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CAPITULO DOZECAPITULO DOZE
Rhea levou-as de volta ao vinhedo no fim da tarde. Melissa tinha adormecido depois do almoço e, embora Helen quisesse acordá-la, Rhea a fez mudar de idéia. — Ela está cansada. Teve uma manhã cheia. Deixe-a descansar. Helen resolveu não discutir, e Melissa parecia mesmo cansada. Mas suspeitava que o motivo de Rhea era saber do aparente interesse de seu irmão por ela. Assim, aceitou o convite de Rhea para andar pela colina, dentro dos muros em que alguém criara um oásis de cor. Flores exóticas e perfumadas, uma cascata e, mais abaixo, um banco de pedra sob uma pérgula em arco, coberta de buganvílias vermelhas. — Podemos sentar? — Sugeriu Rhea, sentando-se, seguida por Helen. — Então, há quanto tempo conhece meu irmão? — Eu... me desculpe? — Eu perguntei há quanto... — Entendi. Mas por que tal pergunta? — Ah... curiosidade de parente. Não me lembro da última vez que Milos convidou uma mulher à sua casa. — Ele não me convidou exatamente. — Convidou. Ficou claro que queria conversar a sós com você. — Então, por que ele mesmo não me convidou? — Talvez não acreditasse que aceitaria o convite. — Não acredito. — Não? — Os olhos de Rhea eram quase tão diretos e perturbadores quanto os do irmão. — Helen, conheço bem meu irmão. Foi bem claro quanto ao que queria que eu fizesse. — Lamento se você sentiu que ele a usou para se aproximar de mim... — Eu não disse isso. — Ambas sabiam que sim. — Não quero ofendê-la. Apenas gostaria de saber como se conheceram. — Não. Mas o seu irmão é um homem muito atraente, Rhea. Imagino que conheça muitas mulheres em suas viagens. — Creio que sim, mas Milos não é... mulherengo. Posso contar nos dedos de uma mão as mulheres que me apresentou. Helen resolveu ser sincera. Tanto quanto possível. — Ele... nós nos conhecemos... uns 12 anos atrás, na Inglaterra. — Psemata? Realmente? — Realmente. Meu... pai pediu que ele me procurasse. — Por que ele não me contou isso? — Creio que não achou importante. — Você devia ser muito jovem então. — Não tanto — falou Helen, fazendo os cálculos de sua idade, 12 anos atrás. — Tinha uns... vinte. As sobrancelhas de Rhea franziram, e Helen percebeu que, exagerando sua idade, dera a Rhea motivo para pensar que poderia ter havido mais do que amizade entre eles. — Imagino que você ainda estava no ensino fundamental. — Acho que sim. Imagine, você e Milos se conhecem desde quase antes de Melissa nascer. Você já era casada? Claro, devia ser. Estava ficando complicado e Helen precisava de algo seguro. — Você deve adorar vir aqui. Quem cuida do jardim, sua mãe? — Não. Se conhecer a minha mãe, entenderá. Athene é um enfeite, não uma trabalhadora. Pensa que dai- cinco filhos ao meu pai foi o bastante. Helen sorriu, e Rhea continuou. — Sim, adoro vir aqui. É muito melhor do que o apartamento da escola, em Atenas, que divido com uma colega. — Mas certamente você poderia... — Viver em casa? Poderia. Mas queria ser independente, provar que poderia me cuidar, ne? Infelizmente, meu pai estava certo. Seria mais confortável morar com eles. — Vem aqui quando pode? Não a culpo, é lindo. — Você gosta? — Muito. — Melissa devia ser um bebê quando você conheceu Milos — voltou ao assunto, e Helen conteve um gemido. — Acho que sim. — Detestava mentir, então, levantou-se. — Creio que agora devemos ir. — Eu a embaracei. — Não. Porquê...? — Falando de Milos. Tive a impressão de que havia mais do que um encontro casual. — Você está enganada. — Não estou sugerindo que tiveram um caso. Afinal, você era casada, como disse. Mas sei como meu irmão é atraente e pareceu bem... intrigado... quanto a você. — Não. — Há algo aqui, eu sei. Se não me disser, perguntarei a Milos. Vamos ver se Melissa acordou? Mesmo aliviada por encerrar o assunto, Helen imaginou que, se ele falasse de datas diferentes, despertaria suspeitas. Estava enrolada. Nada podia fazer ou dizer agora e ficou grata pela tagarelice de Melissa na volta para casa, tentando arrumar outro encontro com Rhea. Helen desejava que houvesse uma maneira de evitar aquele relacionamento, mas não havia. Só queria não sentir que Rhea usava a amizade com Melissa para descobrir mais sobre ela. Foi um alívio quando Rhea deixou-as em Aghios Petros e partiu. Melissa insistira em vê-la partir, e Sam Campbell, que oferecera um refresco que ela recusara, agora convidara a filha para ir com ele verificar as uvas. Ela percebeu que era desculpa quando ele falou: — Você não gostou, não é? Melissa sim. — Rhea e Melissa têm mais em comum. Teve um bom dia? — É Milos? Você o viu hoje, não é? — Como sabe? — Importa? — Por pouco tempo. Ele foi para Atenas... — Com certeza, não até de tarde — disse o pai suavemente. — Falei com ele umas duas horas atrás, do helicóptero. Ele contou que levou você a Vassilios. Você gostou? — Achei... uma casa impressionante. — Melissa foi com você? — Não. Ela e Rhea foram à praia, e eu gostaria de ter ido com elas. — Mas não foi. — Não. — Por que Milos convidou-a para conhecer a casa dele? Ele insistira, pensou, mas respondeu: — Sim. — Você não gosta de Milos? — perguntou ele, pegando um punhado de uvas verdes e dando para ela provar. — Imagino o motivo. O que aconteceu entre vocês dois quando ele foi à Inglaterra? Deve ter acontecido algo para não gostar dele. — Não desgosto dele. — Helen aproveitou as uvas para despistar. — Mmm, são deliciosas. — Ainda não estão doces o bastante. Mais uns três meses e terão outro gosto. Eu gostaria que você e Melissa nos visitassem novamente na colheita. Parece que Melissa mudou desde que chegou aqui. — Mudou. Acho que ela precisava de uma influência masculina em sua vida. Desde que Richard... morreu, ficou cada vez mais rebelde. Mas já estava assim enquanto ele estava vivo. — Ela nunca fala dele. — Eu sei, e isso me preocupa. — Mmm, ela não parece ter problema de falar com Milos. — Ela mal o conhece. — Eu não diria isso. Devia tê-la ouvido conversando com ele naquela noite em que você foi passear com Alex. Acho que gosta dele. Muito. Eu gostaria que você sentisse o mesmo. — Pai! — O quê? Milos é um bom amigo e de Maya também. Não é razoável que eu queira que minha filha mostre algum respeito por ele? — Eu o respeito. Não foi minha intenção ser rude. — Eu não disse que foi rude com ele. Mas, precisa ver a sua reação quando falo o nome dele. Fica na defensiva imediatamente. — Eu não tinha percebido. Bem, estou me sentindo pegajosa e preciso de um banho. Você se importaria se eu...? — Acho que ele está atraído por você. — Não seja ridículo! — O que há de ridículo nisso? Foi ele, não Rhea, que a convidou para ir a San Rocco. Ele me contou. Disse que você podia recusar se soubesse que era idéia dele. E teria, não é? Acabou de provar. — Eu... teria recusado. Não acho uma boa idéia Melissa pensar que temos algo em comum com pessoas assim. — Milos e Rhea? — Quem mais? — Por quê? Teme que as pessoas digam que está interessada em outro homem, menos de um ano depois da morte de seu marido? — Não! — Então, o que é? — Ah, pai! Homens como Milos Stephanides não se envolvem com... mulheres como eu. — Você está certa — falou uma voz rude, atrás deles, e Helen virou-se para ver Maya andando pela fileira de parreiras. — Você está enchendo a cabeça da garota de idéias tolas, Samuel. Milos já não repetiu que não se casará de novo? Nem terá relacionamentos sérios? Helen conseguiu escapar. Apesar dos seus protestos, ficara tentada a ouvir o pai. Não acreditava que Milos pretendesse mais do que flertar ao convidá-la para um drinque, quando se conheceram. Lógico que, se soubesse da verdade, seu pai veria diferente. E, ao falar de Richard e de Melissa gostar de Milos, ela ficara com medo dele adivinhar quem era o pai da criança. Mas a única maneira de Sam saber seria por ela, que não contaria. Não por não querer, mas porque ele insistiria em contar a Milos e prejudicaria todo o relacionamento dela com a filha. Estava sendo egoísta? Talvez, mas não podia se arriscar a perder a única filha que provavelmente teria. Lembrou do efeito devastador que Milos causara. Seduzida pelo jeito de Milos fazer amor — e pelo champanhe —, tinha se abandonado com prazer, sem pensar no que estava certo, nas conseqüências ou em preservativos. Nem pensara em coisas desse tipo naquela época, e agora, tomando banho, sabia ter sido tão culpada quanto ele. Ah, poderia ter menos preocupações quanto ao futuro — pra começar, se não tivesse casado —, mas fizera o possível para tirá-lo do controle. E fora bem sucedida. No instante em que ele dissera, com voz rouca e sexy: — Eu a quero — fora como ela queria. Tremeu debaixo d'água, lembrando dos olhos atormentados dele, pegando-a pela mão e levando para o quarto. A sua blusa já estava aberta, e Milos deixou que escorregasse pelos seus ombros. Tremeu, lembrando de como ele abrira seu jeans, sem lembrar de querer se afastar. — Você também — dissera ela, indo para os botões da camisa dele, sendo interrompida por ele, que arrancou a camisa, antes de abrir seu sutiã, pegando seus seios e esfregando os polegares em seus mamilos sensíveis. — É bom? — Eu quero mais — murmurara ela, deslizando os braços pela cintura dele, prendendo os dedos na cintura das calças. Helen lembrou de Milos desabotoando as calças, antes de pegar a mão dela e pousar sobre a impressionante ereção sob a cueca dele e, mesmo agora, o seu corpo latejava, como antes. Depois, ele ajoelhara diante dela, tirando gentilmente o seu jeans, deixando-a só de calcinha. Ao se endireitar novamente, arrancara as calças sem cuidado, e lembrou-se de ter ficado assustada, ciente de seu próprio corpo quase nu. Ele tinha, e ainda tem, um corpo enxuto e poderoso. Forte, atlético, peito musculoso e estômago liso. Moreno, sem bronzeamento artificial. Quando o beijo aconteceu, Helen se agarrou aos ombros dele, com as pernas bambas. Tinha se sentido meio arrastada, meio carregada para a cama, enquanto ele murmurava palavras em seu próprio idioma, palavras que mesmo agora a faziam tremer. Agora, saindo do chuveiro, Helen ficou novamente excitada, só de lembrar daquela noite. Quando Milos se esticou ao seu lado, tinha virado para ele, sem resistência, descobrindo que ele estava nu, e não conseguira deixar de olhá-lo, fascinada por ser a primeira vez que via um homem nu. — Você está me encabulando — dissera Milos, enterrando o rosto entre os seios dela, que duvidou daquilo. Lembrava-se de ter ficado um pouco apreensiva quando os dedos dele deslizaram pelo seu estômago e depois chegaram ao elástico de sua calcinha, tocando os cabelos encaracolados entre suas pernas, e um soluço brotara em sua garganta. Os instintos a forçavam a separar as pernas, dando mais acesso a ele, mas a consciência insistia para apertá-las. — Relaxe — sussurrara ele. — Você sabe que quer. Sabia. Quando Milos puxou sua calcinha pelas pernas, ela tinha arqueado para ajudar e, de repente, suas pernas estavam separadas e podia sentir sua umidade nas mãos dele, os dedos seguros apertados nela. O polegar dele tinha outro trabalho a fazer, girando no monte de sua feminilidade com tanta experiência que ela atingiu o clímax quase imediatamente. Claro que não sabia o que estava acontecendo, afinal, era inocente, apesar de todos os esforços de Richard naquela área. Lembrou que ria e chorava quando ele separou novamente suas pernas e se posicionou sobre ela, ficando espantada por mal sentir dor quando ele a penetrou. E, mesmo havendo certa hesitação por parte dele, ao encontrar a prova de sua virgindade, estava muito excitado para se afastar. E ela não queria que o fizesse, queria senti-lo dentro dela. Ainda que inicialmente não fosse muito confortável, seu corpo se acomodara ao tamanho dele, e uma estranha excitação tomou conta dela novamente. Agora, Helen tremia, com as lembranças vivas. Devia pensar que o acontecido depois, seus sentimentos por Milos tivessem ficado amargos, mas eles eram tão reais e devastadores quanto antes, levando não apenas à frustração, mas também a uma dolorosa necessidade dentro dela. Pensou em quantos anos Milos teria então. Vinte e dois? Certamente, não mais do que 24. E tinha dado a ela a experiência mais maravilhosa de sua vida, a mais devastadora. Naquela ocasião, achava que Milos fizera amor com ela com calor e paixão, garantindo que ela tivesse satisfação tão grande quanto o clímax dele. Lógico que o telefonema de Eleni provara ser igualmente devastador ou, talvez, destrutivo. Ela ligara quando Helen estava enrascada na cama, enquanto Milos tinha ido ao banheiro e, de início, não percebera o que a outra mulher dizia. Mas logo entendeu e, depois, vestiu-se depressa, saindo antes de Milos voltar, querendo evitar confrontá-lo em suas mentiras. Lembrou de ter saído do hotel como se o próprio Lúcifer estivesse atrás dela, correndo para o ponto de ônibus mais próximo, para voltar para casa. Felizmente, sua mãe não notara nada estranho. No ônibus, tivera tempo de se recompor, abotoando a roupa e penteando os cabelos. Além do mais, estaria em casa antes das dez e meia, e talvez Sheila não quisesse saber de sua sorte. Mas os dias seguintes foram difíceis. Sempre que o telefone tocava, corria para atender, desesperada para sua mãe não descobrir como fora idiota. Logo ele entendera a mensagem. Na verdade, humilhantemente cedo demais. Sim, tinha insistido ter que voltar para Atenas a negócios, conveniente, não? Seus lábios apertaram. Ela teria sido tão rápida em ignorá-lo se soubesse estar carregando o seu bebê? Talvez. Como podia confiar nele, se tinha uma esposa na Grécia? Seria ainda mais humilhante. No entanto, confessara para Richard Shaw. Deixou-o pensar que fora a uma festa com um dos amigos de sua mãe, que bebera demais, o que não era exatamente mentira. Só que Milos não era amigo de sua mãe. Mesmo assim, Richard acreditara nela e, mais importante, se oferecera para casar com ela, assumindo seu erro covarde. A única condição dele fora de que todos, até sua mãe, acreditassem que a criança era dele. Porém, aos 17 anos, era jovem demais para passo tão importante. A coisa mais sensata seria esperar o bebê nascer, antes de tomar decisões para a vida toda. Mas também não conseguira, sem apoio e sua mãe deixando clara sua opinião. Na época, parecera a única solução. Helen suspirou, olhando-se no espelho. Uma mulher não mais tão jovem olhava para ela, sem a inocência que Milos conhecera. Fisicamente, não mudara muito. Ainda era bastante delgada, e se os seios eram mais pesados atualmente, era por ter alimentado seu bebê nos três primeiros meses. Seus quadris eram mais arredondados, e podia ver pequenos riscos em sua barriga. Tinha certeza de não ser uma beleza extraordinária. Então, por que Milos queria vê-la novamente? Por que a beijara? Não havia mulheres gregas suficientes para ele?
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