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CAPITULO ONZE



CAPITULO ONZE

 

— Não acredito em você!

As palavras de Rachel soaram claras e convincentes, mas no fundo se perguntava se ela falava a verdade.

— Olhe o bilhete! Olhe!

Karen sacudia o bilhete no ar, e como a mulher estava ficando agitada, Rachel obedeceu. O bilhete era mesmo do trem de Wexford para Dublin, e era do dia em que chegara em Ballyryan. Mas o que aquilo provava?

Apenas que Karen estivera lá.

Rachel se sentiu enjoada. Karen devia ter visto Jack. E, mais uma vez, ele não lhe contara nada. O que estaria escondendo dela? Foi por essa razão que não voltou para casa?

Lembrou-se de que quando chegou, Jack estava parado do lado de fora do chalé. Ele estava pálido e suava... Estaria se sentindo culpado? Por que a levara para ficar a manhã intera fora? Ele devia tê-la visto chegando e deixou que os pais tirassem Karen de lá antes que voltassem.

Não!

Rachel sufocou o choro de agonia. Não podia acreditar que o homem que parecia tão feliz por vê-la, que a levara para um lugar tão encantador e tinha feito amor de maneira tão apaixonada mantinha uma vida secreta. Não podia ser verdade. Podia jurar que Jack não tinha peso algum na consciência. E, mais uma vez, estava deixando que Karen a intimidasse.

— Isso não quer dizer nada — ela respondeu, largando o bilhete na mesa do pátio. — Está perdendo seu tempo, Karen. Eu amo Jack e ele me ama.

— Você acha? — Karen demonstrava desprezo. — Me pergunto o que preciso fazer para que acredite em mim. Descrever a casa dos pais dele, por exemplo? — Ela levou um dedo aos lábios. — Deixe-me ver: oh, sim, tem um corredor estreito que vai da entrada da casa até a cozinha. A sala de visitas é caiada, com várias mesinhas cheias de bugigangas. Maggie gosta dessas coisas. Ela tem várias canecas de cerâmica muito bonitas. Gostei muito dela. E o pai de Jack é a cara dele, não é? Ambos me receberam muito bem.

— Não acredito em você. — De alguma forma, Rachel encontrou coragem para responder. — Acha mesmo que descrever o chalé prova alguma coisa? — Ela conseguiu sorrir. — Honestamente, Karen, qualquer vendedor é capaz de fazer isso.

O rosto de Karen tornou-se ainda mais vermelho. -— Não pode fingir que não enxerga o que está acontecendo — disse ela, desesperada.

— Não está acontecendo nada — disse Rachel, esperando que estivesse com a razão. — Agora, quero que saia. Eu abro os portões para você. Não quero que caia do penhasco.

Rachel sacudiu a cabeça. Então, com uma rápida mudança de tática, sentou-se em uma das cadeiras do pátio.

— Estou me sentindo mal — ela disse. — Fiquei desidratada depois de subir todos aqueles degraus. Por favor, preciso beber algo. Não pode me negar um copo de água.

— Está certo — Rachel concordou. — Espere aqui.

Ela usou as chaves para abrir as portas do jardim. Não queria abrir a sala de visitas e se arriscar a ver Karen dentro de sua casa novamente.

Não demorou mais do que dois minutos, mas quando voltou, não havia ninguém no pátio. Franzindo a testa, olhou em volta, mas Karen não estava ali. Teria ido embora? Rachel não acreditava que fosse tão sortuda assim. Mas a única maneira de sair seria pelos degraus do penhasco, e, colocando o copo na mesa, passou pelo portão que levava aos degraus.

Assim como o pátio, os degraus estavam desertos. Na praia, um homem passeava com seu cachorro. Era como se Karen tivesse desaparecido no ar.

De repente, ouviu uma respiração ofegante e percebeu que alguém estava atrás dela. Então uma mão a empurrou, fazendo-a perder o equilíbrio, e antes que pudesse fazer qualquer coisa, um segundo empurrão a fez cair da ribanceira.

Ela rolou pelo penhasco, o terror fazendo com que usasse braços e pernas para tentar se salvar. Havia arbustos por toda parte, mas embora ela se agarrasse a eles, não eram fortes o suficiente para mantê-la firme. Levara uma forte pancada na testa, e as palmas de suas mãos estavam arranhadas e sangravam.

Rachel já tinha praticamente desistido de se salvar, mas sua mente se recusava a aceitar a imagem de seu corpo espatifado na areia da praia. Inesperadamente, conseguiu segurar a raiz de uma árvore que crescera na rachadura das rochas. Suas mãos estavam dormentes e ela começava a perder a consciência, como se preparada para morrer.

Repentinamente, sentiu-se presa pela cintura. Seu cérebro voltou a trabalhar. Embora ainda não soubesse como, um milagre a impedira de continuar caindo. Com as lágrimas turvando sua visão, percebeu que flutuava no ar.

Ofegante, tentava entender o que tinha acontecido. Era como se tivesse sido içada por alguma coisa. Tentou olhar para ver o que era, mas tinha medo de se mover muito e começar a cair novamente.

Então escutou um grito.

O pânico tomou posse dela. Imaginando que Karen estivesse descendo as escadas para terminar o que começara, um grito de horror brotou em sua garganta.

Mas percebeu que era uma voz masculina. Um homem dizia para que não se movesse até alcançá-la. Ele estava descendo, e ela pensou, com alívio, que devia ser o homem que andava com o cachorro na praia.

— Isso é loucura!

Maggie Riordan entrou no quarto onde o filho arrumava a mochila e o encarou com olhos acusadores.

— Eu sei.

Com um olhar melancólico dirigido à mãe, Jack continuou o que estava fazendo, esperando que apesar do que ela e o pai pensassem, ela entendesse que precisava voltar. Não tinha notícias de Rachel havia duas semanas. Todas as ligações para o celular dela eram transferidas para a caixa de mensagens. Estava preocupado.

Pensara em ligar para a Sra. Grady, mas o orgulho o impediu. Talvez Rachel não tivesse contado à governanta o que aconteceu quando voltou da Irlanda. Seria embaraçoso explicar à governanta que não estavam mais separados.

Ou estavam? Não era por isso que decidira voltar para casa? Por que não acreditava que Karen desistira?

O pai apareceu por trás da mãe, colocando uma das mãos sobre o ombro dela.

— Deixe-o, Maggie — ele disse calmamente. — Jack entende melhor de seus problemas do que nós.

— Mas ele só ficou cinco semanas — a esposa protestou, frustrada. — Sabe que o médico o aconselhou a ficar longe do trabalho por pelo menos seis meses.

— Importam-se de não falar como se eu não estivesse presente? — Jack exclamou. — E não disse que vou trabalhar, disse? Além do mais, decidi fazer certas mudanças quando voltar. Vou delegar algumas funções para que eu e Rachel possamos ter mais tempo juntos.

— Bem, é a coisa mais sensata a fazer — declarou a mãe, concordando com a cabeça, e sem dizer mais uma palavra entrou no quarto. —- Deixe-me fazer isso — continuou ela, tomando uma camiseta das mãos dele e a dobrando. — Homens! Não sabem como fazer malas.

Jude Riordan trocou um sorriso com o filho. Então, apoiou o ombro contra o batente da porta.

— Nunca pensou em comprar uma casa aqui na vila? Ryan House está vazia há três anos e precisa de alguns reparos. Envolver-se num bom projeto de reforma seria interessante para evitar que fique entediado durante o tempo longe da empresa.

Jack ia dizer que Ryan House estava abandonada e era muito grande, mas se conteve. Talvez fosse muito grande, mas a idéia de reformar aquele lugar era atraente. E depois que o pai lhe disse o preço, ficou agradavelmente entusiasmado.

— Talvez tenha razão, pai — ele disse, consciente de que a mãe ouvia. — Vou pensar sobre o assunto. Tenho de discutir com Rachel primeiro, claro, mas é uma idéia interessante.

Apesar de um pouco apreensivo, ele se sentia bem. As semanas que passara em Ballyryan não baniram todos os sintomas. Mas não tinha tonturas desde a manhã em que Rachel e Karen apareceram. Era uma boa notícia, considerando que se ausentara apenas por algumas semanas.

Após uma extenuante viagem, Jack chegou em Market Abbas no começo da noite. Sentia-se muito cansado, e dirigia desesperado para chegar em casa. Mal podia esperar para sair do carro.

Os portões da casa estavam trancados, e ele pensou que devia ter avisado antes que estaria chegando. Teve de sair e se identificar no interfone. As chaves que tinha só abriam a casa.

A Sra. Grady atendeu quando ele apertou o botão.

— Oh, Sr. Riordan! — ela exclamou, e ele podia jurar que havia uma nota de ansiedade na voz dela. Ou seria seu cérebro lhe pregando peças? — O que está fazendo aqui?

Jack lutou para controlar a impaciência.

— Eu moro aqui, Sra. Grady — respondeu irritado. — Olhe, pode abrir logo os portões? Estou cansado.

— Oh... bem... imaginei que... devido às circunstâncias...

A Sra. Grady estava visivelmente nervosa, e Jack não sabia a razão. O que Rachel lhe dissera? Não era a recepção que esperava.

Estava a ponto de perder a paciência quando os portões começaram a abrir. Com um suspiro de alívio, entrou no carro.

Estacionou em frente à casa, e a Sra. Grady já se encontrava esperando nos degraus. Ela parecia a mesma de sempre, mas esfregava as mãos, o que em geral significava que estava preocupada com alguma coisa.

— Posso ajudar? — ela perguntou quando Jack pendurou a mochila no ombro e quase perdeu o equilíbrio com o peso. — Oh, meu Deus! — Ela o encarou, preocupada, — Está muito cansado, não está? Venha, eu seguro seu braço.

— Não é necessário. — Apesar de exausto, Jack se recusava a se apoiar numa mulher. Ele trancou o carro e subiu os degraus em direção à entrada. Então, olhou para a governanta, que o seguia.

— Onde está minha esposa?

Ele estava prestes a entrar na sala de visitas. Ouviu a Sra. Grady respirar fundo.

— Ela não está aqui, senhor.

— Não? — Colocando a mochila no chão, Jack sentou no braço de um dos sofás. Sentia um grande peso nos ombros. — Onde ela está?

— Eu... ela está com a Sra. Robards, senhor. — A Sra. Grady estava parada na porta, e demorou um instante antes de continuar: — Depois... depois do... acidente...

— Que acidente? — Apesar do cansaço, Jack ficara apreensivo. — Não sabia que Lucy tinha sofrido um acidente. Por que Rachel não me contou?

— Por que não foi a Sra. Robards quem sofreu o acidente — disse a Sra. Grady pesarosa. — Foi sua esposa.

— Rachel! — Jack estava horrorizado. — Meu Deus, por que ninguém me contou?

— Eu queria — A Sra. Grady respondeu aflita, e mesmo tentado a perguntar o porquê de ela não ter ligado, esperou a mulher terminar de falar. — Mas... Bem... me disseram...

— Quem disse? — Jack tentava não ficar zangado com ela.

— Bem, o Sr. Thomas disse que não devíamos preocupá-lo sem necessidade.

— George devia cuidar da vida dele!

— E a Sr. Robards... Jack resmungou.

— Já imagino — ele murmurou, aborrecido. — O que aconteceu? Um acidente de carro?

— Não. — A Sra. Grady agora parecia desconfortável. Então, balançando a cabeça, continuou: — Acho que não é meu dever contar o que aconteceu, senhor. Tudo o que posso dizer é que foi um milagre a Sra. Riordan não ter ficado gravemente ferida.

Jack levou a mão à testa. Sentia-se muito pior do que antes, mas precisava saber o que estava acontecendo. Tentou se erguer, mas fracassou na tentativa.

— Preciso vê-la.

A Sra. Grady o observava, preocupada.

— Senhor, acho que...

— Acha o quê? — Jack não estava com humor para ser delicado. — Que não devo ver minha esposa? Ela sofreu um acidente e você se recusa a me contar o que aconteceu. E por alguma razão, ela está na casa de uma mulher que me detesta. O que quer que eu faça? Esperar até amanhã e ligar?

— Seria o mais sensato — murmurou a Sra. Grady. — Sei que está preocupado, mas a Sra. Riordan está se recuperando do acidente. E depois do que aquela mulher disse, pode ser que...

— Que mulher? — perguntou Jack, irritado. Mas ele sabia a resposta. — Está me dizendo que Karen esteve aqui novamente? — Juntou suas forças e se ergueu. — Quando? É por isso que acha que Rachel não quer me ver?

A Sra. Grady mordeu o lábio.

— Achei que soubesse sobre a visita dela.

— Não sabia. — Jack não conseguia se equilibrar direito. — Veja, por que não me conta logo o que aconteceu? Está dizendo que o acidente de Rachel está relacionado com Karen? — Ele estremeceu, sentindo um súbito aperto no peito. — Droga, ela a perseguiu?

— Não foi nada disso. — A Sra. Grady havia notado sua agitação e tentava tranqüilizá-lo. — Na verdade, a Sita. Johnson não tem nada a ver com o acidente. Aconteceu depois que ela saiu. Creio que a Sra. Riordan estava aborrecida, então talvez ela esteja indiretamente envolvida, mas...

— Pelo amor de Deus! — Jack cerrou os punhos. — Pare de enrolar e diga logo o que aconteceu!

— Não sei exatamente o que aconteceu. Tinha ido para a vila, mas... bem, parece que a Sra. Riordan foi passear no penhasco e... caiu.

Jack ficou pálido.

— Caiu do penhasco?

A Sra. Grady torcia as mãos novamente.

— De acordo com o homem que a resgatou, foi o ilhós da calça que a salvou. Ficou preso numa raiz de árvore. Se não fosse isso...

A voz dela arrefeceu e Jack afundou-se no sofá. Podia imaginar o que teria acontecido. E, embora parecesse inocente, tinha certeza de que Karen devia ter causado muito aborrecimento a Rachel. Ela já andara pelo penhasco várias vezes, não seria tão descuidada.

— Mas já está tudo bem agora — a governanta continuou, evidentemente decidida a não esconder mais nada. — Foi sorte o Sr. Harris estar andando com o cachorro na praia e ver o que aconteceu. Ele chamou a emergência e...

— Já entendi. — Jack suava, mas conseguiu se levantar mais uma vez. Estava certo ao suspeitar de que Karen faria algo. Mas por que Rachel estava na casa de Lucy Robards, se era mais conveniente Lucy ficar ali com ela?

— De qualquer forma, acho que o senhor não deve sair esta noite. — A Sra. Grady se aventurou a dizer, enfrentando o olhar cáustico que ele lhe lançou. — Perdoe-me por ser franca, senhor, mas não parece nada bem. Por que não descansa enquanto preparo uma refeição leve? Pode ver a Sra. Riordan pela manhã.

— Está brincando, não é? — Jack a encarou, incrédulo. — Acha mesmo que farei isso? Meu Deus, preciso ver Rachel! Preciso ver com meus próprios olhos se ela está bem.

— Talvez ela não queira ver o senhor. — A Sra. Grady suspirou. — Bem, a Sra. Riordan estava muito deprimida com o que a Srta. Johnson disse. Não acho que ela tenha acreditado em tudo, mas quando ela estava no hospital...

— Ela estava no hospital?

— Ficou só uma noite — disse a Sra. Grady depressa. — E ela estava um pouco... histérica. Mas, apesar disso, ela contou para a Sra. Robards que a Srta. Johnson estava com o senhor na Irlanda.

— O quê?

— A Srta. Johnson tinha um bilhete, senhor. Disse que o usou para voltar de lá na manhã em que sua esposa chegou.

— Por Deus!

— Mas se disser que a Srta. Johnson não esteve lá, que tudo foi uma invenção, tenho certeza de que a Sra. Riordan acreditará no senhor.

 

 



  

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