Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





CAPÍTULO IV



 

Na manhã seguinte, Dionne acordou muito cedo e foi até o restaurante tomar café, antes que os outros hó spedes descessem.

Tinha passado a noite nervosa e agitada, sem conseguir compreender o que se passara.

Resolveu usar um vestido simples de algodã o azul, que tinha conhecido dias melhores e que nã o ficaria deslocado na fazenda.

Nã o queria que a mã e de Franç ois, ou Yvonne pensassem que pretendia chamar atenç ã o. Era ingé nua demais para perceber que podia usar qualquer coisa, que sempre pareceria elegante. Mas o tempo foi passando e Franç ois nã o apareceu. Dionne começ ou a ficar preocupada. Pensou que ele chegaria cedo, mas, quando o reló gio marcou dez e meia, achou que nã o viria mais.

Seu coraç ã o estava pesado, enquanto andava de um lado para outro no hall de recepç ã o, desanimada, desejando que ele aparecesse.

Será que estava fazendo esperar de propó sito, para tirar alguma vantagem?

Foi até a porta mais uma vez e olhou para a praç a.

Monsieur Lyons, o gerente, aproximou-se.

— Há algo de errado, mademoiselle? — perguntou, muito solí citu como de há bito.

— Nã o... nã o, nada de errado, monsieur Lyons. Estou esperando por algué m, é só.

— Ah, um jovem, talvez. — Ele parecia muito amistoso e confidencial. — Gostaria de tomar café, mademoiselle? Posso pedir para Maurice servir-lhe um.

— Oh, seria maravilhoso! — Queria e precisava de algo que acalmasse seus nervos.

— Mais certainemente, mademoiselle, vou providenciar imediatamente.

— Obrigada. — Dionne sorriu e o gerente saiu, apressado. Minutos mais tarde, estava de volta com a bandeja e indicou que Dionne devia ir até o salã o.

Voilá , mademoiselle! — Parecia muito contente com ele mesmo.

Dionne serviu-se e ia beber, quando percebeu que havia algué m parado indolentemente no umbral da porta, observando-a.

Olhou diretamente nos olhos cinzentos de Franç ois, e seu coraç ã o disparou, enquanto a xí cara tremia em sua mã o.

— Entã o? — ele falou, entrando no salã o. — Está pronta?

— Você já percebeu que sã o quase onze horas? Franç ois deu de ombros.

— E daí?

A raiva foi mais forte do que todas as outras emoç õ es.

— Estive esperando por você desde as nove horas! Pensei que pretendia me levar até a casa hoje de manhã.

— E pretendo. — Ele estava enervantemente controlado.

— Mas... já está quase na hora do almoç o!

— Entã o, almoç aremos lá em casa.

— Oh, Franç ois! — Seus lá bios tremeram —, nã o me obrigue a passar por isso!

A expressã o dele endureceu.

— Sugiro que troque de roupa, mademoiselle. — Franç ois ignorou o seu apelo. — Um vestido nã o é adequado para o que tenho em mente. Vista calç as compridas!

Dionne concordou, notando como ele estava atraente. Calç as justas que moldavam bem os seus mú sculos rijos, como uma segunda pele, uma jaqueta cinza e camisa vermelha. Parecia um nobre francê s: elegante, altivo e de uma arrogâ ncia inigualá vel.

Henri, com seus ternos bem comportados, nunca poderia se comparar a ele. Mas que tolice estava pensando...

Foi direto para o quarto, correndo pela escada. Tirou o vestido azul e colocou uma calç a creme e uma blusa de cambraia lilá s, com um babadinho na gola e nas mangas.

Deixou os dois botõ es de cima desabotoados, verificou se os cabelos estavam arrumados e presos naquele coque severo, e desceu.

Franç ois servia-se da segunda xí cara de café, conversando com o gerente.

Dionne controlou a indignaç ã o, ao vê -lo beber calmamente seu café.

Quando entrou no salã o, o gerente virou-se para ela, todo gentil:

— Monsieur St. Salvador estava me contando que vã o até a fazenda dele hoje, mademoiselle. Será uma experiê ncia excitante, estou certo.

— É verdade. — Dionne parecia bem pouco confiante.

Franç ois tinha se levantado para recebê -la e a observava atentamente. Depois, terminou o café, deixou a xí cara na bandeja e foi até ela.

— Muito melhor — ele aprovou, e Dionne sentiu um calor subir-lhe ao rosto.

Franç ois acenou adeus ao gerente e saí ram.

O sol estava quente. Era um dia lindo e, em outras circunstâ ncias, a perspectiva de um passeio seria empolgante. Mas, daquele jeito, Seria um dia tenso e exaustivo.

Dois cavalos estavam presos na cerca do hotel e nã o havia sinal da caminhonete. Dionne virou-se para ele.

— Está desapontada? Preferia ir de carro?

— Você sabe que sim. Faz anos que nã o monto!

— Trê s anos, para sermos mais exatos. — Franç ois provocou, e ela desviou o olhar.

As montarias eram duas é guas. Uma branca, da Camargue, pequena e atarracada, parecendo muito dó cil. A outra, preta e nervosa exatamente o tipo de animal que ele gostava de montar. Trê s anos atrá s, Franç ois tinha um garanhã o preto. Como que respondendo a pergunta que ela nã o chegara a fazer, ele disse:

— Essa é Consuelo. Gaspar era o dono.

Dionne nã o fez comentá rios, e Franç ois soltou as ré deas da é gua branca.

— Esta é Melodie. — Acariciou o pescoç o do animal, antes de oferecer a mã o para ajudá -la a montar

Mas Dionne nã o queria nenhum contato com ele; agarrando a sela tentou erguer o corpo.

Franç ois olhou-a por um momento, como checando sua habilidade depois, com um dar de ombros, montou na é gua preta, controlando-a com facilidade.

Dionne esperou que ele partisse, e só quando atravessou a praç a, esporeou Melodie.

Apesar de fazer muito tempo que nã o montava, aquela é gua era fá cil de se lidar e sentiu-se segura.

Franç ois a ensinara a montar, e ele era um bom professor.

Os dois cavalos seguiram por uma avenida, a é gua branca a uma boa distâ ncia da outra. Depois de alguns minutos, ele se virou para trá s e perguntou, com ironia:

— Bien? Está achando alguma dificuldade?

— Nenhuma.

— Bom. Entã o, venha para o meu lado. Nã o sou um prí ncipe á rabe que exige subserviê ncia de suas mulheres.

Dionne fez um gesto de resignaç ã o e apressou Melodie, a fim de juntar-se a ele. Franç ois olhava, impaciente.

— Poderí amos aumentar o trote, nã o acha? Ou será pedir demais?

Em vez de responder, Dionne pressionou os calcanhares, para que Melodie se apressasse. A é gua saiu a galope. Havia pâ ntanos à esquerda agora e o inconfundí vel aroma do sal no ar. Dionne estava exultante com a sensaç ã o de liberdadde que experimentava. O sol queimava suas costas. Pá ssaros de colorido intenso cantavam nos arbustos e voavam rente à á gua parada. O só lido corpo de Melodie movia-se compassadamente, fazendo com que a moç a se sentisse cada vez mais confiante.

Aos poucos, as recordaç õ es começ aram a voltar. Aquela nã o era a primeira vez que montava por ali ao lado dele. Mas, quando estiveram naquele lugar, antes, seu relacionamento era como a natureza que os cercava: forte, primitivo e arrebatador.

Virou-se para olhar para ele, que permitira que Consuelo trotasse calmamente atrá s dela. Mas, quando seus olhos se encontravam, ele fez a é gua galopar, ultrapassou Dionne e foi até a lagoa adiante.

A moç a hesitou por um instante. Depois, incitou Melodie a correr mais.

Foi uma experiê ncia agradá vel; maravilhosa, mesmo! Galopar em campo aberto. A ú nica companhia que tinham era um rebanho de gado.

E, mesmo assim, estava bem distante. Os cavalos diminuí ram a marcha, quando entraram numa lagoa mais profunda, onde a á gua chegava quase à altura dos joelhos dos cavaleiros.

Dionne quis levantar as pernas, mas Franç ois nã o o fez e ela seguiu seu exemplo. Tinha medo de perder o equilí brio e cair. Apesar de o azul daquela á gua e os bancos de areia que pontilhavam a lagoa serem Bastante convidativos, Pensou como seria bom poder nadar ali. Tinham deixado a estrada por onde ela passara no Citroen, tomando umcaminho mais direto atravé s dos charcos. Ali nã o havia sinal de Banpos ou de turistas.

Era completamente inexplorado e lindo. Para Dionne, era o lugar mais bonito do mundo, naquele momento.

Franç ois diminuiu a marcha e virou-se para olhar para aquele rosto tomado de encantamento.

— Ainda desapontada?

Dionne sacudiu a cabeç a, incapaz de falar, e Franç ois olhou para ela por um longo momento, antes de procurar suas cigarrilhas nos bolsos.

— Nã o está achando muito cansativo, nã o é? — Apertou os olhos contra a luz do sol refletida na á gua e olhou-a novamente. — Nã o está desconfortá vel.

— Nã o. Só espero poder andar amanhã, mas... — Respirou profundamente.

Tudo aquilo era tã o bonito, que ainda nem tinha pensado nas consequê ncias.

Franç ois tragou a cigarrilha, soltando uma nuvem de fumaç a azulada sobre suas cabeç as. Depois, inesperadamente, perguntou:

— Por que você fez isso, Dionne?

Ela prendeu a respiraç ã o.

— Por que... por que fiz o quê?

— Por que foi embora sem ao menos dizer que estava indo? Nã o acha que eu merecia ser avisado?

Seus olhos a interrogavam sem perdã o, e Dionne agitou-se na sela. Tinha estado em paz pela primeira vez, desde que chegara em Camargue, e agora, com apenas uma frase, Franç ois conseguira destruir aquela paz.

Procurava as palavras.

— Certamente, sua mã e tornou as coisas bem simples para você — disse, tensa.

Franç ois blasfemou.

— Nã o estou falando sobre minha mã e! Estou falando sobre você! Quero saber por que escolheu esse papel para mim! Quero saber o que fiz de errado. Por que, depois do que aconteceu entre nó s naquela ú ltima noite, você devia...

— Oh, pare com isso, pare! — Dionne tapou os ouvidos. — De que adianta remexer o passado? Você escolheu seu caminho e eu o meu. Isso é tudo!

— Nã o, maldiç ã o, nã o é, nã o! — Franç ois segurou as ré deas de Melodie, para que ela nã o fugisse. — Concordo, nada pode mudar o passado. Mas exijo saber por que resolveu partir, quando devia...

Dionne tentou soltar as ré deas, mas, em vez disso, Franç ois agarrou sua mã o. Seu calor pareceu queimá -la.

— Dionne!

A urgê ncia na voz dele mexeu com ela terrivelmente. Seus olhos penetrantes a devoravam. Dionne nã o conseguia respirar. Nã o era justo que ele a tratasse daquela maneira, usando sua sensualidade para seduzi-la até o ponto de revelar a verdade. Se fizesse isso, ela iria se destruir. com um esforç o sobre-humano, conseguiu libertar-se e, enterrando os joelhos em Melodie, atravessou as á guas paradas da lagoa. Ao chegarem em terra firme, a é gua galopou, com Dionne agarrando-se desesperadamente à sua crina.

Ela ouviu Franç ois chamando-a, zangado, mas estava preocupada demais em se manter na sela para importar-se com ele.

Melodie movia-se com incrí vel rapidez, e aquele era seu terreno, a terra a que estava habituada, e recusou-se a obedecer a qualquer restriç ã o.

Mas, antes que Dionne tivesse tempo de ficar realmente assustada, a é gua preta apareceu a seu lado e Franç ois agarrou as ré deas. Aos poucos, Melodie respondeu ao novo comando e diminuiu a marcha, até parar.

Só entã o, Dionne começ ou a tremer. Nã o só por causa do galope selvagem, mas també m pelo olhar de Franç ois.

Ele desmontou e, por alguns instantes, a moç a pensou que ia arrancá -la da sela.

Mas ele se dirigiu ao animal coberto de suor, acariciando seu pescoç o, murmurando palavras gentis até que a é gua se acalmasse.

Dionne observava, nervosa, sentindo-se arrasada por ter chegado tã o perto de um desastre. Ela se comportara levianamente. Queria que Franç ois dissesse algo, em vez de apenas olhar para ela com aquele desprezo. Seu silê ncio era pior do que palavras á speras. Fazia com que se sentisse a mulher mais irresponsá vel do mundo. Nã o era justo. Em parte, ele també m era culpado. Ele a levara a se comportar daquele jeito.

Franç ois tornou a montar Consuelo. Depois, olhou para Dionne:

— Se você tivesse aleijado a é gua...

A moç a apertou as ré deas, num gesto nervoso.

— Sim? O que iria acontecer?

— Acho que sabe.

Dionne tremeu de indignaç ã o.

— Você pensa que é muito poderoso, nã o é?

Franç ois deu de ombros, passando a mã o pelos cabelos.

— Nã o me provoque, Dionne — avisou, tolerante, enfurecendo-a mais ainda, ao fazê -la perceber como tinha sido infantil.

Ele se preparou para partir, mas Dionne continuou imó vel, fixando silenciosamente o espaç o.

— Quer que eu leve Melodie pelas ré deas?

Dionne acariciou o pescoç o da é gua, que estava calma, mas encolheu-se ao seu toque, como se a recriminasse. Sustentando o olhar desafiador de Franç ois, ela disse:

— Nã o vai ser necessá rio.

O rapaz deu de ombros e atiç ou Consuelo, afastando-se. Seguiu-o mais lentamente, tomando cuidado com as poç as e observando os canteiros de alecrim selvagem, cujo perfume doce se misturava com o forte cheiro da á gua.

Era tudo tã o lindo e familiar! Mas toda aquela paz nã o a acalmava. Ao contrá rio. Estava cada vez mais consciente de que o homem que galopava um pouco adiante, forte e arrogante em sua montaria, nã o era mais o jovem cheio de amor pela vida, mas um homem duro e experiente, senhor de tudo aquilo que o cercava.

Continuaram em silê ncio por algum tempo. Dionne conservou-se atrá s dele de propó sito, para evitar conversa. De vez em quando, ele olhava para trá s, mas ela virava o rosto para o outro lado, com medo de que percebesse como se sentia.

O sol subia no cé u e estava ficando muito quente. Dionne começ ava a desejar que chegassem logo, quando avistaram o teto de uma Cabane, a distâ ncia.

Cabane era o nome dado à s casas dos gardiens que trabalhavam na fazenda, mas as atuais nada tinham das velhas cabanas de um quarto apenas, feitas de bambu. Aquela, no entanto, era do tipo antigo, com o telhado de sapé com largos beirais. Estava deserta, Dionne percebeu ao se aproximarem, e imaginou por que Franç ois se dirigia para lá com tal decisã o. Ele desmontou no terreno diante da casa, acariciou Consuelo e espreguiç ou-se. Depois, virou-se para Dionne.

— Desç a! Estou com sede e acho que merecemos um pequeno descanso.

Dionne continuou onde estava, e Franç ois disse, arrogante.

— Quer que eu a arraste para baixo? Ou vai fazer o que mandei?

Dionne apertou os lá bios.

— Você disse que ia me levar para a casa da fazenda.

— Vamos para lá depois. Agora estou com fome. Você nã o está?

Dionne olhou para a cabana deserta, com um certo temor.

— Nó s... nó s nã o podemos conseguir nada para comer aqui.

Franç ois agarrou a sela de Melodie, encarando Dionne.

— Pelo amor de Deus, nã o vou seduzir você! Nã o a trouxe aqui para fazer amor. Desç a e vamos comer!

Soltou a é gua bruscamente e virou-se. Dionne desmontou, com pernas tré mulas. As duas é guas ficaram juntas lado a lado, e ela seguiu Franç ois, que tinha entrado na cabana.

A moç a atravessou o pá tio de terra batida e foi até a porta do lugar, onde parou, nervosa. Estava escuro lá dentro, mas, depois que seus olhos se acostumaram, viu Franç ois junto de uma mesa, cortando um pedaç o de pã o francê s. Apesar de a cabana nã o estar em uso, parecia impecavelmente limpa. Devia estar sendo usada por visitantes ocasionais como eles.

Quando Franç ois a viu, ela se encostou no umbral da porta, num gesto defensivo.

O escá rnio que havia no olhar dele era insuportá vel. Girava a faca entre as mã os, de um jeito ameaç ador. Nessas mã os, e nã o na faca está o perigo maior, Dionne pensou, e instintivamente imaginou como seria sentir aquelas mã os bronzeadas em seu corpo novamente. Houve uma é poca em que ela tomava a iniciativa. E, sempre que o tocava, ele imediatamente a abraç ava com uma forç a possessiva, fazendo sentir-se inteiramente dele.

Voltou a olhar para a mesa, sacudindo a cabeç a para afastar aqueles pensamentos. Ao lado do pã o havia queijo, um pacote de manteiga, uma garrafa de vinho. Franç ois fez sinal para ela entrar e servir-se. Dionne encheu uma caneca com vinho, bebendo com muita sede.

O interior da cabana era pobre e quase sem mobí lia. Um fogã o velho, duas cadeiras e duas camas sem colchõ es, apenas com uma tá bua como estrado. Só havia um có modo, e ela ficou perplexa lembrando que famí lias criassem seus filhos em lugares como aquele.

Franç ois acabou de cortar o pã o e jogou a faca de lado, pegando o vinho. Bebeu como ela, com muita sede, e depois limpou a boca com as costas da mã o. Apontou para um poç o atrá s da casa.

— A á gua está fresca, apesar de um pouco turva. Mas serve para você lavar-se, se quiser. — Serviu-se de mais vinho. — Aconselho-a a nã o beber mais. Ou, pelo menos, nã o tã o depressa.

Seu tom era de ironia. Dionne tinha certeza de que ele queria antagonismo. Ignorando-o, passou manteiga numa deliciosa fatia e cortou pedaç os de queijo. Na realidade nã o estava com fome, mas nã o tinha nenhuma intenç ã o de demonstrar isso. Franç ois observou-a por um momento; depois, com um dar de ombros, desapareceu lá fora.

Dionne comeu o pã o entre goles de vinho, balanç ando as pernas preguiç osamente. Aonde teria ido ele?

O vinho começ ou a fazer efeito, e Dionne sentiu-se tonta. Achou que precisava de ar fresco e saiu. Cruzou com Franç ois, quando se dirigia para o poç o.

Lavou bem o rosto, para reanimar-se.

Ainda bem que coloquei o mí nimo possí vel de maquilagem. pensou, enquanto se enxugava com um lenç o. Num clima como aquele, usar muita pintura era uma tolice.

Sentiu-se bem melhor. Estava muito quente. Dionne desabotoou outro botã o da sua blusa e prendeu o coque um pouco mais alto. De repente, viu que Franç ois observava seus movimentos, imediatamente, abaixou os braç os e ficou olhando para ele, com a respiraç ã o entrecortada.

Franç ois continuou a observá -la por minutos e depois aproximou-se, devagar, parando a poucos centí metros dela. Dionne sustentou seu ilhar, recusando-se a deixá -lo perceber como estava perturbada.

— Por que usa os cabelos dessa maneira tã o impró pria? Eu lembro, que você os deixava soltos.

— Nã o vejo o que você tem a ver com o meu penteado.

Franç ois enfiou os polegares dentro das presilhas do cinto.

— Nã o vê? E se eu quiser que os solte? O que pode fazer a respeito?

Dionne abotoou o botã o da blusa.

— Por favor, nã o vamos começ ar a discutir novamente.

— É isso que você acha que estamos fazendo? Discutindo?

— Uso meus cabelos assim porque sou professora de mais ou menos trinta e cinco crianç as, e preciso ter uma aparê ncia um pouquinho mais austera e experiente. — Achou melhor explicar do que provocar sua ira.

— Nã o está na sala de aula agora, Dionne. — Os olhos dele foram até seu decote. Dionne virou-se, incapaz de suportar aquela provocaç ã o.

— Por favor, já podemos ir andando, nã o podemos? — Sentia que, se ele a tocasse, ela cairia como uma tola em seus braç os.

Mas Franç ois nã o tinha a menor intenç ã o de fazer isso: assobiando, afastou-se em direç ã o aos cavalos. Dionne nã o pô de evitar uma sensaç ã o de vazio e decepç ã o. Secando as mã os ú midas de suor nervoso nas pernas da calç a, perguntou a si mesma o que gostaria realmente que ele fizesse.

Era inú til tentar fingir que a proximidade dele nã o a perturbava intensamente; sabia agora que os sentimentos que tinha por ele há trê s anos atrá s estavam mais fortes e indestrutí veis do que nunca. Por esse motivo, relutara tanto em ir. De qualquer forma, era um consolo descobrir que Franç ois nã o estava casado e com filhos. Apesar de que nã o era mais aquele homem alegre que ela conhecera, Tornara-se á spero, amargo, desconfiado. Mesmo assim, Dionne, queria, agora ainda mais do que antes.

Ele estava montado e esperava, impaciente, por ela. Diomme apressou-se. Nã o era tã o fá cil montar Melodie agora. Seus mú sculos sentiam o efeito da longa cavalgada, e teve a maior dificuldade para subir no estribo. Montou, desajeitada, sentindo o corpo todo dolorido.

Franç ois puxou as ré deas de Consuelo e aproximou-se dela.

— Você está bem? — perguntou, com ar preocupado. Dionne deu um suspiro resignado.

— É claro. Por que nã o estaria?

— Pare de lutar comigo, Dionne. Pelo menos, tente se comportar como uma pessoa civilizada lá na fazenda.

— O que quer dizer com isso? — Encarou-o, irritada.

— Minha mã e e Yvonne estarã o nos vigiando... observando nossas reaç õ es um para com o outro. Nã o pretendo lhes dar motivo para suspeitas.

A moç a sentiu a boca seca de medo.

— Entã o, nã o devia ter me trazido aqui!

— Nã o seja boba. Apenas lembre-se do que eu disse.

Com um movivento rá pido de ré deas, fez a é gua trotar, e Dionne teve de segui-lo.

O terreno era menos pantanoso agora. Estavam se aproximando da casa. A distâ ncia, Dionne avistou a alameda de á rvores protetoras e, na frente delas, os currais e anexos.

Passaram por um rebanho de bezerros que estava sendo levado para outro pasto por um grupo de gardiens, que tiraram os chapé us, quando viram opatron, e olharam para a moç a com respeito e curiosidade.

Ficou apavorada, quando vá rios animais afastaram-se do grupo, vindo na direç ã o deles, mas Franç ois disse-lhe para ficar onde estava e ele conduziu-os de volta ao rebanho.

Ele era um cavaleiro experiente, mas o coraç ã o de Dionne bateu descontrolado, ao ver os animais abaixarem os chifres, ameaç adores, antes de se submeterem à autoridade dele.

Quando voltou, minutos mais tarde, ela evitou seu olhar. Nã o queria que percebesse como tinha ficado atemorizada. Era simplesmente outro exemplo da agonia que teria que passar quando deixasse a Camargue novamente, e nem mesmo Jonathan poderia consolá -la por isso.

 



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.