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CAPÍTULO NOVE



CAPÍTULO NOVE

 

— Você está bem?

— Estou — respondeu ele, enxugando o suor da testa. Estava perdendo o controle.

Então, falou tenso:

— Você não entrou em contato comigo depois que saiu do hotel.

Os olhos de Helen se arregalaram, parecendo ino­centes.

— Fazer contato? Por que eu faria isso?

— É o que geralmente um homem e uma mulher fazem depois de irem para a cama juntos. Não finja... que o acontecido nada significou para você. Ou vai dizer que não era a primeira vez que fazia amor?

— Seria tolice, mas você era casado. Achava que eu não me importaria?

— Eu já disse que estava separado quando fui para a Inglaterra. Mas você disse algo: quando falou com Eleni?

— Ela telefonou para o hotel.

— Que hotel? — Estava assombrado.

— Mmm. Em quantos você ficou?

— Quer dizer, o hotel onde nós...

— Onde me seduziu? Aquele.

— Como? Ela não sabia onde eu estava.

— Alguém deve ter contado. Era segredo? Milos balançou a cabeça, ignorando a pergunta dela.

— Quando ela telefonou?

— Você deve lembrar que foi para o banheiro... se livrar da evidência. Ela ficou muito surpresa quando atendi ao telefone.

— E o que você disse?

— Não expus o seu segredinho sujo. Ela pareceu suspeitar. Foi por isso que se divorciou?

— Por favor, eu já contei como foi. Não havia amor entre nós.

— Não foi o que pareceu.

— Não me interessa a sua impressão — retrucou ele, a mente cheia das imagens daquela noite. Lem­brava-se de ir ao banheiro para se livrar do que mos­trava a evidência da falta de preservativo. Lembrava-se de ter aberto o chuveiro, molhando o corpo quente com água fria. Até lembrava ter pensado que Helen poderia se juntar a ele. Mas, quando voltou, ela já partira.

— Então, por que você não esperou e contou? Por que não me perguntou sobre Eleni, em vez de se afas­tar como uma criança mimada?

— Porque eu era. Uma criança, pelo menos. E quando ela me disse que você não viera para a Ingla­terra de férias, como você dissera, mas para me fazer mudar de idéia sobre meu pai, achei que as suspeitas da minha mãe estavam certas. Não imagino por que você pensou que me seduzir me faria simpatizar mais com Sam.

— Eu não a seduzi! Então por isso é que se recu­sou a falar novamente comigo.

— Entre outras coisas. Senti pena de sua esposa. Ela parecia simpática. Lembro que dei uma desculpa, de estarmos indo jantar e que você tinha esquecido algo. Disse que você estava no banheiro e ela não quis perturbá-lo.

— Não acredito! — Milos estava furioso. — Aquela mulher manipuladora deixou você pensar que eu a estava traindo, mentindo. Você devia ter pergun­tado de qual cama ela falava naquela noite, pois ga­ranto que não era da dela.

— E isso isenta você de culpa?

— Nunca disse isso.

— Não, mas provou que você e meu pai eram; iguais.

— Não! Sam não sabia de nada e ainda não sabe. Ele teria me matado se soubesse o que fiz.

— Um ponto para meu pai.

— Ele confiava em mim e eu o traí.

— E ele traiu minha mãe. Empataram.

— Não é bem assim.

— Não. Sam se divorciou e casou com Maya.

— Quero dizer, o nosso... relacionamento, roman­ce... foi curto demais.

— E de quem é a culpa?

— Bem, não minha. Eu tentei vê-la, Helen. Você sabe. Mas você se escondeu atrás daquela sua mãe de pedra, e eu tive que voltar para a Grécia.

— Conveniente!

— Não foi conveniente. Eu não sabia que Eleni enchera sua cabeça de mentiras e tinha trabalho para fazer, pessoas que dependiam de mim para viver. Pelo que sei, você deixou bem claro que não queria mais nada comigo.

— Bem, agora é tarde demais. — Helen prendeu a língua entre os dentes, dando um pequeno assobio de... quê? remorso? lamento? — Pena que você não contou a verdade desde o início. Teria poupado...

Parou subitamente e Milos franziu o rosto.

— Teria poupado o quê? — Deu um passo para ela. — Helen...

— Creio que é o café que pediu — disse ela rapi­damente. Impaciente, ele viu a empregada chegando, carregando uma bandeja.

Theos! — Em sua frustração, teve que se esfor­çar para não passar a raiva para a mulher idosa. — Deixe na mesa — falou ele, e Andréa balançou a ca­beça grisalha.

Conforme Milos esperava, Helen tomou a pausa como uma interrupção na discussão, mas não a deixa­ria fugir para sempre.

Ela se aproximou da mesa, sentando numa das ca­deiras e pegando o bule.

— Leite e açúcar? — perguntou educadamente, mas Milos queria terminar a conversa.

— De qualquer jeito — respondeu seco, observando-a servir a bebida. Mas não conseguiu evitar o pra­zer ao ver a mão dela tremer quando passou a xícara.

Também percebeu que, mesmo servindo café para si, não o tomou, preferindo um dos biscoitos de mel que a empregada trouxera.

Milos tinha jurado que ela não o distrairia nova­mente, mas seu estômago revirou vendo-a comer o biscoito.

Ao terminar, ela levantou, caminhando para os de­graus que levavam à piscina.

— Você queria dizer aquilo? Sobre eu dar um mer­gulho na piscina?

Milos conteve um gemido.

— Se quiser.

— Queria que me levasse para a casa de seus pais Mas, como estou aqui... infelizmente, não trouxe roupa de banho.

— Qual é o problema?

— Para você, talvez nenhum, mas não costumo ti­rar minhas roupas diante de um homem estranho.

— Nem eu.

— Nem diante de mulheres estranhas. Atualmen­te, tenho um pouco mais de auto-respeito.

O duplo sentido da frase não escapou a ele. Ace­nou na direção das cabanas de madeira, ao final do deck da piscina.

— Lá você encontrará tudo o que precisa. Depois de hesitar, ela tirou as sandálias de salto e desceu os degraus de pedra, lançando um sorriso para ele, quando olhou para trás. Ele sentiu uma emoção súbita. Theos, esse não devia ser um passeio de pra­zer, e ele a divertia, sabendo que evitava suas pergun­tas.

Mas, cedo ou tarde, ela teria que responder, pen­sou. Só precisava de um pouco de paciência e não ha­via lei dizendo que ele não podia se divertir.

Alguns minutos depois, ela saiu da cabana. Ele meio que esperava que ela pensasse melhor ao ver os biquínis, mas devia achar que, nadando um pouco, ganharia tempo.

O biquíni escolhido, em azul escuro e branco, ti­nha as duas partes pequenas. Um rosado, que podia ser causado pelo sol, coloria seu rosto, quando o viu esperando por ela, e se moveu depressa para a pisci­na, dando um mergulho perfeito.

Milos estava impressionado, vendo que era uma boa nadadora.

Quando ele desceu, parando perto da piscina, não pode evitar vê-lo, os pés separados, os braços cruza­dos no peito, como se num gesto de defesa. Ele queria desconcertá-la.

Milos estava enraivecido e encalorado. Estava sendo ignorado e precisava pensar em algo.

Antes de perceber que ela o enlouquecia, já tinha desabotoado e tirado a camisa. Tirando as botas que usara para dirigir a Harley, abriu o jeans, tirando-o e enfiou os polegares na cueca, hesitando. Em respeito à sua convidada, Milos não foi em frente e mergu­lhou, emergindo a poucos centímetros dela.

Indignada, ela olhou-o, como se ele não tivesse o direito de usar a piscina, antes de virar na direção das escadas.

— Espere!

Milos pegou o seu braço e ela lutou um instante, hesitando. Milos aproveitou a distração, trazendo-a para perto. Deixaria ela se afastar quando quisesse, pensou sombrio, mas o seu corpo já o traía.

Não conseguia deixar de perceber a suavidade de sua pele e o que a sua proximidade causava.

— O que quer? — perguntou ela, e ele percebeu um tremor em sua voz e sua respiração descontrola­da. — Está nu?

— Que pergunta é essa?

— Uma bem simples. Não vi você indo à cabana,

— Não fui. Isso importa?

— Não para mim — respondeu ela, tentando ficar afastada. — Não é como se eu não tivesse visto an­tes.

— Tudo bem. Só para que tenha certeza, não estou totalmente nu.

— Não importa. É apenas mais uma das suas.

— Acha que estou mentindo?

— Eu não disse isso.

— Mas acha. Pode acreditar, não estou.

— Tudo bem.

O distanciamento dela o humilhava e, quando ela virou para se afastar, sua raiva voltou.

Sem pensar, puxou-a para ele. Passando uma das pernas em volta dela, apertou-a contra a parte inferior de seu corpo, perguntando:

— Agora acredita em mim?

Tomada de surpresa, ela passou um braço pelos ombros dele, para se equilibrar, os dedos pegando um punhado de cabelos na nuca dele, o corpo esbelto cur­vando instintivamente contra o dele.

Ele sentiu a ereção segundos antes dela. Estava tão próxima que ele podia sentir os mamilos encostados em seu peito, sob o tecido fino do biquíni.

De repente, queria vê-la nua. Seus polegares po­diam enganchar no sutiã sexy, puxando-o com força; para a cintura. Sabia que a parte de baixo também não ofereceria resistência.

Tentou se controlar. Não a trouxera aqui para isso.

Mas segurá-la assim, sentindo-a se retorcendo contra ele, trouxe lembranças de porque agira tão es­tranhamente anos atrás. Nunca usara sexo indiscrimi­nadamente, e fora apenas a atração bruta que ela cau­sara que o deixara daquela maneira. Desde o momen­to em que a conhecera, ela exercera um poder incrí­vel sobre ele, e fazer amor com ela fora tão natural quanto respirar.

Um homem mais saudável, mais calculado, usaria esta situação para perguntar quem era o pai de Melissa.

Mas, em vez disso, quando ela agarrou um punhado de seus cabelos e afastou o rosto dele, só viu vermelho, sentindo a respiração quente dela em sua ore­lha. O toque final foi sentir o sangue descontrolado em sua virilha.

Ya, Theos, pare — murmurou ele, tentando ser controlar, perdido no rosto corado dela. Com os lábios suaves entreabertos, estava irresistível. Com um gemido, inclinou a cabeça, cobrindo os lábios dela com os seus.

 

 



  

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