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Sonhar de um estudante de engenharia, de vinte e seis anos, sem quaisquer sintomas específicos de psiconeurose, meramente “cheio de” problemas. 6 страница



ra tio natural, seja desperta ou sonhando, não tem em mente qualquer ente objetivo, material ou imaterial; Ela se refere à soma de todas as maneiras de viver que lhe pertencem no momento, e de todos os modos de percepção e comportamento que constituem o “eu”.
Se tais elaborações referentes ao ego são vazias e infundadas, na verdade não podem contribuir, dentro do quadro da “interpretação dos sonhos”, para uma melhor compreensão dos fenômenos onfricos de fato. A psicologia tradicional dos sonhos de qualquer maneira nunca se interessou por este tipo de compreensão, uma vez que as teorias, estruturadas como são em torno da abordagem das ciências naturais, sempre visaram algo totalmente distinto. Elas se propuseram, primeira e basicamente, a estabelecer alguma explicação causal hipotética subjacente. Ao fazê4o, seguiram o caminho indicado por Freud, não importando se concordavam ou não com o restante da sua teoria. “Na nossa opinião”, assim Freud descreve o intento básico de toda sua psicologia, inclusive a teoria dos sonhos, “os fenômenos percebidos devem dar lugar para o pressuposto jogo de instintos e impulsos4” Freud, todavia, nunca deu razões para esta “opinio” bastante surpreendente, de que os fenômenos da forma como são percebidos no momento devem e precisam recuar para trás de tendências meramente pressupostas. Ele não foi capaz de responder a esta pergunta crucial, porque manteve-se completamente inconsciente da filosofia subjacente a esta forma de pensamento científico. 5
Às relações causais, não importa quão completa seja a corrente de cama e efeito, jamais fornecem, uma compreensão de alguma coisa. Os mais proeminentes cientistas naturais já reconheceram que tudo que é registrado numa relação causal é uma sucessão temporal regular de eventos, sendo que a sucessão em si não possui significado intrúiseco. Asignificação e compreensão somente existem no domhiio das relações motivadas que constituem a vida humana. Conseqüentemente, qualquer indagação a respeito da natureza e significado de uma seqüência onírica deve visar a determinação dolugar que ela ocupa no desenvolvimento de uma história de vida humana. Aqui, é elaro,podemos retomar ao Freud dos primeiros tempos, pois não abriu ele a sua obra pioneira, a Interpretaçifo dos Sonhos, afirmando que todos conteúdos onú-icos eram entes psíquicos significativos, ca relação com a existência desperta ele estabeleceria? Mas Freud não conseguiu cumprir a sua promessa, pois tinha àsua disposição, na sua tentativa de entender especifica- mente os fenômentos humanos, apenas o necessariamente inadequado princípio da causaiidade. Um entendimento adequado docaráter daexistência humana não lhe era acessível.
Hoje, em grande parte graças àpercepção que Martin Heidegger teve da natureza, podemos canalizar as primeiras tentativas de Freud nosentido de Penetrar nosignificado do sonharpara uma busca maisdirigida da relação

existente entre o estado desperto e o sonhar. O simples fato de o sonhar e o estardesperto serem experienciados como dois modosexistenciais distintos, que podemos distinguir um do outro,sugere umabase intuitiva parafazê -lo Duas coisas podem serdistinguidas apenas com base numa terceira que englobe a ambas. Podemosdiferenciar ovennelho do verde somente porque ambos fazemparte de algo que chamamos de cor. Enquanto nãotivermos captado anatureza da cor, nem o vermelho nem o verde podemexistir para nós. A questãoque se nos deparaagora é:qual é a coisaespecífica que une os estados de sonhar e estar desperto? No que concerne ao sonhar do nosso recruta com um gigante cruel, para tomarum exemplo,podemos legi timamentperguntar — embora a nossa perguntanão seja dirigida para qual que “interpretação do sonho”:que elemento comum encontrado nos esta do despertos antes e depois do sonharpoderiam ter dadoorigem ao mundo dosonho emsi? Notamos naessência do sonhar-com-”gigante” umestado de espírito de pânico ansioso. Oque poderia terprovocado talataque de • medo? A nossa primeira— é afreqüência incomum com que sonhos de aniquilação visitam recrutas do exércitoconto grupo. Para muitos recrutas, alistar-se significa ser repentinamente tirado da acolhedoravida familiar que existe no moderno estado debem-estar social. É porisso que tantos vêem a suaconvocação para o exército como umaconversão forçada a unia vida de subordinação;trata-se de umasubmissão involuntária à disciplina absoluta dahierarquia militar masculina, aqual, graças ao enorme poder que exerce, podeexigir esforçossobre-humanos dos novos recrutas. Considerando-se to daessas coisas, então, o simples fato decomeçar otreinamento básico era suficiente para criar no nosso sujeito o tipo de estado de ânimo depressivo • eansioso que poderiapreceder um sonho comum gigante ameaçador. O recruta tentou, é claro,ocultar este estado de ânimo quandodesperto, mas omodo existencial doseu sonhar traiuos seus esforços. O estado de ansie dad não sópersistiu, masna verdade eclodiu no sonhar,inundando e per meandtoda aexistência dosonhador. Emqualquer estado de ansiedade, por exemplo, no pânico, ocampo aberto perceptivocom qual o ser huma n basicamente existe fica limitado atal poMo queapenas os traços amea çadore de tudo aquilo que eleencontra conseguem agora penetrar no “cam p de visão” da suaexistência. Assim, aexistência do sonhador tornou-se não-receptiva aoutra coisa que não alguma imensa forçaameaçadora. Se tal estado de espírito ouafinação determina o estado de abertura para o mundo do Dasein, uma compreensãodesse estado de espírito é importante, não só noque concerne o exemplo presente, mas também para o valor tera pêutic de qualquer teoria sólida do sonhar. Pois vezes e vezes repetidas aconteceque um sonhador experienciacom intensidade não precedenteal gu estado de espírito que prevaleceu durante osonhar anterior, mas que Perdeu qualquer impacto arrebatador na existência cotidiana, comsua divi 58

são numa abundância de relações diversas. Ocorre repetidamente que um sonhador se compromete com um estado de espírito com unia intensidade e sinceridade sem precedentes em sua vida desperta. Um estado de espírito que não é adequadamente admitido na vigília pode então predominar e evocar seres e eventos oníricos que lhe correspondam, cujos significados lhe sejam apropriados — no nosso exemplo, um Golias — e que adquirem uma proximidade impressionante, inevitável e às vezes desagradável com o sonhador. Quando um paciente em terapia é levado a tomar consciência de tais fatos oníricos, ele não consegue mais desprezar seus estados de espírito e ligações despertas correspondentes.
Se o sonhador deste exemplo tivesse sido um paciente em análise, e não um recruta sadio, deveriam ter-lhe sido indagadas as seguintes questões: “Ao sonhar, você viu o estado humano adulto apenas na forma de um gigante estranho que ameaçava a sua vida. Agora que você está acordado, começa a sentir que o mesmo tipo de estado adulto existe também como uma possibilidade em sua própria vida? Você encara a sua própria maturidade com unia atitude semelhante ao pânico? Se isso acontece, você pode atribuir o seu me- do ao fato de você encarar todas as suas possibilidades existenciais de acordo com o que você já conhece como jovem imaturo? Uma existência como esta deve naturalmente ser destruída quando forçada prematuramente a enfrentar o poderoso adulto que será o seu futuro.
Uma coisa devemos ter em mente: a ansiedade experlenciada pelo nosso recruta em face do gigante não éum fenômeno isolado acidental. Em qualquer atitude momentânea de medo, tal como esta, todos os temores que o indivíduo sentiu no passado emergem no comportamento presente. Pois no campo da existência humana, as experiências passadas persistem, manifestando-se no presente e co-determinando o comportamento futuro da pessoa. Pela sua própria natureza a existência humana jamais pode deixar de ser desdobrada em suas três dimensões temporais, que não são meramente um passado rigidamente petrificado, um presente solitário e um futuro de “ainda-nEo”. Uma vez que o teórico e prático do Das& está sempre trabalhando dentro desta perspectiva, não procede a tão ouvida reclamação de queele não se preocupa com as histórias de vida de seus pacientes.
Exemplo 6
Na noite passada eu sonhei com algo que sonhei muitas vezes antes. Ninguém mais existia, e eu tinha o mundo inteiro pan mim. Eu podia pegar e usar qualquer carro, qualquer navio, qualquer coisa que fosse. Tomando conta de todos os bancos, eu ti- nha uma montanha de ouro. Agora, depois de ter me apropriado de tudo nos sonhos, eu podia resolver que iria ressuscitar meu pai, minha mãe, meus irmãos e irmãs, e naturalmente uma linda namorada para mim. Neste círculo estreito de gente, eu podia go60

• zar realmente a vida. Mas os sonhos geralmente tenninani com o pensamento de que a
nova vida era solitária.
Na seqüência onírica relatada acima, o jovem concede asi próprio uma onipotência de caráter divino sobre todas as coisas e criaturas do seu mundo. Qualquer coisa que não lhe sirva, ele simplesmente se desfaz dela. Aqui não há indícios da auto-aniquilação queapareceu no exemplo anterior, o sonho do gigante. Depois de o nosso sonhador ter adquirido o poder, de fato, ele permite que a sua família próxima seja trazida à vida.Mas no final este grupo é tifopequeno que o sonhador continua se sentindo sozinho.
Éfácil ver porque uma seqüência onírica como esta haveria de ocorrer num adolescente que precisa obter una identidade independente e ainda se encontra oprimido, a cada dia, pelo poder e complexidade dos seres outros que não ele próprio. Nesta idade, uma pessoa não deve ser considerada doeu- tia ou anormal simplesmente porqui seu principal objetivo, desperta e sonhando, éa autodescoberta e a auto-afirmação “narcisista”. Afmal, qualquer altruísmo invariavelmente provém de uma abundância de segurança própria, e não de falta dela.
O
nosso sonhador sente-se àvontade apenas com sua família próxima. Ele se sente igual a essas pessoas, e lhe dá prazer ressuscitá-los vezes e vezes repetidas enquanto sonha. Mas quer acordado, quersonhando, o jovemconsegue experienciar como propordonadoras de felicidade e conforto somente aquelas situações às quais a sua própria existência é capaz de confrontar e
responder. Ainda assim, uni sentimento desolidão emerge no final decada um desses sonhos estereotipados. Esta solidão é umindício da inclinação inerente dosonhador rumo a uma existência interpessoal mais plena.Pois só
alguém que precisa dosoutros pode sabero que é sersozinho
Por outro lado, qualquer seqüência onírica repetitiva aponta para uma
* interrupção do processo de crescimento na existência desperta dapessoa. Quando este processo se reinicia e a pessoa écapaz de dar um novo passo adiante, a seqüência onírica repetitiva prontamente desaparece.
Seo jovem algum dia viesse a decidir fazer uma terapia em virtude da sua solidão, seria possível fazêlo tomar consciência do campo limitado de existência revelado no seu sonhar. Seusinteresses acham-se reçtritos a objetivos completamente egoístas e seus relacionamentos interpessoais acabam na sua família próxima. Talvez isto em si já fosse suficiente para provocar uma expansão da suaexistência desperta. Mas o terapeuta deveria ter o cuidado de não intervir cedo demais,isto poderia prejudicar um paciente que seja excepcioiialinente inseguro e dependente. Se este fosse o caso, melhor

seria deixar o sonho em paz e emvez disso apontaro potencial demaior auto-afirmaçãona existência desperta dopaciente.6
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Exemplo 7 Eu me arrastava pelas ruas e matei uma mulher estrangulando-a com uni barbante. Não foi o único assassinato essa noite. Cometi três assassinatos ao todo, simplesmente pelo prazer de matar. As outras duas mulheres eu esfaqueei em vez de sufocar. Depois de um tempo longo fui apanhado e, apesar das minhas teimosas negativas, fui condenado à morte na forca. Acordei apavorado exatamente quando eles estavam colocando o laço em tomo do meu pescoço. Este é osonho mais suspeito entre todos os relatados por jovens considerados completamente sadios, tanto por si mesmos quanto por outras pessoas que os conhecem, O rapaz de vinte e quatro anos em questão não exibia qualquer sintoma neurótico ou psicossomático em sua vida desperta, e tampouco seu caráter era particularinente surpreendente. Ele se relacionava com mulheres, nenhuma das quais pensou em assassinar enquanto desperto. Mas à noite, ao sonhar, desfazia-se de qualquer mulher que encontrasse, não por vingaça ou por raiva, mas “só por prazer”. Uma vez que este é umsonho que do ponto de vista freudiano seria rotulado como sonho de realização de um desejo, ele propicia uma excelente oportunidade para desmantelar o conceito de realização de desejo bem coajo para ilustrar a abordagem fenomenológica. No seu sonhar não existe evidência alguma de um desejo; desejar é supérfluo,considerando que o sonhador descobre a si próprio já noprocesso de assassinar mulheres. E mesmo que tivesse sentido qualquer necessidade de matar mulheresna sua vida desperta, o que não era o caso, ainda assim seria errôneo considerar este sonho como arealização de um desejo. Não é sequer justo, apenas com base neste sonhar, atribuir “desejos de morte inconscientes” ao sonhador emsua vidadesperta. Tendo em conta a facilidade com que a psicologia moderna emprega o termo “desejo inconsciente”, nunca é demaissalientar que ele se refere a algo que não pode existir. Falar em desejos inconscientes tem a nrsnialógica do quefalar em madeira metálica. Nãoexiste nada semelhante a um de. sejar isolado. Odesejar deve existir emrelação a alguma coisa desejável, em relação a alguma presença ci4asignificação tenha sido reconhecida pelo me- nos comoalgo desejável. Todo ato de desejar pressupõe o conhecimento de umaentidade significante. Como é possível que uma pessoasaiba uma coisa e, ao mesmo tempo não saiba, seja “inconsciente” dela? Tnt’igine que contorções são necessárias para dar a este paradoxo uma aparência deviabilidade. Mas depois falaremos mais sobre isso.” Oque permanece incontestável éque o recruta assassinou todas asmulheres que encontrou enquanto sonhava. De todas asmaneiras possíveisde umjovem se comportar em relação àsmulheres, apenas a de matar se mostrou acessível a ele. Este padrão único de comportamento édiametralmente oposto àconduta de uma relaçãoamorosa normal, Oamor maduro Implica 62

em reconhecer todo o potencial de vida presente no parceiro amado, e umadisposição de lutarcom todo oseu ser pela realização plena da existência do parceiro. Mas onosso recrutanão só mata as mulheres, ele tem prazer nisse.Àgora, um Dasein humano está afinadocom oprazer sempreque lhe épermitido envolver-senum relacionamentofundamental com aquiloque encontra, edesta forma aproximar-se de uma auto-realização. Até mesmo oprocesso de preparar-se paraeliminar obstáculos aesta realização traz prazer; é um estado de prazerantecipado. Aseqüência do sonho em sifala apenas do matar prazenteiramentetrês mulheres, e de umaresultante sentença de morte, àparte 4a circunstânciaadicional de que os maus atos ocorrem à noite. Tomandotoda aexistência onírica dorecruta, no momento do seucrime o relatoacima abrange o conteúdo esignificação total do sonho. Não existe nada além disto, nem ocultonem manifesto. Se no seu estado desperto subseqüente ele é capaz dever um significado muito major nos seusassassinatos sonhados e no sentimento de culpa que sente sonhando, isto é outra estória. Um procedimento terapêutico baseado nateoria Daseinsanalítica dos sonhos principiaria fazendo com que osonhador acordado dissesse se tem alguma coisa contra as mulheres nasua vida desperta. A experiênciamostra que opaciente começaria então avisualizar mais e mais incidentes específicos dasua vida despertapassada, quecontinuam aprojetar uma sombra escura nopresente do sujeito, reduzindo toda a gama do seu comportamentoexistencial em relação às mulheres, até incluir em sonhos apenas a possibilidade de matar, Ocontexto motivacional da história de vida desperta do pacientedeveria deixar claro quemulheres adultas sempre seinterpuseram aoseu desenvolvimento rumo a uma identidade independente esegura de si, e, conseqüentemente, sópoderiam aparecer comomerecedoras deaniquilação, jamais dignas de amor. Finalmente, o paciente tomariaconsciência de que um dosdois seguhitesconjuntos de circunstâncias é decisivo para o seu últimosonho. Ou sua mãe esuas sucessoras oviolaram impedindo o seu crescimento humano, ou eleseria surpreendido com o conhecimento do fato de que a suaprópria ligaçãoinfantil com a mãe lhe permitira enxergá-la apenas como unia prisão que lhe negava acesso à maturidade. Talvez ele reconhecesse simultaneamente ambas as circunstâncias como motivos para o seu recente sonho de estar matando mulheres. Obviamente, sua mãe jamais aparece no sonhar, que gira em tomo de três mulheres totalmente estranhas, Não hánada nessas mulheres capaz de amparar a alegação de queelas na verdade“significavam” asua mie:as mulheres sonhadas são estranhas, nada mais. Se uma pessoa, con»resultado docomportamento patogênico da mie ou poralguma fraqueza pessoal, permanece uma criança subordinada até muito depois de ter atingido sua maioridade oficial, geralmente lhe permanece uma percepção reduzi- 63

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da patologicamente, e não apenas Infantil. Da infância em diante, sua existência tomou-se rigidamente estabelecida como um “campo de visão” restrito; o que explica por quê, como adulto, ele continua a ver todas as mulheres no papel de mãe; e, se o comportamento da sua própria mãe lhe era venenoso e tolhedor, todas as mulheres são vistas como criaturas más que merecem a morte. No entanto, o que se passa aqui não é umamudança “dentro” do sonhador, dando a entender especificamente uma “transposição”, “transferência” de afetos na verdade pertencentes a uma representação “interna” da mãe - Ao contrário, a existência da pessoa como sendo um campo de percepção, de visão, persiste da maneira como foi na infincia, de modo que o rapaz precisa enxergar todas as mulheres exatamente como as via e experiendava nasua infinda.
Osonhador comete seus assassinatos exclusivamente ànoite. Nas trevas noturnas, ele próprio vê menos, e é menos visto pelos outros. Presumivelmente, o nosso sonhador tira o máximo proveito desta segunda circunstâneia. No seuestado desperto subseqüente, todavia, o recruta toma consciêneia de queele preferiria muito mais ocultar de si próprio o seu desejo destrutivo de triunfar sobre todas as mulheres.
Quanto àsegúnda e decisiva parte do sonho, na qual o sonhador foi sentenciado à morte, o recruta possivelmente poderia ver muito mais quando desperto do que durante o sonhar em si. Para ter certeza, ele precisaria de uma pista terapêutica antes de ser capaz de entender quão estranho era nãosentir culpa ao matar gente em sonho, eque ele teveque serconsiderado culpado poroutra pessoa, um juiz, alguém queele nem sequer conhecia. Acordado, o recruta cedo ou tarde reconheceria que a redução do seu e xistir a umpadrão único de comportamento o deixa existenclalmente em dívida com a totalidade das suas próprias possibilidades de viver, que constituem a suaexistência. Pois ele aprenderiaa reconhecer que qualquer detenção do desenvolvimento a que temdireito qualquer ser que semanifeste no campo aberto de percepção comoqual ele existe, equivale a um comportamento suicida. A existência humana só podeamadurecer permitindo a si própria envolver-se com o quequer que a atinja, de modo queo ente encontrado possa chegar a existir plenamente no campo aberto do mundo humano. Se uma pessoa se desfaz de tudo que lhe pedepara existir como campo perceptivo aberto onde possa se manifestar e vir a ser, essa pessoa também se priva de estabelecer qualquer relação possível com tudo isso. Isto significamatar também uma uma parte de sipróprio como existência humana. Pois a existência humana ébasicamente constituída de suas possibilidades de se relacionar com aquilo que éencontrado. É este espírito de mutualidade de qualquer existência humana e todos os outros seres que Impede qualquer possibilidade de que a noção de umLkzsein compreendido fenomenologicamente represente uma filosofia ego Lsta.

Aabordagem Daseinsanalítica oferece também uma visão de todas as outras variedades de “sonhos de culpa” que ocorrem em seres humanos neuróticos e sadios, ainda que muitas dessas pessoas semantenham totalmente inconscientes daquilo de que sentem culpa, ou são acusadas de fazer, durante o sonhar. Tais pessoas freqüentemente sabem menos a respeito de si mesmas enquanto sonham do que o nosso recruta assassino, jamais citegando a reconhecer a fonte de sua culpa. Dependendo das perguntas de um terapeuta experiente, o significado de todos os tipos de “sonhos de culpa” pode ser entendido. Àluz do seu padrão desperto de existência, os pacientes podemperceber que a culpa que experienciaram ao sonhar- seja ela revelada em sonho através de uma pessoa específica, uma tarefaconcreta oualgo ainda vagoacha-sebaseada naculpa mais fundamental, existencial detoda a humanidade. A culpaontológica dos sereshumanos écaracterística fundamental porque aspessoas nunca conseguem desenvolvertodas suas possibilidades existenciais, e portanto contraem uma dívida consigomesmo. Em qualquermomento, umser humano écapaz de se engajar em apenas uma dasmúltiplas relações possíveis queconstituem a sua existência. Todas as outras possibilidades permanecem irrealizadas naquele momento. Alémdisso, novas exigências estãoconstantemente lhe acenando do futuro,exigências estas que eleainda não está apto a responder, e cujasatisfação precisa ser então adiada. Aculpa é, portanto, parte inerente da existência humana; elajamais podeser exterminada, sejapela psicanálisefreudiana, sejapela psicologiaanalítica deJung, s4a pelaDaseinsanálise. Ovelho sonho de Freud deutilizar a psicanálise para restaurar apresumida inocência dos selvagens dostempos primitivos, ou de uma criança,está ultrapassado. Entretanto,nem todo mundo precisaatravessar o sofrimento deter sonhos de culpa, apesar daculpa existencialuniversal do homem. A experiência nos contaque os sonhos de culpa só atormentam aqueles cuja dívidacom seu desenvolvimento existencial é consideravelmente maior do que o absolutamente necessário. Pode ser que eles obstinadamente se recusem aatender todo e qualquer chamado deseres com osquais o engajamentonuma relação seria muitoimpor. tente para seu desenvolvimentoexistencial. Pode sertambém que alguma redução neurótica,pseudomoralista na sua receptividade existencialtenha sidoprovocada numa idade muitoprematura, impedindo-os de se relacionar livremente com essesmesmos entes.Sonhos de culpaneuróticos desaparecemfreqüentemente quandotais pessoas se libertampor meio da terapia. Pois entãolhes é permitido responder com todo oseu ser a qualquer coisaque se lhes dirija;isto é, aprendem a viver de forma verdadeiramente humana.
Ainda assim, não importam quantos insights espetacularespossam ocorrer ao sonhadorapós despertar,todos eles recaem fora da experiência do sonhar em si. Ou, em outras palavras,nenhum dos significados reconhecidos depois do sonharestava originalmente “lá” no mundo do sonhador, ecerta-



  

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