Хелпикс

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CAPITULO OITO



CAPITULO OITO

 

Antes de rever Helen, Milos tinha jurado nunca mais deixar outra mulher afetá-lo. Lamentara amargamen­te todos os anos passados. Nunca repetiria aquilo e, mesmo sem ser um monge, nenhuma mulher chegara perto de conseguir o que Helen conseguira, quase sem perceber.

Não acreditava que nunca mais a veria. Mesmo quando ela fugira dele, tentara encontrar justificati­vas para ela ter feito isso, e só quando se recusara a falar com ele, tinha aceitado que, quanto a ela, estava acabado.

Depois de sua volta à Grécia, por meses, sentira remorso, não apenas pela sua traição, mas por não ter ajudado Sam. Levara anos para recuperar o respeito por si próprio e agora corria o risco de perder tudo novamente.

Era um idiota! Mal roçara os lábios nos dela e que­ria arrancar suas roupas e se enterrar em seu pequeno corpo quente. Quando Melissa e Rhea os interrompe­ram, quis gritar de frustração. Mas como podia sentir algo por uma mulher que continuava mentindo para ele?

Agora, com ela sentada ao seu lado no velho carro de seu pai, percebia que nunca seria indiferente a ela. Teria que lidar com aquilo, sem deixá-la arruinar sua vida pela segunda vez.

Não podia negar que estar com ela, sentir o calor de seu corpo tão perto, fazia seu sangue ferver. Sen­tia até o seu perfume de flores, que já percebera antes, com o aroma tentador da excitação que ela negara.

Levá-la para Vassilios também podia ser um erro.

A casa ficava na beira de um vale profundo, onde papoulas escarlates e ervas-traqueiras rosadas e brancas pontilhavam os campos onde cavalos pasta­vam. A própria vila se estendia por um amplo platô, com pastagens cercadas de branco e um riacho si­nuoso sob uma ponte de pedra, que descia para a praia.

Milos ouviu Helen prender a respiração ao ver a casa e gostou. Queria que ela gostasse do lugar e se orgulhava, pois fizera o projeto.

Stelios veio de trás da casa. O homem idoso e sua esposa, Andréa, cuidavam do lugar. Nos últimos anos, Stelios estava com artrite, e Milos empregara dois jovens para o trabalho pesado. Mas o homem se orgulhava de sua posição e nunca deixava que esque­cessem quem era o chefe.

Agora, olhava fixo para Helen. Raramente Milos levara uma mulher a Vassilios.

Ya, Stelios. — Milos saudou-o, saindo do carro. — Pode pedir à Andréa para trazer um refresco? Es­taremos na varanda.

Sigoora, kirieh. Certamente, senhor.

Stelios falava pouco inglês e, embora imaginasse ser apresentado à sua convidada, Milos não o fez.

Milos agradeceu e então, vendo que Helen já saíra do carro, indicou os degraus sombreados da casa.

Entraram num grande átrio que se erguia por dois andares, com um teto circular. A escadaria dava aces­so ao andar superior, enquanto portas abertas dos dois lados do saguão exibiam as elegantes salas de estar e jantar.

A sensação de claridade e espaço que ele projeta­ra, e que o arquiteto reproduzira, dava à área uma atmosfera fresca, natural.

Passando pelas salas, guiou o caminho por um corredor, para a varanda, nos fundos, com cadeiras de almofadas à sombra, a esplêndida vista do mar adiante.

Helen respirou fundo ao ver a piscina de azulejos em mosaico, abaixo, no pátio. Degraus de pedra cur­vada levavam até muros de pedra e à piscina. Cadei­ras coloridas espalhadas convidavam ao banho de sol, e ela não seria humana se não visse a beleza do cenário.

— Podemos sentar? — sugeriu Milos, mas Helen andou para a escada.

Parada de costas para ele, não percebeu como a luz do sol exibia sua silhueta sob o vestido.

— Você tem uma vista linda — disse ela.

Ele também, não é? ele pensou, vendo-a tão pro­vocante. Ou seria uma maneira estudada para dis­traí-lo?

— Então, o que fazemos aqui?

— Tenho certeza de que sabe. Por que não nos sentamos e conversamos?

— Você fala, Milos. Diga-me o que está pensando e tentarei responder.

Não era fácil. À imagem dela agora se sobrepunha à da primeira vez em que a vira. Uma garota alta, ma­gra, de uniforme, que tirara o seu fôlego. Lembrava de sua reação como se fosse ontem e não 14 anos atrás...

Milos tomava o chá da tarde com Sheila Camp­bell, quando Helen entrou correndo em casa.

— Ei, de quem é aquele carro turbinado? — Ela começou, entrando na sala, referindo-se ao poderoso Saab que ele alugara. Tinha parado de repente, vendo o visitante levantar, educadamente.

Difícil dizer quem ficou mais sem jeito. Sheila, que o deixara entrar com relutância, por ser amigo do ex-marido; Helen, por sua entrada abrupta; ou o pró­prio Milos, que nunca imaginara a filha de Sam Campbell daquela forma.

Helen era linda. Olhos cor de violeta, uma com­pleição delicada, uma boca de enlouquecer qualquer homem. Deslumbrante.

Os cabelos eram bem longos, uma tonalidade loira que o fraco sol da Inglaterra deixara em mechas, pre­sos levemente na nuca, e Milos imaginou que deviam ser macios e sedosos.

Não conseguiu parar de olhá-la e quando os olhos deles se encontraram, notou a conexão entre eles. Queria conhecê-la; não, precisava. Já fazia muito tempo que não sentia atração tão instantânea, se é que um dia já acontecera.

— Este é o sr. Stephanides — disse a mãe dela, se­camente. — Ele trabalha com seu pai. Está de férias no momento, e seu pai pediu que nos visitasse.

Milos viu o rosto de Helen endurecer ao ouvir fa­lar do pai.

— Meu pai? Você o conhece? Ele está bem?

— Está ótimo. — Milos reconheceu o que Sam dissera: Helen ficara do lado da mãe no divórcio. — Mas claro, envia o seu amor. Creio que faz mais de um ano que não o vê.

— Quase dois — interrompeu Sheila Campbell ir­ritada. — Ele não se importa. Helen sabe o que o pai pensa dela. Ficou claro quando nos deixou por aquela grega. Sr. Stephanides, está perdendo seu tempo se quer falar dele.

— Eu não vim... isto é... — Sam o advertira que Sheila tentaria impedir a sua comunicação com He­len. Ficar a favor de Sam só afastaria as duas. — Como eu disse, estou de férias no momento. Conhe­ço... poucas pessoas na Inglaterra e Sam me deu seu endereço.

— Ele não tinha o direito — retrucou Sheila Campbell. — Sei qual é o jogo. Ele quer saber como estamos sem ele. O que é? O segundo casamento não está funcionando? Estamos muito bem sem ele, não é, Helen?

— Ah... claro.

Helen parecia desconfortável com a animosidade da mãe.

— Sam está bem — ele respondeu. E feliz, pen­sou. Mas segurou a língua e virou-se para Helen, sorrindo. — Na verdade, aquele é o meu carro, alu­gado. Estou satisfeito que o ache, como disse, turbi­nado.

— Eu só não o reconheci.

— Helen não está interessada em carros de luxo — interrompeu a mãe, grosseiramente. — Imagino que tenha deveres de casa, Helen. Pode ir. Helen está ter­minando o ensino médio, sr. Stephanides. Pretende ir para a universidade.

Helen pareceu feliz por desaparecer. Despediu-se e saiu rapidamente. Milos queria detê-la, dizer que viera vê-la, não à mãe, mas foi impossível. Além do mais, se Sheila Campbell suspeitasse, provavelmente proibiria a filha de falar com ele, e não confiava em si mesmo para conseguir fazer Helen ouvir o que tinha a dizer.

Só dois dias depois ele a viu novamente.

Trocou o carro por um mais popular, percebendo que precisava ser discreto. Assim, estacionou longe da casa no dia seguinte, pensando em falar com ela, a caminho da escola.

Chegara tarde demais. Mesmo perdendo a maior parte da manhã esperando por ela, só viu a sra. Camp­bell, a caminho do trabalho, num velho Ford, indo na direção oposta, deixando Milos sem saber se Helen já havia saído ou não.

Pensou em esperar por ela depois das aulas, mas via alguns problemas e não quis arriscar.

Muito mais cedo, na manhã seguinte, assumiu sua posição, tomando um copo de café no carro, sem ter tempo de se barbear ou tomar café-da-manhã.

Novamente, a primeira pessoa a aparecer foi Shei­la Campbell. Inferno, não podia tê-la perdido nova­mente, nem eram oito horas.

Esperou até as nove. Ou saíra muito cedo ou... es­taria doente? Não pensara naquilo.

Bem, bateria na porta. Se alguém o visse, passaria por um vendedor.

Tocou a campainha, esperando ansioso para ver se alguém estava em casa, e não ouviu qualquer ruído. Então, alguém puxou a cortina de uma janela ao lado, e viu Helen olhando.

Parecia tão chocada quanto ele, e continuou olhan­do, até ele fazer um gesto, querendo entrar. Ela hesi­tou e depois sumiu.

Pareceu demorar uma eternidade até que, hesitan­te, ela abriu a porta, sem fazer menção de deixá-lo entrar.

— Oi — Milos conseguiu saudar alegremente. — Lembra de mim?

— Claro.

Ainda usava o jeans desbotado, desta vez com uma camiseta branca. Milos teve que desviar o olhar dos mamilos visíveis sob o tecido esticado, lembrando-se severamente o motivo de sua visita.

— Você não tem aula hoje — falou e ela lançou-lhe um olhar de pena.

— Logicamente não. O que deseja, sr. Stephanides? Tenho muita revisão para fazer.

— Posso entrar?

Não era o que pretendia dizer e não ficou surpreso quando ela balançou a cabeça.

— Minha mãe não está. Ela trabalha meio expe­diente no supermercado. Se voltar às duas e meia, ela já deve estar em casa.

— Eu vim ver você, Helen. Seu pai me pediu para falar com você. Quer muito que você o perdoe.

— Aposto que quer. — As palavras dela ecoavam a amargura da mãe, mas havia certa relutância. — Meu pai não se importa comigo, só com sua nova es­posa. Ele afastou qualquer esperança de sermos uma família quando se afastou de nós.

— Ele se afastou de sua mãe, não de você.

— Acha que isso diminui a culpa dele?

— Não...

— Porque acho que o que ele fez foi bem baixo.

— Eu concordo. — Milos não conhecia toda a his­tória, mas, para a garota, o comportamento do pai pa­recia imperdoável. — Mas isso não altera o seu rela­cionamento com ele. É seu pai e a ama.

— Ama, sim.

— Ama. E você sabe, ele tem tentado entrar em contato com você, mas sua mãe o impede sempre.

— Então, é isso? Fazer-me acreditar que ele não é o vilão que imaginei?

Milos hesitou. Se dissesse sim, ela o despacharia. Se dissesse não, que outra desculpa teria para a visita? Certamente, estava atraído por ela, mas não podia dizer aquilo. Era jovem demais para ele. Não era?

— Eu disse que estou de férias. — Na verdade, es­tava a trabalho, mas assim não conseguiria nada. — Seu pai sugeriu que viesse vê-la. Que mal há nisso? Ele quer reconstruir as pontes. Se isto é impossível, que seja.

— É.

Ela estava irritada, o rosto corado. Ele queria tocar a sua pele. Era tão segura, forte, e tão vulnerável, que ele estava tomado por sua inocência. Ela nem imagi­nava o que estava fazendo com ele, parada à porta, tão desafiadora.

Um homem menos... arrogante desistiria, mas ele não o fez. Milos pensou que ainda acreditava poder fazê-la mudar de idéia, com o tempo, mas não era o motivo para querer vê-la novamente. Ela o encantava e intrigava. Queria vê-la sorrindo... para ele.

Poli kala, eu tentei — disse ele, rouco, erguen­do os olhos para a rua, como se preparando para par­tir e depois falou, numa decisão que se mostraria fa­tal: — Entendo que tem trabalho para fazer agora, mas não me deixaria pagar um drinque para você hoje à noite?

— Milos?

Helen falava com ele, que percebeu ter perdido completamente a noção de tempo. As lembranças de sua viagem à Inglaterra eram vivas e dolorosas, e era difícil separar o presente do passado.

 



  

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