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Sonhar de um estudante de engenharia, de vinte e seis anos, sem quaisquer sintomas específicos de psiconeurose, meramente “cheio de” problemas. 2 страница



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descoberta do nosso grupo de trabalho nos seus cinco anos de existência, ou seja, que olhando para o mesmo sonho psicanalistas extrafram significados muito diferentes, assumiram abordagens muito diversas e tiveram unia extraordinária dificuldade de se comunicarem mutuamente; e nossas divergências na verdade aumentaram quando, além do sonho manifesto, fornecemos material clínico sobre o sonhador e sua terapia.” Zane chega à nicaconclusão concebível quando encerra este parágrafo com as palavras: “Não deveríamos, entfp, olhar mais de perto a nossa forma de trabalhar com sonhos como terapeutas individuais, se aquilo que damos aos nossos pacientes recebetIo pouco apoio dos nossos colegas?... A meu ver a persistência de tais diferenças por tanto tempo pode muito bem significar algo fundamentalmente errado com a maneira de nós psicanalistas trabalhannos com sonhos.” 12
Zaire reforça o seu severo julgamento da contemporânea arte de interpretação desonhos com um exemplo concreto, extremamente impressionante. Considerando a séria situação em que se encontra a ciência dos sonhosatualmente, seríamos omissos senão reproduzLssemos este exemplo nasua integridade.’3 Zane começa introduzindo palavra-por-palavra a transcrição da fita gravada que preparou para os participantes do seminário; a gravação d de um diálogo medico-paciente, feita em 1967:
Paciente: Alguns sábados atrás, eu resolvi entrar na barbearia ecortar o cabelo, O barbeiro falava, falava, falava, falava, falava, e eu detesto isso em barbeirosmas desdeentão tenho tido sonhos. Já tive este sonho três vezes, Há uma grande marcaaqui atrás, ela tem o tamanho de um pato de sopa e vai ficando cada vezmaior. Mas que merda. De repente começo a me preocupar com algo que nunca me preocupou antes em toda minha vida.
Di’. Zane: Você pode repassar o sonho exatamente como
o teve?.
Paciente: Eu simplesmente estou vendo a mInha própria cabeça por trás e ali há algo com cerca de 12 centímetrosde diâmetro, e o local é calvocom exceção de uns poucos fios esparsos. Eu vi isso (riso) na parte de trás da cabeça de uma porção de rapazes.
Di-. Zane: Como se sentiu ao ver isso em sonho?
Paciente: Terrivelmente assustado. Eu acordei. Por pânico quase teria me atirado pela janela, e me agarro ao meu lençol.
A esterelato de sonho Zane acrescenta as interpretações de cinco diferentesparticipantes doseminário, todasbaseadas nateoria freudiana:
1. Di-. A:
Por que o Manny não buscou o assunto do barbeiro e da barbearia?
2. i». 8: Eu creio queo incidente da barbearia está relacionado com algum incidente que ocorreu na Infinda em relação ao pai do paciente. E também em relação ao terapeuta.
3. Di-, C: Eu penso quea principal preocupação deste sujeito érepelir qualquer ataque que derrube a sua onipotência ou narcisismo.

4. Di-. D: Não seda uma boa idéia dedicar algum tempo a explorara metáfora do sonho — a perda de cabelo?
5. Di-. A: Não creio que seja uma perda de cabelo. No sonho o paciente descreve urna área calva com alguns fios esparsos. Agora, do sonho e do pouco que tivemos do relato e do resto, ele menciona a palavra “merda”, e a palavra “atrás” se repete com a sua imagem de unia área calva com poucos cabelos, A minha associação com este “atrás” me deu como imagem do sonho “Não consigo lidar com meus impulsos homossexuais.”
6. Di-, C: Eu pensoque o paciente estava dizendo:Não posso lidar com a minha perda de controle, a minha raiva;então terei que me submeter a uma posição homossexual feminina de modo a não precipitar uma lutaque me destruirá.
7. Dv. A: Pode ser que alguém pudesse encarar a homossexualidade como algo apenas feminino. Masde outro lado, pode-se dizer que é o papel homossexual agressivoque está ameaçando eclodir no paciente.
8. Dv. E: Se vocês forem usar suas interpretações sobre o lado de trás e
tudo isso, como é que lidam com os outros fatos queaí estão — que a marca está crescendo mais e mais.
9. Di-. 8: Eu tomaria o aumento da calvície como um aumento da ansiedade e um aumento de raiva.
10. Dv, A:
Poder-se-ia também dizer que o paciente está aumentando, tornando oproblema maior. Ele o está escrevendo iniclalmente com letras pequenas e depois com letras maiores.
ii. Dv. 1): Eu estou preocupado com o fato de este sonho
ter terminado num momento de pânico profundo. E estou dizendo que deveríamos saber a dinâmica deste pânico.
12.1k A: Este é o tipo de fragmentação ou dissolução do self ou do ego ou seja qual for o termo que queiram usar, que contribui para o pânico superoprimente. Eutão pode-se enxergá-lo como um pânico homossexuaL
13. Dv. C: É exatamente a área de dissolução que é tão pré’genital.
£ por isso que çie oponho ao uso do tenno homossexual como tal.É — é uma crise de identidade.
A
estas “interpretações dosonho” de seus cinco colegas, bastante contraditórios entre si sob muitos aspectos, Zane acrescentou apenas que opróprio paciente não havia demonstrado quaisquertendências homossexuais durante todo o decorrer da terapia. Zanetermina seus comentários nos dizendo:
A menos
que possamosresolver o inquietante fenômeno de diferenças irreconciliáveis nas respostas ao mesmo sonho, conforme foi revelado em nosso grupo de trabalho, sinto que psicanalistas qualificados continuarão a dar respostas altamente individuais ao mesmo sonho, e o campo da psicanálise continuará a pressupor um conhecimento do comportamento humano enquanto seus praticantes, quando se reunem pan estudar uma importante área clínica, mal serão capazes decompreender-se e comunicar-se mutuamente.
Eckhardt é da mesma opinião, comentando ainda mãis:
Muitos de nós têm
descartado ingredientes essenciais das teorias de Freud, como,

por exemplo, o conceito de sonho como a realização deaia desejo, ouo conceito do sonho como guardião dosono, ou osconceitos pertinentes àsdistinções ente conteúdomanifesto e latente dosonho. Ainda assim, retivemos o termo “interpretação” para as nossas múltiplas atividades terapêuticas com sonhos, e assim continuamos a agir em obediência a conceitos dos quais chegamos iatelectualmente a duvidar.’4
Talvez nós os psicoterapeutas noscomportemos de forma tão irracional porque a nossa teoria pura nos cegou para o alicerce da experiência sõbre o qual nos, seres humanos, nos encontramos até mesmo nos nossos sonhos. Não somente evitamos os dados que poderiam nos permitir questionar ateoria, mas somos regidos por uma hoste de outras vagas noções acerca da mente humana, cada unia das quais desempenha seu papel em obstruir a nossa visão da natureza do sonhar.
Meu primeiro estudo sobre sonhos continha uma descrição detalhada daspremissas psicológicas de Freud, juntamente com uma narrativa de porque ele se sentiu obrigado a inventá-las.’5 Eu também indicava aspectos nos quais os pilares dateoria freudiana dos sonhos não semantêm de pé diante de urnacrítica científica, isto é, empiricamente rígida.Eu sustentava que no fenômeno observável do sonhar não existe a mais leve evidência fatual da existência da “elaboração do sonho” postulado por Freud, nem de quaisquer “desejos infantis instintivos” supostamente produzindo sonhos a partir deum inconsciente individual. Até mesmo a noção central do“simbolismo dosonho” cai porterra noinstante em que suposições nãodemonstráveis nãosão mais confundidas com fatos empíricos. mesmo livro também são fornecidas provas’6 de que àsidéias sobre asquais Cai! Jung elaborousua teoria dos sonhos— uma noção um tantomodificada de símbolo, especulações referentes a “arquétipos” num “inconsciente coletivo”, e “interpretação num nívelsubjetivo” — fundamentalmente não estão tãodistantes dos preceitosfreudianos do que emgeral tem-se suposto.Tais como estes últimos, asidéias jungianas tiveram que ser caracterizadas comoespeculações vazias. Comparações de“interpretações” feitas porpsicólogos jungianos, relativas a um mesmo sonho narrado, tendema revelar asmesmas variações que Zane e Eckhardt encontraram entre as “interpretações” freudianas.
Porém,outros “psicólogos profundos” estiveram propensos a perderconfiança emseus métodos de interpretações de sonhos muito antes deZane e Eckhardt surgireni, como resultado de impulsos originais e inovadores na área dapesquisa científica sobre sonhos.Além disso, unia realperda de interesse pode serverificada emrelação aoscaminhos mais tradicionais de tratar os fenômenosoníricos.’7 Ointeresse declinavamais e mais, até que recebeu umimpulso novo e poderoso, proveniente deum método neurológico, inteiramente diverso, de pesquisa sobresono e sonhos, método este levadoa cabo portrês americanos.

Pesquisa Neurológica sobre Sono eSonho
Em 1953 e 1955, E. Aserinsky, N. Kleitman, e W.Dementfizeram todos a descoberta de que o sono humano não é uma condiçãoque se mantém homogêneadurante toda a noite.’8 Eles descobriram que em todos os mamíferos, inclusive ohomem, podem ser verificados vários estados cerebrais altamente distintos que se sucedem ordenadamente. A descoberta se deu observando os potenciais elétricos do cérebro dopaciente, durante todo o período de sono, através de um eletroencefalograma.Este método de pesquisa de sonhos recebeu, imediatamente aadesão deinúmeros dentistas ao redor doglobo. Entre eles, encontravam-sealguns discípulos de Jung, que procederam à construção de um laboratóriopara pesquisa experimental do sono e sonhos,numa clínica psiquiátricaparticular em Zurique. C. A. Maier nos forneceu umasinopse dosfrutos científicos do trabalho que os jungianosrealizaram com os sonhos19 e, antes dele, R. M. Jones elaborou um excelente apanhado geral dos esforços americanos neste campo, com o título promissor delhe New Psychology ofDreaining2° (A Nova Psicologia do Sonhar.) Esta obracontém também uma bibliografia praticamente completa das publicações em línguainglesa. Numerosos trabalhossimilares tambémsão acessíveis em francês. Cinco dos melhores foramreunidos num número da revista Annales de Psychoterapie, sob o título “Psychophysiologie du Rêve.2’
Em
todas estas publicações, énecessário estabelecer uma distinção clara entre os resultados obtidos dosprocessos neurológicos reais e fenômenos oníricosobserváveis, de um lado, e, de outro,aquilo que os autores têm iriterpoladocom basenas suas teorias de sonhos próprias e preexistentes. AI- guinas dessas teorias sustentam as noçõesfreudianas do sonho, outras estão de acordo com as correspondenteshipóteses jungianas. Na sua segunda teorização, conseqüentemente, os autores destas publicações divergemsignificativamente entre si. Aplica-se a suas interpretações a mesma crítica que foi levantada em relação aosseus guiasespirituais.
Estes autores concordam, porém, em suas descobertas empíricas. Podemosagora afirmar com alguma certeza que,para seres humanos adultos, o sono de cada noitepode ser dividido em quatro a seisciclos, cada um contendo fases intermitentes de diferentes estados de sono. Estepadrão é detectado apenascom base nadistinção entre os estados de sono caracterizados por movimentosoculares rápidos concomitantes, ou pela ausência de tais movimentos. Os estados queapresentam os movimentosparecem ser mais importantes para o sonhar, pois sujeitos de pesquisa acordados duranteou imediatamente após esta fase relatam sonhos com uma freqüência muito maior doque os quesão despertos durante osegundo tipo de período- de sono.Mas isto não nos permite concluirque períodos de sono sem movi-

mentosoculares rápidos apresentem menos sonhos. Podemosapenas afirmar que se um sujeito de pesquisa é acordado de um sono sem movimentos ocularesrápidos, ele geralmente é menos capaz derecotdar quaisquer esperiênçias oníricasimediatamente precedentes. Muitos nomes diferentes têm sido dados àfase de sonoque exibe movimentos oculares rápidos erecordação desonhos freqüente. Osamericanos a chamam de“Estado D”(Dreaming — Sonhar) ou “Sono REM”(RapidEye Movements - Movimento Ocular Rápido). A abreviaturafrancesa é“Estado R”(rêve — sonho) ou ‘P.M.O”(phase demouvement oculaire — fase de movimento ocular). Todo mundo parece tê-larotulado de estado“paradoxal”, porque ela apresenta uma estranha mistura deprocessos voluntários e autônomos, e se encontra em algumaposição intermediária entre o sono profundo sem sonhos e a vigília. Por enquantopodemos deixar o assunto como está, dizendoque as Observações EEG nospermitem estabelecer asimultaneidade de um especial estadocerebral de sono, de um lado, e o sonhai, juntamente com um grandenúmero deprocessos corporais autônomos, de outro. Outradescoberta valiosa éque os seres humanos sonham muito mais do que sepode presumir com base nasmemórias ao despertar na manhã seguinte. Utilizandoeste fato, os pesquisadores de sonhos de ambos oscampos, freudianos ejungianos, chegaram a uma conclusãoque possui implicações estarrecedoras para asteorias freudiana e jungiana. Ouseja, quando a soma dos sonhos deuma noite éexaminada, considerando tanto os sonhos relembrados casualmente pela manhã quanto os obtidos despertando experimentalmente defases de sono REM, a vasta maioria dos sonhos têm uma atmosfera desagradável, produzindo pouca evidência para a realização de desejos freudiano?2 Então, mais uma vez, a maioria dos sonhos dizem respeito a coisas cotidianas com as quais o sonhador mantém uma relação cotidiana, banal. Não há traços da “compensação” jungiana para o estado desperto; Quanto à idéia de Freud de que os sonhos são os guardiâs do sono, R. M. Jones, ele próprio um freudiano, demonstra convincentemente que apenas ignorando-se distinções essenciaispodem os sonhos, recolhidos através das observações EEG, ser considerados como apoiando a teoriafreudiana?3 Osachados da pesquisa do sono sãocertamente muito interessantes àsua maneira, e até mesmo necestrios. Mas não nos contam quasenada sobre aquilo que supostamente devem representar.Nenhum desses achados nosaproxima um passo sequer de um esclarecimento do sonhar como modo singular deexistência humana, fies estabelecemmeramente uma relação do tipo “quando-então”. Quando o aspectocerebral da existência humana acha- -se num estadotal que permite o registro de certospadrões elétricos num eletroencefalograma,entãb o sonharocorre com mais freqüência, ou pelo me-nos é relembrado com maior freqüência pelo sonhador. Está além dos limi te

dos próprios métodos de pesquisa EEGalegar algo mais, oualgo que não a meracorrelação da simultaneidade entreevidências neurológicas e a percepção onírica de entes e comportamento emsonhos comrespeito a estesentes. Tal alegaçãonão se baseia mais em achados científicos, e sim numa espécie depensamento místico. Até mesmo as definições que Jonesnos traz com tanta auto-segurança, referentes ao sonhar como umprocesso, como a “mentação” de um estadocerebral específico, sãoespeculações filosóficas de tipo altamente questionável? 4 Elassão filosóficas namedida em que tentam caracterizar a natureza do sonhar. Mas são pobrementefilosóficas, porque repousam sobre uma objetificação dos seres humanosque obstrui inerentemente a nossa visão dadimensão especificamente humana de sonhar. “Processos” podem ocorrerapenas em coisas preconcebidas, objetivadas, e possuindo umalocalização definida no espaço. O sonharjamais pode ser reduzido a isto. Fiedeve ser reconhecido como um modo de existência lado a lado com a vida desperta.Uma crítica fmal a Jones refere-se aotermo por elecunhado, “mentação”, cujo sentidopermanece totalmente obscuro. Entretanto, a obra de Jones é extremamente valiosa, tanto como resumo dosresultados atéagora disponíveis dos experimentos deobservação EEG, comotambém devido à estrita divisão por ele feita entre o sonhar como tal e os conteúdosoníricos individuais. Ainda assim, se o que dissemos é verdade, o livro de 3ones tem um título enganoso. Pois não sepode falar de uma “nova psicologia” do sonhar. Quando Jones afirmaque o sonhar é unia “resposta aumentativa” da psiquehumana ao estado cerebral D,peculiar a todos os mamíferos, ele ainda nos deve uma explicação decomo esta suposta psique é capaz de responder ao estado desonho do cérebro. A resposta sópode ser dada a algocuja significação foi percebida. No entanto, ninguémpode perceber oestado-D do seupróprio cérebro como tal. Igualmente inadequadas são outrasformulações de Jones, quefazem do sonhar um fenômenoneurologicamente “causado” ou “neurologicamente regulado emsua base”?5 Tais formulações transgridemclaramente a afirmação de um merosincronismo que é— como já foimencionado — a únicarelação cientificamente permitida a serverificada entre as descobertas neurológicas e as percepções de coisas significativasque ocorremsimultaneamente. De outro lado,C.A. Maier pode estar certo ao afirmar que não podemosentender os sonhos semantes ter uma compreensão melhor doseu antecedente natural: o sono?6 Mas háduas premissas que euquestionaria em sua alegação de que apesquisa EEG do sono pode trazer umacontribuição — tivapara o nossq entendimentoobjetivo dos sonhos. Damesma maneira que a percepçãoque a pessoa que sonha tem de si mesma e dosignificado de todos os outros entes emseu mundo onírico não pode serapreendida a partir deregistros EEG, não podemosesperar que estes registrosnos forneçam

uma compreensão do estado de sono como um modo de existência humana significativo comparável à existência desperta. E no que diz respeito à relação entre correnteselétricas e o sono como padrão de comportamento humano, outra vez nadamais podemos fazer doque estabelecer uma simplesrelação “quando-então”. Em todo caso, é difícil imaginar o que se entende pela frase“entendimento objetivo dos sonhos”. Uma crescentecompreensão das limitações dos achados neurológicos concementes aossonhos tem encontrado na última décadauma expressãomais ampla na“psicologia dosonho”. Como seria de se esperar, as estatísticas contemporâneas sobre conteúdos oníricos ainda sebaseiam emgrande parte nos resultadosestatísticos dapesquisa neurológica dosonho. Pesquisa Estatística Dos Sonhos Mesmo aInterpreta çdo dos Sonhos de Freudcontém alguma informação estatísticasobre “conteúdos oníricos”. Freud estava familiarizadocom algumas análises estatísticas de “conteúdos oníricos” datadas da segunda metade doséculo passado. Esta pesquisa mostrava que sonhos deconteúdo doloroso superavam emnúmero os sonhos agradáveis, numa proporção de no mínimo 2 para 1.28Assim o próprio Freud notou o mesmo fatoque veio a serredescoberto pelospesquisadores contemporâneos do sonho através do EEG, e que tem sidoocasionalmente levantado contra a teoria freudiana darealização de desejos. Ainda assim, elevia osachados estatísticos comocríticas falhas à sua teoria, acreditando que elas deixavam delevar em conta as suas próprias distinçõespostuladas entre o conteúdoonírico manifesto e latente.” Entre os niaisrecentes trabalhos no campo da estatística (psicológica) desonhos,odeC. S.Haile LVandeCastleseressaltapelasuaamplitude e meticulosidade.30Ele pode ser consideradoaltamente representativo da abordagem estatístita. O chamadoconteúdo manifesto de não menos de mil sonhos deuniversitários foiclassificado segundo afreqüência dediversos aspectos,tais comoestrutura física específica,emergência de um traço particular de caráter, ou relação interpessoal, ou estado deespírito. Olivro foi escrito na esperança expressa “deque tiraria os sonhos dodivã doanalista e os colocaria num computador.”3’ Oporquê desse passo ser considerado desejável ainda permanece sem explicação. O motivo que reside atrás de um empreendimento desta espécie devesurgir exclusivamente da superstição da mente tecnológica moderna, segundo a— as coisas quantificáveis são inerentemente “mais verdadeiras” doque aç’elas que podem serapenas apreendidasqualitativamente, uma vez que só as primeiras se

prestam a cálculos. Qualquer que seja o caso, os benefícios práticos da armazenagem de sonhos em computador ainda não se mostram imediatamente visíveis.
Estudos “Fenomenológicos” deSonhos Feitos
por Outros Pesquisadores
Desde 1953, data depublicação domeu primeiro estudo fenomenológico, surgiu apenas um reduzido número de escritos científicos dirigindo-se às verdadeiras qualidades daexperiência dosonho. A maioria dos autoresnem se dá aotrabalho dequestionar as teorias mais antigas deFreud e Jung, preferindb, emvez disso, simplesmente adotar as hipóteses tradicionais como bases axiomáticas para suas próprias teorias. Até onde vai o meu conhecimento, osúnicos estudos recentes sobre sonhosque tentaram encontrar novoscaminhos foram Der Traum ais We1j92 de VonUslar, e Dreams and Symbois, de Calinger e May.33
Os autores de
ambas as obras tendem a seapoiar, implícita ou explicitamente, no meutrabalho de19S3, autodenominando-se investigadores “fenomenológicos” do sonho. No entanto,seu empenho étão pouco eficaz que elessão rapidamente arrastados para a corrente da velhatransformação “metapsicológica” do sonho, no sentidofreudlano-jungiano do termo.
Rolo
May escolheu como ponto departida para asua pesquisa “fenomenológica” do sonho os relatos de sonhos de uma mulher que seachava em análisecom seu colega Leopold Calinger. O próprioMay sabia apenasque o sonhadorera uma mulher entretrinta e quarenta anos de idade,que já haviapassado por psicoterapia anteriormente; que ela tivera umcaso amoroso com um amigo do seu marido, de nome Morris; e que uma outra vez ela se apaixonara por umpsiquiatra chamado David. O colega de May, Calinger, registrara detalhadamente cada sonho que ouvira no decorrer da análise. Calingeranotara até mesmo, palavra-por-palavra, tudo o que ele esua paciente haviam dito arespeito dos sonhos. Entretanto, May optoupor dispensar este último material, apegando-se, por propósitos “fenomenológicos”,estritamente às descrições puras dos eventos oníricos em si. Ele se sentiu, logoapós ter estudado o primeirosonho da paciente, como se conhecesse a personalidade dela; acompreensão proporcionada pelos relatos subseqüentespareceu produzir umquadro quase completo de umapessoa real e dasua transformação no decorrer dotratamento psicanalítico. A tal ponto é verdadeira, comenta May, a forma como as pessoas se revelam em sonhos.35
May se dá conta de que está contradizendo as
visões de Freud e Jung, osquais acreditavam que os sonhos só podiam ser entendidos através de um conhecimentoprévio da vida da pessoa em questão, e com oauxílio das asso-



  

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