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Título original: SPANISH MAGNATE, RED-HOT REVENGE

Copyright © 2009 by Lynn Raye Harris

Originalmente publicado em 2009 por Mills & Boon Modern Romance

 

Arte-final de capa: núcleo i designers associados

Editoração Eletrônica: ABREU'S SYSTEM

Tel.: (55 XX 21) 2220-3654 / 2524-8037

Impressão: RR DONNELLEY

Tel.: (55 XX 11) 2148-3500

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Aos cuidados de Virgínia Rivera

virginia.rivera@harlequinbooks.com.br

 


 

 

CAPÍTULO UM

 

 

― Quem é aquele cara?

Sônia Leyton foi até onde Isabel tentava impedir que um dos convidados bêbados derramasse mais vodka no ponche e cutucou seu braço.

— Quem é ele? — ela insistiu ao ver que Isabel parecia ignorá-la. — Por favor, querida. Você deve saber. Você o convidou.

— Correção... Júlia o convidou — Isabel deu uma resposta breve ao conseguir impedir que Lance Bliss transformasse uma mistura já potente em pura dinamite.

— Sua estraga-prazeres — ele resmungou. Levou a garrafa aberta aos lábios e deu um generoso gole. — Pega leve, tá? Isso era para ser uma festa.

— Não uma vigília — Isabel respondeu ao imaginar o que todo aquele álcool poderia causar. — Honestamente, se eu soubesse...

— Você ainda não me disse quem é aquele cara — Sônia protestou, obcecada pela resposta. — Você pode até não tê-lo convidado, mas o apartamento é seu. Você deve saber quem a Júlia chamou.

Isabel deu um suspiro de cansaço e olhou na direção que Sônia indicava, embora isso não fosse tão necessário. Ela notara aquele homem assim que Júlia o deixou entrar. Cruzaram brevemente o olhar e ela disse a si mesma que a reação que teve foi por ele não parecer inglês. Mas na verdade, era o homem mais atraente que já vira.

Moreno e alto, com o cabelo liso na altura dos ombros. Era mais novo do que Júlia, suspeitava. Não sabia qual era a cor dos seus olhos, mas tinha quase certeza de que também eram escuros, o que complementava seus traços meio rudes, bastante masculinos.

Naquele exato momento, ele estava encostado no parapeito da janela com uma das mãos apoiada na coxa, enquanto com a outra segurava uma garrafa de cerveja. Mas ele não parecia estar interessado nem na cerveja, nem na festa ou na mulher que apoiava o braço em seu ombro de maneira possessiva.

— Não sei o nome dele — Isabel disse. Estava se perguntando por que Sônia não ia perguntar a Júlia quem ele era. Embora a resposta fosse óbvia. Júlia não queria Sônia rondando seu território.

— Droga! — Sônia parecia desapontada. — Tenho quase certeza de que já o vi antes. — Bateu de leve nos lábios com um dedo com a unha pintada de vermelho. — Será que foi no Hampden na semana passada? Oh, mas você não saberia dizer — acrescentou com um olhar meio desdenhoso para Isabel.

— Você não gosta de festas, não é?

— Não de festas como essa — Isabel concordou com certa ironia. Já estava quase arrependida por ter aceito o pedido de Júlia, mas seu apartamento era bem maior que o dela, e teria sido rude não ajudar a amiga.

— Bem, vou ter que descobrir por mim mesma — Sônia comentou enquanto se servia de uma abundante quantidade de ponche. — Tem algum álcool nisso? É tão suave...

Isabel balançou a cabeça, sem se importar em responder. Se Sônia achou que o ponche estava fraco, era porque estava habituada a tomar bebidas fortes. Isabel sabia que Júlia colocara uma garrafa inteira de rum na mistura de vinho e suco de fruta que preparou. E era tudo que sabia sobre isso. Mas não duvidava que a amiga tivesse misturado mais alguma bebida ao ponche.

Ao olhar em volta da sala pôde ver que muitos convidados pareciam estar arrasados. Ela avisara a sua amiga que não admitiria drogas, mas se perguntava se algumas daquelas pernas bambas e olhos vidrados não seriam causados por mais do que uma mera mistura de bebidas. A música também estava alta demais. Alguém tinha colocado hard rap[1] para tocar, no lugar do rock que Mia escolhera mais cedo. Ao ver os convidados girarem no chão, Isabel se sentiu velha, embora não conseguisse se lembrar de já ter se comportado de modo tão promíscuo. Nem quando era adolescente. E como aquilo tudo era lamentável...

 

No entanto, ela teria que sobreviver ali muito depois que a festa terminasse, e sabia muito bem que seus vizinhos do prédio em Mortimer Court não suportariam se a festa virasse uma rave[2]. Sua vizinha de porta, a sra. Lytton-Smythe, já protestara contra a quantidade de carros bloqueando a entrada da garagem subterrânea. E os dois médicos que ocupavam o apartamento abaixo tinham pacientes agendados bem cedo na manhã seguinte.

Júlia sugeriu que Isabel convidasse todos seus vizinhos para a festa para desencorajar qualquer objeção, mas isso não era uma boa saída. Nenhum dos vizinhos de Isabel compareceriam à farra barulhenta que aquilo estava se tornando.

Isabel deu um suspiro antes de sair da sala grande, que em circunstâncias normais servia como sala de estar e de jantar, e se dirigir para a pequena cozinha ao lado. O barulho da música não era tão alto ali e ela olhava para as latas e garrafas de vinho vazias e para os restos da comida que os convidados de Júlia haviam trazido. Uma olhada em seu relógio revelou que já passava da meia-noite, e ela se perguntava o quanto sua amiga ainda esperava que a festa durasse.

Isabel estava cansada. Estava de pé desde as 6h30 da manhã para tentar terminar o texto sobre um famoso maquiador que ela prometera que estaria na mesa de seu editor na manhã seguinte. Ou melhor, naquela manhã, ela corrigiu. Perguntava a si mesma se deveria ter pedido à Júlia para adiar sua festa até o final de semana. Mas hoje, ou melhor, ontem, foi o aniversário de 30 anos de Júlia e teria sido egoísmo lhe negar que comemorasse no dia.

 

Isabel virou-se e chegou a engasgar ao ver o homem que estava de pé apoiado no batente da porta. Era o homem sobre quem Sônia perguntara. Ele era magro e, sem sombra de dúvida, sexy, em um jeans justo e uma camisa de seda preta com as mangas enroladas até os cotovelos.

— Oh — ela murmurou meio sem jeito, sem poder dizer seu nome, que não sabia qual era. — Oi. — Fez uma pausa. — Quer alguma coisa?

Não quero nada, obrigado — ele respondeu em outra língua, com uma voz grave e sensual.

— Não quero nada, obrigado — ele repetiu em inglês o que acabara de dizer. — Procurava por você.

— Por mim? — Isabel não poderia estar mais surpresa. Em geral, não tinha muita coisa em comum com os amigos de Júlia. Estudaram juntas na universidade, mas depois pouco se viram durante cinco anos. Só quando Isabel voltou a morar em Londres é que elas retomaram a amizade.

Sim — ele concordou com um sorriso. — Eu acho que, como eu, você está, como se diz... Entediada com essas pessoas, não?

Isabel franziu a testa. Então ele era português, ela pensou, ao reconhecer aquele "não" engraçado de sua língua. Mas Júlia não teria gostado se pudesse entender o que ele dizia. Passara a noite inteira repetindo aquela palavra.

— Eu estava só... arrumando — disse por fim, sem acreditar que ele estivesse ali só para vê-la. Pelo amor de Deus, ele não parecia o tipo de homem que se interessaria por alguém tão comum. Ela era bem atraente para uma jovem mulher que se casara e separara em apenas dois anos, mas com certeza não era uma loira alta como Júlia ou Sônia.

Quê? — ele perguntou em português com expressão incrédula. — Não acredito que você seja só uma empregada.

— Oh, não — Isabel achou graça. — Esse apartamento é meu. Júlia, sua namorada... — Por que era difícil para ela dizer aquilo?

— Ela é só uma amiga. — ele disse.

— Ah.

Ele apoiou a cabeça no batente da porta e a estudou com olhos que, ela agora via, serem de um estranho tom âmbar. Emoldurados por grossos cílios pretos, eles lhe causaram um arrepio e ela repreendeu a si mesma ao perceber que era a primeira vez que se sentia atraída por um homem desde que David a deixara.

Ele se endireitou e dirigiu-se para o fundo da cozinha. Ela arregalou os olhos, um pouco por apreensão, mas também por uma intuição que nunca teve antes. Se controla, menina, ordenou a si mesma. Achou que talvez tivesse tomado muito ponche.

Mas tudo que ele fez foi colocar a garrafa de cerveja que segurava no escorredor de pratos. Ele fez uma expressão de quem achou engraçada sua reação não muito sutil.

Sem voltar para onde estava, perguntou:

— Então você deve ser Isabel, não?

— Sim! — Isabel replicou, um pouco sem ar. — Isabel Jameson. — Ela hesitou antes de perguntar: — E você é...?

— Meu nome é Alexandre. Alexandre Cabral — ele respondeu inclinando levemente a cabeça. — Muito prazer — disse em português.

— Como vai? — Isabel ficou atordoada quando ele lhe apertou a mão. Ela não estava acostumada a esse tipo de apresentação formal, embora imaginasse que em seu país essas antigas cortesias ainda existissem.

— Muito bem, obrigado, srta. Jameson — ele respondeu com um tom de voz suave, pegando uma de suas mãos e levando aos lábios.

Mas, embora Isabel esperasse que ele tocasse os nós de seus dedos com os lábios, Alexandre virou sua mão para beijar-lhe a palma. E por um breve momento ela teve quase certeza de que sentiu a língua roçar sua pele, mas estava tão perplexa com tudo aquilo que poderia ter sido só imaginação.

Ela teria tirado logo a mão, esfregado a palma em sua calça de algodão creme e fingido que nada acontecera, mas ele não permitiu. Continuava a segurar-lhe a mão e olhá-la nos olhos de modo intenso. E ela sabia que ele percebia que a desconcertava, tanto pela audácia quanto pela reação relutante dela.

— Sr. Cabral...

— Pode me chamar de Alexandre — ele interrompeu com a voz rouca. Isabel sentiu sua boca ficar seca.

— Contanto que me permita chamá-la de Isabel. É um nome tão bonito. O nome de minha avó é Isabela. É um nome muito popular em meu país.

Isabel passou a língua em seus lábios ressecados e sacudiu a cabeça perplexa. Ela não sabia onde ele aprendera suas técnicas de sedução, mas duvidava que tivesse sido ali. Imaginava que ele devesse ter 25 ou 26 anos. E ela já tinha quase 30. Ainda assim, ele a fazia se sentir inexperiente e inadequada.

— Pode me chamar como quiser... Alexandre. Contanto que solte minha mão. — Ela conseguiu soltar seus dedos e forçar um sorriso. — Não está gostando da festa?

Ele encolheu os ombros largos sob o tecido caro de sua camisa.

— Você está? — ele replicou. — É por isso que está escondida aqui?

Isabel arqueou suas sobrancelhas bem mais escuras que seu cabelo cor de mel.

— Não estou me escondendo — lhe assegurou com firmeza. — E se estivesse, parece que não estou conseguindo fazer direito, não?

Alexandre a olhou com olhos semi-cerrados.

— Poderíamos nos esconder juntos — ele sugeriu enquanto passava o dedo sobre seus lábios e queixo. —Você gostaria? ...

Isabel deu um passo involuntário para trás.

— Não, não gostaria! — exclamou irritada consigo mesma por permitir que aquilo acontecesse. Não importava qual fosse a impressão que dera, ela não estava interessada em uma aventura de uma noite. Que Mia satisfizesse sua libido. Ela não queria se envolver com ninguém.

Mas, infelizmente, tinha um engradado vazio bem atrás dela. Ao apoiar-se no balcão para não cair, seus dedos roçaram sem querer a cintura musculosa dele. Ela sentiu na mesma hora o calor que a tomou quando ele a tocou um pouco antes. Mas quando ele ia ajudá-la a se equilibrar ela, mais do que depressa, se afastou.

— Eu acho que deveria voltar para a festa, sr. Cabral — ela recomendou, apesar de tê-lo chamado só de Alexandre antes.

— Estou certa de que Júlia deve estar se perguntando onde está.

— E por que isso teria importância? — ele perguntou em um tom de voz cada vez mais íntimo.

— Bem, porque provavelmente é importante para Júlia — Isabel retrucou com ironia. — Imagino que vocês tenham muitas festas em Portugal.

Ele encolheu os ombros e chegou para trás para esticar os braços no balcão atrás dele.

— Não sei das festas em Portugal — observou de modo seco. — Eu não sou português, sou brasileiro.

Por um momento, Isabel esqueceu de seu tornozelo dolorido por causa do engradado e que estivera tentando afastá-lo. Disse com uma expressão de surpresa:

— Que fascinante! Eu sempre quis conhecer a América do Sul.

Verdade?

Ela não sabia o que aquela palavra em português significava, mas continuou, sem se importar.

— Então está trabalhando aqui em Londres? Também trabalha com publicidade?

— Ah, não. — Fez uma expressão de deboche. — Fazer propaganda de mim mesmo não é o meu negócio.

— Entendo — Isabel disse. Embora tenha pensado consigo mesma que era uma pena. Ela quase podia vê-lo saindo nu do mar, promovendo uma fragrância sexy masculina. — Então... O que você faz? — ela prosseguiu, com medo que seus pensamentos pudessem ser lidos em seus olhos. — Está de férias?

— De férias? — Ele pareceu achar engraçado. E então, ao ver sua expressão confusa, explicou: — De férias? Na Inglaterra... Em novembro? Acho que não — disse em português, e depois repetiu em inglês.

— Oh, entendo... — Isabel disse a si mesma que não estava tão interessada e foi buscar a garrafa que ele descartara. Mas só depois de pegá-la percebeu que ainda estava meio cheia. Derramou cerveja em sua camisa e teve que sufocar um palavrão.

— Que droga — ela disse, incapaz de resistir à imprecação. — Você podia ter avisado que não bebeu tudo.

Sinto muito! — Alexandre foi até ela e tirou a garrafa de seu alcance. — Sinto muito, repetiu, dessa vez em inglês. Jogou a garrafa na pia e olhou para a camisa molhada que delineava o busto de renda de seu sutiã meia-taça.

— O que posso fazer para ajudar? — Colocou os dedos sobre os botões de sua camisa. — Por favor, deixe-me tirar isso.

Isabel engasgou incrédula e deu um tapa em suas mãos.

— O que pensa que está fazendo? — ela protestou. — Não faça isso! E se alguém entrar?

Alexandre moveu a boca de modo sensual, mas obedeceu e tirou as mãos de seus ombros.

— E essa é a única razão pela qual quer que eu pare? — ele a provocou, com aqueles olhos âmbar em fogo. — Muito bem.

Isabel percebeu que tremia e isso a deixou furiosa. Por Deus, o que havia de errado com ela? Mesmo quando encontrara David pela primeira vez não se sentiu tão vulnerável. Ou tão animada, admitiu com pesar.

— Acho que deveria me soltar, sr. Cabral — disse com severidade. — Acho que teve uma impressão errada de mim.

— E se eu não quiser? — ele murmurou enquanto colocava os dedos dentro da gola de sua camisa.

— Não acho que isso tenha importância — ela replicou, sem deixar que ele visse como a perturbava. — Não sei o que Júlia disse sobre mim, mas não estou interessada em sexo casual.

Aquilo o chocou. Ela viu seus olhos escurecerem. A cor âmbar deu lugar a um tom mais sombrio. Mas nem assim ele a soltou.

— Nem eu — ele informou categórico. — E Júlia não me falou nada sobre você. Por incrível que possa parecer.

Isabel corou.

— Eu só quis dizer...

— Eu sei o que quis dizer, querida. — Seus olhos a trespassaram. — Mas não penso que seja virgem, não.

Seus dedos a apertaram um pouco e ela prendeu a respiração.

— Sou divorciada. Agora, por favor, gostaria que me soltasse.

— Te ofendi? Não era minha intenção.

— Não? — Isabel pensou que sabia muito bem o que ele pretendia. Mas agora estava mais preocupada em afastá-lo um pouco. Estava tão próximo que não conseguia respirar. Com aquele hálito morno em sua testa e aqueles dedos em sua pele, ela estava vulnerável demais. — Bem, seja lá o que for que pretendia, não estou interessada em massagear seu ego.

— Meu ego? — ele pareceu achar engraçado. — Então você acha que sabe que tipo de homem sou?

— Acho que é muito seguro de si — ela declarou com firmeza. — E, não importa o que diga, também duvido que seja virgem.

Ele sorriu, mostrando seus dentes brancos entre a curva sensual de seus lábios.

Está certa — disse em português. — Tem toda razão. Dormi com mulheres, sim. Quer saber com quantas?

— Não! — Ela parecia horrorizada. Ele deu uma risada baixa.

— Achei que não — disse presunçoso. E antes que ela suspeitasse o que ia fazer, ele inclinou a cabeça e pegou o cantinho de seu lábio inferior com os dentes.

A mordida foi mais prazerosa do que dolorida. Ele passou-lhe a língua nos lábios e então se apoderou de sua boca e colocou a língua entre seus dentes.

Colocou a mão em seu pescoço e ela sentiu que ele afrouxava o nó que prendia seu cabelo. Ela o prendera mais cedo, mas agora se dava conta de como estava mal feito. Fios sedosos caíram sobre suas orelhas e sobre os nós dos dedos dele. Ele deu um gemido de satisfação.

Ela fez um protesto abafado que não era de todo verdadeiro. Aquele gesto inesperado a deixou com uma estranha sensação de irrealidade. Isso não poderia estar acontecendo, pensou. Não com alguém como ela. David sempre dissera que ela era frígida, mas nos braços de Alexandre o sangue fervia em suas veias.

 

Ele a imprensou contra o balcão, seu corpo forte parecia feito sob medida para ela. O beijo tornou-se mais profundo enquanto a puxava pelo quadril de encontro a ele, o que fez com que qualquer pensamento de recusar sexo com ele desaparecesse por completo...

— Que diabos você pensam que estão fazendo?

Isabel ouviu a reclamação ao longe. Mas seu significado não foi registrado até sentir as unhas enfiadas em seu braço e ser arrancada de perto de Alexandre.

Então viu Júlia e a expressão no rosto da amiga fez com que sentisse vergonha. Que substituiu o que ela mais tarde descreveria como euforia completa. Ela tinha certeza de que deveria estar fora de si.

— Júlia — disse ao virar-se para olhá-la. — Eu... Não é o que está pensando.

— Ah, não? — Júlia não parecia estar convencida. — Meu Deus, isso é sangue na sua camisa?

Isabel quase desejou que fosse, assim poderia alegar que Alexandre só a consolava. Mas duvidava que Júlia acreditaria.

— É cerveja — admitiu constrangida. — Eu derramei em cima de mim mesma.

— Não era só isso que estava em cima de você. — Júlia estava amarga. — Pensei que fossemos amigas, Issy.

— Nós somos...

— Então está bêbada, é isso? Será que com a quantidade de homens que há aqui você tinha que atacar logo o que está comigo?

— Júlia...

Se me dão licença. — Alexandre estivera quieto ouvindo a discussão, mas resolveu intervir. — Eu vim para a festa sozinho, Júlia — disse com frieza. — Posso ser muitas coisas, menos seu namorado.

— Oh, por favor... — Isabel tentou mais uma vez. Mal olhava para o rosto de Alexandre. Não ousaria encará-lo. Não queria que ele notasse o que não admitia nem para si mesma.

No entanto, percebeu como ele estava imóvel, com as mãos enfiadas nos bolsos de trás da calça. Ainda podia sentir a carícia daquelas mãos, pensou meio entorpecida. Mas a expressão do rosto dele não combinava com seus pensamentos.

— Estávamos juntos mais cedo! — Júlia exclamou. — Nem estaríamos aqui se não fosse por minha causa.

— Não sabia que seu convite vinha, como se diz em inglês... Com algemas — ele respondeu com frieza. — Você está fora de si, Júlia. Não preciso da sua permissão para falar com a srta. Jameson.

— Para falar? — Júlia riu indignada. — É assim que você chama? Quando entrei você estava com a língua quase na garganta dela.

— E o que você tem a ver com isso? — Isabel notou que seu sotaque aumentara. — Sugiro que saia daqui, Júlia. Somos adultos. Não precisamos que tome conta da gente.

— Talvez seja melhor que o sr. Cabral saia — Isabel se atreveu a dizer, sem olhar para ele. — Está ficando muito tarde.

— Você não fala sério! — ele exclamou com indignação. Mas antes que ela pudesse responder, Júlia interveio.

— Fala, sim. — disse com uma expressão de triunfo. — Tchau, tchau, Alex. Te vejo na semana que vem.

Isabel olhou para o rosto de Alexandre. O que aquilo tudo significava? Mas ele já se dirigia para a porta e, por um momento, achou que ele fosse sair sem dizer mais nada.

No entanto, se deteve à soleira da porta. Segurava a maçaneta com uma das mãos e com a outra jogou o cabelo para trás.

— Ainda não acabamos, Isabel — informou com voz suave. Ela não sabia se aquilo era uma promessa ou uma ameaça. Volto mais tarde.

E o que significaria aquela frase em português?

Boa noite, senhoras.

 

 


 

 

CAPÍTULO DOIS

 

 

Depois que Alexandre foi embora, instalou-se um silêncio constrangedor. Então Júlia disse:

— Foi engraçado, não foi?

Isabel espremeu os lábios.

— Foi, mas prefiro não falar sobre isso, se não se importa. Ao olhar para seu relógio de pulso, notou como sua camisa estava colada ao corpo e ficou envergonhada por sua aparência.

— Está tarde, como eu disse. Talvez fosse uma boa ideia se terminássemos tudo agora. Já é mais de 1h e...

— Está brincando? — Júlia ficou de queixo caído. — Issy, não pode fazer isso. As coisas estão começando a esquentar.

— Fez um gesto de impaciência. — Só porque você ficou meio bêbada e seduziu Alex, não vou botar tudo a perder. Somos amigas há muito tempo para deixar que um homem...

Isabel ergueu uma das mãos para pedir que se calasse.

— De onde você o conhece? E o que quis dizer quando falou que o veria na próxima semana?

— Oh. — Júlia parecia ter ficado tímida. — Ele não te contou? Bem, eu acho que ele não teve chance de fazê-lo, não é? Nós, quero dizer, a agência está fazendo um trabalho para a empresa dele. A Cabral Leisure é bem forte na América do Sul. Eles querem entrar no mercado europeu e escolheram nossa agência para promovê-los.

— Oh, entendo.

— É. Nosso Alex é importante, Issy. Por isso fiquei tão irritada quando vi vocês dois juntos.

— Verdade? — Isabel não conseguia acreditar naquilo, mas Júlia continuou.

— É sério, Issy. Nem eu mesma acreditei quando ele aceitou meu convite. Acho que ele estava entediado. Não é sempre que caras como ele vão a bairros pobres.

Isabel jogava as latinhas vazias que estavam espalhadas pela cozinha na lixeira. Ela quis dizer que seu apartamento não era tão pobre assim, mas não queria dar a Júlia outra desculpa para que fosse condescendente com ela. Além disso, se ele era rico como ela dizia, talvez estivesse mesmo certa. Pelo menos, quanto a ele não se misturar com o povo todo dia.

— De qualquer modo, só porque ele foi embora não significa que tenhamos que arruinar a festa. Mais uma hora, Issy? Querida, por favor. E aí então eu expulso a gangue daqui, prometo.

 

Alexandre voltou para seu hotel.

Era uma noite bem quente para Londres, em novembro, o que era ótimo, já que na pressa deixara sua jaqueta de couro no apartamento de Isabel.

Não foi de propósito, se consolou. Ele ficou com tanta raiva quando ela o pediu para ir embora que não pensou em mais nada a não ser sair dali.

Mas agora a ideia de rever Isabel o intrigava. Quando sua irritação passou, lembrou de sua doçura antes que Júlia os interrompesse. A maciez de sua pele e sua boca provocante.

Isabel, ele devaneou. Isabela. Ela com certeza era diferente das outras garotas da festa. Seu jeito um pouco tímido o fazia lembrar das garotas de seu país, embora ele imaginasse que ela possivelmente nunca tenha tido uma dama de companhia a vigiando.

Só a Júlia...

Ele torceu a boca. Quando ela o convidara para a festa, ele não pretendera aceitar. Embora estivesse trabalhando com a agência, não tinha o hábito de misturar trabalho e prazer. Mas ela foi tão insistente que ele cedeu. Afinal de contas, apesar do desejo de seus pais, ele não tinha compromisso sério com ninguém.

Fez uma cara feia. Não queria pensar em Miranda naquele momento. Não enquanto pensava em Isabel. Ela estava tão linda e sexy em seus braços. Perguntava a si mesmo quantos anos teria. Da mesma idade que ele, imaginou, mas parecia mais nova. Era incrível que já tivesse se casado e divorciado. Ela parecia tão inocente. Ele queria vê-la de novo. Mas será que ela queria vê-lo?

Ficou desapontado por ela não estar em casa quando foi a seu apartamento na manhã seguinte. Em vez disso, uma senhora tagarela saiu do apartamento ao lado e o abordou.



  

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