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CAPITULO QUATORZECAPITULO QUATORZE
— Não atenda! Rachel se agarrou ao braço de Jack, e ele estava tentado a atendê-la. Ele estava tomado pela necessidade de se perder de novo no calor do corpo dela. Mas alguém estava na porta, e como tocou a campainha mais uma vez, obviamente sabia que ele estava em casa. — Tenho de atender — ele resmungou, com um instintivo sentimento de privação enquanto se afastava dela. — Pode ser o médico. — O Dr. Moore? — O próprio — ele afirmou, arrumando com certo pesar a calça que Rachel desabotoara com. — Ele aparece de vez em quando para ver como estou. Espere aqui. — Ele a levou de volta para a sala de estar, a barba que crescia roçando o queixo dela enquanto roubava outro beijo apaixonado. — Vou me livrar dele. Rachel concordou. — Não demore. Jack não disse nada, mas o olhar que lançou foi eloqüente o bastante. Então, atendendo ao pedido dele, ela entrou na sala, mas ficou perto da porta para que pudesse escutar quem era. E, embora soubesse que não havia razão para se preocupar agora, não pôde evitar um mau pressentimento quando Jack abriu a porta. — George! O cumprimento de Jack não foi muito entusiasmado. Os últimos eventos o levaram a reconsiderar o que sua mãe tinha dito sobre George, e agora já tinha suas próprias conclusões a respeito. Estivera adiando o confronto, mas agora não era o momento de tocar naquele assunto. — Jack! Usando sapatos polidos e um terno risca-de-giz, era evidente que George viera direto do escritório, e Jack se perguntava qual seria o motivo da visita. Além de alguns telefonemas que a Sra. Grady atendera, ele não tinha se preocupado em vê-lo desde sua volta. Começou a se indagar se ele mantinha algum contato com Lucy Robards e sabia que ela fora para Londres. E o fato de que Rachel estaria sozinha e que poderia decidir voltar para casa... — Como está? — Era apenas sua imaginação, ou o cumprimento de George era amigável demais? Ele estendeu a mão e Jack se viu obrigado a fazer o mesmo. — É bom vê-lo novamente. — Mesmo? — Jack retirou a mão assim que pôde, e discretamente a limpou no jeans. A palma de George estava quente e suada. Não havia dúvida de que estava nervoso, e Jack se perguntava a razão. — O que veio fazer aqui, George? — O que acha? — O rosto arredondado de George estava vermelho e seu sorriso era muito suspeito. Ele passou a mão trêmula na cabeça quase careca. — Estava preocupado com você, Jack. Não vai me convidar para entrar? — Oh, bem... — Jack deu um sorriso enviesado. — Não vai ser possível no momento, George. Eu tenho companhia. George ficou de queixo caído. — Ela está aqui? — ele exclamou consternado, e embora Jack estivesse tentado a atormentá-lo um pouco mais, algo na atitude de George o fez reconsiderar a idéia. — Onde mais ela estaria? — ele indagou sucintamente. — Ela mora aqui. — Ah! — George pareceu ficar mais calmo. — Entendo. — Ele umedeceu os lábios. — Está falando de Rachel, claro — ele continuou, secando a testa com um lenço branco. — Nossa, que tarde quente, não é? — Quente e úmida — concordou Jack seco, olhando por cima do ombro. Podia pensar em outra coisa muito mais interessante do que ficar ali ouvindo George falar sobre o tempo. Começou a ficar impaciente. — Isso é tudo? Como pode ver, estou me sentindo muito bem agora. — Excelente. — George guardou o lenço. — E... então? Quando o veremos de volta ao escritório? — Ainda não tenho certeza. — Jack deu de ombros. — Claro que não será tão em breve. Estou pensando em sair para uma segunda lua-de-mel prolongada com Rachel, assim que pudermos viajar. George hesitou. — Bem, honestamente... não sabia que vocês dois estavam juntos de novo — disse ele, tentando afrouxar o colarinho com o dedo. — Quero dizer, que eu saiba, ela estava na casa daquela amiga, Lucy Robards. Jack fungou. — Conhece Lucy? — Não muito bem — disse George rapidamente. — A coluna dela é famosa. Mas acho que ela é uma mulher meio mal-humorada. — E como sabe que Rachel estava com Lucy? Ela contou para você? George parecia desconfortável. — Acredito que sim. Não tenho certeza agora. Mas todos no escritório sabem. — Verdade? — Jack estava ficando irritado, mas algo que aprendera com sua doença era que a raiva de nada adiantava. — Imagino que depois de um acidente quase mortal, é natural querer ficar perto daqueles que se importam com você. — Ele parou por um segundo. — Além do mais, eu não sabia do acidente. Ninguém se preocupou em me avisar. — Não? — George foi bem-sucedido com sua expressão escandalizada. — Quer dizer que Lucy Robards não o avisou? — Aparentemente, não. — Jack teve de se controlar para não socar o rosto de George. — Engraçado, não é? Ela disse a Rachel que você se ofereceu para ligar. — Não! — George parecia indignado. — Tenho certeza de que não disse isso. — Mas então, tentou se justificar: — De qualquer forma, talvez eu tenha hesitado em ligar. Quero dizer, ninguém queria atrapalhar sua recuperação, Jack. Jack o encarou, cético. — Bem, fico feliz em saber que sua... hã... consideração foi notável. E apenas para acrescentar, eu e Rachel nunca estivemos separados. Rachel, que estava na porta da sala ouvindo, sentiu-se corar de satisfação. Queria muito se juntar a ele, dizer a George Thomas o que pensava de sua atitude desprezível, acusá-lo de tentar separá-la de Jack. Mas George falava novamente, e a tensão era evidente na voz. — É um homem de sorte — ele disse, taciturno. — Sempre achei isso. — É mesmo, George? — Jack poderia ter parado por ali, mas algo o fez continuar falando: — Mesmo com Karen Johnson me acusando de ser pai do filho dela? — O escárnio era evidente. — Ninguém pode invejar isso. — Talvez não. — George o enfrentou. — Sabe, Jack, algumas pessoas diriam que você mereceu. Rachel aguardou, ansiosa. Mas a negativa que esperava não foi dita. No entanto, George devia ter visto algo no rosto de Jack, porque assumiu um tom diferente. — Quero dizer... — Ela podia ouvir o tom defensivo na voz dele. — Se você não a tivesse convidado para sair, ela provavelmente teria abortado e tudo teria acabado. Fez um longo silêncio depois da afirmação dele. — Acha que ela estava pensando em abortar, George? O outro homem limpou a garganta. — Quem sabe o que ela estava pensando? — exclamou ele, mais uma vez parecendo defensivo. — Não posso ler a mente dela, Jack. Ela queria você, não eu. — Verdade? A significância daquelas palavras atingiu Rachel em cheio. Meu Deus, ela pensou, incrédula, Jack acha que George é o pai! Mas George era casado e tinha três filhas. Mas o fato de ser casado não impedira Karen de acusar Jack, impedira? O som de um carro parando bruscamente próximo à entrada os distraiu. A porta foi aberta com ímpeto, e uma voz que Rachel esperava nunca mais ouvir exclamou, de forma estridente. — Muito bem, George! O que significa isso? Rachel já ouvira o suficiente. Não ficaria escondida como um ratinho assustado enquanto aquela mulher invadia sua casa pela terceira vez. Conferindo se sua roupa estava no lugar e arrumando os cabelos com os dedos, foi em direção à entrada. Enquanto isso, George falava asperamente: — Que diabos está fazendo aqui, Karen? — Faço a mesma pergunta! — replicou ela, juntando-se a eles. — Quis saber aonde estava indo e o segui. — Ela riu, sarcástica. — Que surpresa! Você veio direto para cá. — Não tem o direito de vir aqui, Karen — George continuou, de modo agressivo. — Não é bem-vinda. Pensei que Jack a havia convencido disso. — Nada disso tem a ver com Jack — Karen disse, irritada, o rosto ficando ainda mais vermelho quando viu Rachel aparecer e segurar o braço do marido. — E o que ela está fazendo aqui? Você me disse que ela e Jack estavam separados. — Não lembro de lhe dizer uma coisa dessas — George murmurou, obviamente desconfortável. — Disse sim! — ela insistiu. — Lembro que disse que ela foi ficar com aquela amiga quando saiu do hospital. — Os lábios dela se retorceram enquanto olhava para Rachel. — George me contou que sofreu uma queda horrível. Jack sentiu as unhas de Rachel apertando seu punho com força, mas ela não disse nada, e ele sentiu o desejo de protegê-la. — George sempre se engana. — Ele fez uma pausa. — Devia ser mais sensata e não acreditar no que ele diz, Karen. Aposto que já a deixou na mão antes. — Não tenho tempo para isso — George disse, claramente desejando estar bem longe dali. — Fico feliz por se sentir melhor, Jack. E Rachel, é bom vê-la novamente. — Segurou Karen pelo braço. — Vamos, Karen, estamos atrapalhando. Eu a acompanho até o carro. — Solte-me. — Apesar do corpo volumoso, conseguiu se soltar dele com facilidade. — Não vou a lugar algum. Não até saber o que veio contar a Jack. George ficou consternado. — Não falei nada sobre você, sua idiota! — ele protestou, tentando segurar a mão dela, mas não conseguindo. — Diabos, não percebe que está constrangendo a todos nós? — A única pessoa que estou constrangendo é você, George — Karen replicou com desprezo. Então, voltou-se para Jack: — Não se deixe enganar. Ele tem os próprios planos. Desde que descobriu que ela estava bem, ficou com medo de que descobrissem tudo. — Tudo o quê? — Karen... Ignorando a agonia de George, Karen olhou Rachel com desprezo. — Não sei o que Jack vê em você. Pena que aquele velho a salvou. — Basta! — Jack gritou. Então, olhou para George. — Do que ela está falando? George suspirou. — Não sei! — ele disse. — Não acredite no que essa mulher fala. — Ele não pode acreditar no que você fala — Karen o contradisse. Olhou para Jack novamente. — George sabia o que eu sentia por você. Mas isso não o impediu de me seduzir. E quando fiquei grávida, usou meu amor por você para salvar a própria pele! — Amor! — George zombou. — Não sabe o que isso significa! — E você sabe? — bufou ela. — Dá um tempo! A idéia de dizer que o filho era de Jack foi sua. Só porque lhe contei que ele passou a noite na minha casa. Os olhos de George se moviam de Jack para Karen, e vice-versa. — Ela é louca! — ele exclamou. — Você mesmo me disse que ela o estava perseguindo. Não pode acreditar que... Ele foi interrompido pelo tapa que Karen lhe deu no rosto, e Rachel viu as marcas brancas dos dedos dela estampadas na pele vermelha de George. — Seu maldito! — Karen gritou. — Você me queria porque pensou que Jack poderia se interessar por mim. Mas como não se interessou, decidiu me usar para arruinar a vida dele. — Isso é ridículo... George tentou falar, mas Karen o interrompeu: — Por que acha que eu e Rachel chegamos a Ballyryan no mesmo dia? — falou, olhando para Jack. — Foi por sugestão de seu grande amigo aqui. A boca de Rachel ficou seca. — George...? — Ela está mentindo — ele insistiu, desesperado. — Não percebe? Ela fez o mesmo com o seu marido. Como não funcionou, agora está tentando me culpar! Karen comentou calmamente: — Duvido que Rachel acredite em você. Depois do que aconteceu com ela. — Os olhos dela estavam cheios de malícia. — Afinal, ela deve saber que eu não faria aquilo se não estivesse desesperada. — E o que você fez, Karen? — Jack falou, ignorando as tentativas de George de dissuadi-lo. — Vamos, eu quero saber. — Ela não contou? — Karen deu uma risada. — Pobre Rachel! Ficou com medo de que Jack tivesse me mandado empurrá-la do penhasco? — Por que não me contou? Já era tarde, e embora Jack quisesse chamar a polícia, Rachel o convencera de que era melhor deixá-los ir. Ela não seria capaz de enfrentar todo o horror do acidente novamente. Já era um alívio saber que não imaginara o empurrão. Karen vira uma oportunidade de se livrar da rival de uma vez por todas, mas seria apenas sua palavra contra a dela. Na verdade, era George quem teria de lidar com as conseqüências de todas aquelas revelações. Rachel suspirou. Estavam no quarto que compartilhavam no início do casamento. Quando George tentava defender a si mesmo das acusações de Karen, a Sra. Grady chegou a pé, e Rachel ficou feliz pela interrupção. — Como poderia esperar que acreditasse se eu mesma relutava em acreditar em você? — ela perguntou com simplicidade, parada na janela, de costas para o marido. — Por Deus, Jack, foram tantos mal-entendidos! Só quero deixar Karen no passado. — Mas ela poderia tê-la matado — Jack murmurou, rouco, parando atrás dela. Colocou as mãos de maneira possessiva sobre os ombros dela. — O que estou dizendo? Ela quase a matou. Se não fosse aquele homem com o cachorro... — Chega. — Rachel estremeceu. — Tive pesadelos por semanas. Só quero esquecer tudo isso. — Mas eu não esquecerei — Jack respondeu, afastando as alças do top para beijar a pele macia. — Para mim, você é a coisa mais preciosa deste mundo. Quando penso que podia ter perdido você por causa daquela mulher... — Já passou, Jack. — Rachel se virou, livrando os braços das alças do top e os colocando ao redor do pescoço dele. — Estamos juntos novamente. E nada irá nos separar daqui para a frente. — Pode acreditar. Jack levou os lábios ao pescoço dela, traçando uma trilha sensual com a língua desde a orelha até os seios. Afastando mais o top, capturou um dos mamilos rosados, mordiscando-o gentilmente. Rachel sentia-se flutuar. Embora Jack fosse gentil, podia sentir que ele lutava par# manter o controle. Devia imaginar que ainda estivesse em estado de choque, que poderia se afligir se ele fosse longe demais. Mas como estava enganado! — Quero você — sussurrou ela, livrando-se do sutiã e permitindo que ele tocasse os seus seios livremente. — Vamos para a cama. Jack sentia uma certa tontura, mas não era como antes. Estar com Rachel novamente e saber que ela ainda o amava depois de tudo que acontecera lhe dava incrível satisfação. Amava-a demais e pensara que a tinha perdido para sempre. — E se a Sra. Grady vier saber se queremos jantar? — perguntou, rouco, enquanto Rachel jogava o sutiã e o top no chão. — Ela não virá — Rachel respondeu confiante, tirando o short e revelando-se em uma diminuta calcinha. Então, colocou a mão na cintura da calça dele. — Não acha que está usando muita roupa? Jack não precisou de mais encorajamento. Livrando-se da camiseta e do jeans, mostrou como estava excitado. Enquanto isso, para o deleite dele, Rachel se acomodava na cama. — E agora? Quem está usando muita roupa? — Jack protestou, subindo na cama, e Rachel ergueu uma das pernas em evidente provocação. — Achei que gostaria de cuidar do assunto — ela murmurou, e Jack se ajoelhou ao lado dela, deslizando as mãos por seus seios e descendo até a cintura, na altura da calcinha. — Será um grande prazer — ele sussurrou, inclinando a cabeça e usando os próprios dentes para puxar a peça de cetim pelos quadris dela. — Mmm, assim é muito melhor. Rachel estremeceu. — Jack, por favor... — Por favor o quê? — perguntou, afastando as pernas dela e a estimulando com os próprios dedos. — Não gosta disso? Pensei que estivesse agradando. Você certamente me agrada. — Jack... quero você. — Os olhos dela imploravam para que ele não perdesse mais tempo, e com um suspiro de submissão, ele a possuiu. — Assim é melhor? — ele sussurrou contra a boca de Rachel, sentindo-a estremecer sob o corpo dele. — Muito melhor — ela respondeu, as unhas cravadas nos ombros dele. Fizeram amor, dando vazão aos sentimentos reprimidos por tanto tempo, prolongando o momento até que ela não pudesse mais suportar. Ele silenciou os gemidos dela com a própria boca, relutante em se afastar por um segundo que fosse. Estavam juntos novamente. Eram apenas um. E pela primeira vez desde aquela manhã no lago, Jack sentiu que o futuro podia ser encarado sem medo ou recriminações...
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