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CAPITULO DOZE



CAPITULO DOZE

 

— Acha que devo ir vê-lo?

Rachel estava na janela da sala de estar da amiga, olhando a chuva. Mantinha-se de costas para que Lucy não pudesse ver seu rosto, mas temia que o desespero que sentia fosse evidente em sua voz.

Já haviam passado quatro semanas desde o acidente que quase a matara. Assegurava a si mesma de que fora um acidente. Recusava-se a acreditar em outra coisa. Durante aquele tempo, não tivera notícias do marido, mesmo sabendo que ele voltara para Market Abbas duas semanas atrás.

Lucy Robards, que repousava em uma poltrona, saboreando uma caneca do café que Rachel acabara de fazer, suspirou.

— Está louca? — falou, incrédula. — Jack sabe onde você está. Aliás, sabe disso desde quando você sofreu o acidente. Por que quer ir vê-lo? Para perguntar se ainda a ama? — Ela sorriu de maneira sarcástica. — Acho que já sabe a resposta, não sabe?

— Sei?

A reação de Rachel fez com que a amiga desse uma exclamação impaciente, mas ela ignorou o fato. Lucy não entendia. Nem mesmo ela entendia muito bem, mas ainda não acreditava que tudo que Karen disse era verdade.

Ela estremeceu. Apesar de determinada a considerar o que acontecera como uma aberração de sua mente, ainda tremia ao pensar no nome daquela mulher. Continuava afirmando a si mesma que ninguém a empurrara do penhasco. A mão e o empurrão eram fantasias de sua imaginação.

No entanto, os pesadelos com Karen empurrando-a continuavam a atormentá-la. Ela acordava agitada de medo e sempre levava horas para conseguir dormir novamente.

Começou a sentir-se enjoada e tentou controlar o mal-estar. Não podia deixar que Lucy suspeitasse que as palavras de Karen a forçaram a sair de casa, mesmo que fosse a mais pura verdade. Não, ainda estava lá porque não queria voltar à cena do acidente. Ainda não. Mas se Jack estava lá...

— Não está mesmo pensando em voltar para ele, está? — Lucy se levantou e se postou ao lado dela, obrigando Rachel a olhar em sua direção. Então, ela ficou apreensiva. — Meu Deus, você está pensando nisso! — Ela balançou a cabeça. — E está chorando! Oh, Rachel, o que faço com você?

Rachel balançou a cabeça, rapidamente limpando as lágrimas do rosto com as mãos.

— Acho difícil acreditar que Jack voltaria para Market Abbas e não viria me ver se soubesse onde eu estava — ela murmurou. — Jack tem seus defeitos, mas não agiria dessa forma.

— Isso foi antes de Karen Johnson colocar as garras nele — replicou Lucy abruptamente. — Não acha que a Sra. Grady diria onde você está? Nunca pensou que a razão para não ter aparecido é porque está envergonhado? Rachel fungou.

— Sim.

— Então!!!

— Mas o que ele disse? — Rachel insistiu subitamente. — Como ele reagiu quando George telefonou para dizer que eu tinha... caído?

— Por que não pergunta a George? — declarou Lucy, perdendo a paciência. — Honestamente, Rachel, do que mais precisa para se convencer de que Jack mentiu para você? Uma confissão por escrito?

Rachel apertou os lábios, sentindo náuseas novamente. Não conseguia acreditar que sua vida tivesse sido destruída em questão de semanas.

Para seu alívio, o telefone tocou, e embora tivesse ficado esperançosa por um instante, Lucy lhe disse que era seu agente. Ao menos Rachel teve uma desculpa para sair e, subindo para o quarto, fechou a porta e se sentou na cama.

O que faria? Não podia morar com Lucy para sempre, embora a amiga gostasse da idéia. Além disso, não trabalhava desde o acidente. Apesar de a editora ter sido muito compreensiva, mais cedo ou mais tarde teria de terminar as ilustrações que fazia antes de tudo aquilo acontecer.

Lembrava-se da tarde do acidente como se fosse ontem. Uma nova onda de náuseas a invadiu, mais forte desta vez, fazendo-a correr para o banheiro. Deus, tendo empurrado ela do penhasco ou não, Karen fizera de tudo para destruir o frágil relacionamento que florescia entre ela e o marido.

Voltando para o quarto, olhou a própria imagem no espelho. Parecia um fantasma, pensou, esfregando as bochechas pálidas para deixá-las um pouco coradas. Ela perdera peso e o cabelo parecia sem vida. Não tinha aparência adequada para encarar novamente o marido.

Embora parecesse loucura, considerando todos os fatos, não conseguia tirar da cabeça que se Karen tivesse certeza das intenções de Jack, não sentiria necessidade de atormentá-la. Ou sentiria? Talvez temesse que, caso se divorciasse do marido, Rachel o arruinasse financeiramente. Seria mais fácil se Rachel morresse, permitindo que Jack controlasse as finanças e a empresa de uma vez só.

Tais pensamentos a deixaram, indisposta de novo. Rachel voltava do banheiro pela segunda vez quando Lucy bateu na porta e a chamou.

— Posso entrar?

Rachel gostaria de dizer que não, mas estava na casa de Lucy afinal de contas.

— Claro — respondeu finalmente.

Lucy abriu a porta e colocou a cabeça dentro do quarto.

— Tudo bem? — perguntou, preocupada.

— Resolvi me deitar um pouco — Rachel disse, dando um tom otimista à voz. — O que Stephen queria?

— Bem, é o que quero falar com você — Lucy disse. — Ele quer que eu vá para Londres. Ele organizou

uma reunião com alguém que está interessado em publicar a coluna em suas revistas. Não poderei ter certeza de nada até o negócio estar fechado, mas acho que será uma grande oportunidade para mim.

— Que maravilhoso! — Rachel estava sinceramente feliz pela amiga. — Vai ganhar mais dinheiro?

— Pode acreditar que sim. — Lucy riu. — Pelo menos mais dez mil por ano.

— Que incrível!

— O que quer dizer isso?

— Como assim? — Rachel parecia ofendida. — O que eu poderia estar querendo dizer?

— Oh... — Lucy estava visivelmente desconfortável. — Que a minha carreira está deslanchando agora que você... bem, que não pode trabalhar.

— Acha mesmo? — Rachel se perguntava se aquilo seria verdade. Talvez se sentisse melhor se estivesse trabalhando. Talvez recuperasse a confiança.

— Bem, estou feliz por você — ela insistiu. Então, ficou apreensiva. — Quando vai para Londres?

— Este é o problema. — Lucy mordeu o lábio. — Se importaria se eu fosse esta tarde? A reunião é amanhã na hora do almoço, mas gostaria de passar a noite lá para ter tempo de me preparar. — Ela ficou silenciosa por um instante. — Pode vir também, se quiser.

— Ah, não. — Rachel se sentou na cama, recusando-se a admitir o pânico que sentia de ficar sozinha pela primeira vez desde o acidente. — Apenas atrapalharia. — Ela permaneceu quieta por um momento. — Ficarei bem. Talvez compre um bloco para começar a esboçar alguns desenhos para quando voltar ao trabalho. Não se preocupe.

— Tem certeza?

Era óbvio que Lucy estava aliviada, e Rachel conseguiu sorrir.

— Boa sorte — ela disse. — Você merece.

No entanto, naquela tarde, após Lucy ter ido de táxi até Plymouth para pegar o trem para Londres, a casa parecia desagradavelmente vazia. Rachel se sentia muito só.

Quando a campainha soou mais tarde, Rachel pulou de susto. Ela tinha ligado a TV na esperança de que o programa lhe desse a sensação de companhia. Mas ao pensar que havia alguém na porta, esperando para entrar, percebeu que sua idéia fora uma grande inutilidade.

Não precisava atender a porta, pensou. Desejava ter ido ver televisão na cozinha, pois ninguém podia ver o cômodo da frente da casa. Assim, se o visitante olhasse pela janela, não a veria. Atravessando a sala, esgueirou-se pela parede e olhou por uma fresta da cortina.

Que alívio! Era a Sra. Grady. Não via a governanta há bastante tempo. Na verdade, desde a semana do acidente. Até aquele momento, não pensara no assunto, mas repentinamente lhe ocorreu que a Sra. Grady estivesse cuidando de Jack. Será que não aparecera por causa disso?

Aquilo dava um outro tom à visita. Se ela viera para interceder por Jack, Rachel não sabia se devia deixá-la entrar.

A campainha soou novamente, e, percebendo que não podia ignorá-la, Rachel respirou fundo e atendeu a porta com um sorriso forçado.

— Sra. Grady — ela disse, e a voz soou falsa mesmo para seus ouvidos. — Que surpresa.

— Comecei a pensar que tinha saído — a Sra. Grady respondeu, sem muita convicção. — Tenho pensado muito na senhora! Como está se sentindo?

— Bem. — Rachel ergueu os ombros de modo vago. — Como pode ver, estou bem melhor.

— Está? — A Sra. Grady olhou por cima do ombro dela. — A Sra. Robards está?

— N-Não. — Rachel não podia mentir para a governanta. — Na verdade, acabou de ir para Londres. Tem uma reunião importante com o agente.

— Entendo. — A Sra. Grady assentiu com a cabeça. Então, com um tom urgente na voz, continuou: — Posso entrar?

Rachel não sabia o que fazer. Imaginara que a mulher viera fazer apenas uma visita e sentia-se desconcertada.

— Bem... estou um pouco ocupada.

— Vendo TV? — A Sra. Grady se mostrou mais astuta do que Rachel imaginava. — Sei que a senhora tem seus próprios motivos para não me convidar a entrar, mas acredite que se arrependerá se não o fizer.

Rachel engoliu em seco.

— O quê...?

— Desculpe, fui um pouco melodramática — continuou. — Com sinceridade, senhora, precisa saber de... certas coisas.

Rachel fungou.

— Se for sobre Karen Johnson...

— Não é. Bem, talvez indiretamente...

— Sra. Grady...

— Por favor. — A governanta a encarava suplicante. — É importante, e não tenho muito tempo. Se o Sr. Riordan souber que estive aqui...

— Ele não sabe?

— Claro que não! — A Sra. Grady olhou ao redor, como para ter certeza de que ninguém a seguira. — Ele está... está dormindo no momento, mas...

— Dormindo? — Rachel repetiu, incrédula. — Mas são quase cinco horas da tarde.

A Sra. Grady tinha um ar resignado no rosto.

— Eu sei — ela disse. — Por isso preciso falar com a senhora.

Sem dizer uma palavra, Rachel abriu passagem para a governanta. Indicou uma das poltronas próximas à lareira.

— Sente-se. — Ela se sentou na poltrona em frente, os cotovelos apoiados nas coxas. — O que houve? Jack está doente novamente?

A Sra. Grady suspirou.

— Ele... não está bem — ela confirmou relutante. — Na verdade, ele não está nada bem há um bom tempo.

— Sei disso. — Rachel estava impaciente. — Ele me disse que tem trabalhado muito. Foi para a Irlanda porque precisava de descanso.

— Foi o que ele disse à senhora. — Ela parecia procurar as palavras. — Mas não acha que seis meses são tempo demais para alguém que quer apenas se afastar um pouco do trabalho?

— Seis meses? — Rachel balançou a cabeça. — Ele me disse que ia ficar apenas algumas semanas fora!

— Sim... Acho que não queria preocupá-la.

— Preocupar-me? — Rachel se levantou, enfiando as mãos nos bolsos do short. — Ele não me preocupou tanto. Mas você parece assustada. O que está tentando dizer? Que Jack mentiu sobre sua condição de saúde?

A Sra. Grady parecia desconfortável.

— Ele... não mentiu, exatamente.

— Mas não contou toda a verdade, certo? — Rachel podia sentir o pânico tomar conta dela, mas tentou controlar as emoções. — Ele é muito bom nisso.

— Não está entendendo, senhora!

— O que não estou entendendo? Que Jack não quis me contar que foi aconselhado a se afastar por seis meses, não seis semanas? Por quê? Manter uma vida dupla foi muito mais do que ele pôde suportar?

— O Sr. Riordan não tem mantido uma vida dupla. — A Sra. Grady se ergueu com inesperada dignidade. — Não acredito que ainda pense desta maneira. Acho que não há razão para que eu continue aqui. — Pegou a bolsa e foi andando em direção à porta. — Já fiquei muito tempo fora.

— Não. Espere! — Rachel não podia deixá-la partir sem explicar tudo. — Sinto muito. Sei que pareço descontrolada, mas tudo foi muito traumático para mim também.

A Sra. Grady aquiesceu.

— Sim, entendo.

— E... sobre o que aquela mulher disse... — Rachel torcia as mãos. — Se fosse mentira, não acha que Jack me diria?

A Sra. Grady hesitou.

— O acidente aconteceu há quatro semanas, mas a senhora ainda está com a Sra. Robards, não é mesmo?

— Acabei de explicar a razão. — Rachel abriu os braços, parecendo impotente. — Não posso ir para casa agora que Jack...

— Agora que Jack o quê? Rachel suspirou.

— Veja bem — ela disse. — Sei que está do lado de Jack...

— Não estou do lado de ninguém, senhora.

— Mas tem de admitir que ele nem se importou em entrar em contato quando eu... quando eu caí.

— Ele não sabia -— disse a Sra. Grady simplesmente, mas Rachel apenas bufou, sem acreditar.

— É claro que sabia. Lucy me disse que George Thomas ligou na noite em que eu estava no hospital.

— Não. Ele não sabia — insistiu a Sra. Grady, obstinada. — Assim como a senhora, pensei que ele soubesse. Céus, eu mesma teria telefonado para avisá-lo... — ela se interrompeu. — Mas ele não sabia de nada quando chegou. Posso lhe assegurar isso.

Rachel franziu a testa. Havia algo de estranho naquela afirmação. Como a Sra. Grady podia ter tanta certeza de que Jack falava a verdade?

— Certo — ela disse. — Se está me dizendo que houve um engano quanto à ligação, eu acredito. Mas não pode negar que ele está em casa há duas semanas e não se incomodou em ligar.

— É verdade. — A Sra. Grady foi obrigada a concordar, e Rachel achou uma justificativa para a própria atitude. Mas a mulher continuou: — Ele não pôde. Oh, senhora, ele vai me odiar por dizer isso, mas... bem, na noite em que voltou da Irlanda... ele teve um colapso.

— Um colapso! — Rachel sentiu-se enjoada mais uma vez.

— E... agora, desde que voltou do hospital, fica perambulando pela casa feito um animal ferido! — continuou a Sra. Grady, aflita.

 

 



  

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