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Título original: SPANISH MAGNATE, RED-HOT REVENGE 3 страница



— Eu estava no chuveiro — ela disse por fim.

— Vejo que sim — ele disse, com os olhos grudados nela.

— Vim em um momento ruim? Tem alguma dúvida?

Isabel passou a língua em seu lábio superior e deu de ombros. Por que não fizera nenhuma tentativa de devolver sua jaqueta? Teria suspeitado, ou desejado, que ele poderia decidir voltar?

— Suponho que tenha vindo pela sua jaqueta — ela disse. Decidiu que era inútil pretender que ele pudesse ter algum outro motivo.

Alexandre ergueu as sobrancelhas de um jeito que devia significar algo. Ele estava vestido de modo mais formal naquela tarde, com um terno de lã que fora tristemente prejudicado pela chuva. Seu cabelo estava quase tão molhado quanto o dela, colado à cabeça.

— Você a encontrou? — ele perguntou com voz branda. E Isabel se arrepiou ao ouvir sua voz.

— Por que não encontraria? — se apressou em responder.

— Não foi difícil de achar. Alexandre inclinou a cabeça.

É claro. — Ele fez uma pausa. — Então... Você está bem, não é?

— Só com um pouco de frio — Isabel admitiu. E então se deu conta de que não podia ir pegar sua jaqueta e deixá-lo em pé na porta, sobretudo encharcado daquele jeito. — É melhor você entrar — ela murmurou.

— Tem certeza? — Alexandre não estava muito seguro do que fazia, mas aceitou seu convite.

— Por que não? — Isabel perguntou de imediato. E, diferente da outra vez em que chegou para o lado para deixá-lo passar, correu para a sala. — Poderia fechar a porta? — pediu enquanto ia para o quarto. — Volto em um minuto.

Alexandre fechou a porta com suas costas e virou-se para trancá-la. Só por segurança, pensou, sem admitir que tinha outra razão para isso. E depois foi para a sala.

Por causa do dia escuro havia três luminárias acesas na sala, duas de mesa e um lustre de estanho que fazia uma sombra enorme. Isabel tinha bom gosto, ele reconheceu. Notou que o piso estava encerado e que os sofás e as cadeiras foram limpos. Até as almofadas estavam fofas, como se ninguém as tivesse usado, e o tapete de centro parecia novo.

Havia uma porta aberta do outro lado da sala e ele ficou curioso em ver onde daria. Tirou a jaqueta molhada e jogou-a no chão. Então, depois de hesitar um pouco, cruzou a sala e entrou no pequeno corredor.

Evidentemente, o corredor dava acesso ao quarto dela e ao banheiro. Havia duas portas e, embora soubesse que seu comportamento era imperdoável, foi em direção à primeira.

Estava aberta. E era o quarto dela. Viu algumas roupas espalhadas sobre uma colcha rosa estampada. Talvez estivesse se arrumando para sair, pensou. Abriu de modo involuntário o colarinho ao sentir uma pontada estranha. Não podia estar com ciúme, disse a si mesmo, ao desfazer o nó da gravata. Não era, já que nunca se envolveria com uma inglesa.

Ao mesmo tempo...

Outra porta se abriu e Isabel apareceu vestida só com um minúsculo sutiã meia taça e uma calcinha de renda. Ela enxugava o cabelo com a toalha, mas ele caía despenteado sobre seus ombros. Estava distraída e muito sexy, e Alexandre sentiu seu corpo reagir.

Ela ainda não o notara ali. Estava muito concentrada enquanto pegava as meias finas de cima da cama e se sentava para colocá-las em suas pernas bem torneadas. Mas algo, talvez o barulho de sua respiração, a fez olhar em sua direção.

Era impossível resistir a ela naquela posição em que uma das pernas levantada deixava entrever uns cachinhos loiros que escapavam pela calcinha, e, apesar do seu grito de indignação, Alexandre avançou de modo lento até ela.

— O que pensa que está fazendo? — Isabel mal conseguia falar. Tirou suas meias, fez uma bola com elas e atirou-a com raiva na direção dele. — Sai daqui! — ela gritou meio em pânico, meio indignada. — Eu... Eu pedi para você esperar na sala.

— Que eu me lembre você não... Como se diz... Estipulou onde eu deveria ficar — Alexandre a contradisse. Pegou a bola de seda preta e a ergueu até seu rosto. — Humm, tem seu cheiro — ele prosseguiu.

Ela levantou da cama para encará-lo.

— Não fique com raiva. Você é uma linda mulher. Não tenha vergonha de seu corpo.

— Não estou envergonhada! Mas se isso era para ser uma desculpa, não a aceito. Você não tem o direito de entrar aqui sem ser convidado e se comportar como se eu devesse me sentir lisonjeada.

— Não era uma desculpa — Alexandre a interrompeu sereno. Jogou as meias no chão e a olhou de modo perturbador.

— Eu estava apenas dizendo a verdade, querida. Não me censure por isso.

— Ah, sei. — Isabel olhou para si mesma com aflição. Procurava algo, seu robe talvez, para cobrir sua seminudez. Mas não o tinha trazido do banheiro, e a calça e a camiseta de alcinha que planejava colocar não ofereciam muita proteção. — E se eu fosse uma garota brasileira você se comportaria do mesmo modo?

Alexandre contraiu os lábios. Ele não podia negar que a mãe de Miranda nunca permitiria que ele entrasse no quarto de sua filha, mesmo que quisesse. Apesar dos novos costumes do século XXI, alguns pais ainda se prendiam a comportamentos antigos. Isso não queria dizer que os filhos não se rebelassem. Estava certo de que Miranda fazia coisas que sua mãe não sabia. Mas na superfície, no entanto, os velhos costumes eram mantidos. E ele era honesto o suficiente para admitir que gostava que fosse assim.

Houve um longo silêncio, e como ele não respondia, ela deu um sorriso triunfante.

— Acho que não — ela disse, e deu as costas para ele. — Agora quer fazer o favor de sair daqui?

Alexandre cerrou os punhos. A vontade de segurá-la pelos ombros e puxá-la contra si era quase incontrolável. Do ângulo em que estava, só via seus seios de relance, mas a curva de sua cintura e a ondulação de seus quadris eram irresistíveis. E suas nádegas redondas que sobressaiam na renda da calcinha mandaram um jato quente de sangue até sua virilha.

Ele a queria, admitiu a contragosto. Queria enterrar seu sexo quente dentro dela e eliminar todo o estresse e a frustação que sentia desde que a beijara pela primeira vez.

Mas não podia fazer isso.

Não deveria.

Deus do céu, ele não era um bicho. E ela não era uma qualquer que ele podia seduzir e ir embora sem nem olhar para trás. Ele a respeitava demais para isso. E, por isso mesmo, tinha que ir embora dali antes que seus desejos, e a inegável tentação que ela representava, vencessem seu bom senso.

Enquanto se dirigia para a porta, ela virou a cabeça e olhou para ele. Olhos azuis, claros e límpidos como um céu de verão encontraram os olhos atormentados dele, que se suavizaram e amansaram ao olhar para ela, cujos lábios entreabertos deixavam entrever a ponta provocante de sua língua entre os dentes.

Ela sustentou seu olhar por alguns longos e perturbadores instantes e por fim disse, um pouco sem fôlego:

— Sua... Sua jaqueta está pendurada no cabideiro da entrada. Você deve tê-la visto quando entrou.

Na verdade, Alexandre não vira nada além de Isabel quando entrou no apartamento, mas agora se dava conta de que era possível que houvesse mesmo alguns casacos pendurados na entrada.

Certo — disse em português com uma expressão um pouco zombeteira no rosto. Mas o que ele esperava, perguntou a si mesmo com amargura. Que ela mudasse de ideia e implorasse para ele ficar? — Obrigado.

Isabel esboçou um leve sorriso por sobre os ombros, mas sua boca se fechou antes que conseguisse dizer qualquer coisa. Ele já mostrara o que pensava sobre ela, através de seu tácito reconhecimento de que não trataria uma garota brasileira com o mesmo desrespeito com que a tratara. Mesmo que se sentisse tentado a jogar sua prudência pelos ares e deixar que fizesse amor com ela, o que suspeitava que ambos queriam, era forçado a lembrar que essa não era uma opção razoável.

Alexandre já tinha alcançado a porta do quarto, mas antes de sair fez uma ligeira inclinação de cabeça.

— Foi um prazer te conhecer, Isabela — ele declarou com uma certa ironia. —Adeus. - Te desejo tudo de bom.

Enquanto Isabel assimilava aquelas palavras, ele foi para a sala, e ela esperou ansiosa que a porta da rua se abrisse e fechasse de novo. Ele ia embora, pensou, consciente de seus pensamentos contraditórios em relação a tal fato. Ele tinha que ir. Mas ela não queria que fosse.

O silêncio era ensurdecedor, e sua ambivalência em relação a sua partida se transformou em uma curiosidade em saber por que ele não saiu. Ela teria ouvido o barulho da porta, assegurou a si própria. O que significava que ele ainda estava no apartamento. Mas por quê?

O que estaria fazendo?

Tinha que descobrir. Pegou uma camiseta que descartara ao ir tomar banho e a vestiu. Mal cobria seu quadril, mas pelo menos escondia mais que sua roupa íntima.

Alexandre estava na sala. Como seu apartamento era no sexto andar, ela não tinha fechado as cortinas. Ele estava de pé na janela e olhava as luzes da cidade.

Ele havia colocado o mesmo paletó que usava quando chegou e ela pôde ver como estava molhado e amassado. Mas isso não explicava por que ainda estava lá, e ela perguntou com a voz vacilante:

— Algo errado?

Alexandre virou-se com as mãos no pescoço e ela notou que ele ajeitava a gravata e o colarinho. Ela se deu conta de que tinha sido muito precipitada. Deveria ter dado mais tempo a ele. Sentia-se tola por incomodar.

— Você tem uma vista interessante aqui — ele disse. — Desculpe, vejo que estou ficando mais tempo do que devia.

— Seu paletó está encharcado — ela disse por fim, incapaz de pensar em alguma outra coisa.

Alexandre torceu a boca.

Está chovendo — disse em português, e repetiu em inglês. — Quando chove, eu me molho. Isabel apertou os lábios.

— Você poderia vestir sua outra jaqueta — ela observou.

— Poderia mesmo — concordou pesaroso ao tirar o paletó de novo. — Como sempre, você é... Como se diz mesmo... Um poço de praticidade, não?

Isabel não se sentia muito prática, sobretudo por só ter se lembrado do seu estado de nudez quando já estava no meio da sala. Mas era tarde demais para falsos pudores. Foi até a entrada, pegou a jaqueta de couro que pendurara ali e a entregou para ele.

— Muito obrigado — disse ao pegar a jaqueta. Ela sentiu o cheiro úmido e masculino de sua pele.

— De nada — ela murmurou. E antes que pudesse evitar as palavras:

— Sua camisa também está molhada.

Alexandre ergueu uma das mãos e alisou a camisa sobre seu peito, A seda grudou em sua pele e ele fez um gesto de confirmação.

— Está mesmo — ele concordou com um sorriso triste. — Infelizmente, não tenho outra para vestir.

— Eu... Eu poderia secá-la — Isabel ofereceu com ousadia.

Ele fez um olhar conservador. - Acho que não.

— Por que não?

— Você sabe a resposta tão bem quanto eu — Alexandre murmurou. Sua voz ficou mais grave ao olhar para a beleza sensual de sua boca. — Ou você é tão imune a essa atração que existe entre nós, que não importa o que eu faça?

Aquilo era tão falso que Isabel só conseguiu olhar para ele com expressão de súplica. Nunca se sentira tão atraída por ninguém, por seu calor e magnetismo, e pela aura indefinível de masculinidade que emanava.

— Importa, sim — ela deixou escapar. E não estava certa do que admitia até que ele colocou a jaqueta de lado e passou um dedo em seu rosto.

Droga — ele resmungou. Então envolveu seu pescoço com a mão e puxou-a de encontro a si para apoderar-se de sua boca.

 

 


CAPÍTULO QUATRO

 

 

Isabel deu um suspiro involuntário ao ser beijada por ele. Otoque de seus lábios era suave e persistente. Só o que ela conseguia era apoiar debilmente suas mãos na camisa dele. A seda molhada umedecia seus dedos e aquela língua quente deslizava dentro de sua boca. Sentia o calor da pele de Alexandre através do tecido da camisa e os músculos fortes de seu peito.

Ele aumentou a intensidade do beijo e passava as mãos na nuca e nos cabelos de Isabel. Acariciou sua orelha e inclinou sua cabeça para trás para pode explorar melhor sua boca.

— Eu... Nós não deveríamos — ela conseguiu balbuciar quando sentiu que ele tirava sua blusa e abria seu sutiã.

Por que não? — usou as mesmas palavras que ela usara antes. — Quer que eu mostre o que você faz comigo?

— Eu só... — O toque de seus dedos em seu seio fez com que ficasse sem respiração e foi uma luta lembrar o que tinha para dizer. —Alexandre...

— Não me diga que não quer tanto quanto eu — ele insistiu. Seu sotaque estava mais acentuado, e seu tom aveludado acalmava seus nervos abalados. — Você quer, não quer? — ele insistiu - Passou a língua em seu seio e ela sentiu o corpo todo incendiar

quando ele colocou um de seus mamilos na boca. Qualquer resquício de resistência era pouco a pouco eliminado pela sua boca e pelo toque de suas mãos. Ela não seria humana se não reagisse a isso.

Ainda assim, lutava para lembrar por que não deveria permitir que ele fizesse aquilo. Mas quando ele segurou suas nádegas e puxou-a de encontro a si, ela sentiu a pressão de seu membro excitado contra seu ventre e ficou com as pernas bambas.

Não? — ele murmurou. Era uma pergunta e uma súplica. Isabel se sentia flutuar. -Eu...

Era impossível falar e, com um gemido de triunfo, Alexandre a levantou em seus braços.

Quero você — disse em português. — Me deixa te provar. Beijou-a de novo enquanto a carregava para o quarto. Sua blusa e seu sutiã tinham desaparecido e, a não ser pela calcinha, estava nua em seus braços.

Alexandre a deitou na cama e tirou a camisa para ficar a seu lado. Beijou-a de novo enquanto ela tentava abrir seu cinto. Ela virou-se e segurou o rosto dele com suas mãos pequenas e quentes.

A deliciosa sensação dos seios dela contra seu peito quase botava tudo a perder. O ímpeto de abrir suas pernas e penetrá-la era quase irresistível, mas estava determinado a fazê-la aproveitar aquilo tanto quanto ele.

Quanto à Isabel, o que restava de consciência em sua cabeça ainda insistia que aquilo não deveria acontecer. Ela nunca foi o tipo de mulher que tem aventuras e, a não ser por David, desconhecia completamente os homens.

Ao sentir que ele abria o cinto e a calça, ela tentou negar o que seu subconsciente a dizia. Mas a palpitação quente que investia contra suas mãos era muito real, muito poderosa. Ele tirou a calça e seu membro estava rígido de excitação.

Quando ela o tocou, Alexandre prendeu a respiração.

Cara... — ele protestou. — Cuidado! — Não tenho tanto controle assim.

Isabel passou a língua em volta dos lábios.

— Mas você gosta que eu te toque? — ela perguntou. Ele deu um riso sufocado.

Sim, gosto — admitiu com a voz rouca. Colocou suas mãos entre a dela e prendeu-as sobre a cabeça de Isabel. Então, seus olhos adquiriram uma expressão possessiva. — Mas eu quero te tocar também. Inteira.

Isabel estremeceu. Era como se seu corpo estivesse em chamas, tamanha a excitação e a ansiedade. Não sentiu a menor vergonha quando tirou a calcinha.

Pela primeira vez na vida estava orgulhosa de sua nudez e da reação de Alexandre a ela. Nunca se sentira assim com David. E só agora entendia o porquê.

Alexandre enterrou o rosto em seu ventre. Seus dedos separaram as dobras úmidas entre suas pernas. Ela estava molhada, molhada e pronta para ele, ele descobriu meio culpado. Por que sentia-se seduzindo uma inocente? Por que achava tão difícil resistir àquela inocência?

Isabel abriu as pernas de modo quase involuntário. As sensações que Alexandre provocava a faziam se sentir fraca e ávida por mais. Até o roçar da barba em suas coxas era estimulante demais para alguém tão inexperiente no sexo.

Era difícil respirar. A atmosfera no quarto estava quente e sufocante. Assim como o sexo que Alexandre fazia, o cheiro de seu corpo era erótico como nunca sonhara. E quando a língua de Alexandre tomou o lugar de seus dedos e penetrou aquelas dobras macias, ela não pôde impedir o grito rouco que escapou de seus lábios.

Estava à beira da loucura, atordoada de desejo e com muita necessidade de aplacar aquelas sensações desconhecidas. Ele levantou a cabeça e a beijou. Depois, abriu suas coxas e deixou que a cabeça de seu membro a penetrasse.

Quero você — ele disse com intensidade. Então, com uma facilidade que ela invejou, abriu suas pernas e a penetrou.

Ele a ouviu prender a respiração quando seu membro forçou seus músculos apertados.

Deus — ele pensou incrédulo, era quase como fazer amor com uma virgem. Seu desprezo pelo ex-marido dela era total.

Mas quando aqueles mesmos músculos alargaram para apertarem-se de novo em volta dele, a intensidade de seu desejo impossibilitou qualquer outro pensamento. Colocou a mão sob as nádegas dela e a levantou para se encaixar melhor. E, de modo surpreendente, ela aceitou, com as pernas enroscadas em seu quadril.

Quando ele começou a alcançar o clímax, ela se mexeu com ele, e então ele pôde ouvir sua respiração entrecortada com um deleite que nunca experimentara antes. Ela era a mulher mais fogosa com quem já fizera amor e ele queria prolongar ao máximo o prazer que compartilhavam.

A reação ardorosa de Isabel o levou a apressar o ritmo de suas investidas. Seus seios estavam rígidos contra seu corpo suado. Até os gritinhos que ela dava eram sensuais ao extremo.

Ele tentou manter o controle, mas era uma batalha perdida. Quando seu orgasmo fez com que seus músculos pulsassem em volta dele e o encharcassem com seu líquido, ele não aguentou mais e, com um gemido final, entregou-se ao jorro de seu próprio prazer.

 

O corpo de Alexandre tinha enfim parado de tremer e ele rolou para o lado para que Isabel pudesse respirar melhor. Foi quando um som estridente atingiu seus ouvidos.

Ele não associou aquele barulho a nada. Ou talvez só não quisesse reconhecê-lo, se deu conta. Mas como o som continuou, foi forçado a identificar que era de seu celular.

Seu rosto estava enterrado no travesseiro, ao lado de Isabel, e ele desejou que alguém desligasse aquela porcaria. Mas lembrou que o telefone ainda estava guardado no bolso de seu paletó, que estava jogado no chão da sala.

Alexandre sufocou um palavrão, apoiou-se nos cotovelos e então ajoelhou-se. Isabel se mexeu, lançando um olhar lânguido em sua direção.

— Que baralho é esse? — ela perguntou. Tentava alcançar o braço dele com a mão. —O que está fazendo? Não quero que saia daqui.

— Acredite em mim, querida, também não quero ir — assegurou-a com a voz rouca. Pegou-lhe a mão e levou a palma à sua boca. Com a língua tocou a pele macia e então acrescentou, contrariado. — Meu celular está tocando.

Isabel franziu a testa.

— Seu celular?

Sim — confirmou. Pulou da cama e pegou sua calça. Pulando em um pé só, conseguiu enfiar a perna na calça. — Me dá licença, querida? Tenho certeza de que é meu pai. Quando ele liga e não atendo, ele conta para minha mãe e ela fica preocupada. — Ele ergueu as sobrancelhas com uma expressão de quem pedia desculpas. — Eles ficam preocupados. Acham que Londres é um lugar perigoso.

Isabel franziu os lábios.

— Não é tão perigoso assim — ela protestou. Alexandre ergueu os ombros em um gesto de resignação.

— Se você diz — ele concordou. Vestiu a calça e sorriu para ela antes de sair do quarto.

Era seu pai, como Alexandre suspeitava, mas não ligou para garantir a si mesmo ou à mãe de Alexandre que estava tudo bem. Ele quase nunca ligava, só em caso de emergência. Dessa vez as notícias fizeram com que Alexandre ficasse frustrado. Fazia uma semana que seu pai ligara a respeito desse assunto.

Agora, embora esperasse dar melhores notícias a seu filho, parecia que a situação piorara.

—Anita não pode cuidar disso? —Alexandre perguntou com impaciência. — Pelo amor de Deus, Miranda só tem 19 anos!

— Anita diz que não sabe mais o que fazer. Sua partida só piorou o problema. Miranda não escuta a mãe. — Seu pai fez uma pausa. — Pelo que entendi sua última reunião foi hoje, não é? Sei que planejou ir daí para Paris, mas acho que deveria voltar para casa, Alexandre. Se você se importa com a garota, deve tentar fazer com que volte à razão.

— Não sou um profissional, papai. — Alexandre passava a mão nos cabelos por pura agitação.

— Mas você parece ser a única pessoa que Miranda vai ouvir. - Roberto Cabral mostrou-se preocupado. — Por favor, Alexandre. Não me faça implorar.

Ao desligar o telefone Alexandre se deu conta de que Isabel estava de pé na porta. Ela vestira sua camiseta e estava descalça.

— O que está acontecendo? — ela perguntou com um olhar confuso.

Ele desejou poder lhe contar.

— Era meu pai — disse ao guardar o celular no bolso da calça. Ele fez uma careta. — Eu tenho que voltar para o Rio de Janeiro assim que achar um voo.

Isabel levou um choque.

— Para o Rio? — perguntou com uma sensação de abandono.

— Infelizmente, sim. —Alexandre parecia falar a sério, mas como ela poderia saber?

— Há algo errado? — perguntou cautelosa. — Sua mãe está doente? Ela não podia imaginar mais nada que pudesse ser tão urgente.

Não. — Alexandre se esforçou para passar na frente dela sem tomá-la nos braços de novo, como tanto queria.

— É um problema de negócios — ele mentiu a caminho do quarto para pegar o resto de suas roupas. Ela o seguiu e enquanto o olhava se vestir apressado, ele acrescentou: — Embora meu pai já tenha se aposentado, ele ainda tem interesse nos negócios.

Isabel mordeu os lábios.

— Entendo.

Alexandre tinha certeza de que ela não entendia, mas para tranquilizá-la teria que trair quem confiava nele. Em lugar disso, disse:

— Não me olhe assim, querida. Eu quero te ver de novo. São só...

— Negócios — Isabel o interrompeu categórica. — Eu sei.

— Torceu a boca — É melhor você se apressar. Não quero que perca seu avião.

Alexandre terminou de abotoar a camisa e a olhou com atenção.

— Não fale com essa amargura, Isabela. Se tivesse algum modo de escapar desse compromisso eu o faria.

— Certo. — Estava claro que ela não acreditava nele e Alexandre não queria de jeito nenhum que tudo acabasse daquele jeito.

— Olha — disse persuasivo. — Eu vou voltar para Londres, mas isso não é o fim para nós dois, prometo.

Isabel contraiu os lábios e balançou a cabeça. Queria acreditar nele. Queria do fundo do coração. Mas, de algum modo, ele ter que sair do país logo quando acabavam de ficar íntimos parecia um mau sinal do destino.

— Não tem importância — ela disse.

Mas Alexandre não podia deixar as coisas daquele jeito.

— Importa sim — disse enquanto calçava os sapatos. — Não quero que pense que não me importo com você.

— E você se importa? — Isabel perguntou entre os dentes. Seu coração dizia que o que ele iria dizer podia acalmá-la.

— Claro que sim. — Ele a olhou de modo intenso só por alguns instantes. Sabia que se a tocasse de novo não conseguiria deixá-la. Ele acrescentou:

— Não imagine que não sei quais são minhas responsabilidades. — Uma cor pálida tomou seu rosto. — Você tem o direito de duvidar de mim. Eu fui... Como é que se diz... Descuidado, não? Eu deveria ter tomado alguma precaução, mas...

0 grito de Isabel o interrompeu.

— Para! — ela ordenou. — Não diga mais nada. Meu Deus! Ela engoliu seco. — Eu me perguntava aonde isso tudo ia acabar. Quase me enganou, sabia? Guarde sua preocupação para você, senhor — ela usou a palavra em português de modo desdenhoso. — Não tem que se preocupar comigo. Posso cuidar de mim mesma.

— Isabela...

— E não me chame assim. Meu nome é Isabel. Apenas vá, certo? Antes que algum de nós dois diga algo de que possa se arrepender.

— Isabel, por favor.

— Não.

Havia uma perturbação em sua voz e ela rezou para que ele não a percebesse. Não queria desmoronar na frente dele, disse a si mesma. Não iria! Mas queria. Queria gritar ao mundo seus sentimentos.

Ela caminhou decidida até a porta e se recusou a olhá-lo enquanto ele pegava seu paletó e a seguia.

Querida — disse em um tom aflito.

Mas ela só balançou a cabeça.

— Faça uma boa viagem — disse de modo lacônico e abriu caminho para ele passar. Então fechou a porta e a trancou antes de deixar que as lágrimas rolassem em seu rosto.


CAPÍTULO CINCO

Três anos depois

 

Vista do alto, a cidade do Rio de Janeiro era impressionante: o Pão de Açúcar, a estátua do Cristo sobre o Corcovado e as gloriosas praias que circundam a Baía de Guanabara.

Isabel lera que os colonizadores pensaram que a baía fosse uma embocadura de um rio e, como chegaram no mês de janeiro, deram à cidade o nome de Rio de Janeiro.

Ela leu bastante durante a viagem. Queria aprender o máximo sobre a cidade e seu povo e aproveitou as 11 horas de voo para estudar. Decidiu que teria tempo suficiente de aprender sobre sua entrevistada quando a conhecesse pessoalmente. Ela sabia que Anita Silveira era uma escritora famosa. Por ter lido muitos livros seus, parecia que já sabia um pouco sobre as mulheres locais.

Ela se dava conta da ironia em aceitar aquela missão no Brasil. Tia Olívia não queria que fosse, e até mesmo seu tio tinha suas reservas. Mas, aparentemente, a sra. Silveira lera os artigos de Isabel e pediu que fosse ela a fazer a entrevista, por ser uma oportunidade tão importante para a revista Lifestyles,Sam Armstrong teve que concordar que ela fosse.



  

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