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CAPÍTULO DOIS



CAPÍTULO DOIS

 

A casa ficava numa elevação, rodeada por vinhedos verdes. Um longo caminho era ladeado por ciprestes e oliveiras, com arbustos de tamanscos floridos. Era uma residência com beirais pendentes, cheios de vi­nhas e buganvílias.

— Chegamos?

Agora Melissa estava inclinada para frente, o co­tovelo afundando na nuca da mãe, e Milos imaginou que diabo Sam faria com esta neta. Claramente, ela não era como ele esperava.

— Mãe!

Helen não dissera nada, até Melissa insistir.

— Deve ser a casa de seu avô — olhou de relance para Milos. — São vinhedos?

Ineh ... são. Ambeli Kouros.

Ambeli Kouros! — Melissa tinha algo a dizer. — Que diabo é isso?

— Melissa!

Helen tentou fazê-la se calar, mas Milos viu que ela estava perdendo seu tempo.

— Significa o vinhedo Kouros. Kouros era o so­brenome da esposa do seu avô. Ele manteve o nome.

Melissa pensou por um momento, dizendo afinal.

— A esposa do meu avô. Seria aquela bruxa Maya, certo?

— Por Deus, Melissa...

Milos reconheceu as palavras da mãe de Helen na­quela descrição.

— Certo — ele falou. — Então, fique avisada. Maya não faz prisioneiros.

Melissa bufou, encostando de volta no assento, de­sapontada por não ter causado uma reação explosiva. Helen sentiu-se obrigada a intervir.

— Creio que o nome de Maya não seja muito bem-vindo na minha família. Devo admitir que minha mãe não queria que eu viesse.

Qual a novidade? Milos pensou. Sheila Campbell também não gostara dele.

— Ela não deve confiar em Sam — falou com sua­vidade. — É isso ou acha que é cedo demais para você pensar em recomeçar.

— Quer dizer, desde que Richard morreu? Não. Ela... acha que devo me casar novamente.

— É, ela quer que a mamãe case com um enru­gado — falou Melissa, antes que Milos pudesse fa­zer qualquer comentário. — Mark Greenaway. Deve ter uns sessenta, ou mais. Como se eu o qui­sesse como pai!

— Mark não é enrugado — Helen protestou. — E nem está perto dos sessenta. — Olhou para Milos. — Ele é meu chefe. Tem uma empresa de engenharia e sou sua assistente pessoal.

— Mesmo? Ele também tem família?

— Não é casado, se quer saber. É viúvo, sem fi­lhos.

— Oh, glorioso! — retorquiu Melissa, com des­prezo. — O homem é um pavor, e você sabe. Se não fosse pelo fato de papai nunca ter trabalhado, você nunca teria sequer pensado em trabalhar para ele.

— Isso não é verdade!

Helen estava embaraçada, e Milos imaginou como ela deixava a filha falar assim. Era como se Helen esti­vesse assustada com o que a filha pudesse falar e, a jul­gar pela atitude da garota, ela podia ter algo a dizer.

De repente, consciente de que olhava fixo para ela, Milos afastou o olhar. Era apenas o nervosismo que a impedia de sair do carro ou ela queria dizer algo mais?

Sentiu um aperto no estômago e Melissa quebrou o silêncio.

— Bem... vamos sair ou o quê? — O rosto de Mi­los enrijeceu e ele abriu a porta do seu lado.

Enquanto ele dava a volta no carro, Helen também começava a sair, as pernas longas, nos saltos ridiculamente altos, atraindo o olhar dele.

Iseh kala! Você está bem? — perguntou. Havia uma preocupação em sua voz e ela respon­deu não como ele previra:

— Você se importa? — Pela primeira vez ela mos­trava seus sentimentos. — Você se importa com al­guém, além de si mesmo? Agora é tarde demais para fingir que tem consciência.

O queixo de Milos caiu, mas a raiva que cerrou seus lábios mudou com a visão de Melissa pulando para o banco da frente do carro.

— Dá licença? — exigiu ela, enquanto ele a olha­va. — Quero sair e você está na frente.

Milos estava assombrado demais por como ela tra­tava seu carro e só conseguiu estender a mão para Helen, tentando afastá-la do caminho da garota.

Agira sem pensar e, antes que as pontas de seus de­dos sentissem a pele sedosa ou a pulsação dela, Helen afastou o braço, esfregando a mão como se a tivesse contaminado.

— Não... me toque! — E, pelo menos uma vez, ele ficou grato pela interrupção de Melissa:

— Obrigadíssima! — falou, atropelando as pala­vras ásperas da mãe.

Elas receberam quartos nos fundos da casa. Pisos de azulejos claros, tetos altos e muitos móveis de madeira escura, contrastando sua frieza com o calor aba­fado externo. Uma varanda com cadeiras pintadas de branco e uma mesa exibia a vista da costa, além da colina.

Que vista, Helen pensou, passando as mãos pela nuca, mãos ainda úmidas pelas emoções que sentira antes, ao conhecer a segunda esposa de seu pai. Lidar com Milos fora bem difícil, mas diferente de lidar com Maya.

Era óbvio que ela não as queria aqui. Estava claro que Milos era persona grata na casa. Elas não, e Maya demonstrara isso imediatamente.

Mas, o que realmente tinha deixado Helen choca­da fora a notícia de que seu pai estava trabalhando! Ela o imaginava numa cadeira de rodas ou coisa pior. Tinha sido a impressão que ele dera em suas cartas. Que precisava vê-la, desesperadamente, an­tes de...

Antes do quê? Ele tinha parado pouco antes de di­zer que estava morrendo, fazendo-a acreditar que es­tava seriamente doente; que não sabia quanto tempo ainda tinha.

— O que você acha? — Melissa estava encostada na porta do quarto. Pela primeira vez, demonstrando insegurança. — Vamos ficar ou apenas cuspir na cara dele e pegar o próximo barco e partir?

— Melissa! — Helen falou, automaticamente, pois pensava a mesma coisa. Ficar era uma opção? Ser atraída para cá com mentiras não parecia um bom augúrio para um futuro relacionamento com seu pai.

— Você não está exatamente entusiasmada, está? Nem começou a desfazer a mala.

— Você começou?

— Ei, algumas camisetas e um par de jeans não re­quer muito. É só abrir o zíper, tirar as coisas e enfiar numa gaveta.

— Você não trouxe apenas jeans e camisetas!

— Não?

— Faça do seu jeito — falou, cansada. Reconhe­ceu que não era apenas pelo pai, mas por ela e Melis­sa. Tudo para tirar sua filha das influências desfavo­ráveis que estavam tornando sua vida tão difícil.

Ela se dirigiu para a cômoda, onde uma havia uma bandeja com café e limonada gelada.

— Quer beber alguma coisa?

— Pode ser — Melissa olhou-a estranhando e, se afastando da porta, andou pelo quarto. — O que você tem?

— Precisa perguntar? Vejamos, minha maravilho­sa filha fez o impossível para me humilhar; eu descu­bro que o pai que não via há 16 anos estava mentindo e sua esposa deixou claro que não nos quer aqui. Pre­ciso continuar?

— Eu pareço me importar?

— Certo. — Helen tirou o blazer e puxou a bainha da blusa de seda bege para fora da saia, se abanando com ela. — Você ficaria?

— Claro, por que não?

— Não somos bem-vindas.

— E daí?

— Daí que, diferente de você, não gosto de con­frontos.

— Sai dessa, mãe. — Melissa serviu-se de um copo de limonada antes de continuar. — De qualquer modo, acho que foi muito dura com Milos. Se não fosse por ele, provavelmente ainda estaríamos tor­rando ao sol. Maya não estava com nenhuma pressa de nos convidar a entrar, estava?

— Eu não preciso da ajuda de Milos Stephanides — ela tentou se controlar. Estava nervosa, podia fa­cilmente dizer algo do que se arrependeria.

Com a xícara de café nas mãos, foi para as janelas de trás. Encontrá-lo fora mais difícil do que imagina­va. Já devia tê-lo esquecido, mas não tinha certeza.

— Você acha que ele e Maya estão, assim, fazendo aquilo? — perguntou Melissa subitamente, e Helen se virou, horrorizada.

— Fazendo o quê? — exclamou, embora temesse saber o que a menina queria dizer. Maya ficara total­mente feliz em vê-lo.

— Ei, preciso desenhar? Sabe o que quero dizer.

— Não sei.

— Bem... não quero dizer ela e o seu velho, certo?

— Está sugerindo que Milos... que Milos e Maya possam estar...

— Ficando juntos? Por que não? Você não viu como ela ficou toda em cima dele? E ele disse que não é casado.

— Ela é.

— E...?

— Não.

— Alô-ô? Não me diga que acha que a rainha da sua madrasta não faria tal coisa. Caia na real, Helen. Não seria a primeira vez que ela acaba um relaciona­mento.

— Não me chame de Helen.

— Então, como devo chamá-la? De boba? Mãe, esse cara é bonitão. Só porque Maya já tem um mari­do não quer dizer que não pode aproveitar um pouco por fora.

— Melissa! Você me assusta.

— Bem, não diga que não te avisei.

— Ela só estava feliz em vê-lo.

— Não é mesmo? Que seja. O cara é quente. Até você deve ter notado. Ou esqueceu como é...?

— Agora chega. — Helen não podia ouvir mais. Respirou fundo e mudou de assunto. — O seu quarto é interessante?

— Interessante? Não quer me tratar como adulta, não é?

— Você não é adulta, Melissa. Tem 13 anos, não.

— Logo farei 14. Por que não se lembra disso?

— Sei exatamente quantos anos você tem — disse Helen. Sabia. Depois, falou com cumplicidade: — Então, acha que devemos ficar?

— Crianças têm voto?

— Claro que você tem. Pensei que queria conhe­cer seu avô.

— Como se eu precisasse de outro homem velho na minha vida!

— O que está dizendo?

— Bem, estamos aqui, não é? Este lugar não é ruim e a nossa estada, definitivamente, deixará Maya de nariz torcido.

Helen teve que sorrir.

— Você é impossível!

— Mas você me ama de qualquer jeito — falou Melissa, abraçando a mãe. Então, ouvindo o som de um carro chegando, ela arqueou uma sobrancelha. — Ei, será quem acho que é?

O estômago de Helen apertou. Tinha certeza de que era seu pai.

Logo, a perspectiva de desfazer a mala e ficar ali perdeu o sentido. O que diria a ele? Quantas outras mentiras ele pretendia contar? Que desculpa inventa­ria para a mentira de ter pouco tempo de vida?

Melissa voltou desapontada.

— Não dá para ver a entrada daqui. Acha que é ele?

— Se quer dizer seu avô, acho que sim — respon­deu Helen, tensa. E como se acabando de notar a apa­rência da filha, perguntou: — Você não tem nada mais adequado para usar?

— Certo. Me vestir como uma dondoca! Não jo­gue o seu mau humor em mim, não é minha culpa.

A raiva de Helen sumiu tão depressa quanto tinha aparecido.

— Eu só queria que você não usasse sempre preto.

— É uma questão de moda — informou Melissa, indo para a porta. — Vou ver o que está acontecendo lá embaixo. Não quero que o demônio da bruxa faça veneno.

— Fique onde está — Helen moveu-se rapidamen­te, interrompendo-a. — Você não vai sair deste quar­to sozinha. E modere a sua linguagem quando falar da esposa de seu avô. Pare de tentar fazer uma imita­ção barata de sua avó.

O rosto de Melissa ficou corado.

— Não sei por que você a defende. Ela arruinou a sua vida, não é?

— Talvez. — Helen não estava preparada para aquilo. — Preciso ir ao banheiro um minuto e depois desceremos para acabar com isso.

— Você não está ansiosa, está?

— Realmente, não.

— Por que seu velho dominou você?

— Porque ele mentiu para mim. — Helen pegou a sacola de mão, procurando pelo pente. — Pareço bem?

Melissa olhou-a toda.

— Nada mau para uma mulher mais velha. De qualquer modo, Milos a acha legal.

Helen corou.

— Vamos, antes que eu perca o controle.

 

 



  

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