Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





CAPÍTULO QUATRO



CAPÍTULO QUATRO

 

Milos foi persuadido a ficar para o almoço.

Helen esperava que ele fosse embora, para conse­guir decifrar os próprios sentimentos. Mas, com Me­lissa apoiando o convite de Maya, Milos concordou.

Ele era um demônio, pensou, olhando para o seu rosto corado no espelho do banheiro. Tinha pensado em se refugiar no quarto, tentando evitá-lo.

Sabia que cedo ou tarde teria que descer e se portar com naturalidade. Era arriscado deixar Melissa com ele. Quem sabe o que sua filha poderia dizer se ele fi­zesse perguntas? Depois do que dissera no carro, es­tava claro que não respeitava Richard.

No entanto, o que mais a preocupava era a sua pró­pria resposta indesejada a Milos. Percebera que ele queria beijá-la e, o pior, ela também queria. Queria mais.

Devia estar louca!

O almoço não foi exatamente como imaginava. Seu pai estava presente e Melissa parecia ficar mais controlável com ele por perto. Não que tivesse aban­donado os jeans por um dos shorts de Helen, mas não usava mais o batom preto.

Ela também ficou aliviada ao ver que Maya tinha sentado Milos entre ela e Sam, afastando qualquer conversa entre eles.

Entretanto, Melissa era outra questão e, quando Helen começava a pensar que estava tudo calmo, a garota falou diretamente com Milos.

— Você veio de carro? — perguntou ela ansiosa, afastando o prato de carneiro que Maya servira com arroz e salada, preferindo os loukoumades, as roscas fritas molhadas em mel. — Quão depressa ele anda?

— Nesta ilha? — Milos foi tolerante. — Não mui­to. — Olhou o rosto ansioso de Helen. — Por que não pergunta à sua mãe se a deixaria dar um passeio comigo e eu mostro?

— Não creio. — Helen não gostou. — Eu... não podemos abusar.

— Não tem problema — ele garantiu suavemente, e Helen quis gritar, quando Melissa disse:

— Lá vem você, mãe. Pelo menos alguém quer que eu me divirta.

— Oh, Melissa — foi o avô dela quem falou, e He­len viu a garota ficar sem jeito. — Eu pensei que es­tivesse feliz aqui. Estava enganado?

O rosto pálido de Melissa ficou rosado.

— Oh... não — protestou divertida, Helen perce­beu que ela queria agradá-lo. — Quero dizer, passear de Jeep é bom, mas não é uma Mercedes!

O avô fez uma careta.

— Bem, isto me põe no meu lugar, não é?

— Não. — Melissa não tinha percebido que ele a provocava. — Mas Milos ofereceu.

— Sr. Stephanides — Helen corrigiu, e ele balan­çou a cabeça.

— Milos está bom. Então... o que acha, Sam? He­len?

Maya exclamou impaciente.

— Você não está pensando seriamente em entreter uma criança, Milos. Sam? — Virou-se para o marido.

— Não estou certa?

— A decisão é de Milos — ele falou suavemente.

— Helen?

Como ela podia recusar? Não podia explicar por­que não queria Milos perto de sua filha. Eles pensa­ram que a sua reserva era por educação, quando, na verdade, vivia com medo de Milos descobrir quem era Melissa.

— Eu...bem...

— Então está acertado — Melissa falou, triunfante. Olhou para Milos. — Pode ser hoje?

— Claro. Imagino se gostaria de ir a Vassilios. É a minha casa. Tem uma piscina lá e cavalos. E prova­velmente você conhecerá a minha irmã, Rhea. No momento, ela está com meus pais, mas fica mais em Vassilios por causa da piscina. Na verdade, ela é qua­se da sua idade.

— Quantos anos ela tem? — Melissa perguntou e o coração de Helen parou.

— Dezoito, acho. — respondeu Milos, sem perce­ber a tensão de Helen. Depois, antes de Melissa poder falar da própria idade, ele acrescentou: — Sua mãe é bem-vinda para vir conosco.

Porém, o alívio de Helen foi rápido, pois seu pai disse, calorosamente:

— Na verdade, eu esperava que Helen passasse a tarde comigo. Não ficamos muito tempo juntos desde sua chegada e gostaria de mostrar nossa operação.

Num mundo ideal, Helen ficaria deliciada de pas­sar algum tempo com Sam. No entanto, sua concor­dância foi mais por obrigação, e Melissa saiu com Milos, excitada com a atenção dele.

— Ela ficará bem — disse o pai, depois que a Mer­cedes se afastou, e até Maya endossou as palavras dele.

— Ela não sabe como tem sorte — falou, com a voz rude de sempre. — Milos é um homem ocupado. Se não fosse o fato de ser meu primo, duvido que fizesse isso.

— Acho que ele gosta de Melissa — falou o mari­do, suavemente, trocando um sorriso cúmplice com a filha. — Por que não? Apesar do jeito que se veste, ela é incrível. E ele deve lamentar não ter filhos.

— Ele e a esposa não tiveram filhos? — Helen não conseguiu evitar a pergunta, e Maya lançou um olhar irritado.

— Eleni? Aquela mulher não estragaria o corpo tendo filhos. — Maya balançou a cabeça. — Milos nunca teria se casado com ela, se não fosse o pai dele.

— Então... não foi por amor? — Helen sabia que desafiava a suspeita de Maya, mostrando interesse pela vida pessoal de Milos.

Mas Maya não pareceu notar.

— Por amor... como você é ingênua, Helen. Aristotle, o pai de Milos, queria uma aliança comercial com Andreas Costas. Casar o filho com Eleni Costas era tudo que precisava.

Helen ouviu em silêncio e Sam, aproveitando a oportunidade, pegou-a pelo braço.

— Vamos, querida. A menos que julgue estar mui­to quente para você. O Jeep não tem ar condicionado, mas deixarei as janelas abertas.

Foram primeiro ao vinhedo e Sam apresentou-a a alguns trabalhadores. Também mostrou como usava duas cavernas naturais da ilha para armazenar o vi­nho engarrafado. Era deliciosamente fresco andar pelos corredores de prateleiras cheias com o produto dos vinhedos.

— Agora, essa é uma operação relativamente pe­quena — explicou Sam. — A maioria dos vinhedos nas ilhas só engarrafa seus vinhos para consumo lo­cal. Claro que fazemos isso, mas atualmente estamos negociando com uma rede de supermercados. Ainda não está tudo acertado, mas devemos conseguir fin­car o pé na capital. Fará uma grande diferença para os nossos negócios.

— Você adora isto, não é? Sam sorriu.

— Ser meu próprio chefe? Como não? Mas a me­lhor parte de tudo é saber que isso é obra minha. O pai de Maya era um alcoólatra e, quando eu vim para cá, o lugar estava em decadência.

— Então... não casou com Maya pelo dinheiro dela?

— Foi o que a sua mãe disse?

— Algo assim.

— Não é verdade. Quando nos unimos, Maya não tinha um tostão e este lugar estava atolado em dívi­das. — Sam prosseguiu. — Não sei o que ela disse, mas Sheila e eu estávamos com problemas desde muito antes de Maya aparecer. Certo, eu não devia ter largado a minha família, mas, Helen, Deus sabe que nunca quis que fôssemos estranhos.

Helen percebeu a emoção na voz do pai, acreditan­do na sinceridade dele. Divórcio era uma palavra feia e, geralmente, causava amargura entre o casal. Que­ria que ele entendesse como ela também se sentira traída. Talvez com o tempo pudessem chegar a um entendimento total. Estar aqui já era um começo.

Quando estavam saindo da área de engarrafamen­to, encontraram Alex. Helen conhecera o filho de Maya na noite anterior, no jantar, e ficara espantada com a diferença entre ele e a mãe. Enquanto Maya se ressentia claramente da presença dela, Alex era fácil de lidar e cordial. Helen gostara dele na hora.

— Vejo que está fazendo um passeio completo — ele lançou um olhar divertido para o pai dela. — Ele está tentando convencê-la que plantar uvas é uma ocupação compensadora?

— Vocês dois sabem que pode ser frustrante — Sam retrucou. Virou-se para a filha. — Alex reclama porque eu o recrutei assim que deixou a faculdade. Tornou-se o meu braço direito. Não sei o que faria sem ele.

— Você conseguiria — disse Alex, mas Helen sentiu que havia um entendimento entre os dois. Era o filho que seu pai nunca tivera, pensou, imaginando se não fora um dos motivos de seus pais se separa­rem. Não havia dúvidas de que Sheila não queria mais filhos. Helen a ouvira dizer muitas vezes.

Continuaram percorrendo o moinho, onde as uvas eram prensadas, antes de entrar no escritório de Sam, de onde era conduzido o negócio. Um jovem opera­dor de computador trouxe uma garrafa de vinho e duas taças, e Helen gostou de poder sentar um pouco. O calor era intenso.

Conversaram um pouco sobre o crescimento e as diferentes qualidades de uvas, e depois Sam falou com firmeza:

— Você não imagina como estou contente por tê-la aqui, Helen. Será que pode me desculpar pelos mé­todos que usei para conseguir isto?

— Nós dois erramos. Eu, por não estar preparada para ouvir o motivo, e você por desistir de mim cedo demais.

— Eu mandei Milos vê-la — protestou o pai, e He­len pensou que aquela atitude mudara a sua vida para sempre.

— De qualquer modo, é passado — ela falou, sem querer lembrar da criança assustada que fora. Desco­brir-se grávida aos 17 anos fora aterrador o bastante, além da mãe ameaçando jogá-la na rua se não casasse com o pai do bebê...

— Eu quero saber sobre o seu passado — insistiu ele. — Sobre o homem com quem se casou: Richard Shaw. Sua mãe não achou que eram jovens demais?

— Realmente não.

— Então, ela concordou?

— Não reclamou. E depois, quando veio a Melissa...

— Claro, Melissa. — Seu pai sorriu. — Acho que entendo. Você ia ter um bebê e a decisão foi tomada, por você. Algum dia sua mãe contou que foi por isso que ficamos juntos?

— Não!

Helen estava assombrada. Aquilo explicava mui­to. Não era de admirar a luta de seus pais em fazer o casamento dar certo.

— Você foi feliz?

Ela entendeu a pergunta, e Sam merecia saber ao menos um pouco da verdade.

— Melissa... não é filha de Richard. Ele sabia, mas queria casar comigo de qualquer modo.

— Por que não quereria? — Sam estava na defen­siva, e Helen pensou como teria sido diferente a sua vida se ele estivesse lá para apoiá-la. — Você é uma mulher linda, querida. Qualquer homem ficaria orgu­lhoso em tê-la como esposa.

— Você acha?

Sam tinha outras coisas em mente.

— Você não respondeu à minha pergunta. Vocês eram felizes juntos?

— No início — respondeu Helen honestamente.

— Bem, Richard parecia feliz. Quando Melissa era um bebê, era bom. Foi quando ela cresceu e ficou mais... incontrolável... que passou de nossa filha para minha filha, quase todas as noites.

Ele parecia aborrecido.

— Oh, querida. Se eu soubesse. — Apertou a mão dela. — Fale-me dele. O que fazia para viver?

— Isso e aquilo. — Helen não queria contar que Richard nunca tivera um trabalho estável, motivo por ela ser a responsável pela casa, e ele se ressentiria. — Quando morreu, ele trabalhava com entregas expres­sas.

— Um entregador? Não é exatamente o trabalho mais adequado para alguém que passa a maior parte das noites num bar.

— Como você... quer dizer...?

Sam pareceu um pouco envergonhado.

— Melissa me contou. Acredite, eu não a questio­nei. Ela apenas falou.

— Lamento que ela o tenha embaraçado.

— Não me embaraçou. Mas posso ver como ela dá trabalho.

— E o resto. — Helen tomou outro gole de vinho.

— Mmm, isto é bom.

— Não pareça tão surpresa. Melissa sabia que Ri­chard não era seu pai?

— Céus, não! Richard fez questão disso. Que nin­guém, inclusive a minha mãe, jamais suspeitasse.

— Entendo. — Ele levantou, indo para a janela. — Ele sabia quem era o pai verdadeiro?

— Não. — E acrescentou amargamente: — Perce­bo que você não me perguntou se eu sabia quem era.

— Claro que você sabia. Quem sugeriu que você não sabia? — falou, com olhos raivosos.

Ela balançou a cabeça, mas seu pai ligou os pontos.

— Ele — exclamou duramente. — Ah, Helen, por que não me escreveu contando?

Uma vaga imagem do que poderia ter acontecido passou pela mente dela. Acreditava que Milos era ca­sado e voar para Santoros enfrentando um homem ca­sado estava muito além dela. Era jovem demais, esta­va assustada e era orgulhosa demais para pedir ajuda a alguém.

 

 



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.