Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





CAPÍTULO IX



 

Nos dias seguintes, Dionne viveu como num pesadelo, num estado de irrealidade, incapaz de saber o que fazia. Era como se todas as esperanç as de futuro tivessem desaparecido, e nenhum conselho de Clarry conseguia amenizar seu desespero.

Franç ois tinha ido embora e agora nã o voltaria nunca mais.

Mas, à medida que os dias foram passando, Dionne começ ou lentamente a se recuperar do choque e da depressã o.

Afinal de contas, ainda restava Jonathan, e ele nã o tinha culpa que seus pais tivessem feito tamanha confusã o em suas vidas.

Mais ou menos trê s semanas depois da desastrosa visita de Franç ois, Dionne recebeu um chamado estranho.

Clarry tinha tirado o gesso da perna dois dias antes e aproveitou para sair um pouco para visitar uma amiga. Já que a tarde estava bonita, levou Jonathan consigo.

Dionne estava entretida na limpeza de armá rios, lá em cima, e respirou, impaciente, quando ouviu uma batida na porta da frente.

Foi abrir e, de repente, recuou, surpresa, ao ver Yvonne Demaris.

Mas já nã o era aquela mulher numa cadeira de rodas e, sim, uma nova Yvonne, andando novamente, esbelta e elegante, com roupas sofisticadas e caras. Os lá bios da outra torceram-se, com desdé m, quando viu Dionne, de avental e desarrumada.

— Quero falar com você. Posso entrar, ou nã o quer me receber?

— Nã o creio que tenhamos nada a dizer uma à outra, Yvonne falou, controlando-se.

— Oh, acho que temos, sim. Estou certa de que vai se interessar pelo que tenho a dizer..

— Estou muito ocupada...

— Mas o que tenho a dizer nã o pode esperar. — Yvonne fez menç ã o de entrar. — Você nã o está interessada no fato de que Franç ois está muito doente, provavelmente morrendo?

Dionne empalideceu como se estivesse prestes a desmaiar.

— Você está mentindo!

— Estou? — Yvonne levantou as sobrancelhas, numa atitude atrevida. — Tem certeza?

A moç a engoliu em seco.

— Se Franç ois está... está quase morrendo... por que você está aqui? Por que nã o está com ele?

— Nã o pretendo ficar parada aqui na porta por muito tempo. Será que vai me convidar para entrar, ou ainda nã o está interessada?

Dionne hesitou por um momento e depois ficou de lado, para permitir a passagem da outra. Yvonne sorriu, triunfante, passou por ela e caminhou até o hall. Dionne notou que ela andava bem devagar, mas nã o mancava. Sem dú vida, a cirurgia tinha sido um grande sucesso.

Na sala de estar, Yvonne parou e observou os mó veis, com desprezo.

— Você mora aqui?

Dionne estava tensa e ansiosa: queria terminar de uma vez com aquilo.

— Por favor, por que você está aqui? O que foi que aconteceu com Franç ois?

Yvonne nã o parecia ter nenhuma pressa. Ela olhava ao redor, desinteressada, até que seus olhos se fixaram numa pilha de brinquedos de Jonathan, amontoados num canto. Fitou-os, incré dula, por alguns minutos. Depois, virou-se para Dionne, com visí vel espanto:

— Aqueles brinquedos... há uma crianç a nesta casa?

A moç a levou algum tempo para resolver se devia ou nã o responder. Mas, como conhecia bem o cará ter de Yvonne, bastante para saber que ela poderia se recusar a falar de Franç ois caso nã o recebesse resposta, falou:

— Há sim.

Os olhos da moç a tornaram-se especulativos.

— Pensei que morava só com sua tia...

— Eu morava... eu moro... isto é...

Yvonne sorriu maliciosamente, de uma maneira até agressiva e insolente.

— Entã o você... você tem uma crianç a? Dionne sentiu as faces queimando.

— Isso mesmo.

Yvonne meneou a cabeç a, incré dula, para depois sorrir novamente, com o mesmo desdé m anterior.

— Entã o, foi isso! — Falou, triunfante. — Foi isso que Franç ois descobriu naquela noite! Foi isso o que o mandou direto para a Franç a, para quase se matar naquela arena! O fato de você ter uma crianç a depois de tudo que aconteceu. Mas é uma ironia, Dionne, nã o acha?

Dionne estava tremendo, dominada por emoç õ es que nã o sabia se capaz de sentir. Emoç õ es que a levavam a querer agarrar Yvonne pelos cabelos elegantemente penteados e arrancá -los.

— Nã o sei do que está falando... — ela começ ou, mas Yvonne sacudiu a cabeç a.

— Nã o tente me enganar! Conheç o Franç ois muito bem. Ele é um idealista, a espé cie de macho intolerante que nã o pode aceitar nada menos do que a má xima perfeiç ã o de suas mulheres! Que choque terrí vel deve ter sido para ele saber que a mulher por quem queria renunciar a tanta coisa na vida tinha se tornado uma qualquer...

Dionne estava inteiramente confusa, atordoada.

— O que quer dizer com isso? Onde está ele? Disse que Franç ois machucou-se na arena?

— Sim, foi isso o que eu disse.

— Como? Quero dizer... Franç ois conhece os touros... como poderia arriscar-se?

Yvonne deu de ombros, indiferente.

— Nã o estou particularmente preocupada com ele.

— Mas eu estou! — Dionne estava quase alucinada de ansiedade.

— Como pode ser tã o fria? Pensei que amava Franç ois... mas vejo que me enganei...

— Eu també m pensei... Uma vez. Agora, nã o estou mais certa. Alé m disso, quem gostaria de casar com um homem que talvez fique invá lido pelo resto da vida?

Dionne olhava para ela, agoniada.

— Oh, meu Deus!

— Nã o fique tã o desesperada. Franç ois nã o quer nenhuma de nó s duas. Receio que nenhuma de nó s tenha a oferecer o que ele pede de uma mulher.

— Por que veio até aqui, Yvonne? Por que quis me dizer que Franç ois foi ferido? Que prazer você tira de toda esta situaç ã o?

— Minha querida, nã o vim aqui apenas para lhe contar sobre Franç ois, apesar de que a sua preocupaç ã o me deixa encantada. Nã o... eu vim até aqui para descobrir o que tinha acontecido de errado... o que tinha destruí do o româ ntico idí lio que começ ou trê s anos atrá s. Agora... agora já sei,

— Você nã o sabe de nada. — Dionne mal conseguia falar. Você... você é uma pessoa má! Nã o dá nada a ningué m e quer tudo. Se você nã o se lembra, quando esteve presa numa cadeira de rodas, Franç ois nã o a abandonou.

— Nã o mesmo? — disse Yvonne, venenosa. — Minha queridinha, para ser bem clara, se é que você nã o sabe, Franç ois me abandonou efetivamente no dia que sofri o acidente. Mas isso você nã o desconfia, nã o é? Provavelmente, sabe só o que Louise podia lhe contar: que nó s tivemos uma discussã o terrí vel e eu o provoquei, atiç ando seus preciosos touros!

— Você... quer dizer que estavam discutindo porque Franç ois ameaç ou abandoná -la? — Dionne nã o conseguia esconder a curiosidade, mas Yvonne nã o parecia notar.

— É ló gico — disse, examinando-se no espelho que havia em cima da lareira. — Franç ois tem sangue cigano, apesar de tudo, e a avó, a velha feiticeira, sempre insistia no assunto, sempre lutou por isso. Gemma o fez acreditar que ele nã o podia casar com mais ningué m, porque já estava casado com você! Ele nã o sabia de nada sobre aquele cheque que a mã e dele levou para você. Ainda pensava em vir para a Inglaterra, para encontrar você e levá -la de volta. Ele ficou fora de si de desespero, quando você desapareceu!

— O quê? — Dionne nã o podia acreditar no que ouvia. — Mas... mas naquele dia, depois da cerimó nia... ele... ele nã o voltou. Só a mã e dele foi até lá falar comigo. Por que, entã o, ele nã o a impediu, se era assim que se sentia por mim?

— Como poderia? Ele estava no hospital, com a perna quebrada. Pensei que Louise tivesse lhe contado sobre isso, mas vejo que nã o sabia...

— O acidente? — Dionne suspirou. — Quer dizer que o... acidente aconteceu naquele dia?

Yvonne começ ava a ficar aborrecida.

— É claro. Ele voltou até a fazenda para contar aos pais o que tinha acontecido, e eu estava lá també m. Ficaram furiosos, naturalmente. Depois disso, ele foi jogado do cavalo alguns quiló metros adiante da casa. Um dos gardiens disse que a correia da sela estava solta. — Yvonne sorriu, maliciosa, e Dionne teve a ní tida impressã o de que ela tivera algo a ver com o ocorrido.

Mas aquilo era passado. Yvonne involuntariamente havia mudado o rumo de sua vida.

Quando estava de saí da, a outra virou-se e disse:

— Entã o é isso, Dionne. O só rdido e pequeno melodrama. Que pena que nã o vai haver um final feliz com uma crianç a no meio, dificilmente teremos um final cinematográ fico!

Dionne enterrou as unhas nas palmas das mã os de ó dio.

— Isso depende de quem é essa crianç a você nã o acha, Yvonne? A outra parou, assustada.

— O que quer dizer com isso?

— Nada. Você está de saí da?

Yvonne hesitou, seriamente chocada com a luz inesperada que notou no olhar de Dionne, mas finalmente decidiu-se e foi até a porta.

O carro com motorista estava parado na frente do portã o, mas Dionne nã o esperou que ela entrasse. Fechou a porta e encostou-se nela, tremendo e tensa. Se o que Yvonne tinha dito fosse verdade, entã o havia inú meras possibilidades diante dos seus olhos incré dulos.

Mas logo em seguida, lembrou-se do acidente de Franç ois, e sua excitaç ã o transformou-se em apreensã o.

E se Yvonne nã o tivesse exagerado? E se Franç ois realmente estivesse morrendo?

Será que sua atitude descuidada na arena era resultado de ele ter descoberto que Dionne tinha um filho e que este filho poderia ser de outro homem?

Tudo era possí vel, mas, primeiro, ela precisava descobrir como ele estava.

Iria até lá. Mesmo que Yvonne estivesse errada, mesmo que Franç ois nã o ligasse mais para ela, mesmo que saber que tinha um filho nã o significasse mais nada para ele, mesmo assim, ela devia ir vê -lo.

Precisava contar a verdade agora, ou entã o viver com a dú vida pelo resto da vida.

Quando Clarry voltou com Jonathan, ela já havia telefonado para Marignane. Estava ocupada, arrumando algumas roupas suas e de Jonathan dentro de uma mala. Dessa vez, o menino iria com ela. Dessa vez, nã o haveria mais erros.

Dionne ficou no mesmo hotel em que tinha estado antes, em Aries, e viu que Jonathan despertou a curiosidade de monsieur Lyons, mas ele se conteve e recebeu-a muito bem, sem nenhuma pergunta.

Foi até bastante solí cito, ao oferecer seus serviç os e os de sua mulher para tomar conta do menino, no caso de ela querer sair à noite.

Dionne ficou muito grata, mas a primeira providê ncia era descobrir onde Franç ois estava, e se podia receber visitas.

Hesitou em telefonar para a fazenda; nã o queria chamar atenç ã o sobre sua presenç a em Aries. Resolveu ligar primeiro para os hospitais.

Ligou para vá rios. No ú ltimo, ficou sabendo que monsieur St. Salvador tinha estado lá por algum tempo, mas já havia voltado para casa.

Casa significava a Fazenda St. Salvador e, diante daquela perspectiva, Dionne encolheu-se de medo: nã o apenas teria de enfrentar Franç ois, mas també m teria de enfrentar a mã e dele.

Apesar de ter perguntado pelo estado de Franç ois, o pessoal do hospital nã o pô de lhe dar nenhuma notí cia mais precisa.

Provavelmente pensaram que ela era uma repó rter à procura de histó ria. Ficou sabendo apenas que ele nã o corria mais perigo de vida.

Resolveu alugar um carro e dirigir até a fazenda na tarde seguinte. Levaria Jonathan e rezaria para conseguir entrar lá sem provocaç õ es nem tumultos na frente da crianç a.

Foi uma viagem enervante naquela estrada difí cil. Jonathan adormeceu no assento de trá s logo depois de partirem. Era sua hora habitual de tirar uma soneca, e a viagem inesperada e toda a novidade do dia anterior tinham deixado a crianç a exausta. Dionne observou-o, ternamente, todo encolhidinho no banco.

Finalmente, chegaram à casa de Franç ois, mas a propriedade parecia deserta. Os cachorros latiram para anunciar sua chegada e ningué m apareceu.

Felizmente, Yvonne nã o estava mais lá para enfernizá -la. Mesmo assim, seu coraç ã o nã o lhe dava sossego e os joelhos tremiam, insistentes e incontrolá veis, quando desceu do carro sozinha.

Tinha resolvido deixar Jonathan dormindo. Arrumou-o melhor no banco, e achou que nã o haveria mal nenhum em deixá -lo ali no pá tio, dentro do carro. Alé m disso, seria bem mais fá cil enfrentar madame St. Salvador sem a crianç a.

Apesar de bater insistentemente na porta, ningué m abriu. Forç ou a maç aneta e, quando a porta cedeu, entrou, com uma certa apreensã o.

Obedecendo a um impulso, abriu a porta da cozinha, mas o lugar estava deserto, apenas o fogo queimava na estufa. Pelo que pô de notar, nã o fazia muito tempo que tinha sido aceso.

Ia saindo da cozinha, depois daquela rá pida inspeç ã o, quando ouviu uma voz.

Qu’est-ce? Ou ê tes-vous? Dieu, ré pondez-moi!

Era a voz de Franç ois, que vinha de um quarto no fundo do corredor. com as pernas tré mulas, Dionne atravessou-o, bateu e abriu a porta, entrando naquele quarto onde o seu amor estava.

Franç ois tentava se levantar, mas, com a entrada dela, cobriu rapidamente sua nudez, e olhou para Dionne, incré dulo.

— Alo, Franç ois. Como é que você está? — perguntou, nervosa. Ele passou a mã o pelos cabelos grossos e agora mais compridos.

— Deus meu! O que está fazendo aqui?

Dionne fechou a porta e encostou-se nela.

— Será que essa é uma nova forma de saudaç ã o?

— Olhe, Dionne, eu nã o pedi para você vir. Nem mesmo sei como é que veio parar aqui. Pelo amor de Deus, vá embora e deixe-me em paz!

Ela sentiu sua respiraç ã o mais agitada.

— Nã o fale comigo dessa maneira, Franç ois. Eu... eu fiquei tã o preocupada com você...

— Poupe-me disto, pelo menos! — Franç ois jogou-se para trá s, nos travesseiros.

— Fiquei, sim. — Dionne avanç ou um pouco em direç ã o da cama.

— Como é que você está? Você... você sofreu um acidente, estou sabendo disso. Quero muito saber como se sente.

— Quer mesmo? — Seus olhos cinzentos estavam gelados e zangados. — Bem, estou ó timo. E se nã o fosse o fato desses mé dicos tolos e loucos me encherem de drogas, eu já estaria de pé por aí...

Dionne balanç ou a cabeç a.

— Mas o que foi que aconteceu? Como se machucou?

— Fui chifrado. Nada mais, nada menos!

— Oh, Franç ois! — Dionne sentia-se doente. — Por que fez isso?

— Fez o quê? Ser chifrado? Acontece que nã o escolhi exatamente o meu destino, sabe?

— Nã o mesmo? — Dionne abaixou a cabeç a e depois levantou-a novamente, com o olhar suplicante. — Onde é o ferimento?

— Aqui está!

Com uma crueldade deliberada, Franç ois empurrou as cobertas para baixo da cintura, para que Dionne pudesse ver os pontos que contrastavam com a pele morena de seu estô mago.

— Oh, Franç ois! — Ela fixava as marcas, horrorizada, imaginando o que tinha acontecido quando foi atingido, quando sua carne tinha sido rasgada e sangrara.

Franç ois olhou-a, impassí vel, durante muito tempo.

Dionne nã o conseguia mais se controlar; foi até a cama e caiu de joelhos ao seu lado, escondendo o rosto no peito do homem que amava desesperadamente.

Sentiu que ele ficou tenso; depois, forç ou-a a afastar-se. Mas o contato foi irresistí vel. Murmurou algo abafado e depois puxou-a para ele, procurando desesperadamente a boca de Dionne.

Por alguns minutos, ela nã o pô de responder nem reagir; apenas agarrou-se a ele, como se nã o suportasse ter de deixá -lo novamente.

Era tã o í ntimo aquele quarto claro e fresco; e o desejo que sentiam era forte demais. Suas bocas uniram-se novamente, as mã os dele percorriam sua pele macia; o desejo dominando-os completamente.

Com um esforç o supremo, endireitou-se e olhou para ela, mas Dionne nã o fez nenhuma tentativa de afastar-se. Ele falou, num tom abafado:

— Temos de conversar.

— Hum... — Dionne percorria a linha da cicatriz com o dedo, e ele rapidamente segurou sua mã o e colocou-a de lado, com firmeza.

— Dionne, ouç a o que tenho a dizer, seja sensata. Meu Deus, você sabe bem o que está fazendo? Nã o é melhor me contar primeiro por que veio para cá?

Dionne suspirou profundamente e depois, com esforç o, levantou-se da cama. Franç ois recostou-se nos travesseiros, sentindo-se perdido ali, depois daquela proximidade.

Ela alisou os cabelos e perguntou:

— Diga-me uma coisa, Franç ois: por que você foi me ver em Londres?

A expressã o dele mudou, tornando-se dura.

— Você, com certeza, deve saber.

— Nã o, eu nã o sei. Eu pensei... quero dizer... durante trê s anos, pensei que tivesse me abandonado...

— É verdade, eu sei. Yvonne me falou. — Franç ois sentou-se, endireitando os ombros. — Eu pretendia lhe contar naquela noite... se... se nã o tivé ssemos sido interrompidos.

— Sei disso, agora. Yvonne contou-me dois dias atrá s que você tinha terminado com ela. É por isso que estou aqui agora!

— Por quê? Para recomeç ar de onde tí nhamos parado? Você esquece... que tem outros compromissos agora.

— E você nã o me quer com aqueles ”outros” compromissos, nã o é assim? — Dionne encarou-o, com firmeza.

Franç ois passou nervosamente a mã o nos cabelos.

— Meu Deus, eu nã o sei mais o que quero. Pensei que nã o pudesse suportar, quando descobri sobre a crianç a, mas agora, com você aqui, começ o a duvidar se posso aguentar que vá embora e me deixe novamente! Que... que confissã o, nã o acha? Principalmente porque, até hoje, você nunca tentou me ver. Até que precisou do dinheiro, nã o foi?

Dionne hesitou durante alguns segundos.

— Pode esperar um instante? Eu... eu tenho uma coisa para mostrar para você.

Franç ois franziu a testa.

— O que é?

— Espere para ver. Só um momentinho. Ele concordou.

— Muito bem, vou esperar.

Dionne olhou-o mais uma vez, e depois saiu do quarto. O corredor ainda estava deserto, e imaginou onde estaria madame St. Salvador, mas aquilo nã o importava no momento.

Jonathan continuava no assento traseiro do carro, onde o deixara, só que já tinha acordado e começ ava a choramingar. Seu rostinho iluminou-se, quando viu Dionne, que pegou-o nos braç os carinhosamente.

Levou o menino para dentro da casa. Ele ainda andava devagar, e ela estava ansiosa para mostrar o filho a Franç ois.

Quando abriu a porta do quarto, ele estava fora da cama, e tinha vestido uma calç a e abotoava a camisa de seda branca.

Virou-se, quando ela entrou. Ao ver a crianç a, falou, rouco:

— Pelo amor de Deus, Dionne: quem pensa que sou?

Mas Dionne colocou Jonathan no chã o, que ficou olhando à sua volta com uma curiosidade adorá vel. Depois, Dionne falou com firmeza:

— Olhe para ele, Franç ois. Olhe para ele, por favor. Ele nã o lembra algué m?

Franç ois virou-se lentamente e olhou para a crianç a por um longo tempo. Depois, encarou a moç a.

Dionne sentiu seus nervos tensos por causa daquele olhar penetrante, mas, logo depois, viu que Franç ois se abaixava diante de Jonathan, atraindo a crianç a com uma bala que apanhou no bolso.

Durante alguns minutos, conseguiu captar a atenç ã o do menino, fazendo-o sorrir, mostrando a fileira de dentinhos brancos. Depois, endireitou-se e voltou a olhar para Dionne, que sentiu o coraç ã o apertado e dolorido.

— Por que nã o me contou? — Ele perguntou, puxando-a para si.

— Eu queria. — Ela respirava com dificuldade, ainda nã o muito certa de que tudo sairia bem. — Você sabe quem é ele, nã o sabe?

— É claro, meu Deus! Meu filho! Dionne, Dionne! Por que nã o me contou?

— Como é que eu poderia? — Ela tocou seu rosto com dedos acariciantes, enquanto Jonathan perambulava pelo quarto, feliz por ter a mã e perto. — Você estava tã o longe... Alé m disso, pensei que se envergonhasse do que tinha deixado acontecer, lembra?

— Claro! Minha mã e tem muito a ver com tudo isto. Ela vai ter de explicar certas coisas. — Franç ois tremia.

— Você nã o devia estar fora da cama!

O rapaz sorriu, e foi o sorriso mais lindo que ela já tinha visto em seus lá bios.

— Concordo — ele murmurou, fazendo Dionne corar.

— Onde estã o Louise e sua mã e? Nã o vi ningué m quando cheguei.

— Louise saiu e mamã e també m nã o está. Foi passar uns tempos com uma prima em Cannes. Eu... eu nã o podia mais suportá -la por perto depois que voltei.

— Oh, Franç ois! — Dionne aconchegou-se a ele, transbordando de amor.

— Mamã e vai aceitar você, vai ver. Mas, por que nã o me falou sobre o menino quando fui até a casa da sua tia?

— Nã o sabia que você tinha terminado com Yvonne. Eu... eu tinha medo de que, se soubesse sobre Jonathan, você quisesse tirá -lo de mim.

Franç ois sacudiu a cabeç a.

— Em vez disso, perdi os primeiros dois anos da vida do meu filho...

Dionne beijou-o no pescoç o.

— Podemos ter outros — sugeriu, e Franç ois agarrou seus cabelos rindo.

— É claro que vamos ter. Mas, primeiro, quero saber tudo a respeito desse St. Salvador muito especial. — Inclinou-se novamente até a crianç a, achando-o muito especial mesmo, e obviamente fascinante. — Mas por que você precisava de dinheiro? Era para ele? O menino está bem, nã o está?

Dionne sorriu, ao perceber a ansiedade na sua voz. Ajoelhando-se diante da crianç a, ela falou:

— Jonathan teve uma crise forte de bronquite, há dois meses mais ou menos, e isso o deixou um pouco enfraquecido. Nã o é nada muito sé rio! — Tentou acalmá -lo, vendo sua expressã o assustada. — Mas o mé dico achou que ele devia ir para um clima mais quente e seco durante algum tempo. Eu ia levá -lo, assim que voltasse. Mas Clarry, minha tia, quebrou a perna e nã o foi possí vel viajar imediatamente.

— Entendo. — Franç ois segurou o menino, que olhou para ele, curioso, sem dú vida se perguntando quem seria aquele estranho. Mas ele nã o se sentiu mal nos braç os do pai; nã o tentou soltar-se, aparentemente distraí do com o reló gio de pulso que Franç ois usava no braç o esquerdo.

O rapaz ficou de pé, balanç ando a crianç a nos braç os, segurando-o com ar possessivo. Depois, olhou novamente para Dionne.

— Detesto falar sobre coisas prosaicas, mas você tem de casar comigo na igreja.

Ela observava os dois, sentindo lá grimas nos olhos. — Nã o tenho nenhuma objeç ã o. Franç ois acariciou seus cabelos.

— E rá pido — ele acrescentou. — Quero minha esposa e meu filho.

Jonathan estava brincando com a corrente em seu pescoç o, quando ele a tirou e colocou-a no pescoç o de Dionne.

A moç a sentiu que ia chorar.

Colocando Jonathan no chã o, Franç ois puxou-a, apertando-a com amor.

Je t’adore — murmurou, rouco, em seu ouvido. — Amo você. Sempre amei, e aposto que sempre vou amar.

Dionne ficou apoiada nele por um momento, adorando aquela sensaç ã o do corpo dele contra o dela.

— Eu nã o aguentaria, se acontecesse qualquer coisa que nos separasse agora.

Franç ois beijou seu pescoç o.

— Nada vai nos separar, prometo.

— Mas Yvonne..

— O que há com Yvonne?

— Ela vai voltar para cá?

— Provavelmente, por quê? Nã o está com ciú me, está? Dionne sorriu, balanç ando a cabeç a.

— Oh, nã o. Realmente, acho que deveria estar agradecida a ela. Se nã o fosse por Yvonne, talvez eu nã o estivesse aqui agora.

— O que quer dizer com isso? — Franç ois virou-a para ele.

Aos poucos, Dionne explicou sobre a visita da outra à casa da sua tia.

— Pobre Yvonne! — ele falou finalmente. — Se ao menos soubesse o bem que me fez!

Dionne tocou seus lá bios com os dedos e ele deu um beijo cá lido e ardente na palma de sua mã o.

— Gemma está aqui?

Franç ois confirmou, com um sorriso.

— Acho que está tirando sua sonequinha da tarde. Ela vai ficar tã o contente em vê -la! Estava resolvido que nó s deví amos ficar juntos novamente. Tentou fazer você ficar aqui antes, sabe disso?

— Sei de tantas coisas agora... — Dionne falou, e olhou para Jonathan, que puxava sua saia. — Será que Louise poderia achar algum lugar para Jonathan dormir esta noite, se decidirmos nã o voltar para o hotel?

— O sorriso de Franç ois abriu-se de uma forma possessiva.

Vai ter de achar — falou, com os olhos fixos em sua boca.

— Pelo menos, nã o tenho a menor intenç ã o de deixar você sair...

 

 

F I M

 



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.