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Título original: SPANISH MAGNATE, RED-HOT REVENGE 6 страница



— Agradeça à Maria, mas o frango ao molho pardo vai ficar para uma próxima vez — disse enquanto dava um tapinha no ombro do amigo. — Mas não se preocupe, não tenho a intenção de dirigir até Porto Verde essa noite.

Carlos fez uma expressão de dúvida.

— Posso acreditar nisso?

— Eu mentiria para você, meu amigo? — Alexandre perguntou, o que não era bem uma resposta. Ele abriu a porta do carro. — Diga à sua linda esposa que me junto a vocês uma outra noite.

Carlos fez uma careta de resignação e colocou o carro em movimento outra vez. Virou num cruzamento que levava à sua própria casa, a alguns quilômetros dali.

Alexandre decidiu tomar um banho antes de ligar para Anita. Era uma decisão deliberada, uma tentativa de provar a si mesmo que ainda estava no controle da situação. Apesar disso, nem parou para se vestir antes de atravessar o quarto até onde a extensão do telefone estava. Seu celular ficava fora de área na fazenda e ele dependia da imprevisível linha fixa para falar com o litoral.

Com a toalha enrolada na cintura, ele discou o número e, para sua surpresa, foi a própria Anita quem atendeu.

— Alex, querido! — ela exclamou, preocupada. — Onde esteve o dia inteiro? Carlos disse que foi para o Rio, mas não acreditei. Você não disse que iria quando esteve aqui ontem.

Alexandre engoliu uma resposta malcriada e disse contrariado:

— Foi uma emergência. — Então, disfarçou a irritação e falou:

— Algo errado?

Anita não respondeu a sua pergunta, mas continuou a se intrometer.

— Que tipo de emergência? Seu pai está doente de novo? Oh, eu preciso falar com Elena. Quando estou fora da cidade, acabo por negligenciar...

— Meu pai não está doente. — Alexandre interrompeu. O ar frio do sistema de refrigeração deixava sua pele toda arrepiada. Ou seria só apreensão? Pelo amor de Deus, por que ela não ia direto ao assunto? Do que se tratava afinal?

— Então o que...?

— Foi uma reunião de emergência, tá? —Alexandre tinha que dar um fim àquela intromissão. — Por que andou me ligando? Pensei que a sra. Jameson a manteria ocupada.

— Oh, ela. — Anita fez um ruído de irritação. — Não vi a sra. Jameson o dia inteiro.

— Por que não? — Alexandre mal conseguiu não berrar o que disse, mas imaginou que Anita tenha percebido a impaciência em sua voz.

— Bem... — Ele podia imaginar sua expressão amuada. -Se é que te interessa, eu estava com enxaqueca. Mas, depois do modo em que saiu daqui ontem à noite, duvido que você seimporte.

— Anita!

— O quê? — respondeu contrariada. — Quando não pude te encontrar hoje, tive certeza de que está me evitando. Eu sei o que Carlos falou, mas ele não gosta de mim, e você sabe disso.

Alexandre suspirou.

Anita, por que eu iria querer te evitar?

— De fato, por quê?

Alexandre fez um gesto de impaciência com a mão.

— Onde quer chegar com isso?

— Oh, por favor! — Anita alterou o tom de voz. — Não sou boba, Alex. Vi o modo como a sra. Jameson reagiu ao te ver. Você era a última pessoa que ela esperava encontrar. Mas você não estava surpreso, estava Alex? Você sabia que ela viria. - Ela balbuciou um palavrão raivoso. — Foi por isso que me convenceu a dar a entrevista?

Alexandre sufocou a resposta que veio a seus lábios e disse controlado:

— Pensei que tivesse sido seu agente quem negociou a entrevista.

— A rigor, sim, foi ele.

— Então por que me culpar? — Alexandre perguntou. — Você disse que, além de falar sobre seu trabalho, teria a chance de esclarecer alguns boatos sobre Miranda.

— Você diz isso de modo tão rude, Alex. — Anita estalou a língua. — Ela era sua esposa, sabia?

— Você acha que posso esquecer disso? — O tom de Alexandre era amargo. — Mas sabe tão bem quanto eu que nosso casamento era uma farsa!

— Não diga isso! — Anita prendeu a respiração. — Miranda te amava.

— Miranda só amava a si mesma — replicou Alexandre. — Ora, Anita, dizer a verdade não vai mais fazer mal a ela.

— Não quero falar sobre Miranda — disse Anita. — Deixe que falem o que quiserem. Não me importo.

Ela se importava, sim, mas Alexandre não era cruel o bastante para lembrá-la disso. No que dizia respeito à sua ex-mulher, teve que ser capaz de enfrentar seus próprios demônios.

— De qualquer maneira, por que o Anton escolheu aquela publicação em particular?

Alexandre evitou uma resposta direta.

— Você disse que conheceu Sam Armstrong quando começou a escrever.

— Conheci, claro. — Anita se distraiu por um momento,— Ele foi muito gentil comigo. — Mas então ela se lembrou do sua acusação. — Isso não altera o fato de que a sra. Jameson o reconheceu, Alex. Foi você quem aconselhou o Anton a contatar a revista Lifestyles. Você deveria me dizer. Em algum momento vou descobrir.

— Tudo bem — Alexandre bufou. — Eu não sabia que era ela antes de chegar aqui. Nos encontramos há alguns anos, quando eu estava em Londres. Eu... Gostei dela. E, pelo quesei, ela é muito boa profissional. Por que não unir o útil ao agradável?

Anita ficou em silêncio por um momento, e então perguntou com voz macia:

— E você dormiu com ela?

A gargalhada de Alexandre era estridente. — Boa noite, Anita — disse com severidade. E depois segurou o fone com as pontas dos dedos e o colocou de volta no gancho.


CAPÍTULO OITO

 

 

Isabel dormira mal de novo e levantou-se logo depois das 6h. Olhava para as palmeiras que balançavam perto da varanda.

Esperava o primeiro traço da luz do dia aparecer no horizonte. O tom de rosa mudaria para amarelo-limão assim que o sol surgisse.

Ainda não estava vestida, mas adoraria colocar um short e uma camiseta, ou mesmo um maiô, e ir até a praia. A água era morna e agradável, e ela ansiava por mergulhar seu corpo grudento de calor naquelas ondas.

Mas o medo de se deparar com Alexandre de novo era maior. Pelo menos por enquanto iria se contentar com uma chuveirada.

Estava muito confusa.

Durante todo o dia anterior ela esperou que a sra. Silveira achamasse, mas isso não aconteceu. Ricardo Vicente a levara u um tour pela villa, conforme prometido. E ela admirou a rica, mesmo que um pouco opressiva, opulência de suas instalações.

Mas não houve nem sinal de sua anfitriã, ou de Alexandre.

Ou Anita mudara de ideia em relação à entrevista, ou decidira deixar sua hóspede descansar da viagem.

Quanto a Alexandre...

Isabel suspirou.

Não acreditava que Anita fosse tão atenciosa assim. O que se passava então? Alexandre teria lhe contado a verdade? E, nesse caso, ela desistira da entrevista? Então por que Ricardo se com portara como se ela pudesse estar interessada na história de Anita? Quando alguém iria explicá-la o que estava acontecendo?

O dia anterior passara devagar demais. Embora Isabel estivesse com seu laptop e pudesse ter editado um artigo anterior que escrevera para a revista, não teve interesse em fazê-lo. Por várias foi até o quarto e pensou em fazer as malas, mas seu orgulho não permitiu. Estava ali para fazer um trabalho, se lhe fosse dada a permissão. Era o que tinha que fazer.

Depois que tomou um banho e uma das empregadas trouxe seu café da manhã, sentiu-se um pouco melhor. Não diria otimista, mas preparada para enfrentar o que fosse preciso. Era hora de tomar alguma iniciativa. Se Anita não sabia nada sobre Emma, não tinha por que desistir da entrevista.

Ao levar em conta o que Ricardo dissera sobre Anita dormir até tarde, resolveu só sair de seu apartamento depois das 11h. Então, vestida com uma calça capri preta, uma bata fina bege sobre uma camiseta preta, sapato de salto plataforma e uma bolsa com laptop e gravador, atravessou a varanda e foi até o hall da villa.

Já estava quente lá fora. Sentia gotas de suor em sua nuca. Mas o hall estava fresco e arejado.

Duas empregadas aspiravam o chão. O ruído de seus saltos no piso chamou a atenção delas. Quando Isabel ia testar seu guia de conversação e perguntar em português onde a sra. Silveira estava, um homem apareceu na porta do outro lado do imenso hall.

Alto e moreno, com ombros largos que se afinavam até a cintura, seu rosto estava à sombra. Mas, mesmo ofuscado pela luz do sol que vinha das janelas atrás dele, Isabel não hesitou em identificar quem era. Alexandre.

Por um instante suas pernas quase fraquejaram. Ela não esquecera o modo como se separaram no dia anterior. Mas ao lembrar-se de sua determinação em não se deixar intimidar, Isabel foi com firmeza em sua direção.

Senhor — ela disse. Tratou-o de modo formal na presença das empregadas. — Não esperava encontrá-lo aqui.

— Isso é algo em que posso acreditar — Alexandre observou de modo seco. Esperou que ela chegasse até ali. Apoiou seu ombro numa coluna de mármore.— Como está nessa manhã, sra. Jameson?

Isabel teve que limpar a garganta antes de responder.

— Eu... Estou muito bem, obrigada, senhor — ela disse, ao parar a poucos metros dele. —Ansiosa para começar a entrevista. — Ela fez uma pausa e então continuou:

— Sabe se a sra. Silveira está de pé?

Era mais uma daquelas perguntas ambíguas. Alexandre deu um sorriso cínico.

— Como eu poderia saber? — ele perguntou. — Não sou vigia da minha sogra. Mas se você quer saber por que ela não mandou chamá-la ontem, posso dizer que foi por estar, como se diz em inglês... indisposta.

Isabel ouviu o que ele falou, mas não foi fácil. Sua proximidade era intensa demais. A cicatriz que estivera obscurecida pela sombra ficou bem visível, mas mesmo assim se sentia atraída por ele. O poder de sua sexualidade a dominava, zombava de sua intenção de se manter distante.

— Indisposta? — ela conseguiu falar. Alexandre inclinou a cabeça de modo afirmativo.

— Estava com dor de cabeça — respondeu. — As dores de cabeça de Anita são lendárias. Elas aparecem nos momentos mais convenientes.

Isabel se concentrou na gola da camisa dele na tentativa de não parecer interessada na explicação.

— Você não quer dizer nos momentos mais inconvenientes! — ela perguntou.

— Não — ele retrucou. — Você logo vai descobrir por si própria, querida.

Isabel estremeceu.

Naquela manhã ele vestia uma camiseta preta justa com algumas manchas de suor, como se tivesse feito algum esforço no calor lá de fora. A calça preta justa também revelava suas pernas longas e fortes. E usava um par de botas na altura dos tornozelos.

— E você acha que ela já vai estar bem para me receber essa manhã? — perguntou por fim. Percebeu que ele deu de ombros.

— Ela parecia bem ontem à noite — Alexandre afirmou. Mas duvido que ela queira te ver antes do meio-dia. Isabel arriscou-se a olhar para ele.

— Você esteve aqui ontem à noite?

— Não — Alexandre respondeu tolerante. — Eu falei com ela só por telefone. — Houve um instante de silêncio e ele acrescentou em tom suave:

— Estava te esperando. Sabia que mais cedo ou mais tarde apareceria.

Isabel suspirou. - Acho que dissemos tudo o que tinha a ser dito ontem de manhã — ela afirmou. —Apesar da ausência da senhora, talvez você possa me dizer onde vai ser a entrevista. Alexandre endireitou sua postura. - Isso não vai funcionar, você sabe muito bem — ele disse com suavidade.

Isabel foi dominada pela mesma sensação de pânico de quando o viu pela primeira vez. Ele hesitou, era evidente que escolhia com cuidado as palavras.

— Mas com certeza é preciso de algum tempo para considerarmos a situação. Sugiro que passemos um tempo juntos.

— Levantou as sobrancelhas com sarcasmo. — Você já gostou de mim antes. Eu sei que mudei. Mesmo assim, talvez eu consiga persuadi-la de que não sou um homem insensato. Isabel deu um passo involuntário para trás.

— Eu... Não vim aqui para passar um tempo com você — ela protestou. Torceu para que as empregadas, que agora limpavam as paredes, não entendessem inglês.

— Sei disso. —Alexandre torceu os lábios. — Mas não precisa ter medo de mim. Posso parecer um ogro, mas te asseguro de que ainda sou bastante humano.

Isabel arregalou os olhos. Percebeu que ele confundira seu pânico com outra coisa.

— Você não entende — ela disse. O fulminou com os olhos por um instante. — Só quis dizer que fui chamada para entrevistar a sra. Silveira, e...

— Entendi muito bem o que quis dizer, Isabela—Alexandre retrucou de modo seco. — E também sei por que foi convidada a vir aqui. Mas seria pedir muito esperar um pouco de compreensão da sua parte?

Os joelhos de Isabel tremiam pelo esforço de manter o autocontrole.

— Você está dizendo que não tem entrevista nenhuma? — perguntou. — Porque se for o caso...

— Escuta só! — Um músculo saltado no rosto de Alexandre traía sua agitação. — Não é a entrevista que está em jogo aqui. Será que não entende? Seu trabalho com Anita é problema seu, não meu. O que quero é conversar sobre nossa filha. Eu planejava te mostrar minha fazenda essa manhã, mas...

Isabel estava distraída.

Sua fazenda! — ela repetiu. Alexandre suspirou.

Sim. Minha fazenda — ele concordou. Percebeu que ela não contradisse sua outra afirmação. — Meu rancho, se preferir. Além do meu trabalho na Cabral Leisure, eu crio cavalos de corrida.

— Cavalos?

Sim. Meu gerente faz todo o trabalho duro. Eu só divido as premiações. É a minha, como se diz, válvula de escape da cidade. Tenho certeza de que vai gostar. Mas é a alguns quilômetros daqui, e como Anita estava indisposta ontem...

As palavras dele a fizeram lembrar da situação, e ela se deu conta de que ele conseguiu distraí-la com aquela conversa sobre a fazenda e os cavalos. Também percebeu que não sabia nada sobre ele. Apesar do conforto em que fora criada, com certeza não estava habituada ao tipo de riqueza em que Alexandre vivia. Talvez ele tenha pensado que isso a influenciaria.

Mas estava errado.

— E sua esposa gostava de ficar na fazenda, senhor? — ela perguntou, trazendo Miranda ao assunto. — Imagino que sim. Vocês se casaram assim que voltou para o Brasil?

A expressão de Alexandre tornou-se rígida.

— Em que isso te interessa? — ele perguntou. — A menos que queira descobrir por que o acidente ocorreu. Ah, você acha que Miranda não teria se casado comigo se o acidente tivesse acontecido antes do casamento, é isso? Está insinuando que ela deve ter se arrependido? Terá sido por isso que ela tomou uma overdose de heroína menos de um ano depois de casar?

— Não! — Isabel estava horrorizada. Ela não sabia como sua esposa morrera. — Não foi nada disso que eu quis dizer.

— Mas vejo que me considera repulsivo—Alexandre observou com amargura. — Mesmo assim, não ligo para o que pensa de mim, contanto que não interfira no que quero. Isabel umedeceu os lábios.

— O que quer?

— Você sabe — Alexandre disse com severidade. — Quero conhecer minha filha. Fazer parte da vida dela a partir de agora.

Isabel sentiu um mal-estar. Era do que tinha medo desde que o encontrara de novo e se dera conta do tipo de homem que era.

Era um homem que estava habituado a fazer tudo a seu modo. Um homem cuja riqueza e poder não permitiriam que nada entrasse em seu caminho.

0 que fez com que dissesse de modo desesperado:

— Eu já te disse... Emma não é sua filha.

— Eu sei que ela é. — Ele estava inflexível. — Tenho prova.

Quando ela ia protestar de novo ele ordenou: — Fica quieta!

Ele a pegou pelos ombros para forçá-la a encará-lo. E, embora ela tenha olhado em torno, na esperança de que as empregadas viessem ajudá-la, as duas foram embora sem se fazerem notar.

— Eu esperava que pudéssemos lidar com isso como dois adultos — ele continuou. A apertava tão forte que sentia seus ossos. - Mas vejo que não é o caso. Mas para mim dá no mesmo. Posso ser paciente, Isabel.

Ela se encolheu, e ele perguntou a si mesmo se a machucava. Alexandre reconheceu que era o que queria. Sentia muita raiva e frustração e era difícil manter a calma com algo tão importante em jogo.

Por sua vez, Isabel estava estarrecida com sua declaração. Que prova ele teria? Pelo amor de Deus, alguém mais sabia disso? Esse era um Alexandre que ela não previra, e algo lhe dizia que ele não seria confundido por uma negativa infundada.

Ela olhou para seu rosto moreno, e então desejou não ter olhado. Seu olhar fascinante a prendeu. Ela não conseguia desviar os olhos e seus lábios se entreabriram sem que notasse. Ao umedecê-los, podia-se entrever a pontinha de sua língua, o que dava a seu rosto uma delicada vulnerabilidade.

Não fazia para provocar. Alexandre sabia disso. Mas enquanto a segurava, suas emoções acabaram por se transformar em outra coisa, algo insistente e incontrolável. Um desejo indomável veio à tona.

Como na manhã anterior na praia, a lembrança da sensação de tê-la em seus braços subjugou sua razão. Ele ainda a queria, reconheceu, incrédulo. A desejava com uma intensidade que o levava à beira da loucura. Um desejo que zombava de todo o resto.

Quando ele a puxou contra si, ela não teve a menor chance de resistir. Foi pega desprevenida. Com um leve sobressalto, ela caiu sobre ele e sua pasta escorregou de seus dedos ao tentar evitar. Mas tudo que conseguiu foi agarrar a camisa dele para se equilibrar. E, antes que pudesse recuar, ele inclinou a cabeça e a beijou. A barba por fazer intensificava o prazer, e a mão em sua nuca causava arrepios em suas costas. Ela se deixou levar, entorpecida demais por seus atos para conseguir oferecer qualquer resistência. O calor de seu beijo, o toque sensual de suas mãos e o cheiro másculo de seu corpo a deixavam em estado irracional.

Ele murmurava em sua própria língua palavras que ela não compreendia. Mas o significado era claro e só intensificava a sensação de irrealidade que a absorvia e a fazia gemer de prazer.

Suas mãos a acariciavam sob sua roupa, a pele nua de suas costas. Ela arqueou o corpo quando os dedos dele alcançaram as covinhas em cima de suas nádegas. E ela sentiu a pressão de sua virilidade em seu ventre.

Alexandre também sentiu sua ereção. Sentiu sua calça ficar mais apertada e o sangue fluir em sua virilha. Ficou decepcionado por não controlar seu próprio corpo.

Mas a maciez daquele quadril contra o seu era muito excitante. E a ideia de colocar seu membro dentro dela era irresistível. Lembrou como ela era apertada, de como foi bom sentir seus músculos se contraírem em torno dele. Ele nunca experimentara uma sensação assim, como uma explosão dos sentidos, de desejo...

Mas não!

Com uma firmeza nascida da obstinação, Alexandre se obrigou a levantar a cabeça e olhar para ela. Estava de olhos fechados, e ele fechou os seus por um momento, para fugir da tentação que ela representava.

Sua boca estava intumescida e seu queixo apresentava marcas onde a barba havia roçado. Antes de soltá-la ele não pôde resistir a passar o dedo sobre a irritação vermelha em seu rosto. Ele queria fazer mais, muito mais, reconheceu com um certo desdém por si mesmo. Mas o momento e o local estavam contra ele. Além disso, ele não deixaria que ela pensasse que levara vantagem por causa disso.

Isso não iria acontecer, garantiu a si próprio. Forçou-se a abrir espaço entre eles e, com uma das mãos, tentou suprimir o volume entre suas pernas.

Calma, disse a si mesmo. Seja lá o que for que sinta, deve manter o controle.

O machucado de sua perna ofereceu-lhe uma distração, mesmo que incômoda. Ficar de pé por muito tempo era difícil, e cerrou a mandíbula ao sentir uma pontada de dor no quadril.

Ao mesmo tempo, pensava no quanto a vida podia ser imprevisível. O quanto sua própria vida fora imprevisível até agora. Deixaria ela pensar que ainda o atraía? Ela o provocava, era só isso. Até quase o deixar louco, algumas vezes.

Enquanto isso, Isabel nem suspeitava sobre o que ele pensava. Ela abriu os olhos e o viu encará-la com uma expressão de desprezo. Seu rosto ruborizou de imediato ao pensar em sua própria burrice, para dizer o mínimo.

Ela poderia se consolar com o pensamento de que a confusão que ele criara em sua cabeça, por causa de Emma, a teria feito perder a razão. Mas por um instante, enquanto ele a beijava, teve que admitir que todas suas inibições em relação a ele foram pelos ares.

— Você está bem?

A frieza da voz dele a fez voltar a si, e Isabel respirou fundo para se reestabelecer. Ao abaixar-se para pegar seu laptop de volta, disse com ironia:

— Vou ficar. Quando sair daqui. — E como era o pensamento que predominava em sua cabeça, acrescentou: — E não pense que acredito em suas mentiras. Ou que jogando sua riqueza na minha cara eu vou ficar tão admirada que me submeterei a qualquer sugestão sua. — Ela endireitou os ombros. — Agora, se me der licença?

— Amanhã — Alexandre falou como se ela não tivesse dito nada. — Nós vamos para Montevista amanhã. Pego você às 8h.

— Montevista? — perguntou. Percebeu que voltara a repetir o que ele dizia. — Que diabos é...? — ela parou de falar, aborrecida por ter demonstrado interesse. — Bem, seja lá o que for, ou onde for, não vou a lugar nenhum.

— Montevista é minha fazenda — Alexandre disse com uma calma irritante. — Como eu disse antes que você caísse de modo tão oportuno em meus braços...

— Eu não caí em seus braços.

— Você vai gostar de lá. É muito bonito. Muito isolado

— Ele fez uma pausa. — Por favor não me desaponte. Não sou muito sensato para ser irritado.

— É uma ameaça, senhor? — Isabel tentou parecer desafiadora, mas pôde ouvir o tremor em sua voz.

— É um conselho. Oito horas, sim?

— E se eu recusar? — Isabel se forçou a encará-lo. — Vai me forçar, senhor?

O olhar de Alexandre tornou-se duro.

— Sugiro que você cresça, Isabel. — disse com a voz áspera. — Tenho noção de que minha aparência é desencorajadora, mas você vai se habituar. Prometo.

— Você realmente não entende. Sua aparência não tem nada a ver com isso. — Então, certa de que ele não acreditava nela: — E fingir que pode provar que Emma é sua filha...

— Eu posso.

— Não.

— Sim.

— O que está acontecendo aqui? — A voz autoritária foi um alívio e uma frustração. Isabel virou-se e viu que Anita atravessava o hall em direção a eles. Ela arrastava atrás de si a faixa do roupão que usava aberto sobre uma camisola comprida, e Isabel não pôde deixar de pensar que só uma mulher com sua arrogância e estatura poderia parecer elegante com uma roupa inadequada.

—Alex! — ela exclamou enquanto passava os olhos por Isabel e voltava a olhar para ele. — Por que está aqui? Não sabia que viria. Venha, podemos tomar café da manhã juntos.

— Não estou com fome, Anita — Alexandre respondeu com tranquilidade, sem parecer perturbado pelos trajes de sua sogra.

— Na verdade, já estava de saída. Anita franziu as sobrancelhas.

— Mas você conversava com a sra. Jameson! — ela protestou.

— Na sua ausência, é só isso, querida. — Alexandre mentiu num aparentar remorso: — Só estava contando a ela sobre a fazenda. — Virou-se para Isabel. — Tchau, sra. Jameson. Foi um prazer. Tchau, Anita. Nos falamos amanhã, talvez?

— Espere! — Anita virou-se irritada para Isabel. — Pode ir, sra. Jameson. Mando chamá-la quando eu estiver pronta.

— Mas... — Isabel começou a falar, mas uma olhada para o rosto de Alexandre a fez pensar melhor. — Está bem — concordou. Queria não se sentir tão impotente. Iria ligar para o tio Sam, decidiu com firmeza. Nenhuma entrevista valia o que estava tendo que suportar.


CAPÍTULO NOVE

 

 

Isabel passara a meia hora seguinte andando para lá e para cá na sala de seu apartamento, indecisa sobre o que devia fazer.

Embora a idéia de telefonar para Sam tenha parecido razoável no calor do momento, agora já não estava tão certa. Além disso, não podia negar que estava apreensiva em relação ao papel de Alexandre naquilo tudo. A última coisa que precisava era que seu tio intervisse em sua defesa e tornasse tudo pior.

Queria ter certeza de que Alexandre mentira quando disse que podia provar que Emma era sua filha. E se não fosse mentira? O que seria?

Não tinha a menor ideia de como ele descobrira sobre Emma. Mas em vez de discutir com ele... E todo o resto, pensou... Deveria ter se comportado como a jornalista profissional que sempre acreditou ser e ter lhe perguntado.

Ele poderia não responder, é claro, mas pelo menos ela teria asatisfação de saber que tentou. A situação toda mudou muito desde a primeira noite em que chegara na villa, quando só o que a preocupava era ver Alexandre de novo. Agora tinha muito mais a perder.

Alguém bateu à porta e ela se enrijeceu. Mas não podia ser Alexandre, assegurou a si mesma, impaciente com a ansiedade que o simples fato de pensar nele podia desencadear.

Assim, ficou aliviada quando abriu a porta e era Ricardo Vicente. Isso queria dizer que a entrevista ainda era dela? Ou Anita teria visto alguma coisa no hall que a fizera mudar de ideia?

— Venha comigo, senhora — Ricardo disse com seu costumeiro ar indiscreto. — A sra. Silveira está pronta para vê-la.

Isabel suspirou.

— Tem certeza? — arriscou-se a perguntar. Ignorou o fato de que procurara por sua anfitriã mais cedo.

. — A sra. Anita deseja começar a entrevista imediatamente - Ricardo declarou com um pouco de impaciência. — Venha, vou levá-la a seus aposentos.



  

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