Хелпикс

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This side of paradise 6 страница



— Há muito tempo, ninguém me chama de cavalheiro! Vou tentar sobreviver a isso!.

— Não. Desta vez, você não vai conseguir — Ryan falou e piscou para o amigo.

— Agora, espere um pouco! Não pense que tenho más intenções a respeito de Gina.

— Não? Eu o conheço há muito tempo, lembra-se?

— Quando vocês dois terminarem a discussão, eu escolho com quem quero jantar — ela disse, olhando Ryari, com um ar aborrecido, e procurando ignorar as batidas de seu coração. Aquilo era apenas uma atração física, disse a si mesma; não devia dar importância. — Para alguém que acabou de chegar, você já causou muita confusão.

— E posso causar muito mais. Acho que você jantou acompanhada todas as noites, desde que parti.

— Claro. Faziam fila para me convidar! E que lhe interessa isto? Não é a minha babá.

— Estou começando a ficar com medo desta conversa — Neil comentou. — Gina, por favor, acredite: só queria que esta fosse uma noite agradável.

— Acredito — respondeu, sorrindo. — Sabe? Confio nos meus instintos. Eles me dizem que você é digno de confiança... ao contrário de outras pessoas. Apesar da interrupção...

Ryan pegou-a pelo cotovelo e se levantou, arrastando-a:

— Quero falar com você. Vamos conversar na pista de dança.

— Não se importem comigo — Neil comentou —, sou apenas o anfitrião.

Gina teve que ir, porque não queria fazer uma cena, nem dar a ele o prazer de usar a força. Na pista, ele a abraçou, com força. Suas mãos queimavam a pele dela, sobre o tecido fino do vestido.

— O que está tentando provar? — perguntou ele, em voz baixa. — Neil Davids tem vinte anos mais do que você.

— E você tem onze. Não esqueça disso.

— Pare de brincadeiras. Não estou a fim disso.

— Nem eu! Não estou a fim de nada disso. Pensei que não o veria nunca mais!

— Eu sempre acabo voltando.

— Para me salvar de mim mesma?

— Vim procurar Neil —disse, apertando-a mais.

— Para salvá-lo dele mesmo? Não acha que ele é bastante adulto para tomar as próprias decisões?

— Não, desta vez.

— Esta é a minha decisão.

— Pare com isso. Dane-se você. — Parecia estar quase perdendo o controle. — Gina, não faça isso. Não é do seu feitio.

— Como sabe? Você viu apenas um aspecto da minha personalidade. Viu o que queria ver. O lado que queria usar. E usou tanto, que o fez... desaparecer. Agora, isso foi o que sobrou.

Ryan parou de dançar e a olhou dentro dos olhos, ignorando os outros casais, que os observavam. Depois, pegou-a pela mão e saíram do salão. Andaram até um pequeno bosque de palmeiras.

— Não foi aqui que viemos naquela primeira noite? — ela perguntou. — Detesto repetir cenas.

A única diferença agora, pensou, é que podia controlar as próprias emoções. Quando Ryan, finalmente, levantou o rosto, estava com uma expressão diferente no olhar.

— Eu fiz um excelente trabalho, não?

— Sim. Por outro lado, aprendi muito sobre o amor e acho que ele estará adormecido dentro de mim, durante um longo tempo. Devo lhe agradecer por isso. Afinal, os seus serviços geralmente são caríssimos.

— Pare com isso, Gina! — ele disse, gentil, surpreendendo-a. — Está bem, fui longe demais com você. Se servir de consolo, quero que saiba que me sinto um idiota, desde então.

— Ótimo. Assim, não preciso chamá-lo de idiota.

— Estou tentando pedir desculpas, Gina.

— Não quero as suas desculpas!

— Então, o que quer?

— Nada. Nada que você possa me dar. Leve-me de volta. Será um alívio conversar com Neil, conviver novamente com gente civilizada.

— Foi assim que se meteu em toda aquela confusão. Quer repetir a dose?

— Você tentou repetir.

— Eu não tentei nada. A dama de gelo não consegue ficar muito tempo sem derreter.

— Você me fez ficar gelada por dentro — respondeu, sentindo-se trêmula e incapaz de se controlar. — Deve ter muita prática, não é mesmo?

Ele ficou em silêncio, alguns momentos. Depois, todas as emoções desapareceram de seu rosto.

— Quando volta para casa?

— Depois de amanhã — ela disse.

— É o melhor lugar para você. Está bem: vou levá-la de volta a Neil.

Caminharam lado a lado, mas ele não a tocou, nem segurou seu braço, para subirem as escadas. Neil continuava no mesmo lugar. Olhou-os, curioso, enquanto se aproximavam.

Ryan puxou a cadeira para Gina e continuou de pé.

— Tenho que ir — ele disse. — Vejo você no fim de semana, Neil.

— Vai voltar para a ilha agora à noite?

— Não. Vou pescar alguns dias — Ryan deu uma olhada em direção a Gina. — Faça uma boa viagem de volta.

Ela segurou o copo, sentindo o olhar de Neil, mas incapaz de encontrar uma resposta.

— Longe de mim perguntar o que houve — o amigo disse, depois que Ryan saiu —, mas... o que houve?

— Nada.

— Ora, vamos. Pode me mandar cuidar da minha vida, ou até dar o fora, mas não pense que acredito que não houve nada. — Fez uma pausa, cheia de insinuações. — Ryan lhe fez algo que não devia?

— Não estou com o coração partido por causa dele, se é o que está pensando. Não me tornei mais uma de suas conquistas. — Só fisicamente, ela pensou, mas isso não contava. Sentia que nunca mais se arriscaria a amar alguém. — Acontece, que ele não aceita ser rejeitado — continuou, com um leve tom de malícia.

— É, acho que ele não tem muita prática nisso. As mulheres sempre se atiram em seus braços. Sinto-me bem em saber que o grande Ryan também falha.

— Pensei que você fosse amigo dele.

— Sou. Ele tem duas vantagens invejáveis: a idade e a facilidade para viajar.

— A facilidade para viajar pode ser, mas não a idade.

— Prefere homens velhos o bastante para serem seu pai? Foi isso que quis dizer? Bem, se não a conhecesse... diria que está tentando me "passar uma cantada".

— Acha isso impossível?

— Difícil. Diria que você encontrou muitos porcos chovinistas por aqui.

— Você não me parece nem um pouco chovinista — comentou, sorrindo.

— Oh, mas eu sou. Todos nós somos... no fundo. Nos vangloriamos das nossas conquistas, uns com os outros. A mulher deve nos adular... ou dar passagem para outra que adule. É óbvio que você desistiu logo de Ryan.

— Óbvio — ela sorriu, tensa. — Você se importa em mudarmos de assunto?

— Nem um pouco. Fale-me de você. Antes de vir para cá, o que fazia?

Passava das onze, quando terminaram o jantar. Ele se despediu, perto dos elevadores.

— E amanhã? Gostaria de levá-la até a cidade. Passaríamos uma tarde linda, no estilo de Nassau.

— Não, obrigada. Neil, não posso: tenho que acordar cedo, depois de amanhã.

— Acho que é muito sensata. Não tenho certeza de quanto tempo ainda poderia confiar nos meus bons instintos. Você é uma mulher muito bonita, Gina. Invejo o homem que, finalmente, a tiver.

Se é que, um dia, algum homem a teria. Ainda passaria um longo tempo, antes que arriscasse a se envolver emocionalmente com alguém.

Gina chegou à Inglaterra às oito horas de uma clara manhã de outubro, num dia típico de outono. A atitude de Marie foi o assunto favorito durante nove dias, no escritório. Depois, veio o excesso de trabalho, com a aproximação do Natal, e todos se esqueceram dela. Aos poucos, aquelas férias fracassadas foram adquirindo uma aura de sonho nas lembranças de Gina. Será que tinha mesmo ido às Bahamas e encontrado Ryan Barras? Ou era tudo produto de sua imaginação?

Passou o Natal com a família que lhe alugava um apartamento, na imensa casa que possuíam. Ficou contente por a terem convidado. Só as pessoas sozinhas no mundo sabem como estes convites são oportunos. Os Robinson tinham dois filhos e uma filha, Shirley, que ainda estava interna no colégio. Um dos rapazes, Chris, era oficial da marinha mercante e a mãe o adorava. Era muito bonito, alto, louro, bronzeado, com lindos olhos azuis e um temperamento sempre alegre.

— Eu a vi por aqui várias vezes — ele comentou com Gina. — É a nossa nova inquilina, não?

— Sim. Antes, morava com outras duas moças, mas não deu certo.

— Imagino por quê. Também tenho este tipo de problema.

— Pensei que os oficiais tivessem seus próprios alojamentos.

— Eles têm. É que eu sou um pouco azarado.

— Desde os oito anos que ele queria entrar na marinha — a mãe explicou, orgulhosa. — Sempre pensei que fosse na marinha de guerra.

— Não. Lá há muita disciplina e não pagam bem. Quero ser transferido para uma linha de cruzeiros. Soube que há uma vaga no "Enterprise".

— Igual àquela nave espacial da "Jornada nas Estrelas"? — Andrew, o irmão mais novo, perguntou. — Não acha que deviam colocar nomes mais originais nesses navios?,

— O navio já estava batizado há muito tempo, antes de esta série de televisão começar — Chris respondeu.

— Então, já deve estar pronto para o ferro velho!

— Não. Não está. Foi completamente reformado. No último verão, fez cinco cruzeiros diferentes, de três semanas cada um, por todo o Mediterrâneo. Já me vejo naquele tombadilho, cheio de beldades!

— Acho que vai se sair muito bem — Gina comentou, rindo. — Posso imaginar você, passeando pelo convés, com o chapéu colocado arrogantemente na cabeça!

— Quepe — ele corrigiu. — E deve ser usado de modo correto, o tempo todo, o que é uma pena! — Olhou-a, por um momento, apreciando a aparência dela, num vestido vermelho de mangas compridas. — Se eu conseguir o emprego, levo você comigo num cruzeiro.

— Vou pensar nisso.

Mais tarde, encontrou-se perto dele novamente, durante a festa.

— Você está mesmo querendo ser transferido, não é, Chris?

— Sim, muito. Trabalhar num navio desses é o melhor emprego da marinha.

— Acha que terá chance?

— Foi o que me disseram. Sou o tipo de que precisam para manter as garotas felizes.

— Alto, louro e bonito — Gina murmurou. — Até poderia usá-lo na campanha publicitária: "conheça o Mediterrâneo com Chris Robinson!"

— Não comece com essas brincadeiras. Agüento isso, desde criança: eu parecia o garoto do anúncio da Johnson.

— Oh, compreendo. Mas acho que, agora, esse problema é bem mais suportável.

— Você é um pouco cínica. É natural ou adquirido?

Adquirido, ela poderia lhe ter dito. Completamente adquirido. Por um momento, tentou imaginar o que Ryan estaria fazendo... Sorriu:

— É um dos meus cacoetes.

— Gostaria de conhecer os outros. — Ficou sério, de repente. — O que vai fazer amanhã?

— Não sei, Chris. Por quê?

— Quer ir ao jogo comigo? Depois, podemos sair à noite.

— Está bem — concordou e viu que estava gostando da idéia.

Gina não entendia nada de futebol, mas gostou de ficar ali, no ar puro, com o braço de Chris passado em sua cintura.

Depois, voltaram para casa, para mudar de roupa. Saíram novamente e se divertiram muito. Ela o achou uma companhia bem agradável.

Quando voltaram, toda a casa estava às escuras. Gina convidou-o para tomar um café em seu apartamento. Ele sorriu e aceitou.

— Não lhe parece estranho que alguém o convide para entrar num apartamento na sua própria casa?

— Só que esta parte da casa não é nossa. — Deu uma olhada em volta. — Você decorou tudo de modo muito confortável. Não foi uma boa idéia mandar fazer aquele nicho, para a cama ficar embutida na parede?

— Foi sua idéia?

— Sim. A decoração é um dos meus "cacoetes".

Mais tarde, quando se despediram com um beijo de boa-noite, ela o achou respeitoso, gentil e carinhoso. Era daquilo que Gina precisava. Uma amizade agradável, que não lhe causasse mais problemas emocionais.

Não continuaria assim... pelo menos, não por muito tempo. Passaram vários dias juntos, e Gina sentiu falta dele, quando partiu. Suas cartas chegaram, regularmente, nas semanas seguintes, descrevendo os lugares por onde passava e as coisas que havia feito. Incerta sobre seus sentimentos, ela procurou manter o relacionamento na base da amizade. Entretanto, sentia-se satisfeita em saber que alguém estava disposto a se envolver com ela.

Enquanto isso, foi promovida no emprego. Agora, já trabalhava mais com pessoas e menos com papéis. Muitas vezes, teve que acompanhar clientes importantes da empresa a teatros e restaurantes. Certa vez, saiu com um árabe e ele a pediu em casamento! Mais tarde escreveu a Chris, contando a aventura, em tom brincalhão.

Para sua surpresa, ele lhe respondeu que saísse daquele emprego. Gina não fez isso, claro, e também não lhe escreveu mais sobre assuntos de trabalho.

A próxima licença de Chris seria no começo de março. O relacionamento entre os dois tomou outro rumo. Ele conseguiu a transferência e estava pronto para entrar no novo navio, no começo do verão.

Os oficiais tinham licença de levar alguns parentes no cruzeiro e ele planejou levar Gina, como sua esposa — ou, pelo menos, futura esposa. Ela se recusou a aceitar um compromisso sério, mas ele afirmou que ficariam noivos no próximo mês de julho.

Nas semanas seguintes, Gina tentou descobrir por que hesitava em aceitar Chris. Ele era o que qualquer garota podia desejar. E a amava. Ela se dava muito bem com a família dele. Portanto, por que recusar?

Estava em sua mesa, no trabalho, numa linda manhã de abril, escolhendo fotografias para uma campanha antifumo. Seu chefe, Hugh Fisher, chegou até a porta da sala. Tinha uma expressão estranha, mas não havia nada de excepcional no pedido que fez:

— Um cliente está vindo dos Estados Unidos e preciso de alguém que o acompanhe a um jantar. Que acha?

— Acho que, às vezes, você parece dirigir um serviço de acompanhantes — ela respondeu, sorrindo.

— Também penso assim. Pode fazer isso para mim?

— Por que não? Não tenho compromisso hoje e uma noitada grátis na cidade é algo bem convidativo. Quem é ele?

— Um escritor. Chama-se... — olhou num pedaço de papel —... Sam Brownlow.

— Nunca ouvi falar.

— É porque ainda não começamos a promovê-lo.

— Quem é o editor dele? — Gina perguntou, interessada. — Alguém aqui na Inglaterra?

— Acho que escrevi isso em algum lugar. Não me lembro. — Consultou o papelzinho novamente. — Você deve encontrá-lo no hotel, às oito. Ele fará as reservas.

— Parece que o homem conhece tudo por aqui. Por que não arranjou sua própria companhia?

— Ele não conhece ninguém. Pelo menos, foi o que disse. Não há pior lugar do que uma cidade grande, quando se está sozinho.

Gina concordava com aquilo. Algumas vezes, andando pelas ruas cheias, pensava que, se caísse morta, ninguém a notaria. Ter sido aceita pelos Robinson lhe dava uma sensação agradável de ter uma família. Pessoas que se importavam com ela. Junto com o trabalho, que apreciava e era bem-remunerado, já não podia pedir muito mais.

— Em que hotel ele está?

— No Hilton.

— Deve ser rico.

— Muito. Pediu que passasse às oito horas. Confirmarei que você vai.

Um dos colegas de Gina parou ao lado de sua mesa:

— Ganhei duas entradas para um show. Quer ir comigo?

— Devia ter me convidado antes. Gostaria muito, mas agora já tenho compromisso.

— O seu namorado já voltou do mar?

— Não, vou levar um escritor para passear.

— Às custas dele ou às nossas?

— Não sei. Hugh não disse. Acho que por conta dele. Parece que foi idéia sua.

— Será que não conhece ninguém aqui?

— Acho que não. Vamos fazer a promoção dele; portanto, Hugh não teve escolha.

— E os editores?

— Como posso saber? Hugh não me deu detalhes.

— Ele nunca dá. Será que, pelo menos, disse o nome do sujeito?

Ela lhe contou, e ele sacudiu a cabeça: também nunca tinha ouvido falar.

Gina pensou que devia ter perguntado os nomes dos livros dele. Mas o chefe ia procurar em pedacinhos de papel, e todos perderiam muito tempo. Passava o dia tomando notas em papeizinhos, que perdia por toda parte. Isso não o impedia de administrar muito bem a empresa, uma das mais bem-sucedidas do país.

Gina saiu cedo do escritório, para ter tempo suficiente de se arrumar. Havia chovido o dia todo, apesar da manhã ter sido linda. Tomou um táxi e decidiu tomar outro para voltar à cidade. Depois, cobraria da empresa. Não ia pegar o metrô, vestindo um longo. Hugh Fisher, às vezes, gostava de bancar o patrão mesquinho, mas sempre era generoso, quando se tratava de impressionar os clientes.

A sra. Robinson veio à porta da frente, quando Gina entrou.

— Chegou uma carta de Chris para você.

Aparentemente, a mãe dele estava entusiasmada com o namoro dos dois. Ela era a primeira garota por quem ele se interessava de verdade, nos últimos anos. Mas Gina não conseguia se decidir sobre o casamento. Pensava muito em Chris; entretanto, seria o suficiente? Casamento não era algo para ser aceito, inconseqüentemente. Precisava ter certeza.

— Hoje à noite vai passar aquele documentário que você queria assistir — a sra. Robinson avisou. — Andrew vai sair, de modo que teremos sossego. Venha ver comigo.

— Gostaria de poder, mas preciso sair à noite. Negócios. — Sentiu uma suspeita passar pelo olhar da sra. Robinson e resolveu explicar: — Vou levar um escritor para conhecer a cidade.

— Um homem?

— Sim.

— Não é árabe, é?

— Não — ela disse, rindo. — É americano... pelo menos, acho que é. Vem dos Estados Unidos.

 — Velho?

— Não sei. — Até aquele momento, Gina nem tinha pensado no assunto,. — É desconhecido na Inglaterra... por enquanto. Está tudo certo, sra. Robinson. Contarei a Chris. Agora, preciso ir, senão nem terei tempo de ler a carta dele.

O envelope vinha endereçado de Tanger. Agora, já deviam estar em outro porto do Mediterrâneo. Pela carta, ele parecia adorar a viagem. Contava sobre os jantares, os convidados da sua mesa e comentava: "Se ao menos você soubesse quantas oportunidades estou perdendo. No minuto em que vesti meu uniforme branco e subi a bordo, comecei a agir como um afrodisíaco entre as garotas! Elas esperam que os oficiais as distraiam. Se não pensasse em você o tempo todo, acharia difícil resistir a tantas tentações. Um dia desses, um colega chegou à cabine e havia uma garota lá, esperando por ele. Depois, apareceram outras duas. Imagine! Três no mesmo dia. Todo mundo sabe que os marinheiros têm um amor em cada porto, mas esse sujeito já está exagerando!"

Gina analisou a carta, friamente. Ele parecia triste por estar perdendo oportunidades. Entretanto, pelo menos no que dizia respeito a ela, Chris podia fazer o que quisesse. Talvez, aquela mudança de emprego fosse o que ambos precisavam para avaliar seus sentimentos um pelo outro. Se já começava a se sentir reprimido, aquele namoro não ia funcionar.

Chamou um táxi pelo telefone. Depois, deu uma olhada no armário e escolheu um vestido longo, branco, com alcinhas finas e um casaquinho combinando. Tinha comprado o conjunto numa liquidação de Natal, e lhe ficava muito bem. Não tinha muita chance de. usá-lo, pois era sofisticado demais. Pois bem, ali estava uma boa oportunidade. Calçou sandálias prateadas e colocou um colar de prata, que Chris lhe havia trazido de uma de suas viagens.

Seu cabelo crescera nos últimos meses. Agora, usava-o preso, fofo dos lados, emoldurando o rosto. Um estilo que fazia seus olhos parecerem maiores,.. pelo menos, foi o que a cabeleireira disse.

Passou um pouco de sombra e rimel. Sentia-se satisfeita por ter os cílios e as sobrancelhas mais escuros do que o cabelo.

Alguns reflexos das férias de verão ainda estavam em seu cabelo, provocando brilhos inesperados. Havia passado por mudanças profundas, não apenas físicas, pensou. Tudo aquilo lhe serviria como experiência.

O táxi chegou. O tráfego em direção à cidade estava bom, e logo chegou ao hotel. A recepcionista olhou-a, curiosa, quando deu o nome do sr. Brownlow.

— Oh, sim. Pode subir para a suíte.

Uma suíte! No Hilton! Quem seria aquele tal de Sam Brownlow? Tomou o elevador e desceu no andar indicado. Procurou o número da suíte e bateu.

Empalideceu, quando o homem abriu a porta e a cumprimentou.

— Olá, Gina.

CAPÍTULO VII

O choque deixou-a imóvel, durante um longo momento. Depois, virou-se, às cegas, resolvida a sair dali o mais depressa possível. Mas Ryan agiu rápido. Pegou-a pelo braço e a puxou para dentro do quarto, fechando a porta e se encostando nela.

Ele não tinha mudado, pensou, sofrendo. Era o mesmo homem arrogante, seguro de si... e dela também.

— Eu devia ter adivinhado, quando Hugh falou no Hilton. Ele também está nisso?

— Claro que sim. Tinha que estar, não é? — seu tom de voz era seco e indiferente. — Precisei insistir muito, mas ele aceitou o papel. Felizmente, somos amigos há muito tempo. Isso faz uma grande diferença.

— O que você disse a ele?

— Que a conheci nas Bahamas e queria fazer uma surpresa.

— Está bem. Já me fez uma surpresa. Agora, deixe-me sair, sim?

— Por quê? Está com medo?

— De você? — Procurou ignorar a atração que sentia por ele. Estava lindo, com uma camisa de seda branca, aberta no peito. — Já superei isso há muito tempo.

— Então, não tem nada com que se preocupar. — Indicou uma saleta luxuosa. — Venha tomar um drinque, antes de sairmos. Pensei em irmos jantar e, depois, esticar numa boate. Estou contente que tenha vindo vestida para isso.

— Não quero um drinque e não vou a parte alguma com você.

— Faz parte do seu trabalho.

— Só se eu estiver de acordo.

— E você concordou. Hugh me telefonou, avisando que tinha concordado.

— Porque pensei que se tratava de outra pessoa.

— Ainda sou um cliente.

— Não diretamente. O seu editor é que paga as contas.

— Isso é um mero detalhe. Tenho certeza de que Hugh concordará comigo. Ele sempre diz: "Mantenha os clientes satisfeitos. Precisamos deles".

— Há outros clientes muito mais importantes do que você, Ryan!

— Informarei isso aos meus editores. Não vão gostar de saber que você os acha pouco importantes.

— Não foi isso que eu disse.

— Estava implícito na frase. Lembre-se de que há outras firmas de promoção.

Gina olhou-o, durante um longo momento, respirando fundo.

— Está me ameaçando? Ou concordo em sair com você, ou convencerá seus editores a entregarem sua conta a outra firma? Acha realmente que é assim tão importante?

— Para eles, sou. Não há muitos escritores de fama mundial, como eu.

— A modéstia não é uma das suas qualidades, hein? — disse, procurando sorrir, mas com um tom amargurado na voz.

— Não a falsa modéstia. Só escrevo um livro por ano. Isso quer dizer que precisam manter meu nome na lembrança do público, durante o resto do tempo. Precisam alimentar a imaginação dos leitores. Eles gostam de pensar que sou uma extensão dos meus heróis. É esta ilusão que damos a eles.

— Mas nada disso é realmente verdade. Está me dizendo que todos os seus casos amorosos, amplamente divulgados, são só para alimentar a imaginação do público?

— A maior parte das vezes. Não tenho tanta energia para todos aqueles casos.

— Que pena! — disse ela, irônica.

Inesperadamente, ele riu.

— Se acha que vai me deixar zangado e fazer com que a mande embora, está enganada.

— Por quê? Por que armou essa encenação toda?

— Porque queria vê-la novamente. Você está diferente. Não é apenas o cabelo... algo mais...

— Eu cresci. Antes tarde do que nunca. Devo lhe agradecer por isso.

— Fui um idiota. Desde então, me arrependi muito. Por isso, queria vê-la outra vez, para lhe dizer. Naquela última noite, fui ao hotel procurá-la. Queria esclarecer tudo e me desculpar, antes que fosse embora. Mas a encontrei com Neil... e acho que tirei conclusões apressadas.

— Deixou isso bem claro.

— Depois... a sua atitude — ele falou, como se não tivesse sido interrompido —... você parecia triste por se afastar de Neil.

— Do modo como você agiu, quem não ficaria? Neil foi muito gentil em me convidar para jantar. Não havia nada entre nós. Nem tínhamos conversado muito. Então, você apareceu e começou a fazer cenas, agindo como se fosse responsável por mim!

— Era como me sentia: eu a estava deixando sozinha e com pouco dinheiro.

— Não vejo por que temos que discutir tudo isso outra vez. Por que você não esquece o assunto, Ryan?

— Já lhe disse: queria vê-la outra vez.

— A verdade é que estava entediado e achou que eu poderia distraí-lo durante algum tempo. Bem, não teve sorte. Meu noivo pode não gostar.

Um brilho estranho passou pelos olhos dele.

— Não vejo nenhuma aliança na sua mão.

— Estamos esperando até a próxima licença dele. É oficial da marinha e está num cruzeiro pelo Mediterrâneo.

— Compreendo. Felicidades. — Parecia sincero, apesar do sorriso irônico. — Ele não vai se opor a um simples jantar platônico, não é?

— Não, se fosse assim.

— Quer dizer que, para você, não será? — Franziu a testa e depois sorriu. — Gina, eu lhe prometo. Não pretendo fazer nenhum avanço desta vez. Só quero esclarecer as coisas. Sei que se recusaria a sair comigo, se a convidasse diretamente.

De repente, ela se sentiu tola. Por que tinha acreditado que ele ainda sentiria algum interesse físico? Sua explicação era bem aceitável. Só queria esclarecer o incidente da ilha e aliviar a consciência. Talvez se sentisse um pouco envergonhado. Estava certo quanto a ela se recusar em saírem juntos. Por isso, agira de outro modo. Sentiu-se cheia de orgulho por ele ter tanto trabalho, só para se desculpar mais uma vez. Outro homem teria, simplesmente, esquecido tudo.



  

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