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Título original: SPANISH MAGNATE, RED-HOT REVENGE 8 страница



Ele estava certo. Não era Emma. Se tivesse prestado mais atenção teria percebido. E também o fato de que Emma não tinha o tipo de vestido que Catarina vestia.

De fato, Emma parecia um garotinho. Estava quase sempre de macacão, camiseta e botas nos pés para ajudar tia Olivia a limpar os estábulos.

Claro que de vez em quando usava vestidos, mas nada tão elaborado assim. Se Isabel não estava enganada, o vestido de Catarina era de seda. Não era de jeito nenhum o tipo de vestido que ela botaria em sua filha.

Ela levantou a cabeça e viu que Alexandre ainda a olhava. Corada de vergonha, falou:

— Certo. Não é uma foto de Emma. Eu me enganei. — Ela fez uma pausa. — Mas não finja que não fez de propósito.

— O que fiz de propósito? Ele estava todo inocente, e Isabel estava furiosa.

— Deixou cair a fotografia para que eu a visse — ela replicou enquanto a atirava no braço da poltrona dele. — Você não é nenhum desastrado, Alexandre. Queria que eu a visse. Queria que eu chegasse à óbvia conclusão.

— Era óbvia? — Alexandre a olhou por um longo e perturbador momento. Então pegou a foto e guardou-a de volta na carteira. — Contudo, acho que isso prova o que digo, não acha?

Isabel deu um suspiro de desgosto.

— Tudo bem — ela disse ao decidir que não ganharia nada em discutir com ele. — Você é o pai da Emma. — Ela furava as palmas das mãos com suas unhas. — Isso importa?

— Você ainda pergunta? — A voz de Alexandre era de raiva. — Meu Deus, Isabel, você nunca achou que eu tinha o direito de saber?

— Saber o quê? — Isabel tremia, mas se recusava a se deixar intimidar. — Que você engravidou acidentalmente uma mulher com quem fez sexo em Londres?

— Você sabe que não foi assim.

— Como foi então? Me diga. — Isabel agora entrara no jogo e não estava disposta a recuar. — Você me seduziu, Alexandre. Tudo bem, eu admito que não ofereci muita resistência. Fui imprudente, sei disso. Mas não finja que era um amor duradouro e que você era inocente.

Alexandre fez cara feia.

— Você não sabe o que diz.

— Sei sim. — Isabel levantou-se de novo e o olhou, acusadora. — Não lembra do que disse, Alexandre? Prometeu que voltaria a Londres. Você insistiu que não era uma aventura de uma noite. Mas já se passaram três anos e, até que me trouxesse para cá, não tive mais notícias suas.

— Posso explicar.

— Pode? — Isabel não queria ouvir suas desculpas. Não queria ouvir nada que pudesse fazê-la se arrepender de seu acesso de raiva. — Eu acreditei em você, Alexandre. Pensei que te veria de novo. Mas agora acho que você se casou assim que voltou para o Brasil.

— Não foi assim que voltei — Alexandre a contradisse de modo áspero e ficou de pé para levar vantagem no tamanho, não ela. — Quando disse que não sabe o que diz, me referia ao acidente. Enquanto me odiava, eu estava no hospital no Rio, sem condições nenhuma de procurar você ou quem quer que fosse.

Isabel respirou fundo. Então, pensou, ele tinha uma desculpa, no final das contas. Não havia nada que ela pudesse dizer para se opor a isso.

Mesmo assim, ela se controlou defensivamente, não era culpa sua se ele sofrera um acidente. E ele teve muito tempo desde então para entrar em contato com ela. Só porque ele de repente... O quê? Lembrou-se dela? Sentiu remorso? Por que ele a procurou depois de tanto tempo?

Isabel recuou um pouco pois não queria que ele suspeitasse como sua proximidade a afetava. E então ergueu os ombros em um gesto de desdém.

— Me desculpe, mas não entendo o que espera de mim. Alexandre resmungou um xingamento de incredulidade.

— Você não entende? — ele repetiu as palavras enquanto dava um passo em sua direção. — Você acha que admitir que Emma é minha filha te absolve de qualquer responsabilidade pelo que possa acontecer no futuro?

— Não. — Isabel se esforçou para não recuar de novo. — Mas você não pode fingir que sente algo por uma criança que nunca viu!

— Oh, eu a vi sim — replicou Alexandre.

— Você foi à Inglaterra?

— Não para vê-la — Alexandre disse, admitindo que esteve em Londres. Lembrou o quanto as lembranças da cidade e de Isabel o comoveram naquela ocasião. — Mas a Internet é uma coisa maravilhosa. E é tão fácil enviar fotografias. Isabel o olhou horrorizada.

— Mas você disse...

Sim? O que eu disse?

— Você me deixou pensar que não tinha nenhuma foto de Emma.

— Deixei?

— Sabe que sim. — Isabel lutava para colocar seus pensamentos em ordem. — Está me dizendo que esteve me perseguindo?

Alexandre deu um gemido. Temia que ela visse as coisas desse jeito.

— Para sua informação, nossa companhia contrata uma empresa de consultores para nossas operações na Europa. O escritório deles é em Londres, e pedi a um deles, um amigo meu chamado Andrew Hardy, para verificar você.

Isabel perdeu o fôlego.

— Não acredito. Por que faria isso? Alexandre deu de ombros.

— Por que não? — Lembrou do exame de consciência a que se submeteu antes de deixar que Andrew prosseguisse. — Talvez eu estivesse curioso sobre você. Afinal de contas, nós vivemos algo que considero, no mínimo, digno de repetir.

— Não. — Isabel recuou e ele viu desdém em seus olhos. — Não finja que alguma vez já se importou comigo. — Ela balançou a cabeça. — Alexandre, você se casou com outra pessoa depois que estivemos juntos. Por favor, não insulte minha inteligência fingindo que nossa relação significou algo para você. Nem antes, nem agora.

Alexandre trincou os dentes.

— Agora não, eu concordo — ele disse com amargura, e Isabel prendeu a respiração. — Não sou um idiota completo.

— O que quer dizer com isso?

— Acho que você sabe. — Seu tom era de desprezo. — Eu vejo o modo como me olha, o modo como recua toda vez em que me aproximo.

— Isso não é verdade! — Isabel não podia deixar que continuasse a pensar tal coisa. — É só... É só... — Ela gaguejou, incapaz de verbalizar algo que não queria admitir nem para si mesma.

Como poderia dizer para ele o que realmente sentia? Levada pela emoção do momento, seria fácil quebrar as promessas que fizera a si mesma e colocar seu futuro e o de Emma em risco.

— Viu só? — ele disse de modo áspero ao interpretar mal sua hesitação — Eu soube disso ontem de manhã quando a segurei em meus braços. Você pode negar isso se quiser, mas não pode negar que assim que eu a soltei você fugiu.

— A sra. Silveira estava lá — Isabel protestou. Mas Alexandre não estava convencido.

— Então? — ele debochou. — Eu não te causo repulsa, querida!

— Claro que não!

— Claro que não! — Ele imitou suas palavras enquanto passava a mão sobre a cicatriz que marcava seu rosto. — Você está atraída por um homem como eu? — E quando ele a viu sacudir a cabeça falou com ar severo: —Acho que não.

— Você não entende.

— Entendo muito bem — ele respondeu ao empurrá-la contra uma treliça coberta por uma trepadeira.

E Isabel precisou de muita determinação para manter a razão.

— Alexandre.

Mas antes que pudesse dizer algo, ele a silenciou com seus lábios.

Não havia ternura nenhuma em seu beijo. Ele não a segurou com o mesmo ardor e delicadeza que mostrara no dia anterior. Na verdade, ele não fez a menor tentativa de prendê-la, embora seu corpo forte a envolvesse em seu calor.

A intenção do beijo era castigá-la, e quando ele forçou seus lábios a abrirem, ela sentiu gosto de sangue em sua língua. Ele também não podia deixar de senti-lo, ela pensou, e o xingamento abafado que ele balbuciou parecia confirmar isso.

Ainda assim, isso não o deteve em sua investida feroz, nem na faminta dominação de sua boca. Em cada movimento de sua língua ele provava que a queria, e ela estava quase certa de que não era intencional.

Droga! — Ele falou em sua boca, e ela inalou seu hálito, seu odor. Então, quase num gesto de raiva, ele a pressionou ainda mais contra seu corpo excitado. — Quero você — disse com a voz rouca. — Quero estar dentro de você. — Ele a olhou com a expressão dura de ódio. — Que coisa louca.

— Alexandre...

Mas alguém se aproximava, com passos mais pesados do que os da empregada que trouxera a bandeja de suco. Alexandre virou-se para encarar quem chegava com uma sensação de alívio.

— Carlos — ele o saudou ao vê-lo na porta. — Chegou bem na hora. Acho que nossa convidada está pronta para o passeio.


CAPÍTULO ONZE

 

 

— gostou do passeio na fazenda de Alex?

Era a tarde seguinte. Apesar de Isabel ter voltado à Vila Formosa a tempo de passar a tarde com Anita, ela não estava disponível

De acordo com Ricardo, ela estava com outra de suas enxaquecas. Mas Isabel não pôde deixar de se perguntar se a frequência dessas crises se devia mais à sua presença do que a uma debilidade de Anita.

Agora, sob o olhar perspicaz e avaliador de Anita, Isabel sentiu um calor subir de seu pescoço até o rosto, que se ruborizou de imediato.

— Sim, senhora. Gostei muito — disse constrangida. Imaginava se Alexandre já falara com sua sogra desde seu retorno. Carlos a levara de volta para a villa, mas Alexandre podia ter telefonado.

Ou visitado. Como ela saberia?

— Não achou muito isolado, muito longe da cidade? —Anita insistiu.

— Eu... Não. — Isabel não sabia o que Anita estava querendo dizer. —Achei muito bonito.

Anita estalou a língua de modo impaciente.

— Você usa muito essa palavra, não é, sra. Jameson? Você acha minha casa... — Fez um gesto que sugeria aspas com os dedos. — Bonita, ou pelo menos foi o que disse. E agora também acha que a fazenda de Alex é... — Outra vez fez um sinal de aspas com as mãos. — Bonita. — Ela fungou. — Espero que o artigo que vai escrever não seja cheio de eufemismos também.

— Não são eufemismos, senhora...— Isabel tomou uma postura defensiva.

— Não? — Anita estava cética. — Talvez você só diga o que os outros queiram escutar? — Estreitou os olhos. — O quanto você e Alex se conheceram quando ele esteve em Londres? Me diga, você só veio aqui para vê-lo?

Isabel estava chocada com a mudança de assunto.

— Não — ela disse de modo inseguro. — Claro que não.

— Talvez tenha mudado de ideia quando chegou aqui? — Anita sugeriu com frieza. — O Alex que você conheceu em Londres devia ser muito diferente do homem que vê agora.

Isabel prendeu a respiração.

— Eu não tinha a menor ideia de que Alexandre era seu genro — ela protestou. Imaginava o que ele teria contado para causar tal reação.

— Mas isso não responde a minha pergunta, não é, senhora? —Anita replicou com firmeza. —A aparência dele a causa desgosto? Você com certeza desconhecia que ele sofreu um acidente e que teve ferimentos tão sérios.

Isabel balançou a cabeça.

Senhora, eu realmente prefiro que nos concentremos em assuntos menos pessoais.

— Você está tentando se insinuar nessa família?

— Eu não...

— Pensei que, como mãe, estaria ansiosa em voltar para sua menininha.

— E estou.

— Que idade tem sua filha, sra. Jameson? Ainda é bem pequena, não é?

Isabel se enrijeceu.

— Por que diz isso? — perguntou sem refletir.

— Porque, que eu saiba, você não era casada quando conheceu meu genro. Portanto, isso foi apenas há... Três anos, não?

— Emma tem quase três anos — Isabel disse. — Agora... Acha que podemos voltar ao assunto em questão?

— Mas esse é o assunto em questão — Anita a contradisse com prazer. — Quero saber tudo sobre você, sra. Jameson. Antes de lhe abrir minha alma, preciso ter certeza de que está... Como posso dizer? Apta, não?

Isabel endireitou a postura. Estavam na biblioteca, onde Ricardo disse que Anita trabalhava. Uma sala grande com paredes repletas de livros com encadernação de couro. Era um pouco opressivo, como o resto da casa.

Havia uma escrivaninha de mogno no meio da sala, e Anita estava sentada em uma cadeira de couro atrás dela. Isabel tinha sido confinada a uma cadeira de jantar de encosto rígido, com a intenção de colocá-la em seu devido lugar, estava certa disso.

— Tenho certeza de que minha vida não teve nem a metade da agitação da sua, senhora — disse para tentar distraí-la. — Podemos falar de seu primeiro livro? Eu li que o escreveu enquanto se recuperava do nascimento de sua filha, Miranda.

—Na verdade, o nascimento a que se refere foi de meu filho, Miguel Anita a corrigiu. — Ele morreu com apenas algumas semanas de vida. Eu me recuperava de sua morte, não do nascimento de Miranda.

— Oh. — Isabel não sabia daquilo. Em tudo que lera sobre Anita, não havia nenhuma menção a seu filho. Mas isso poderia explicar o tom do livro, que era bastante pessimista. — Me perdoe, senhora. Eu não tinha a intenção de me intrometer.

— Mas não é o que está fazendo? —Anita perguntou.

— Só no que diz respeito a seus livros — Isabel a assegurou com firmeza. Tinha certeza de que Sam esperava alguns detalhes pessoais também, mas ela não tinha a intenção de escrever um perfil pessoal. — Voltando a seu primeiro livro... O protagonista baseia-se em algum personagem histórico? Dizem que você usou a versão de Shakespeare para Ricardo III como fonte para seu personagem, Alonzo.

— Quando se casou, sra. Jameson?

Mais uma vez, Isabel ficou atordoada. Era evidente que Anita ó continuaria a entrevista quando ficasse satisfeita com as respostas de Isabel.

— Quando tinha 21 anos — respondeu sem mentir. Percebeu que não era a resposta que Anita esperava.

— Vinte e um? — Ela repetiu surpresa. — Então estava casada quando conheceu Alex. — Franziu os lábios como se considerasse a questão. — Ele sabe disso?

Isabel suspirou.

— Me divorciei dois anos depois — disse resignada. — Meu casamento com David não deu certo. E ele morreu em um terremoto na Indonésia um ano depois que nos separamos.

— Mas você se casou de novo? — Anita insistiu. — Emma não pode ser filha de seu falecido marido.

— Não. — Isabel não sabia aonde aquilo iria levar, mas não estava gostando. — Estou solteira há uns seis anos.

— Ah. — Anita passou a língua pelos lábios, satisfeita; — Então sua filha é ilegítima, não é?

Isabel ficou sem ar. Mal conseguia falar de tanta raiva.

— Acho que isso é problema meu, senhora — ela finalmente respondeu. — E se vai perder tempo discutindo minha vida particular, acho que devemos abandonar a entrevista, não acha?

— Oh, sra. Jameson! — Anita estava com a expressão constrita. — Não tinha a intenção de ofendê-la. — Embora Isabel tivesse certeza de que tinha. — Me desculpe, senhora. — Sou escritora, é natural que me interesse pela vida das pessoas. — Fez um sorriso arrependido. — Não fique chateada. Como vive sua vida é problema seu, claro.

É sim, Isabel pensou furiosa.

Queria muito sair dali. Apesar do pedido de perdão de Anita, Isabel não confiava nem um pouco nela. Mas seu tio dependia dela, e ela já tivera que lidar com entrevistas mais difíceis. Se pelo menos soubesse quais eram as intenções de Alexandre...

Alexandre virou na entrada da Vila Formosa e estacionou o Lexus a certa distância da casa. Ele não queria encontrar Anita. Era Isabel, e só Isabel, que ele queria ver.

Fazia três dias desde a última vez que a vira. Parte desses três dias ele passou em frenética atividade física, tudo para ajudá-lo a lidar com o fato de que não conseguia controlar seus sentimentos por Isabel.

Era muito frustrante.

Pensou muito nela durante todos aqueles anos, embora duvidasse que ela acreditaria nisso. Sobretudo enquanto estava no hospital e tentava aceitar o fato de que nunca mais seria o mesmo homem de antes do acidente. Desde então, seus ferimentos não representavam mais risco de vida, mas os ligamentos rompidos em sua coxa significavam que não voltaria mais a andar normalmente. E os cirurgiões plásticos chegaram à conclusão de que nem mesmo uma série de operações poderia tirar a cicatriz do lado direito de seu rosto.

A partir daí ele se tornou amargo. Se sentia uma gárgula, um monstro. Tinha certeza de que nenhuma mulher o olharia sem sentir pena ou aversão. E a ideia de voltar a Londres e se expor à aversão de Isabel lhe era inconcebível.

Claro que com o passar do tempo as coisas melhoraram. Ele percebeu que algumas mulheres consideravam suas lesões atraentes. O viam como um tipo de Prometeu, que passou por dor e sofrimento e saiu vitorioso. Ou talvez, pensou com cinismo, sua riqueza pudesse compensar seus outros problemas.

E, além de tudo isso, havia Miranda. Sempre cheia de remorsos, culpas e ansiosa por provar seu valor à família.

Saiu do carro com uma expressão séria e fechou a porta sem fazer barulho. Se encolheu quando sua perna machucada recebeu o peso de seu corpo. Seus esforços para não pensar em Isabel, cavalgando e laçando bois, resultou em um castigo físico, em vez de mental. Ela não ficou fora de seus pensamentos nem por um instante, e ele percebeu que tinha que enfrentar aquela situação de uma vez por todas.

Foi por isso que adiou a visita até a noite, quando contaria com a escuridão para ajudar em seu objetivo. De acordo com o criado que ele subornou na chegada de Isabel, seu quarto dava para a varanda nos fundos da villa, o que era muito conveniente para sua intenção. Apesar da dor, podia ir até os fundos da casa sem que nenhum empregado o visse.

Já eram mais de 22h, e ele esperava que Isabel não tivesse ido se deitar. Ele adiou sua visita até essa hora no caso de ela ter jantado com Anita. Mas conhecia bem sua sogra, e duvidava que ela fosse encorajar tal familiaridade entre elas.

Anita não telefonara mais desde a manhã seguinte da visita de Isabel à fazenda, quando tentou descobrir o que aconteceu. Ela ainda suspeitava da relação deles e ele se perguntava quando tempo levaria até ela deduzir que a filha de Isabel era dele.

Talvez já tivesse descoberto, ele pensou antes de soltar um gemido de dor quando um broto de bambu espetou seu quadril ao esgueirar-se para passar. Mas e daí? Ele não tinha do que se envergonhar.

Deu um suspiro de alívio quando alcançou a varanda e viu que as luzes dos aposentos de Isabel ainda estavam acesas.

Arrastando a perna, foi em direção ao quarto, e então parou por um momento para se recompor antes de bater à porta.

Houve um silêncio total que pareceu durar alguns minutos, e ele já se perguntava se ela estaria lá, quando ouviu passos.

— Quem é? —A voz de Isabel parecia cansada e ansiosa. Alexandre encostou-se com cansaço na parede ao lado da porta.

— Sou eu, Alexandre. — Ele fez uma pausa. —Abra a porta. Mais uma vez houve um breve silêncio. Ele imaginou se teria habilidade para forçar a porta sem fazer muito barulho ou estrago, mas a maçaneta enfim girou.

Isabel estava de pé ali com um short e uma camiseta de algodão creme, que ele deduziu que ela usasse para dormir. Seu rosto estava ruborizado e com ar defensivo, mas sua expressão mudou quando a luz do quarto iluminou o rosto dele.

— Meu Deus! — ela exclamou. — Você está doente? — Ela avançou sem hesitação e o pegou pelo braço. — Vem, deixa eu te ajudar.

Alexandre tentou livrar-se de sua mão.

Obrigado. Eu consigo sozinho. — disse de modo áspero, mas Isabel se recusou a deixá-lo.

— Não seja bobo! — ela exclamou, ajudando-o com o degrau da entrada.

— Como veio até aqui? A pé?

— Bem, não desde Montevista — Alexandre disse de modo mordaz. Sentiu o suor escorrer em seu rosto. Segurou o encosto de uma cadeira, conseguiu jogar uma perna de cada lado e sentou com certo alívio. — Estou bem — ele disse ao ver que ela ainda hesitava a seu lado.

— Pode fechar a porta? Eu prefiro que não tenhamos plateia.

— Oh! Oh, sim.

Como se tivesse acabado de perceber que a porta estava escancarada, Isabel correu para fechá-la e a trancou de modo automático. Por sorte Anita ainda estava trabalhando, ela pensou, mas quando se tratava de mulheres brasileiras ela não podia ter certeza de nada.

Alexandre apoiou os braços na cadeira e descansou o queixo em seus pulsos. Então, ao perceber que Isabel ainda o olhava com ar inquieto, ele sorriu de modo suave.

— Vou sobreviver — ele a assegurou. — Eu dei um mal jeito no quadril, só isso. — Ele expirou o ar. — Já está melhor.

Isabel não estava usando maquiagem, e com os cabelos soltos sobre os ombros parecia jovem demais, ele pensou. E atraente demais para tirar sua paz de espírito.

— Como machucou sua perna? — ela perguntou com cuidado.

— Acabei de explicar.

— Não. Sabe ao que me refiro. — Isabel deu um suspiro. — Miranda também sofreu ferimentos?

— Ah. — Alexandre inclinou a cabeça, aliviado por sentir a dor enfim diminuir. — Está se referindo ao acidente. Você talvez pense que foi por isso que ela se matou? Porque, diferente de mim, ela não aguentava se olhar no espelho?

— Não!— Mas o pensamento tinha passado por sua cabeça, e ele sabia disto.

— Para sua informação, Miranda estava no carro — ele disse em poucas palavras. — Mas você vai ficar feliz em saber que ela saiu ilesa.

— Oh.

Alexandre a olhou através de olhos semicerrados.

— Isso é tudo que tem a dizer? Oh! — Ele torceu a boca. — A morte de Miranda não teve nada a ver com o acidente.

— Isso é bom.

— É? — Ele suspirou com pesar. — É, suponho que sim. Pelo menos ninguém me culpou.

— Era você que estava dirigindo quando o acidente ocorreu? Alexandre suspirou.

Escuta aqui... Olha, podemos falar sobre algo que não seja o acidente? Não foi para isso que vim aqui. Eu entendo muito bem o que sente em relação aos meus ferimentos.

— Você não sabe de nada! — exclamou com firmeza. Ela olhou em direção à mesa, e Alexandre percebeu que ela estivera trabalhando no computador. Havia um bule de café em uma bandeja. Ela apontou na direção do bule e disse: — Por que não bebe um pouco de café? Acho que ainda está quente.

— Não quero. E se isso é outra tentativa de me distrair, esqueça. Está perdendo seu tempo.

— Não estou tentando te distrair — Isabel protestou, indignada. — Mas, bem, só me pareceu uma coisa educada a fazer! Não tenho nada mais forte para te oferecer.

— Você acha?

O tom de Alexandre era ríspido, mas sua imaginação voava alto. Ela não estava consciente de que, sem sutiã, seus mamilos sobressaiam sob o fino tecido da camiseta. E ele imaginava se ela também estaria nua sob aquele minúsculo short.

Ele sentiu uma excitação imediata e forçou a voltar sua concentração para onde realmente importava. Sabia que se a tocasse não conseguiria mais parar.

— Por que não se senta? — ele sugeriu. Achava que se sentiria melhor se ela não ficasse ali o supervisionando.

— Tudo bem. — Com um pequeno gesto de indiferença sentou-se à beira de um sofá de brocado e cruzou as pernas de modo que ele pôde se deliciar ao ver de relance a parte superior de sua coxa.

Então, como se tivesse acabado de lhe passar pela cabeça...

— A sra. Silveira sabe que está aqui?

Não. — Alexandre respondeu de imediato. — Não vim aqui para ver Anita.

— Entendo — Isabel enxugou a palma úmida da mão em seu joelho. — Então?

— Então... — Alexandre a olhava com olhos semi-cerrados. — Me fale sobre Emma. Isabel hesitou.

— O que quer saber?

Alexandre sufocou um gemido.

— Não teste minha paciência, Isabela. Quero saber tudo. Trouxe algumas fotos dela com você?

Isabel ficou com a respiração um pouco pesada.

— Algumas — admitiu relutante.

— Posso vê-las?

— Bem, a maior parte delas deixei em casa, claro.

— Imagino que sim — Alexandre controlou sua irritação com esforço. — Na verdade, não esperava que fosse de outro modo. Mas, se pudesse vê-las...

— Tudo bem.

Isabel se levantou e foi até a mesa onde seu celular estava, ao lado da xícara de café. Ao voltar para seu lugar, o ligou e acessou a galeria de fotos que sempre carregava com ela. Então, passou o telefone para Alexandre e disse:

— Estão aqui.

Alexandre percorreu a seleção de fotografias bem devagar. E era impossível para Isabel interpretar sua reação.

— E ela tem dois anos?

— Dois e meio — Isabel o corrigiu.

— Ela é muito bonita.

Os lábios de Isabel crisparam-se em um sorriso relutante.

— Ela é adorável — admitiu. — Mas não se deixe levar por sua aparência. Ela é um verdadeiro moleque.

— Um moleque? — Alexandre franziu o cenho ao olhá-la. — Por quê?

— Ah, ela gosta de fazer coisas de garoto — Isabel disse, incapaz de encontrar modo melhor de explicar. — Se sujar, por exemplo. Sua maior felicidade é quando está nos estábulos com tia Olivia.

É claro—Alexandre encolheu os ombros. — Sua tia também cria cavalos, não é?

— Não são puro-sangue — Isabel disse. Lembrou-se dos cavalos de raça pura que ele a mostrara em Montevista. — Ela cria pôneis Shetland e caçadores. A maior parte deles para escolas de montaria ou uso particular.

Alexandre aquiesceu com a cabeça.

— Espero conhecê-la.

— Você vai para a Inglaterra?

— Isso te incomoda?

— Eu ... — Isabel estava sem palavras. Então, ao recuperar o raciocínio, disse: —Não me incomoda, mas...

— Bem, eu tenho que ir se quiser conhecer minha filha — ele continuou, com a atenção voltada para as fotos de Emma. — Mas não já, hein, pequena? Não queremos assustar você, queremos?



  

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