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CAPITULO IV



CAPITULO IV

 

A refeição, servida numa elegante sala de jantar nos fundos da casa, estava excelente, e certamente Elizabeth não teria nada a re­clamar do cozinheiro de Nicolas Freeleng. A um consome de vitela gelado seguiu-se galinha frita e arroz, e uma bela salada. Como so­bremesa, uma mousse de morango de derreter na boca. A criadagem também ficava atenta para que o copo de ninguém permanecesse va­zio, e Caroline acabou tendo que tapar seu copo com a mão e sacudir a cabeça cada vez que eles passavam. Não estava habituada a beber vinho, depois de ter tomado aperitivos, e não pretendia passar mal e acabar dando vexame. Principalmente com Gareth Morgan ali, ven­do tudo.

Desde que chegara e depois das apresentações que se seguiram, ele não tinha mais falado com ela. Mas como parecia que Nicolas tinha resolvido ser seu par naquela noite, isso não era surpresa. De qual­quer modo, seus olhos tinham sido atraídos pela bela aparência dele, vestido com um terno escuro, o cabelo claro contrastando com o queimado da pele. Ele obviamente sentia-se muito à vontade em casa de Nicolas, e tinha sido obrigado a servir como barman, ser­vindo as bebidas aos convidados, de um carrinho puxado por um criado até a varanda.

Além de Caroline, Gareth e os Lacey, Nicolas também tinha con­vidado o superintendente da mina e sua esposa, e também um rapaz sul-africano que estava, segundo Nicolas, fazendo uma pesquisa sobre administração de minas. Julian Holland, o superintendente, era um homem de mais ou menos cinqüenta anos, com cabelo grisalho e um corpo gasto e magro. Sua esposa, Joan, tinha a mesma idade, mas era baixa e gordinha, o cabelo em permanente e a pele queimada. Era o tipo da mulher que Caroline imaginava que fosse encontrar num lugar como aquele — amiga, mas curiosa, fazendo das fofocas que escutava por entre as xícaras de café em todos os lugares seu único divertimento.

Durante a refeição, os assuntos foram quase todos masculinos, e Caroline distraiu-se admirando a decoração da sala. A casa fora cons­truída de troncos, mais ou menos como uma casa de campo, e nada havia sido feito para disfarçar o fato. Ao contrário, as paredes rús­ticas serviam como um perfeito fundo para os troféus de caça que as enfeitavam, enquanto uma enorme lareira parecia grande o bas­tante para assar alguns dos animais de menor porte. O chão ence­rado estava coberto por tapetes de peles, e havia rifles de diversos tipos em um armário perto da porta. A visão das armas causou certa apreensão em Caroline, mas num lugar selvagem como esse, tinha que se estar prevenido para tudo.

Quando o jantar terminou, todos se dirigiram a uma outra sala onde ardia o fogo em outra lareira. Caroline achou que não era ne­cessário para uma sala já bem aquecida, mas a visão das chamas alegrava bastante o ambiente.

Antes do jantar, Joan já tinha conseguido saber de Caroline as razões que a trouxeram até a África, mas depois a esposa do supe­rintendente voltou a procurá-la novamente. Caroline estava sentada em um sofá baixo perto da lareira e tentava se concentrar em ver Elizabeth ajudar Nicolas a servir café e licores para todos, embora tremendamente consciente da presença de Gareth, em pé, perto da porta, conversando com Charles, e possivelmente escolhendo um lugar para sentar. Caroline apertou as unhas nas palmas das mãos, pois se sentia terrivelmente tensa, quando a mulherzinha mexeriqueira afundou-se a seu lado no sofá.

— Você se incomoda se eu me sentar aqui? — perguntou sem necessidade, claramente despreparada para uma recusa, e quando Caroline meneou a cabeça, tentando conter seu desapontamento, ela continuou: — E como é que está se acostumando aqui? Não acha o calor forte demais?

Caroline balançou a cabeça outra vez.

— Na verdade, não — respondeu seca, mas Joan Holland não desanimou.

— A sra. Lucey me contou que você é professora — comentou. — É verdade?

— É essa a minha profissão.

— E você pôde deixá-la para vir para cá e servir de babá para as crianças dos Lacey?

Caroline alisou as dobras de seu vestido.

— É bom fazer uma mudança de vez em quando — respondeu baixo.

— Também acho. Mas fico surpresa que não tenha medo de en­contrar seu lugar preenchido quando voltar.

— Não tenho dúvida que meu lugar já estará preenchido, mas existe uma procura muito grande de professoras na Inglaterra — Caroline retrucou seca.

— Verdade? — Joan aceitou uma xícara de café que o criado oferecia e juntou mais duas colheres de açúcar. — Você vai ver que a vida aqui é completamente diferente da que levava, você sabe. Não é romântico como os novelistas costumam contar. Não temos divertimento algum, nenhuma vida social, a não ser a que nós mesmos fazemos. Não há teatros, nem salões de baile, srta. Ashford.

— Eu nunca liguei para esse tipo de divertimento, sra. Holland retrucou Caroline, se ressentindo da crítica implícita em suas palavras, — E já esperava que a vida aqui fosse bem diferente.

Joan Holland ergueu as sobrancelhas e deu uma olhada ao redor da sala, para se certificar de que não perdia nada, antes de conti­nuar: — Julian e eu estamos na África há mais de vinte anos. Não sempre em Tsaba, é claro. Julian trabalhou na Rodésia e na África do Sul Seu último emprego foi em Zâmbia.

Caroline forçou uma atenção que não sentia. Bebericou seu café e desejou não ter evitado ajudar Nicolas a servir o café e os licores, como ele havia pedido. Como tinha sido tola em pensar que Gareth iria se aproximar simplesmente porque ela estava sentada sozinha!

— Acho que Julian está querendo falar com você, Joan. A voz masculina interrompeu a mulher mais velha a meio cami­nho, e os nervos de Caroline se contraíram ao olhar para o rosto de Gareth Morgan.

Joan Holland esvaziou a xícara antes de responder.

— Julian quer falar comigo, Gareth? — Franziu a testa. — Você sabe por quê? — Seus olhos estavam fixos no marido enquanto falavam, e, olhando para o outro lado da sala, Caroline podia ver que ele estava absor­vido numa conversa com Jonas Berg, o rapaz sul-africano, e parecia completamente alheio ao paradeiro da esposa.

— Acho que ele disse algo sobre ter perdido os óculos — comen­tou Gareth com facilidade, enganchando os dedos no cinto da calça. — Por que não vai até lá e vê o que é?

Joan encarou seu rosto queimado e depois lançou um olhar espe­culativo para Caroline. Levantando-se com relutância, ajeitou a saia e disse: — Bem, se ele está precisando de mim, é melhor que eu vá ver o que é.

Gareth deu um leve sorriso. Joan olhou-o mais uma vez e cami­nhou irritada para o outro lado da sala. Gareth virou-se para ver e depois para espanto de Caroline, afundou-se no sofá a seu lado.

Por alguns segundos Caroline não soube o que dizer, mas depois a pergunta inevitável apareceu em seus lábios: — O sr. Holland es­tava mesmo chamando a esposa? — As palavras saíram com ênfase, mas ao se virar para olhar para ele, ficou extremamente consciente da presença dele a seu lado. Sentado bem à vontade, era até mais perturbador e atraente do que ela se lembrava, e o desejo de que ele notasse sua presença tornou-se importante demais para ela.

Ele retribuiu o olhar com frieza e ela precisou de toda a força de vontade para não baixar as pálpebras ante um olhar tão perturbador.

— Não, que eu saiba — respondeu ele seco.

— Então... então por que você... — Parou incerta, percebendo algo desagradável em seu frio olhar.

— Por que eu fiz o quê? — perguntou imperturbável. — Inter­rompi sua conversa com a sra. Holland? — Ergueu os ombros. — Fiquei com pena de você, só que não sei dizer por que. Mas nin­guém gosta das perguntas pouco sutis de Joan.

— Sei. — A alegria de Caroline desapareceu, e então desviou o olhar. — Então não foi porque queria falar comigo?

— E o que supõe que eu tenha para falar com você? — perguntou desinteressado.

Caroline levantou os ombros, a irritação sobressaindo à discrição.

— Você não acha que tudo isto é muito ridículo, Gareth? — per­guntou em voz baixa. — Somos adultos. O que quer que tenha acon­tecido tantos anos atrás já acabou e foi esquecido. Gostaria que você parasse de se comportar como se fôssemos inimigos!

Gareth tirou um charuto do bolso e o colocou entre os dentes antes de responder. Enquanto procurava pelo isqueiro, disse: — Mas eu sinto antagonismo em relação a você, Caroline, e não vejo por que deveria pretender o contrário. Se quer que eu seja brutalmente ho­nesto, então direi que você foi de um atrevimento atroz vindo para cá!

Essa declaração devastadora foi dita numa voz calma e sem emo­ção, e ninguém que pudesse estar olhando para eles ou mesmo per­cebendo o murmúrio de suas vozes poderia imaginar pelo seu modo, o que ele poderia estar dizendo. Mas Caroline pôde ouvir, e muito bem, e a raiva eliminou seus últimos resquícios de inibição.

— Acho que você está sendo grosseiro — acusou, fazendo um esforço para não elevar a voz. — Eu na verdade não entendo por que você se sente assim em relação a mim. Nossa relação não podia mesmo ser permanente, se após um ano de nossa... nossa separação, você se casou com uma outra pessoa!

Ela não queria nem pretendia levantar a questão do casamento dele, e agora que tinha falado, desejou não ter tocado no assunto. Suas palavras ficaram pairando no ar, entre eles, gelando a atmos­fera aquecida.

— Não pretendo discutir meu casamento com você, Caroline — disse Gareth por fim. — Na verdade preferia que não falássemos mais nada.

— Não acha que isso pareceria estranho? — perguntou, esconden­do seus sentimentos numa tentativa de sarcasmo. — Principalmente porque a sra. Holland não tirou os olhos de nós, desde que saiu daqui!

Gareth curvou os lábios, mas só Caroline percebeu que o sorriso nau alcançava os olhos.

— Eu particularmente não me interesso pelo que pensa a sra. Holland — comentou desagradavelmente. — Mas se quer manter as aparências, conversando sobre bobagens, pode con­tinuar.

Caroline cerrou os punhos.

— Você está querendo mesmo me magoar, não é, Gareth? Queria saber por que. Será que é porque afinal não me acha tão repulsiva como gostaria?

Não sabia o que a fez falar assim. Certamente não acreditava na­quilo. Mas a reação que suas palavras causaram a assustou. Ele mo­veu a mão com incrível rapidez agarrando-lhe o pulso com tanta força que interrompeu o fluxo de sangue. Ela lançou um olhar horrorizado à volta, mas ninguém notou nada. Um instante antes a atenção da sra. Holland tinha sido desviada por uma observação de Charles para uma aquarela pendurada sobre a lareira, e como todos os outros estavam distraídos, a ação de Gareth tinha passado desapercebida. Ela ficou com vontade de tentar livrar o braço, mas isso m certeza seria notado, e de qualquer modo Gareth estava fingindo examinar o relógio de pulso dela.

— Não pretendo avisar outra vez, Caroline — resmungou baixo. — Fique longe de mim!

Ela procurou os olhos dele.

— E se eu não ficar?

— Então não me responsabilizarei pelas conseqüências!

— Não sei o que está querendo dizer.

— Oh, sim, você sabe, Caroline! — Os olhos dele estavam duros e incrédulos. — Você me fez de bobo há sete anos. Bem, talvez em parte fosse minha culpa. Eu devia ter mais cabeça para não me en­volver com uma estudante imatura...

— Eu era muito jovem, admito. Mas o que partilhamos foi bom, Gareth! — protestou ela, tentando livrar a mão. — Por favor, me solte. Está me machucando!

— Machucando? — Olhou para ela com desprezo. — Poderia machucar você muito mais do que isto, acredite-me. — Ele soltou-lhe a mão, e ela esfregou o pulso amortecido, percebendo que ficaria uma marca no dia seguinte. — Você não vai me fazer de bobo uma segunda vez, Caroline. Pode ter sido doloroso, mas uma pessoa apren­de com seus próprios erros.

Caroline cobriu o pulso avermelhado com a outra mão. Talvez ela merecesse aquilo. Afinal, ela é quem tinha sido responsável pelo rom­pimento. Ainda podia lembrar-se da briga tremenda que tinham tido na noite em que dissera que não podia se casar com ele. Mas isso era passado. Forçou seus pensamentos novamente para o presente.

— Então não adianta dizer que sinto muito — falou baixinho.

— Você sente? — Encarou-a com uma mistura de incredulidade, raiva e desprezo. — Meu Deus, Caroline, isso já é demais!

— Por quê? Porque não posso dizer que sinto muito? Sinto e demais.

— Sei que sente... — Olhou para ela por mais um momento, depois meneou a cabeça sem acreditar. — Oh, Caroline! Como pode admitir isso! Já ouvi tudo! E por que isso agora? Será que começou a descobrir que não é mais uma adolescente, e que um bom partido vai ser difícil de encontrar? O que aconteceram com aqueles altos ideais? As coisas devem ter sido duras para você, para apelar para isso!

As palavras dele eram as mais cruéis que ouvira; feriram fundo seu coração, como que estrangulando suas emoções. Ficou com muita vontade de feri-lo também. Gostaria de dar-lhe um tapa no rosto, eliminar aquele riso sardônico dos seus lábios, amassá-lo com os pu­nhos até que ele pedisse misericórdia. Mas, é claro, mesmo que não estivessem naquele ambiente, ela nunca poderia fazer isso. Ele era forte demais para que ela pudesse levar vantagem física sobre ele. Uma ocasião, com uma só mão, ele prendera as duas dela atrás das costas e, puxando-a contra si, a afogara em beijos ardentes. E nesse tempo ela ainda estava na escola, procurando tirar notas boas para o exame final e escutando as outras meninas contarem sobre seus encontros com os namoradinhos na noite anterior. Ela nunca fora namoradeira, de fato tinha até fama de distante; mas ninguém tinha suspeitado que o homem, que às vezes a buscava na escola no ele­gante Rover, não era seu tio como dizia. Agora, olhando para trás, ficou pensando se as circunstâncias não tinham influído em sua de­cisão. Talvez se tivesse discutido o assunto com mais alguém além de sua mãe, que desde o começo já tinha prevenção, não tivesse cometido tamanho erro.

De repente percebeu que Gareth ainda estava olhando para ela, e, com uma exclamação abafada, levantou-se. Mas para sua surpresa, ele também se levantou, com uma estranha expressão nos olhos.

— Você está bem? — perguntou em voz baixa, e ela viu com tris­teza que ele estava preocupado com ela. Ele era basicamente um homem decente. E não era essa uma das razões por que se apaixo­nara por ele e ainda estava apaixonada? E apesar de ele a desprezar como mulher, ainda se preocupava com ela como ser humano. Ou será que ela estava sendo muito caridosa? Talvez ele estivesse somen­te com medo que ela se traísse na frente dos outros. De repente, sentiu-se gelada. Será que só sobrara isso nele? Um cuidado impes­soal pela pessoa dela?

— Oh, Gareth! — suspirou, levantando os olhos cheios de lá­grimas para o rosto dele, mas a expressão dele se endureceu.

— Por fim! — comentou secamente. — A última arma, lágrimas! Tenha dó, Caroline, será que não representa melhor que isso?

Ela se engasgou com tamanha rudeza e as lágrimas se congela­ram em seus olhos. Como é que ele podia falar assim, pensou ela, começando a sentir um ódio violento contra ele, quando antes só sentia fraqueza e arrependimento. Ansiava por tirar com as unhas aquele riso sarcástico de seus lábios. Como se atrevia a falar com ela daquele jeito? Oh, como podia ter imaginado que o tempo tinha cicatrizado as feridas que haviam entre eles? Tudo o que ela tinha feito fora se expor ao ridículo e à humilhação. Um enorme desejo de feri-lo como ele a estava ferindo começou a crescer dentro dela, e assustou-se quando uma voz disse:

— Ora, Gareth! Você não pode monopolizar a moça a noite toda!

Enquanto Caroline fazia força para se controlar, Gareth virou-se para o amigo com absoluta calma:

— Desculpe-me, Nick — disse. — Eu estava fazendo isso? — Olhou de modo zombeteiro para Caro­line. — Devo ter esquecido da hora, você sabe como é.

Caroline sentiu a tensão crescer dentro de si como uma bola, mas pensou que o jogo podia ser jogado pelos dois, já que era assim.

— Sim, é sempre engraçado recordar os velhos tempos, não é, Garry? — falou com doçura, sabendo o quanto ele detestava ser chamado pelo diminutivo. — O senhor deve nos perdoar, sr. Freeleng.

Nicolas riu e assegurou a ela que se sentia muito velho quando ela insistia em chamá-lo de senhor, mas mesmo enquanto ele falava, Caroline percebeu Gareth ficar tenso. Sentiu-se imensamente feliz. Sem dúvida ele tinha imaginado que ela estava arrasada pelos acon­tecimentos dos últimos minutos, mas se estava, não tinha intenção alguma de deixá-lo perceber. Havia sempre mais de uma maneira de se ganhar uma guerra, ela estava começando a descobrir, c talvez nem todas as armas estivessem afinal do lado dele.

— Imagino que vocês dois tenham mesmo coisas para conversar — disse Nicolas. — Ouvi dizer que você morava perto de uma irmã de Gareth, não é, Caroline?

— Sim, é verdade. Mas depois que minha mãe morreu, eu mudei. Nicolas assentiu, depois fez uma careta para o outro. — Ainda assim, Gareth, não fique com ela só para você. Ela não veio aqui só para vê-lo.

Gareth sorriu de leve, mas um sorriso maldoso, achou Caroline.

Depois disse: — Sei que ela não veio, Nick. Para ser honesto, fiquei surpreso de ela ter vindo.

— Por quê? — Nicolas levantou as sobrancelhas escuras.

— Bem, soube que ela veio para cá para tomar conta das crian­ças dos Lacey. — Um olhar de lado dirigido a Caroline tinha in­tenção maldosa, e Caroline irritou-se. — Tinha certeza de que ela iria ficar amarrada.

Caroline ficou com vontade de dizer algo arrasador, mas claro que não podia. Nicolas teve que explicar, mas ela percebeu que Gareth estava dizendo que tinha vindo ao jantar sem a menor idéia de encontrá-la.

— Você não está sugerindo que um delicioso pedaço de mau ca­minho como esse tinha que ficar bancando a babá, quando há alguém mais preparado para isso, hein, Gareth?

Gareth encolheu os ombros.

— Alguém tem que fazer isso.

— Certo. E a filha do Macdonald logo se prontificou. — O sor­riso de Nicolas aumentou. — Agora diga-me, você não acha que ela dá mais para isso do que Caroline?

O rosto de Caroline queimava. Estavam falando sobre ela como se não estivesse presente, e conquanto soubesse que Nicolas não falava por mal, não tinha tanta certeza quanto a Gareth.

Ele se endireitou depois de apagar o resto do charuto no cinzeiro e respondeu: — Você pode estar certo. Sandra tem mesmo jeito com as crianças e com outras pessoas.

— Incluindo você, meu amigo. — Nicolas caçoou e virou-se para Caroline. — Você deve me perdoar, mas Gareth tem uma queda por Sandra, e ela certamente tem uma queda por ele!

O sorriso de resposta de Caroline estava meio parado.

— Ver­dade?

— Acho que sim. — Nicolas sacudiu a cabeça. — Ela tem sido um grande conforto para ele ultimamente, não é, Gareth?

— Se você acha que sim, Nicolas... — Gareth fez um movi­mento com os ombros.

— Sim... bem, estou achando que esse assunto é meio tabu, por isso vou arranjar uma bebida para você, Caroline, e você pode me dizer o que achou da minha casa.

Pelo resto da noite Nicolas não saiu de perto dela. Depois que as xícaras de café foram retiradas e mais bebidas foram servidas, o toca-discos foi posto a funcionar e os mais jovens começaram a dan­çar. Uma certa hora, quando Caroline dançava com Nicolas, reparou na sra. Holland aproximando-se de Gareth e ficou imaginando que explicação ele daria para o que acontecera no começo da reunião. Ele mesmo não procurou dançar com ninguém, e apesar de ela ter achado que seria ótimo ir até lá e perguntar se ele não queria dançar com ela, era cedo demais para tentar pôr algum plano em ação. As palavras de Nicolas sobre Sandra Macdonald a tinham deixado apreen­siva. Até aquele momento, o fato de Gareth não estar mais casado tinha significado para ela que ele estava livre. Mas, e se o casamento dele tinha dado errado por causa do envolvimento com alguma outra mulher? Alguém como Sandra, por exemplo? Dava para pensar.

Nicolas, é claro, estava atencioso e interessado, e ela percebeu que gostava cada vez mais dele. Era bom sentir que pelo menos uma das pessoas presentes tinha procurado sua companhia. Bebeu mais do que antes, também, e o álcool ajudou a esquecer sua tristeza, mas a determinação de fazer com que Gareth pagasse por sua crueldade continuou forte em sua mente quando Charles as levou de volta para casa pouco depois das onze horas.

Nessa noite, dormiu no instante em que sua cabeça tocou o traves­seiro, e foi só na manhã seguinte que uma horrível dor de cabeça a fez recordar de tudo o que acontecera.

 

 



  

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