Хелпикс

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CAPÍTULO TRÊS



CAPÍTULO TRÊS

 

Antes de Helen tocar na maçaneta, alguém bateu do lado de fora, e seu estômago revirou.

— Quem é? — perguntou, mas Melissa abriu a porta.

O homem parado do lado de fora foi imediatamen­te reconhecido. Alto e magro, com feições macilentas e cabelos espessos claros, acinzentados, seu pai parecia mais apreensivo do que ela.

— Helen — falou, abafado, sem tentar entrar no quarto. — Inferno, eu mesmo devia ter ido buscá-la, em vez de pedir a Milos. Esperei tanto por este mo­mento. Pode me perdoar por ficar assustada se eu f... compliquei tudo?

Helen não podia se mover. Agora que ele estava aqui, parado diante dela, os anos pareciam apenas tempo perdido.

— Diga alguma coisa — ele exclamou sem jeito, e ela percebeu que ele tomara o seu silêncio como dis­tanciamento.

Como se ficando impaciente pelos dois, Melissa se adiantou.

— Oi — falou, olhando-o com seu olhar escuro, crítico. — Sou Melissa Shaw, sua neta. — Olhou para a mãe. — Não se preocupe, mãe, ele está passan­do por momentos difíceis tentando se lembrar de quem é você.

— Não é verdade — Helen começou rapidamente, tentando não confrontá-lo.

Mas Sam Campbell não a deixou terminar.

— Eu não a culparia se o fizesse. Deus sabe, não tenho orgulho do que fiz. — Ele respirou fundo. — E bom vê-la de novo. É bom ver as duas. Fui um tolo deixando Sheila tomar conta de tudo, todos esses anos.

— Não é tudo culpa sua — Helen hesitou, igno­rando Melissa, que revirava os olhos. — Fui muito teimosa. Não estava preparada para ouvi-lo.

— Agora está?

— Estou... mais velha. Quando você disse que es­tava doente...

Ele corou.

— Não era verdade...

— Agora eu sei.

— Milos contou?

— Não, Maya. — Helen viu que ele apertava os lá­bios. — Ela não nos queria aqui.

Sam balançou a cabeça, impaciente.

— Não é uma visita para ela. Esta é a minha casa, não dela. — Enfiou as mãos nos bolsos da calça. — Preciso perguntar, a minha decepção faz diferença?

— Claro que faz, mas não sei como me sinto. — Viu o olhar de Melissa nela e continuou cautelosa. — Talvez devêssemos ir devagar, dia após dia.

— Você teria vindo se soubesse que eu não estava doente? — Helen tinha que admitir que não. Como se lendo os seus pensamentos, ele prosseguiu. — Então, agora sabe por que fiz isso.

— Acho que sim.

Ele respirou fundo, olhando pelo corredor.

— Tenho certeza de que está cansada. Precisa des­cansar. Comeu alguma coisa?

— Tomamos um café.

— Nada para comer? — Seu pai balançou a cabeça e olhou para o relógio. — Certo. São quase dez e meia. Por que não peço para Sofia trazer uns pães e um pouco de café fresco? Então, podem descansar até a hora do almoço.

— Para mim está bom — Helen olhou para Melis­sa. — O que você acha?

— Eu não quero descansar. — Olhou para o avô. — Posso ir com você?

— Melissa!

Sam Campbell disse:

— Por que não? — Um sorriso aqueceu as suas feições austeras. — Se sua mãe não se importar.

Helen não conseguia entender porque Melissa queria ir com ele.

— Mmm... não. — Depois, pensou em algo. — Milos ainda está aqui?

Melissa revirou novamente os olhos, mas, por sor­te, o avô não viu.

— Ele já foi — falou, mais caloroso. — Melissa, faremos um passeio turístico, certo? E vou apresentá-la ao Alex.

— Alex?

Helen e a filha falaram juntas e certa hesitação passou pelo rosto dele.

— Alex Campbell, o filho de Maya.

Melissa voltou antes do almoço, entusiasmada e cheia de novidades.

— O lugar é ótimo, mãe — exclamou, jogando-se na cama de Helen. — Sabia que eles fazem o vinho aqui, além de plantar as uvas?

Helen não sabia, mas estava satisfeita por Melissa contar. Tinha desfeito sua mala e a mochila de Melis­sa e, depois de um banho, sentia-se mais otimista. Es­tava mais do que feliz em poder mostrar à filha que havia mais na vida além de matar aula e ficar pelas esquinas com garotos cujas principais atividades eram fumar maconha e realizar pequenos furtos em lojas.

Pelo menos, era um começo, uma esperança, e Melissa parecia ter se divertido.

— Ele me levou ao moinho. Foi bom. E me deixou provar um pouco do vinho que fizeram no ano passa­do.

— Mesmo? — Helen resolveu não falar que beber vinho em sua idade e a esta hora da manhã não era muito sensato. — Então, qual o gosto?

— O vinho? Bom. Acho que não vou gostar de be­ber.

— Isso é um alívio.

— Por quê? Tem medo de que eu siga Richard?

— Não.

— Bom. De qualquer jeito, Sam me trata como se a minha opinião importasse. Gosto disso.

— Ele deixou você chamá-lo de Sam?

— Não. Mas, não posso chamá-lo de vovô, posso?

— Acho que não. Então... conheceu Alex?

— Claro. — Melissa parecia normal demais. — Bem, para começar, tomei café-da-manhã. Ele ia me levar para conhecer a casa, mas Maya ficou recla­mando, então pegamos o Jeep e fomos para o moi­nho.

— Sei.

— Foi quando conheci Alex. Ele é legal.

— Legal? Helen não conseguiu esconder a curiosi­dade.

— Você gostou dele?

— Por que não? Pelo menos ele foi amigável.

— Fala inglês?

— Fala.

— Mmm... quantos anos ele tem?

— Mais velho do que eu.

— Melissa!

— Está bem. Ele não é seu irmão, se isso a preocu­pa. Tem 26. Maya era como você. Tinha apenas 17 quando Alex nasceu.

Uns dois dias depois, Milos resolveu ver como es­tavam as convidadas na casa de Sam.

Sabia que nada tinha a ver com ele, mas algo o atraía ao vinhedo. Era fácil pensar que, como fora buscá-las na chegada, sentia alguma responsabilida­de pelo bem-estar delas. Mas a verdade era que Helen e sua improvável filha o intrigavam. Queria saber mais sobre elas. Sobre ela.

Sam estava tomando um tardio café-da-manhã quando ele chegou. Milos adivinhou que seu amigo já tinha ido ao vinhedo ver como estavam as coisas e agora aproveitava um repasto preguiçoso, sentado à mesa, na sombra de um punhado de limoeiros.

— Milos — ele exclamou. — E um prazer inespe­rado. Quer tomar o café-da-manhã?

— Apenas café. Eu estava... passando e pensei que podia perguntar como a sua filha e neta estão apro­veitando as férias.

— Ah... creio que Helen está gostando do descan­so. Ela tem passado maus bocados desde que o mari­do morreu. Richard... bem, ele parece ter sido um pouco perdulário, se quer saber. Por que mais Helen teria que desistir de sua própria casa e ir morar com a mãe, a menos que estivesse com pouco dinheiro?

Milos não queria ouvir isso. Falar do homem que vivera com Helen todos esses anos mexia com as emoções dele. Não que estivesse com ciúmes, garan­tiu. Como podia ter ciúmes de um homem morto? Mas não gostava de Richard. Seria ele o motivo de Melissa estar tão fora de controle?

Maya saiu da casa e os dois homens se levantaram. Era uma mulher atraente, morena, com pouco mais de quarenta anos, tinha altura mediana, mas genero­samente proporcional. Ela costumava usar longas saias flutuantes que escondiam o seu corpo, embora a blusa mostrasse seios fartos. Era uma prima distante da mãe de Milos e nunca o deixava esquecer que eram parentes.

— Pensei ter ouvido vozes — exclamou ela, vindo na direção deles e dando um beijo no rosto de Milos.

— Não sabia que você estava aqui, Milos. Sam, não ofereceu nada ao nosso convidado?

— Ofereci e ele só quer café — Sam afundou na cadeira. — Talvez você devesse pedir para Sofia tra­zer, Maya? Este está ficando frio.

— Chame que ela virá, Samuel. — Virou-se para Milos, tocando em seu braço. — É tão bom vê-lo. Quase não nos visita.

Milos conseguiu se afastar, educadamente, mas julgou ter cometido um erro ao vir. Maya deixara cla­ra a sua desaprovação na manhã da chegada de He­len e da filha. E a própria Helen não deveria gostar de vê-lo.

— Ele veio ver Helen — falou Sam. — Onde está ela, Maya? Não a vi esta manhã.

— Ela não levanta cedo como nós — Maya falou, ríspida. Sorriu novamente para Milos. — Ficará para o almoço?

— Eu não... — começou Milos, quando Helen apareceu vinda do lado da casa, e Sam levantou.

— Aqui está ela — ele foi ao encontro da filha com evidente prazer. — Pensávamos que ainda não tinha levantado.

— Pensou?

Helen sorriu para o pai, mas depois seus olhos se moveram para Milos e Maya, juntos. Seus lábios apertaram, como se culpando os dois pela sua apreen­são, e Milos sentiu a rejeição dela.

Lutando para lembrar porque estava aqui, conse­guiu ser educado, afastando-se da prima quase que involuntariamente.

Kalimera, como vai? Helen respirou fundo.

— Vou bem, obrigada — respondeu, passando a mão pelo rabo de cavalo às suas costas, tentando ocultar o nervosismo.

Mas Milos percebeu. E notou também que, usando uma blusa sem mangas e um short marinho, parecia mais jovem, mais tranqüila. O sol já deixava sua pele rosada e, mesmo achando que o corado de seu rosto se devia mais ao seu humor do que ao clima, fazia bem a ela.

Kala, bom.

— Milos queria saber como você estava — prosse­guiu Sam.

— Mesmo? Maya retrucou:

— Às vezes, os homens gregos consideram de­mais seus próprios bens. — Helen olhou-a, atenta­mente.

— Você acha? — Milos percebeu que ela já tinha avaliado Maya.

— Se acho? — Maya retrucou e, embora Milos ti­vesse simpatizado com a atitude de Helen, suas pala­vras o pegaram. Inferno, eles tinham sido amantes e ela o tratava como se fossem estranhos.

— Foi dar uma volta? — perguntou Sam, sem per­mitir que a hostilidade entre as duas mulheres o deti­vesse, e Helen virou para o pai, com outro sorriso ca­loroso.

— Estava no jardim. Há tantas flores exóticas aqui, e Melissa me mostrou a fonte.

— Melissa está com você? — Sam olhou para onde ela viera. — Onde está ela?

— Enfiando o nariz onde não é chamada, imagino — murmurou Maya, mas os ouvidos de Helen eram aguçados.

— Creio que às vezes todos nós cometemos peca­dos, não? — retrucou, antes de se virar para o pai. — Ela encontrou uma ninhada de gatinhos e está encan­tada.

— Argh! — Maya encolheu os ombros. — Espero que não traga qualquer um deles para dentro de casa.

— Não trará — disse Sam, impaciente, olhando para a filha, para confirmar.

— Espero que não — concordou ela, mas Milos viu como os lábios dela se moveram divertidos com a idéia.

O lábio inferior de Helen era cheio, e Milos sentiu uma necessidade quase feroz de tocá-lo. Calma, como estava agora, sua boca era incrivelmente suave e sexy e, com surpresa, ele percebeu como era fácil lembrar quão sensual era sob a dele...

Skata! Maldição!

— Creio que devo ir — ele falou, abruptamente.

— Você nem tomou seu café — imediatamente, Sam foi chamar a empregada, pedindo café, e Milos viu que não podia ir agora.

— Veja, preciso voltar para o moinho agora — continuou o anfitrião —, mas Helen cuidará de você, não é querida? — E, antes que ela pudesse responder:

— Venha, Maya. Há algo que quero conversar com você.

Em minutos, eles estavam sozinhos. Um silêncio pesado, quebrado apenas pelo estalar das cigarras, envolveu-os até a chegada de Sofia.

Ela pousou a bandeja na mesa e foi embora. Milos decidiu que já fora ignorado por muito tempo.

— Você quer café? — perguntou, e Helen, que fi­cara distante, olhando a vista, respondeu por sobre o ombro.

— Não, obrigada.

— Como quiser — ele disse, indo na direção dela.

— Teremos mais tempo de nos conhecermos nova­mente.

— Não creio. Por que apenas não pega o seu carro luxuoso e vai embora? Não contarei ao meu pai.

— Por que eu faria isso? O seu pai gostaria que fôssemos amigos.

— Meu pai não o conhece como eu.

-— Você tem razão. Não tenho o hábito de dormir com pessoas do meu sexo.

— Você me surpreende. Pelo que ouvi, homens como você são mais dispostos a tentar tudo... ah!

Não conseguiu terminar o que dizia. Tinha ido longe demais e a mão de Milos agarrou seu braço, acima do cotovelo, puxando-a para ele, com pouco cuidado, apreciando a sensação de poder.

— O que há com você? Nós dois sabemos exata­mente que o que aconteceu entre nós tantos anos atrás não foi exatamente inesperado. Afinal, o que é tudo isso? — disse ele, enquanto o perturbador aroma de flores dela o invadia, deixando-o abalado. — Fize­mos sexo. Muito bom, pelo que lembro, e daí? É o que homens e mulheres fazem quando estão atraídos um pelo outro.

— Mulheres do seu meio — ela não estava prepa­rada para desistir, mesmo sabendo que ele queria feri-la. Por Deus, ele estava se ferindo, de uma ma­neira diferente. — Eu não sou como você.

— É sim. Como quer que fosse aquele... jovem com quem se casou, quando estávamos juntos, você não se importava com quem eu era.

— Porque eu não sabia quem você era. E não... fale assim de Richard. Ele... era um homem decente.

— Não é isso que a sua filha diz. Pelo que pude perceber, ele tinha suas falhas. Por isso casou com ele, Helen? Você o amava ou foi só para fazer a sua mãe parar de dizer que tinha se tornado promíscua?

— Bastardo!

Ela queria atingi-lo. Por um segundo, olhou-o fi­xamente e, embora a hostilidade entre eles fosse pal­pável, havia outra emoção, menos identificável, nos olhos violeta dela. Tentou se afastar, mas não conse­guiu, e o calor do seu corpo contra o dele fez seu san­gue ferver.

— Você acreditava mesmo que pudéssemos ficar indiferentes ao um outro? — Ele perguntou, desejan­do violentamente beijá-la, apertar seus quadris con­tra o seu membro que doía.

— Ei... o que está havendo?

A voz da criança acalmou seus sentidos. A mão dele abaixou instantaneamente para o lado e ele se afastou, com as pernas tão trêmulas quanto as de He­len.

— Melissa — ele se controlou. — Sua mãe tinha algo no olho e eu estava tentando tirar.

 

 



  

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