Хелпикс

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CAPÍTULO SEIS



CAPÍTULO SEIS

 

Parada diante do espelho, na noite seguinte, Helen se olhava. Por que deixara Melissa persuadi-la a usar aquela blusa de seda preta — com a qual não podia usar sutiã — numa reunião familiar? Parecia roupa de baixo. E, embora a saia listada de preto e bege fos­se longa, era aberta quase desde a cintura.

Gemeu. O vestido que escolhera seria melhor. E muito mais meia-idade, segundo sua filha.

E com Melissa se portando inesperadamente bem, concordara. Não sabia o que acontecera no dia ante­rior, mas a irmã de Milos exercera uma influência po­sitiva e, como o batom preto dois dias atrás, o esmalte preto também sumira. Os cabelos ainda tinham as marcas verdes, mas estavam lavados e, assim, não es­tavam espetados em todas as direções.

Helen sentia-se pisando em ovos quando Sam as levara às compras em Aghios Petros nesta manhã. Depois da atitude de Milos quando trouxera sua filha para casa, não queria renovar o antagonismo com Melissa, como antes de partirem da Inglaterra. A me­nina não queria vir, e às vezes Helen pensava que a filha estava certa.

Mas, atualmente, era quase impossível pensar em Melissa sem associá-la a Milos. Não tinha percebido que eram tão parecidos. Sofria as agonias da dúvida quando Melissa contou como era fácil conversar com ele, e seus motivos para esconder a identidade da ga­rota pareciam egoístas.

Ele merecia conhecer a verdade. Se fosse um em­pregado de seu pai, seria muito mais fácil. Mas não era. Era um homem rico e poderia usar sua fortuna para convencer um juiz de sua incapacidade como mãe, por mentir para ambos, a filha e o homem que era seu pai.

A justiça levaria em consideração que ela só tinha 17 anos quando Milos dormiu com ela? Ele parecia tão charmoso, tão sincero, que ela ficara totalmente encantada, concordando em encontrá-lo secreta­mente.

Tinha de admitir que o fato de Milos conhecer seu pai o ajudara. Estava ansiosa por notícias. Desde o divórcio de seus pais, ela lamentara não dar uma se­gunda chance a Sam e estava pronta para defendê-lo.

Se Milos tivesse feito apenas o que seu pai pedira, defendendo sua causa, as coisas teriam sido diferen­tes. Não teria ficado tão apaixonada, pela falsa sedu­ção dele.

Ao contrário, a visita de Milos tinha atrasado o re­lacionamento dela com seu pai uns 12 anos ou mais.

Quando a filha dela nasceu, estava casada com Richard Shaw e seu futuro arrumado, sem volta.

Agora, tremia, engolindo em seco, desgostosa com o sentimento de que logo veria Milos novamen­te. No dia anterior, ele se desculpara com Sam, dizen­do ter trabalho a fazer. Naquela noite, havia um jan­tar com bufê em sua homenagem e de Melissa, e Maya exigira a presença dele.

Durante todo o dia, os aromas deliciosos de comi­da invadiram a casa. Sam contratara várias mulheres da vila próxima para ajudar o pequeno pessoal da casa, e sua ajuda fora recusada.

Por isso ela e Melissa tinham ido às compras com Sam, melhorando seus magros guarda-roupas — trouxera pouca roupa, acreditando que seu pai estava doente — e até Melissa mostrara um interesse incomum em comprar roupas.

Agora, inclinada para o espelho enquanto aplicava máscara nos cílios, Melissa apareceu na porta do ba­nheiro. Helen viu o reflexo da garota, tendo tempo de se controlar antes de Melissa perceber.

Melissa estava muito atraente. O vestido de algo­dão sem mangas era perfeito, e o verde limão, defini­tivamente, era a sua cor.

Para seu alívio, a atenção da garota foi imediata­mente para o que Helen usava e uma expressão triunfante apareceu em seu rosto.

— Eu sei como escolher uma roupa? — Ela brin­cou, deliciada. — Deus, mãe, você está maravilhosa! E pelo menos, dez anos mais nova do que com aquele saco que tinha escolhido.

— Você não acha que esta roupa é... jovem de­mais?

— Sem estresse, mãe. Você está ótima. Milos fica­rá impressionado.

— Não quero impressionar ninguém. Muito me­nos Milos Stephanides. Só não quero parecer uma... — engoliu a palavra "leviana" — ...adolescente.

— Com seus peitos? — Melissa sorriu. — Estou usando o que você queria, pelo menos pode fazer o mesmo.

Aquilo dizia tudo, pensou Helen, resignada. E Me­lissa estava ótima, parecendo mais velha. Quando desceram pela escadaria de pedra, Helen não pôde deixar de imaginar se não teria sido melhor se Melis­sa tivesse mantido a imagem "selvagem".

Estava quase escuro quando saíram, atraídas pelo burburinho de vozes na varanda. Uma névoa aveludada, sobre as lâmpadas coloridas presas às árvores, dava à cena uma iluminação mágica.

Já havia uma pequena multidão reunida, rindo e conversando.

Pela primeira vez, Maya parecia feliz, entre Sam e Alex, mas Helen viu o homem alto ao lado deles, seu aspecto escuro parecendo sinistro na penumbra.

Vendo-as, seu pai se adiantou, o rosto iluminado.

— Vocês... as duas estão lindas — falou, pegando as mãos das duas, e Helen percebeu que Melissa não recusou o entusiasmo dele. — Não imaginam como estou orgulhoso em finalmente tê-las aqui.

— Mamãe está ótima, não é? — exclamou Melis­sa. — Eu escolhi a roupa. Você gosta?

— Gosto. Você tem bom gosto, pequenina. Mas sabe que a sua mãe é uma linda mulher.

Helen corou e, antes que Melissa pudesse dizer qualquer outra coisa para embaraçá-la, Sam puxou-as.

— Venham. Todos estão ansiosos para conhecê-las.

Para alívio de Helen, a maioria das pessoas falava um pouco de inglês e, como Sam dissera, estavam an­siosas por conhecê-la.

A irmã de Milos estava lá e, depois de conhecer Rhea, Helen entendeu porque Melissa gostara tanto dela e porque se portava tão bem.

Alex era um rosto familiar e depois de Sam voltar para o bar, ele pareceu se nomear seu protetor.

— Você já deve ter percebido que nós gregos sem­pre encontramos uma desculpa para dar uma festa. Mas, estou muito feliz por Sam. Sei quanto ele sentiu sua falta por todos esses anos.

— Eu também senti falta dele — murmurou He­len, percebendo como era verdade. — Você devia ser muito jovem quando sua mãe e... meu pai se uniram.

— Tinha dez anos. Embora eu o chame de Sam, sempre foi como um pai para mim.

— Acredito.

Helen queria perguntar mais e, talvez percebendo, Alex continuou:

— Meu pai era pescador e morreu afogado antes do meu nascimento. Nunca soube de mim. Ele e mi­nha mãe não eram casados.

Helen simpatizou tanto com Maya quanto com ele. Devia ter sido difícil também para ela, com um bebê a caminho e sem marido. Sabia bem.

Foi quando Milos resolveu juntar-se a eles. Helen deu um pulo quando ele a saudou e Alex percebeu.

— Boa noite, Helen — Milos falou suavemente. — Está muito bem esta noite.

— Obrigada. — disse ela, mas, por obrigação, acrescentou: — Bom que tenha vindo.

— É um prazer — as palavras gentis dele contras­tavam com a expressão séria. Olhou para o copo meio vazio dela. — Alex, sua meia-irmã precisa de um refil. Pode cuidar disso?

— Mas eu...

Helen ia recusar, mas Milos já tirara o copo de sua mão, dando a Alex, que ficou em dúvida.

Kanena provlima — falou, se afastando.

— Ele disse, sem problema — traduziu Milos, e Helen olhou-o, acusadora.

— Eu não queria outro drinque. Por favor, não tome decisões por mim.

— Eu fiz isso? Pensei que poderia ajudá-la a rela­xar. Você está retesada como um bandolim.

— E de quem é a culpa?

— Presumo que esteja me culpando.

— Quem mais?

— Por quê? Estou lisonjeado, mas nos conhece­mos tão bem...

— Não nos conhecemos tão bem.

— Oh, acho que sim. — Agora Milos a fitava nos olhos e ela percebia como ele podia virar o jogo. Houve um silêncio e então, ele disse: — A sua filha gosta de mim.

— Isso deve parecer uma recomendação? Os ami­gos de Melissa são, na maioria, pouco recomendá­veis.

— É, ela me disse.

— Ela disse?

— Mmm. Conversamos muito na volta de Vassilios.

Helen sabia. Vira o sorriso conspirador entre eles. Melissa não dissera nada, e Helen era orgulhosa de­mais para perguntar.

Estava preocupada. O que Melissa teria dito? Ló­gico que não a verdade. Mas havia algo e estava ame­drontada.

— Há quanto tempo ela está matando aula? — per­guntou ele.

— Como você...? A Melissa contou isso?

— Nem precisou. Deu para entender. Ela anda com perdedores. O que mais ela faz?

— Nem todos são perdedores — parou, quando Milos olhou sério. — Bem, tivemos alguns proble­mas com... gazetas. Mas, todos os ado... as crianças, passam por um período de rebeldia.

— Acha que é um período de rebeldia?

— O que mais seria?

— Poderia ser o início de uma vida sem realizações. Que exemplo seu falecido marido deu a ela? A garota pensa que educação não vale qualquer esforço.

— Eu não pedi sua opinião.

— Na verdade, pediu. De qualquer modo, estou dando de graça.

— Quer dizer, não consegue deixar de interferir na minha vida. Onde está Alex? Espero que ele não te­nha entendido que precisava ficar afastado.

— Ele voltará.

— Até lá você vai me aborrecer. Não há outra mu­lher desesperada pela sua atenção? Por que eu?

Milos deu uma risada curta.

— Talvez você seja boa para o meu ego.

— O que realmente quer, Milos? Não acredito que esteja se divertindo mais do que eu.

— Você está enganada — Milos inclinou-se para ela. — Precisamos conversar. Não concorda?

— Estamos conversando.

— Não assim. Temos coisas a nos dizer que de­vem ser ditas em particular.

— Que... coisas?

Milos passou suavemente a mão no ombro dela.

— Tenho certeza de que pensaremos em algo — murmurou. — Como porque você treme quando a toco. — Os dedos dele correram pelo seu braço, aca­riciando a curva do seio. — Ou porque não está gritando por eu tomar liberdades que nenhuma mulher decente permitiria.

— Ou nenhum homem decente se atreveria — ela tremeu. — Deixe-me sozinha, Milos. Por Favor!

— Não posso — disse ele, rouco, e ela sentiu os lá­bios dele roçando sua testa.

Tinha certeza de que ia beijá-la e inclinou a cabeça quase que instintivamente. Mas, abruptamente, ele se afastou e, ajeitando a cabeça, ela viu Melissa e a irmã dele do outro lado do terraço, olhando-os.

Talvez fosse previsível que Alex voltasse naquele momento com o seu drinque.

— Aqui está — ele passou-lhe um copo cheio.

— Obrigada — agradeceu, certa de que os dois ho­mens a olhavam, com expressões diferentes. — Eu precisava disso.

Como se perdendo subitamente o interesse por ela, Milos apenas disse:

Signomi — que ela sabia significar 'com licen­ça', e deixou-os.

— Milos parece aborrecido — comentou Alex, observando o outro homem. — Ele disse algo para aborrecê-la?

— Me aborrecer? — Helen lutou para se controlar. — Não. Nós... estávamos falando dos velhos tempos.

Percebeu tarde demais, quando Alex franziu o ros­to, que não tinha escolhido as melhores palavras.

— Eu não sabia que você e Milos eram antigos amigos. Como se conheceram?

— Ah... anos atrás. Milos estava de férias na In­glaterra e meu pai pediu para ele... cuidar de mim.

— Mesmo? Nunca soube que Milos tivesse ido à Inglaterra, exceto para negócios.

Certo, Helen pensou. Ela fora apenas mais uma es­pécie de negócio. Pelo qual ela pagara.



  

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