prazer, ele alcançou o clímax. Esgotado, saciado, totalmente satisfeito pela primeira vez em pouco mais de três anos...

Sua consciência do que estava ao redor retornou devagar.

Ele em geral não dormia com os lampiões ainda acesos, mas a claridade no quarto não era a luz do dia, e seu corpo dolorido o fez saber que não descansara.

Ainda assim, a frustração que sempre sentia ao acordar foi abrandada. E a dor em suas coxas não era de montar a cavalo, mas um tipo bem diferente de exaustão.

Isabel. Isabela.

Ele se mexeu de modo desajeitado, rolou até ficar de lado e olhou em torno, confuso. Onde ela estava? E como conseguira sair debaixo dele sem acordá-lo? Tinha o sono tão irregular, não conseguia acreditar que não a vira sair.

Mas, claro, não viu. Girou um pouco o corpo, jogou as pernas sobre os braços do sofá e passou as mãos no cabelo com um sentimento de frustração.

E então, ao olhar para a próprio corpo nu, pensou que sabia porque ela não havia esperado para compartilhar aquele momento depois do sexo. Deus, deixar sua aparência de lado no calor do momento era uma coisa, enfrentar suas cicatrizes a sangue frio era outra.

Passou a mão no rosto e se levantou. Pegou a calça jeans do chão e a colocou mais do que depressa. Estava desesperado para esconder suas cicatrizes antes de ver Isabel de novo. Colocou a cueca de seda no bolso de trás, para não se arriscar a ser pego sem ela.

Depois foi a vez da camisa, e quando a abotoava ouviu um barulho atrás dele. Isabel estava em pé na porta do quarto, vestida com um roupão de banho.

Ele ficou aliviado ao ver que as cortinas estavam fechadas. Pelo menos não tinha que se preocupar em ser visto, embora devesse admitir que até aquele momento tal preocupação nem passara pela sua cabeça.

— Oi — ela disse com a voz um pouco vacilante. — Você está bem?

— Por que não estaria? — Alexandre reagiu, com uma certa frustração em seu tom de voz. Torceu os lábios. — Como se diz mesmo numa situação dessas?... Parece que fiquei mais tempo do que devia.

O rosto de Isabel empalideceu.

— Você estava dormindo — ela disse na defensiva. — Eu não quis te incomodar.

Não?— Alexandre estava sarcástico. Olhou cegamente para seu relógio. — Dormi muito?

Isabel passou a língua pelos lábios.

— Só um pouco — ela respondeu distraída.

Alexandre respirou fundo. Olhou para o relógio de novo, e dessa vez conseguiu focar o mostrador. Eram mais de 2h. Ele devia ter dormido por umas boas duas horas.

— Me desculpe — ele disse horrorizado. Estivera sumido do mapa. Olhou em volta com impaciência. — Tenho que ir.

Isabel não disse nada. Ela só ficou ali, parada, olhando para ele. E ele mais uma vez sentiu a influência incontrolável de sua atração.

Dessa vez, no entanto, ele teve o juízo de não se deixar levar. O que viveram foi incrível, maravilhoso, mas como aquela vez em Londres, não passava de uma experiência improvável de se repetir.

E ainda assim...

Caminhou devagar até a porta, lutava contra a necessidade de arrastar a perna dolorida. Estava bem consciente de que ela o observava, e ainda lhe restava algum orgulho.

Antes de abrir a porta, virou-se e perguntou com uma certa rigidez:

— Eu deveria ter perguntado... Como anda a entrevista?

Isabel arregalou os olhos. Não podia acreditar naquela pergunta, não naquele momento. Será que ele era tão insensível assim? Ela achava que tinha a resposta para isso.

Engoliu a resposta ácida que estava na ponta da língua e disse:

— Bem. Está indo bem.

De repente os olhos de Alexandre se fixaram nos dela.

— E quando planeja partir? — ele perguntou, consciente de que apertava a maçaneta com tanta força que chegava a machucar a palma da mão.

— Oh. — Isabel deu de ombros. — Eu... Eu não... não sei.

— Mas não é já?— ele insistiu.

Ela se perguntou que importância isso teria para ele. Então pensou em Emma e, mais uma vez, teve a certeza de ter compreendido.

Também se deu conta de que nas últimas horas, mal tinha lembrado de sua filha. E isso era imperdoável.

— Talvez devesse perguntar à sra. Silveira? — ela respondeu enquanto fechava a gola do roupão em volta do pescoço. Então, como não concordava que tudo devesse ser feito do jeito dele, perguntou: — Está indo?

Quê? É claro. — Ele se espantou e respondeu de modo automático em sua própria língua. Teve que encarar o fato de que ela estava tão ansiosa para dar um fim àquela conversa constrangedora quanto ele. — É claro. Nos falamos amanhã, sim?

Isabel ergueu a cabeça.

— Se é o que você quer...

— É o que quero — disse com firmeza, e dessa vez abriu a porta. — Boa noite, Isabela. — Ele fez uma pausa. — Tente não me odiar muito, hein?

Isabel perdeu o ar.

— Eu não odeio você — ela protestou enquanto se perguntava de onde ele tirou tal ideia.

Mas Alexandre só deu um sorriso cínico antes de fechar a porta.


CAPÍTULO TREZE

 

 

Passaram-se dois dias até que Alexandre pudesse voltar à Vila Formosa.

No dia posterior ao encontro com Isabel, teve que tomar um voo para o Rio para comparecer a uma reunião de acionistas. E na mesma noite ficou preso em um jantar de família. Como consequência, só na tarde do dia seguinte pôde voar de volta para Montevista.

Ele cogitou dirigir até Porto Verde na mesma noite. Mas, ao lembrar do modo constrangedor em que se despediram, decidiu que seria mais fácil se se vissem de novo à luz do dia.

Embora a tentação de voltar ao quarto dela fosse inegável, provavelmente seria mais sensato e menos doloroso manter um certo distanciamento até que pudesse avaliar o que ela sentia por ele.

Ele pensou nela o tempo todo. Nem conseguiu prestar atenção na reunião por causa disso. Depois de refletir muito, se perguntava se teria sido precipitado demais em sua avaliação da situação. Ficou angustiado com a ideia. Talvez ela não o odiasse, no final das contas.

De qualquer modo, eles precisavam ser civilizados um com o outro, ao menos pelo bem de sua filha. Pois, embora estivesse relutante em apresentar-se à criança até que ficasse mais velha e pudesse entender, ele queria se manter informado sobre ela.

Graças a Deus existia internet, ele pensou ao passar com o carro pelos portões da Vila Formosa. Sem isso, duvidava que tivesse visto Isabel de novo, ou sabido que ela tivera uma filha que possivelmente poderia ser dele.

Ele não sabia o que esperava naquela tarde tediosa em seu escritório no Rio, quando, em um impulso momentâneo, colocou o nome dela na pesquisa do Google. Com certeza não a referência instantânea a uma certa Isabel Jameson que trabalhava na revista Lifestyles.

Mesmo assim, ele não conseguia acreditar na sua sorte. Mas o website da revista publicou fotografias de seus colaboradores e ele reconheceu no mesmo instante o rosto de Isabel.

Além disso, eles forneciam uma biografia resumida, e Alexandre leu com incredulidade que ela era mãe de uma menina de três anos, chamada Emma, que ele depois descobriu que nascera exatamente nove meses depois de seu breve e memorável "encontro.

No início, ficou bem zangado. Culpava Isabel pelo fato de não fazer parte da vida de sua filha. As fotos que seu investigador lhe mandou por e-mail provaram que Emma era sem dúvida alguma sua filha, e ele quis confrontar Isabel e exigir seus direitos.

O tempo o fez repensar a questão. Ele se deu conta dos perigos de um encontro precipitado, e foi então que teve a ideia de convencer Anita a dar uma entrevista. Por mais que sua intenção fosse desleal, ele se consolou com o pensamento de que o fim justificava os meios.

Talvez ele pudesse ter confiado em Anita, refletiu ao avistar os telhados de Porto Verde lá embaixo. Mas, desde a morte de Miranda, ela passou a depender cada vez mais dele, e sabia que ela nunca perdoaria o que ele planejava fazer.

Ela, convenientemente, esqueceu muita coisa sobre sua filha. E o casamento dela, por breve que tenha sido, assumiu um valor emocional para Anita. O que era ridículo, ao se levar em conta que Miranda nunca abandonou as drogas e só se casou com Alexandre porque estava cheia de sentimento de culpa.

Por que ele se casara com Miranda, então? Alexandre franziu o cenho. Se seu pai não estivesse doente, ele teria resistido às suas súplicas? Ou será que foi por pena, dela e de si mesmo, que se casou? Se ele se via como um tipo de salvador, no final teve que admitir sua derrota.

Mas aquilo tudo fazia parte do passado, lembrou a si mesmo. Ele não culpava Miranda pelo que aconteceu. Culpava a si próprio. Ele deveria tê-la obrigado a descer do carro.

Sua própria família não via as coisas da mesma maneira. Roberto Cabral nunca se perdoou por encorajar seu filho a se envolver com Miranda. E, embora não tenha se oposto ao casamento, ficou horrorizado quando um tempo depois Alexandre teve que contar que era improvável que conseguisse ter um filho algum dia.

Os portões da Vila Formosa surgiram diante dele e Alexandre entrou no acesso enquanto fazia um aceno para um dos jardineiros que trabalhava na terra. Anita não permitia que ninguém se esquivasse de suas tarefas, pensou com ironia. Se perguntava se ela e Isabel estariam conseguindo controlar sua antipatia mútua.

Ele descobriria logo. Anita não era o tipo de pessoa que escondia suas emoções...

— Então, o que vai fazer?

A tia de Isabel a olhava cheia de expectativa do outro lado do estábulo, em Villiers, lugar que Isabel sempre considerara seu lar. Olivia e Emma passavam óleo nas selas, mas a menina estava colocando mais óleo nas próprias mãos do que em qualquer outro lugar.

Isabel se inclinou para limpar os dedos da filha, e então olhou para a tia com um ar pesaroso.

— Eu não sei. É por isso que estou te perguntando. Você acha que deveria tentar e entrar em contato com ele de novo?

Olivia balançou a cabeça.

— O que quer fazer? Quer vê-lo de novo?

— Claro que quero. — Isabel estava impaciente. — Mas é complicado.

Olivia deu de ombros.

— Dormiu com ele?

— Tia Olivia!

— Ora, essa é a única complicação que consigo imaginar.

— Bem, não é. — Mas o rosto de Isabel ficou ruborizado. — Eu acho que ele só inventou a entrevista por causa de Emma.

—A entrevista da qual permitiu que a sra. Silveira se livrasse, Olivia observou com severidade. — Você foi boba, Isabel. Deveria ter insistido em ver Alexandre antes de partir.

— E como eu faria isso? — Isabel estava indignada. — Eu não tinha como chegar em Montevista, e não tinha o número de telefone dele. Além disso, Anita queria que eu partisse imediatamente.

— Aposto que queria!

— E eu não podia ficar no aeroporto até que Alexandre resolvesse aparecer. Se é que iria aparecer.

Olivia resgatou a garrafa de óleo dos dedos grudentos de Emma e pegou-a pelas mãos.

— Venha — ela disse para a menina. — Vamos limpar essas mãos. E depois vamos lanchar.

— Tia Olivia...

— Mamãe lava as mãos de Emma — a garotinha protestou e fugiu da avó. Puxou o casaco da mãe e insistiu: — Você faz, mamãe. Lívia não.

Isabel fez uma careta ao ver as marcas de mão que agora decoravam seu casaco. Era culpa sua por vestir uma cor tão clara para visitar os estábulos.

— Tudo bem, pequenininha — ela disse enquanto segurava os dedos de sua filha para que não causassem mais nenhum estrago. — Vamos todos voltar para casa.

As três caminharam com dificuldade até a casa sobre os vestígios da neve que caíra na noite anterior. Embora já estivessem na metade de fevereiro, o inverno não dava sinal de ir embora. Só os narcisos que floresciam nos canteiros prometiam a chegada da primavera, com seus botões brancos que forçavam passagem através da neve.



  

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