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Sonhar de um estudante de engenharia, de vinte e seis anos, sem quaisquer sintomas específicos de psiconeurose, meramente “cheio de” problemas. 9 страница



ocorreria a ninguém que utilizasse uma teoriade sonhos com “sfmbolos” prescritos para interpretar um resultado sonhado. Operigoso impacto de talcegueira sobre a terapia já foi apontado.’°
Outra caractertica essencial da significação explícita do sonhar é a fontenão especificada dopoder que abre a tartaruga. Seja qual for, elepossui um caráter mágico. Aí, mais uma vez, devemos fazer uniapausa para considerar que a sonhadora não ousa ela própria executar a tarefa de acabar com a desgraça do bichinho que sofre, mas apenas grita impotente para sua mãe, dizendo que alguém tem que fazê-lo. Poder mágico só éexperienciado por gente ci4a existência éimpotente em relação aos entes que se lhe deparam. mencionamos que a sonhadora estava residindo na casa da sua mãe; trata-se de um ser imaturo envolvido num relacionamento mãe-fluia. Há mais um traço do sonhar que conduziria o terapeuta a rever a situação analítica: a saber, o fato de a força mágica abrindo a tartaruga ser tão insustentável ecruel que a sonhadora vê a morte da tartaruga como a única solução possível. Quando alguém sonha deste jeito, o terapeuta é aconselhado a observar bem se suas tentativas analíticas de libertar a paciente em sua vida desperta não constituem também uma tortura insuportável. E mesmo que o suícidio não pareçaprovável, permanece um grave risco de uma pacienteoprimida Interromper abruptamente o seu tratamento, Quando surgemtais sonhos, um progresso rápido demais, mal considerado e motivado pelas ambiçõesterapêuticas doterapeuta, pode ter conseqüências ir-remediáveis. Emgeral, o terapeuta deve restringir seus esforços, e especialmente no caso desta paciente, indicar com paciência interminável quaisquer reduções de liberdade existencial que sejam reveladas no Ser-no-mundo onúico da paciente. Paraeste fim a sonhadora desperta deve sercuidadosamente interrogada comas seguintes perguntas:
a, “Não lhe causa surpresa o fato de que em seu sonho você não esteja na sua própria casa com o seumarido, e sim com a sua mãe na casa
dos seus pais?”
b. “Não éespantoso que o único animal que tenha ganho acesso ao seu mundo de sonho seja um que possua uma couraça?”
c. “Agora que você está acordada, será que o potencial para uma postura semelhante ao animal, e o potencial de viver no espaço reduzido
do animal, fala a você somente através da presença de umacriatura de sanguefrio, dotada de uma couraça, muito distante dosmodos humanos deexistir?”
d. “Você, desperta, está agoratalvez mais consciente do queesteve enquanto sonhava de que osignificado de ser partido em pedaços tem
algo aver com asua própria existência, enão só comuma tartaruga que existe noseu meio ambiente externo?”

e. “E acoisamais espantosadetodasnãoéofatodequeumaforça mágica totalmenteestranha interviesse enquanto você estava sonhando, e começado a partir a couraça datartaruga sem qualquer piedade, indiferente a todos os seus gritos?”
f. “na sua existência
onírica somente uniaonipotência estranha revelou-se a você. Não seriapossível que o seu Ser-no-mundo desperto
já tenha uma visão bem mais clara de que um rasgar e abrir o seu próprio
Dasein protegido por uma couraça poderia se revelar a você? Um rasgar e abrir provocado pelo processo do tratamento analítico?”
g.
‘Parece-lhe que esseprocedimento é tão oprimente e dolorosoque a única saída é o suicídio?”
Um procedimento terapêutico que utiliza o sonhar desta maneira nada mais édo queanálise deresistência (14&Ierstands analyse), que porsua vez éa forma mais elevada deterapia a queFreud foicapaz dedesenvolver sua psicanálise. Wllhelm Reich deuespecial importância à análise de resistência, com suas formulações de que somente “mecanismos de defesa próximos do ego” deveriam ser colocados em questão, e não os “conteúdos do id” ocultos por trás dos primeiros. Estes últimos viriam à tona de modo ordenado e natural, uma vez que as“defesas do ego” tivessem sido superadas. Mas se seconseguisse o processo inverso, e o analista lidasse Imediata e diretamente comos “conteúdos do id” reprimidos, a análise inevitavelmente terminada numterrível caos.
Osinsights proporcionados pelo exame daseinsanalítico daexistência humana levam significativamente adiante a “análisede resistência” exposta por Freud e Reich. Isto ocorre principalmente por se eliminar o lastro de teorias e pressuposições impróprias e inadequadas que servem apenas para ocultar e distorcer osfenômenos, e que possuem um efeito desastrosamente pernicioso sobre a terapia.
Exemplo 8: Sonhar de uniamoça devinte e três anos, estudante, sofrendo de relacionamento perturbadocom homens.
No sonho da noite passada eu estava caminhando, junto com a minha mie e o meu irmão, na direção de um lago, pois nós deveríamos fazer uma viagem de barco, ou algo semelhante. Quando estávamos prestes a atravessar uma rua de tráfego intenso, paramos cheios de honor, vendo que havia ocorrido um acidente. Um (ou dois) motodclista estavam estendidos no chio. Um dos corpos era uma massa amorfa1 escura e arredondada; a sua càbeça estava ao lado, separada do corpo. Então vi a cabeça de um segundo homem (on será que era do mesmo?) que havia sido cortada bem ao meio. Todas as estruturas anatômicas junto ao ferimento estavam expostas, exatamente da mesma maneira queaparecem nos livros. Depois disso, acordei muito perturbada.

Asituação inicl dasonhadora, ou lugar-no-mundo era tal que sua existência achava-se afinada com um estado de ânimo prazenteiro, quase festivo, envolvendo uma caminhada junto ao círculo dasua família próxima. Opiano era pegar um barco, e apreciar o lago em conjunto. O estado de ânimo inicial da sonhadora, sem qualquer preocupação, nos indica queela erasuficientemente madura para atender asexigências impostas porum passeio em comum na companhia de sua família. Ela era capaz de seengajar livremente nessa relação específica com o mundo. Masentão um cruzamento de intenso tráfego, abertopara o mundo, joga água fria sobre sem planos. Assim quehomens de fora dasua famíliaatravessam seu caminho,ocorre a catástrofe. O único ser do sexomasculino quetem acesso aoseu mundo desonho, além doirmão quenão representaintrusão sexual, é o horrívelcadáver defonnado de um homem que, presumivelmente poucoantes estava sentado sobre umapoderosa máquina. Seu corpo havia sido esmagado,transformando-se numa massaamorfa, escura earredondada; só a suacabeça manteve asua forma externa, aindaque morta,dentro do campo de visão da sonhadora.Ele nem sequer está suficientemente “vivo” aos olhos dasonhadora paraaparecer como um cadáver banhado de sangue.Até mesmo a cabeça, o centro da reflexão e do pensamentoracional, foidesvirtuada a ponto de tornar- -se semelhante a umdiagrama de livro, um modelo descritopor limites bem definidos. Seria sensato, do ponto de vistaterapêutico, fornecer a descrição da catistrofeonírica focalizandoalguns pontos através das seguintes perguntas: a. “Você se dá conta, mesmo agora queestá desperta, que só é feliz enquantopermanece dentro do círculo da sua família mais próxima?” b. “O que você senteagora a respeito de como jovens com vida são varridos do seu mundoimediatamente após terem penetrado nele?” c. “Não lhe pareceestranho que apenas a cabeça do motociclista consegue reter a sua forma, e que até mesmo esta cabeça aparece somente como algo figurativo, um corte anatômico semelhante ao encontrado em livros? Quem sabeesta experiênciaonírica possa conduzir a sua existência desperta, cuja visão é mais clara, para uma consciência mais profunda com respeito a suas relaçõesdespertas com o sexo oposto?” d. Torna-se claro para você agora, emsua existência desperta, por exemplo, que assuas relaçõescom os homens queencontra limitam- -se auni formalismo intelectual,morto, racional, distante, e por cama disso todo ocorpo masculino potenteé percebido como umamera massaamorfa esem vida?” Não é tão importanteque a pacienteseja capaz dedar uma respostaimediata aestas perguntas, e tampouco que ela pondere seriamente sobre to 84

das de uma só vez, ou até mesmo que ela possa deixá-las de lado como algo absurdo. Da perspectiva terapêutica, o que importa éque as questões tenham sido levantadas, e que o analista as mantenha abertas, utilizando toda oportunidade análoga para fazer o mesmo.
Exemplo 9:Sonhar de um homem de trinta anos, solteiro, sofrendo de depressão e falta derelacionamento com outros seres humanos.
Na noite passada eu sonhei que estava parado ao lado de uma barraca de cachorro-
-quente. Eu tinha acabado de pedis um cachorro -quente e estava tendo uma conversa agradável com o vendedor,quando uma mulher jovem apareceu do meu lado e começou a achegar-se a mia Eu fiquei com um medo violento dela e fugi o mais depressa que pude, esquecendo até mesmo de levar o meu cachorro-quente.
A linha de questionamentoterapêutico recomendada poderia desenvolver-se da seguinte maneira:
a.“Eu acho formidável que, pelo menos ao sonhar, você se permite experimentar o prazer sensorial profundo, embora não compartilhado,
de comer umsuculento cachorro-quente, e que você esteja suficientemente despojado para apreciá-lo em público, numa barraca numa praça movimentada.”
b; ‘te outro lado, você não julga bastante estranho que quando uma mulher se aproxima de você de forma altamente erótica, você a enxerga somente como uma criatura assustadora, provocadora de ansiedade?”
c. Você está cônscio da medida em que a ansiedade o oprime na presença da jovem mulher, forçando-o a fugir e impedindo-o de gozar o
prazer sensorial de consumir o seu cachorro-quente em paz?”
d. “O que éque você concretamente receia, na sua vida desperta, com relação àpresença erótica e sensual de mulheres?”
Não há nada mais fácil, éclaro, do que transformar o cachorro-quente sonhado num “símbolo” freudiano para o órgão masculino. Mas onde está ajustificativa para um passe desses? Além disso, transformar o “cachorro. quente” num pênis, ou pseudopênis, implicaria numa percepção paralela:
Nem o analista nem o paciente seriam capazes de reconhecer que a terapia até o momento tinha permitido ao paciente abrir-se o suficiente para comer algo sozinho, mas não o bastante para acomodar o tipo de prazer erótico liiterpessoal em ca relação o órgão masculino realmente está incluído como parte da sua esfera física. Aqui temosentão outro exemplo davantagem obtida ao se permitir que um objeto sonhado, tal como umcachorro-quente, permaneça simplesmenteaquilo que eleaparenta ser. Naturalmente,até

mesmo umcachorro-quente possui uma multiplicidade designificados e quadros de referência, eestes devem sertrazidos para a atenção dopaciente. Entre outras coisas, ocachorro-quente do nosso sonhador aponta diretamentepara abarraca de comida naqual ele écomprado, oaçougueiro que o fabricou e o simpático vendedor. Aí,também, abarraca de cachorro-quente numaesquina é ooposto de uma sala de jantarelegante num hotel deprimeira classe- Nãoimporta quãomodesta seja a barraca, ou opreço,o processo de comer um cachorro-quente, todavia, constiluiassimilação dealgo feito de carne, algo animal, emvez de alguma coisasem sanguepertencente ao reinovegetal.
Nateoria psicanalítica da libido, o ato decomer um cachorro-quente nestesonho seria tomado como um sinal de que o sonhador seachava fixado no“estágio deinstinto oral”. Masnenhuma teoriados instintos pode ser ampla o bastantepara explicar até mesmo uma atividadeexistencial tão simplesquanto comer um cachorro-quente. Como qualquer outro empreendimento humano, comer umcachorro-quente pressupõe que apresença esignificação doobjeto àmão tenham sido percebidas.Nenhuma libido,nenhuminstinto total ouparcial, possui a capacidade deperceber asignificação de um objeto talcomo é: a libidonão podereconhecer um cachorro-quente como um cachorro-quente. Como merosquanta de energia “cega”, coisas como libido einstintos jamais podem gerar o tipo de aberturaperceptiva que é a base danossa existência humana. Quer a atividade particularseja comer um cachorro-quente ou qualquer outra coisa, os fenômenoshumanos não podem ser atribuídos a umaenergia que misteriosamente seleciona um objeto do mim- do exterior, e então o “agarra” libidinalmente. Não, a atividade emerge de uma uniãoinseparável da percepçãohumana com o ente percebido, de modo talque o ente possa se manifestar e assumirpresença àluz da percepçãohumana. Uma compreensão genuína de qualquer comportamento humanodeve enxergar arelação entre homem e objeto nãocomo umarelação bipolar, isto é, existindo entre dois objetosinanimados separados, mas como umaunidade integral naqual os entes do mundoreivindicam existênciahumana, envolvendo-a como umasituação naqual seapresentam. Pois elasvêm a ser somente aopenetrar no campo aberto daperceptividade humana.
Exemplo 10: Sonhar de uma mulher de vinte e seis anos, fti’gida.
Eu sonhei que estava tentando comtodas as minhas forças cobrir um homem jovemcom punhados de palha. Ele estava deitado na minha frente, nochio, mas não ticava quieto. Ficava se mexendo de um lado para outro, expondo cada vez uma outra parte do seu corpo. Além disso, tudo que eu tinha para cobri4o eram pedaços de

palha finos e curtos. Mas era importante cobri-lo completamente, eu me lembro disso; na verdade, parecia que era uma questão de vida ou morte mantê-lo coberto debaixo da palha. Ele não via isso desta maneira, e de repente me pediu uma fatia de pão com manteiga. Realmente me irritou o fato de ele escolher aquele exato instante para me pedir uma fatia de pão com manteiga.
Depois de a sonhadora insistir que o sonhar não lhe dizia nada, o analista aventurou a seguinte opinião:
Oprimeiro plano temático do mundo doseu sonho éconstituído por um padrão complexo de relações humanas. Durante o seu sonhar, um homem jovem está deitado nu aos seus pés. Oseu comportamento consiste em tentar esconder a nudez dele a todo custo. Oque você quer fazer, e na verdade precisa fazer, éprotegê-lo do público, ou de “outras pessoas”. Tudo que você tem à mão,aparentemente, é ummaterial bem pouco satisfatório para camuflagem, apenas uns poucos e magros punhados de palha. Ocomportamento do homem éespantosamente diferente. Ele, também, tem uma relação com as“outras pessoas”, mas a relação dele mostra, com efeito, queele não se incomoda com o queelas pensem, Para elenão significa nada ser descoberto nu nasua presença. No que concerne à relação dele com você própria, esta se caracteriza pelo fato de ele ficar atrapalhando os seus planos. E então, porcima de tudo, ele tem a coragem de lhe pedir uma fatia de pão com manteiga, Aparentemente, ele está com fome e quer satisfazer o seu apetite sem demora. Não há dúvidade que vocêe o seu parceiro do sonho não se entendem. As ações de vocês não poderiam ser mais diametralmente opostas. Você fica com raiva como fato de o homem falhar em entendera sua urgente preocupação em ocultar a sua nudez, do olhar das “outras pessoas”.
O comentário acima representa um bom exemplo do modo de o analista poder começar a aplicar a sua compreensão fenomenológica da experiência onírica. Ele poderia prosseguir perguntando à paciente se na sua vida desperta ela tinha alguma relação similar para com homens jovens despidos e com a opinião pública.Se a resposta fosse sim, poder-se-ia indagar:
Bem, então, por que você é tão pudica? Por que permite que “outras pessoas” a influenciem de maneira tio decisiva e escravizadora, a ponto de cio ousar encarar a presença de um homem jovem despido?
Não lhe ocorre que o homem despido no mundo do seu sonho estava deitado a seus pés, de modo que você estava parada acima dele, pelo menos fisicamente?
É também verdade na sua vida desperta que você precisa colocar os homens sob seu controle? O seu comportamento desperto em relação aos homens se limita àsimples dimensão de superioridade e inferioridade?
Os seguintes comentários por parte do analista sem dúvida também seriam benéficos para a terapia:

Ocomportamento despudorado do seu parceiro de sonho mostraque você também, pelo menos aosonhar, vê a possibilidade de ummodo decomportamento bem diferente, mais livre. De fato, este modo novo de comportamentoesteve bastante próximo de você através da pessoa de um homem jovem. Você, no entanto, aparentemente ainda está longe de adotar este comportamento para si. Provavelmente demorará algum tempo até você estar pronta a utilizar este tipo de comportamento de uma forma responsável e autêntica. Você ainda luta desesperadamente para livrar-se dele, mesmo que só o veja nos outros. Mesmo quando ele ocorre fora de si própria, você quer suprimi-lo à força. Mas o fato de que no seu ‘sonhar você dispõe’ apenas de finos punhados de paDia para escondê-lo pode ser um sinal de que também o fim do seu pudor desperto está se aproximando rapidamente, o poder dele se esgotando. Qualquer que seja o caso, é digno de nota que você ainda não esteja aberta para conceber qualquer relacionamento erótico com homens jovens nus que aparecem no seu sonhar. O apetite dele se revela a você visando apenas consumir pão com manteiga, .e portanto como um desejo sensorial puramente autocentrado. Naturalmente, analisar umaexperiência onírica isolada não seria o suficiente para libertar a mulher neurótica de uma vezpor todas de todoseu pudor e dependência em relação a “outras pessoas”. Também seria absolutamente necessário fazer a paciente tomarconsciência de todos os fatoresda sua vidaque contribuíram para restringirseu comportamento paracom o sexo oposto, eque ainda projetamsuas sombras provenientes do passado. Comojá mencionamos acima, ganharpercepção das Iimitaçøes neuróticas adquiridas atravésdos fatos da vida e daeducação já representapor si só uma liberaçãoimportante, pois permite ao paciente perceberque uma existêncialimitada no presente não indica necessariamente umaconstituição imutável, dadapor Deus,que deve ser aceita fatalisticamente, Esta mesma percepção indica apossibilidade de modos de vida radicalmente novos e mais livres, ao passoque antes os pacientes foram levados aacreditar que o seu comportamentoneurótico é o único compórtamentopossível para eles, algoque são obrigados aaceitar comocerto. Exemplo 11: Sonhar de um homem detrinta e cinco anos,um intelectualvoluntarioso, com um casamento não consumado, em vigorpor cinco anos. Estepaciente só consegue perceberum relacionamento íntimo com uma mulher em fantasia, e mesmo aí ele jamais vai além de urna troca de carinhosternos, Ele relatou um de seus sonhos conforme se segue: Eu estou pedindo calona numa estrada ruraL Um homem muito corpulento, mais ou menosda minha idade, me deixa entrar no seu carro, esegue guiando. Enquanto ele está na direção, eu o mato. Eu realmente não sei por quê, e não sinto remorso nenhum.

Mas então começo a me preocuparcom apolícia. Se eu não melivrar do corpo ,. eles me prenderão por assassinato. Felizmente, o corpo ao meu lado se transforma sozinho num fósforo queimando. Basta eu deixar que ele queime até otini, depois posso jogar o palitocarbonizado pela janela e ninguém perceberá nada.
O lugar-no-mundo deste sonhador é urna estrada rural desconhecida. Estar numa estrada rural é estar a caminho de algum lugar. Mas o nosso sonhador não sabe nem de onde vem nem para onde quer ir. Acima de tudo, não tem Intenção de viajar com suas próprias forças, utiHnndo seus próprios pés. E tampouco faz uso de um carro seu que ele próprio pudesse dirigir. Ele quer ser dirigido por alguma outra pessoa, às custas da outra pessoa: Ele está pedindo carona. Como se atendendo ao seu desejo, outra pessoa — uni homem partlcularniente corpulento, com vida — acontece de passar e oferecer ao sonhador uma carona. Porém, mal a viagem começa, o sonhador ,aqanins o motorista, sem reconhecer qualquer motivo real para a sua ação, Oassassinato simplesmente parece acontecer, e o restante da viagem ficaimerso em trevas. Agora, o único interesse do sonhador éocultar ostraços do seuato, de modo que nenhum juiz possa condená4o àprisão. Milagrosamente, o corpo étransformado nas cinzas facilmente elimináveis de um fósforo consumido,
Assim o terapeuta recontou o sonho ao seu paciente. Ele começou a fornecer algumas perguntas e indícios proveitosos:
a. “Agora que você está desperto, você se vê em alguma situação similar à dosonho? Você talvez suspeita deque não foi só por uminstante
que você esteve numa estrada rural, mas que seencontra viajando sem direção num sentido muito mais abrangente, uma existência humana inteira sem metas ou origem?”
b. “Você não percebe também de maneira mais profunda agora do que no seu sonhar, quenum sentido existencial abrangente você não está
parado sobre os seus dois próprios pés, movendo-se com as suas próprias forças, e sim, preferindo em vezdisso ser carregado às custas dos esforços de outros?”
c. “Ao sonhar você se percebe assassinando o seu motorista, um homem jovem e cheio de vida, sem qualquer razão discernível. Você
pode agora, no seu estado desperto, vercom mais clareza que a forma como você tem vivido até aqui tem efetivamente assassinado não um estranho, mas o potencial quereside na sua própria existência, para um comportamento vital, masculino?”
Respondendo às perguntas a e b,o paciente timidamente confessou queo seucomportamento desperto de fato correspondia ao comportamento em

• sonho, só que de maneira muito mais penetrante. Ainda assim, foi só depois
de sonhar e do questionamento subseqüente queele foi capaz de enxergar
este fato com clareza. E o mais importante, ele conseguia agora ver que a
postura passiva, paras ítica, que demonstrara comoalguém que pede caro n no sonhar, caracterizava todas as suas relações despertas. Opaciente de
início tentou contornar a terceira pergunta, relativa ao assassinato do moto.
rista, insistindo que não tinha inimigos na suavida desperta, e não alimenta v desejos demorte contra ninguém. Só quando oterapeuta o pressionou,
perguntando como estavam as coisas com seucomportamento masculino
desperto, é que eleadmitiu comespanto que em algum ponto dopassado a
suaexistência comomacho robusto se esvanecera no ar. Seus— lhe ha via dito que ele fora uma criança vivaz e ativa,Estes pensamentos levaram
o paciente a se perguntar se o assassinato de suas possibilidades existenciais
era responsável pelo persistente sentimento de que fizera algo errado, e o
medo de ser descoberto. O terapeuta encerrou a discussão comentando:
‘Pode ser”.
Teria sido errado, do ponto devista fatual e terapêutico, queo terapeu t tivesse feito afinnações segundo as linhas da “interpretação de sonhos”
tradicional. O motorista assassinado não era “na verdade” o próprio sonha dor nem qualquer parte do sonhador, O motorista foi percebido, e existiu,
apenas como um estranho desconhecido enquanto durou o estado de sonho.
O motorista não era simplesmente um “substituto” simbólico para algo a
respeito do próprio sonhador, O motorista desvelou-se ao sonhador e, por tanto existiu apenas como um estranho desconhecido. Mais uma vez, a fio çã da “elaboração do sonho” que seria necessária para conseguir executar
tal transformação do sonhador num motorista que ele veio a assassinar, me vitavelment pressupõe de novo que existe dentro do paciente sonhando um
“conhecimento inconsciente” da sua perda de masculinidade, Pois, se tal
conhecimento não estivesse alojado em alguma supra-pessoa dentro ou atrás
do sonhador, então quem (ou o quê) teria estado em posição de entender
que algo precisava ser ocultado? Além disso, se não houvesse nenhum ho múncul presente para realizar o
ato de ocultar, a “imagem onírica” quefoi
projetada para fora nunca poderia vir a existir. Mas os fatos da questão são
bem diferentes. Na realidade, o paciente existe no seu sonhar de modo inte gral
com a visão terrivelmente obscurecida, mas sua existência deforma ne nhum é divididaem “identidades psíquicas” distintas. A sua percepção oni ric éreduzida a tal ponto, de fato, que a vida humana por ele assumida de teriorou-s tanto que se tomou meramente os restos de um fósforo consumi do e o ato destrutivo de matar não éreconhecido como algo que afeta a si
próprlo,mas apenas urna pessoa totalmente estranha. Em todo caso, porém, é
o sonhar queo faz perceber pela primeira vez que ele éum assassino, habili tando- a partir daí a obter uma visão mais clara da sua conduta destrutiva.



  

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