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CAPÍTULO VIII



 

Dionne recuou um passo e Franç ois foi obrigado a soltá -la. Havia pessoas no hall e já estavam começ ando a olhar, curiosas.

— Tenho de falar com você. Mas nã o aqui. No seu quarto! Dionne olhou ao redor, tré mula.

— Eu... eu nã o tenho tempo, Franç ois. Preciso ir para o aeroporto.

— Vou levá -la até o aeroporto.

— Nã o, nã o. Tenho de deixar o carro lá.

— Para o inferno com o carro! Dionne, estou prevenindo você... Encarou-o, procurando controlar-se.

— Por que está aqui? Pensei... quando você mandou o cheque...

— Maldiç ã o! Eu nã o consegui ficar longe. — Franç ois segurava seus ombros, alheio aos espectadores. — Meu Deus, Dionne, nã o pode fazer isto comigo!

— Tenho de ir, Franç ois.

— Sim, eu sei. De volta para a Inglaterra... para Jonathan! — Os dedos de Franç ois subiram até seu pescoç o. — Nã o vou deixar você partir.

— O que pretende fazer? — Ela estava enraivecida. — Vai me instalar aqui em Aries, daquela maneira tradicional como os franceses tratam as amantes?

Ele apertou mais seu pescoç o, e ela quase gritou de dor, mas logo depois ele a soltou, dizendo:

— Eu nã o mereç o isto.

— Nã o merece?

Dionne nã o conseguia olhar para ele. Se o fizesse seria um desastre. Nã o aguentaria a agonia que sabia haver em seus olhos.

— Dionne, por favor, estou pedindo pela ú ltima vez. Esse Jonathan é o motivo para precisar tanto do dinheiro?

Dionne hesitou e depois abaixou a cabeç a:

— Sim. É por ele.

Mon Dieu! — Franç ois passou a mã o pelos cabelos, num gesto de completo desespero.

— Posso ir agora?

— Sim. Vá! Vá com os diabos!

Sem dizer mais nada, ele passou por ela e saiu do hotel.

Estava chovendo, quando Dionne desembarcou no aeroporto de Londres, e ela tremia ao atravessar a pista. Tomou um ô nibus no terminal e depois outro até Brentford.

Saltou no fim da rua e caminhou até o nú mero cinquenta e trê s. Enquanto se aproximava, viu as cortinas das casas vizinhas se moverem e pensou amargamente quantas fofocas sua viagem devia ter provocado.

Pegou a chave na bolsa e abriu a porta da frente. Imediatamente ouviu passos no fim do corredor. Um menininho apareceu, com um olhar doce e adorá vel, vestindo um macacã o jeans por cima de uma camisa xadrez. Era tã o parecido com Franç ois! Os mesmos olhos cinzentos, o mesmo nariz, a mesma boca e os mesmos cabelos escuros, apenas um pouco mais ondulados.

— Mamã e! — Jonathan gritou, excitado, e quase tropeç ou ao correr para ela.

Dionne sorriu e abaixou-se para pegá -lo nos braç os.

— Alo, querido. — Estava ofegante, enquanto embalava seu filho junto ao peito, adorando a sensaç ã o de suas mã ozinhas em seus cabelos, e ao redor do pescoç o, agarrando-se a ela com calor e confianç a. — Você foi bonzinho e se comportou bem com a tia Clarry?

Os olhinhos de Jonathan se arregalaram.

— Tia Clarry está com uma perna doente — ele falou, pronunciando as palavras devagar. — Vem ver!

Segurou a mã o dela e arrastou-a pelo hall até a sala onde Clarry Meadows estava sentada no sofá, com a perna engessada sobre um banquinho. Dionne olhou-a, com um sorriso.

— O que é que andou fazendo? — perguntou, indo ao encontro da tia para beijá -la carinhosamente. — Será que nã o posso deixá -la sozinha por uns poucos dias?

Clarry fez uma careta.

— Eu sei, sou uma velha boba, nã o sou, Jonathan?

Jonathan foi até a tia, subiu no sofá e se pô s ao lado dela. Clarry continuou:

— Como é que você está? Isso é bem mais importante. Sinto muito por obrigá -la a voltar mais cedo do que esperava.

— Nã o foi nada. Eu já estava voltando, de qualquer maneira. Dionne respondeu, tentando lutar contra aquela ameaç a de desespero que queria dominá -la.

— Você nã o me parece muito bem. Viu Franç ois? Conseguiu o dinheiro?

Dionne deu um suspiro profundo e depois tirou o casaco. Jonathan subiu em seus joelhos.

— Sim, vi Franç ois e també m consegui o dinheiro.

— Mas foi tã o ruim assim?

— Nã o foi muito bom.

— Bem, nã o importa agora. O que importa é que você voltou para casa. Poderá me contar tudo, quando sentir que vai ser menos doloroso. Vá ligar o fogo para um chá. A sra. Reynolds estava aqui até há pouco, mas, quando viu que você vinha vindo, saiu pela porta dos fundos, acho que ela pensou que gostarí amos de ficar a só s por algum tempo. No entanto, deixou tudo preparado para o chá.

Com muito esforç o, Dionne levantou-se. Clarry estava certa: tinha voltado para casa com o dinheiro e nã o havia motivo para desespero.

Seria muito melhor fazer as coisas do cotidiano e deixar que o tempo cicatrizasse as feridas que agora pareciam insuportá veis.

Durante os dias seguintes, Dionne esforç ou-se para se comportar com naturalidade. O fato de tia Clarry ter tido tal acidente fez com que tivesse tanto trabalho, que nã o lhe sobrava tempo para ruminar as tristezas, e à noite ia deitar-se, exausta.

Entrou em contato com a escola e avisou ao diretor que a tia estava doente e ela teria de tomar conta de Jonathan. Ele foi muito amigo e compreensivo e prontificou-se a arranjar uma substituta, até que ela pudesse voltar ao trabalho.

Naturalmente a falta de rendimentos iria prejudicá -los, mas fez o possí vel para nã o gastar o dinheiro que Franç ois lhe dera. Quando Clarry estivesse melhor, poderiam viajar por uns dias. O dinheiro que tinha trazido era bastante, e havia ainda suas economias.

Jonathan parecia um pouco melhor. Ainda tinha aquela tosse seca, mas foi melhorando à medida em que os dias ficavam mais amenos. Crescia tã o rapidamente que Dionne percebeu, com uma ponta de tristeza, que logo nã o seria mais um bebê. Em breve seria capaz de acompanhá -la onde ela fosse e começ aria a fazer perguntas... e també m iria querer saber por que todas as crianç as tinham um pai e ele nã o.

A perna de Clarry melhorava lentamente. Começ ou a usar muletas e, apesar de ainda nã o poder ajudar a tomar conta de Jonathan, insistia em sentar-se na cozinha, para descascar os legumes ou mesmo enxugar a louç a.

Foi uma novidade para Dionne ficar em casa o dia todo, preparando as refeiç õ es, fazendo o serviç o domé stico e cuidando ela mesma do filho.

Mesmo durante as fé rias, a tia se encarregava de tudo, e aquela era a primeira vez que tinha a responsabilidade completa pela crianç a. Levá -lo com ela para as compras ou ao parque era uma experiê ncia gratificante. Sabia que Jonathan chamava a atenç ã o das pessoas, principalmente de outras mã es, e isso a confortava bastante. O menino era bonito e inteligente. Isso o ajudaria a superar tantas outras coisas que ele jamais teria.

Certa tarde, tinham ido a um parque mais distante e estavam voltando para casa — Jonathan adormecido em seu carrinho quando o capo de um automó vel parado mais adiante atraiu a curiosidade de Dionne. Era um carro enorme, tipo limusine. Ao passar por ele, o motorista ligou o motor e começ ou a segui-la. Pelo menos foi a impressã o que teve.

Dionne andou um pouco mais rá pido, tentando ignorar o carro, mas a Mercedes acelerou, ficando lado a lado com ela. Um pouco assustada, olhou em volta: felizmente, havia muita gente por perto. Tentou ver dentro do carro, mas, fora o motorista, parecia estar vazio. Por causa dos vidros escuros, nã o dava para distinguir o rosto do passageiro. Amedrontada, pegou um caminho estreito conseguindo fugir daquela companhia desagradá vel.

O incidente deixou-a preocupada e, durante alguns dias, nã o saiu para passear com Jonathan.

De vez em quando, imaginava que Franç ois tinha descoberto sobre o filho e mandara raptá -lo. Mas sabia que aquela hipó tese era apenas produto de seu medo. Aos poucos, esqueceu a Mercedes, só nã o conseguia tirar Franç ois da cabeç a.

O tempo estava se tornando cada vez mais quente e, numa tarde, Dionne levou Jonathan ao zooló gico. Ele adorava ver os animais e já estava numa idade em que podia apreciar o passeio.

Ele observava tudo, excitado, tomou sorvete e comeu pipoca, e comportou-se como qualquer outra crianç a que nã o tivesse nenhum problema de saú de.

Mas, no ô nibus, de volta para casa, começ ou a tossir, com o rostinho contorcido, sem respiraç ã o.

Dionne desejava desesperadamente sofrer esses acessos por ele. Eles o deixavam tã o fraco e indefeso.

Estava tã o preocupada com o menino, que só percebeu a limusine cinza, parada diante do nú mero cinquenta e trê s da Beldrum Terrace, já na porta da casa.

Seu coraç ã o ficou pesado de maus pressentimentos.

Quem poderia ser, alé m de Franç ois? Como será que tinha descoberto? Por que estaria ali?

Olhou para a crianç a sonolenta. Será que Franç ois tinha vindo à procura do filho? Teve o í mpeto de virar, correr e nunca mais voltar. Mas Jonathan estava cansado, depois do acesso de tosse, e o que mais necessitava no momento era jantar e dormir. Nã o podia submetê -lo a nenhuma outra experiê ncia exaustiva naquele dia, nã o importando o quanto se sentisse assustada.

Entrou em casa, relutante. Ouviu vozes na sala de visitas, estava abraç ando Jonathan, quando tia Clarry entrou no quarto e fechou a porta de comunicaç ã o. Dionne olhou para ela, atemorizada. Clarry sacudiu a cabeç a.

— Nã o é Franç ois. Sabia que pensaria que era ele. Mas ele está em Londres e quer vê -la.

Instintivamente, Dionne agarrou-se ao menino, num gesto de defesa.

— Quem está aqui, entã o?

— Um homem. Acho que o motorista de monsieur St. Salvador.

— Um motorista! Imediatamente, lembrou-se do incidente com a limusine. Aquele homem a vira com Jonathan. O que será que tinha contado a Franç ois? E por que ele estaria em Londres?

Umedeceu os lá bios e olhou para a crianç a sonolenta nos seus braç os.

— Clarry, ele está cansado. Você pode ajudar hoje à noite?

— É claro. Fico com ele, enquanto você prepara o jantar. Ele tossiu?

— Sim, teve um acesso há pouco. Está cansado; teve uma tarde agitada també m. Ambos tivemos! — Sua voz tremeu de apreensã o, e Clarry apertou seu braç o num gesto carinhoso.

— Pare de preocupar-se tanto!

— Suponha que Franç ois tenha descoberto sobre Jonathan... Dionne começ ou a falar, mas parou, diante do olhar surpreso e zangado da tia.

— Quer dizer que ele nã o sabe?

— Nã o!

— Dionne! Todas estas semanas, desde que você voltou, nunca mencionou esse fato. Pensei que fosse insuportá vel para você falar sobre isso.

— E é... pelo menos... Clarry, tente entender! Se eu tivesse contado a Franç ois sobre o menino, ele poderia querer ficar com ele. Você por acaso pensou nisso?

Clarry hesitou.

— Mas por que iria querer a crianç a? Será que a mulher dele aceitaria o filho de uma outra mulher?

— Ele nã o é casado!

Dionne suspirou, desanimada.

— Clarry, eu nã o tinha falado sobre isso porque... eu..., eu nã o podia! Agora... agora deve ser muito tarde.

— Nã o sei o que dizer. Eu pensei... Você sabia que eu pensava que ia contar a Franç ois sobre Jonathan. E... espere... como é que conseguiu o dinheiro? A menos que... a menos... — Dionne e Clarry iam subindo para colocar Jonathan na cama. O menino dormia, tranquilo.

— Explico isso depois — falou, tensa. — Nã o podemos conversar agora. Acho que você pode entender.

— Dionne, sei que nã o é da minha conta, mas parece que você me deve muitas explicaç õ es. Se pediu dinheiro a Franç ois sem lhe dizer para quê e sem contar sobre a crianç a, o que ele estará pensando sobre o destino desse dinheiro?

— Oh, Clarry! Agora nã o!

A tia olhou para o menino adormecido.

— Nã o concordo que ele nã o deve saber.

— O quê? Depois do que aconteceu? Você esqueceu como foi que ele me tratou? Acho que tenho, pelo menos, o direito de guardar Jonathan para mim.. - E que direitos tem ele?

— O que quer dizer? — Dionne estava tensa agora.

— Nã o sei, Dionne. Nã o sei. Sou velha e vejo as coisas de modo diferente de você, mas à s vezes, penso que é injusto negar a um homem o direito de ele saber que tem um filho.

— Vai contar, entã o? Clarry sacudiu a cabeç a.

— Oh, Dionne... Será que tem tã o pouca confianç a em mim, que pensa que eu faria isso, sem a sua permissã o?

Seu rosto magro estava crispado de preocupaç ã o, e a moç a sentiu remorso.

— Nã o, nã o. É claro que nã o. Sinto muito. Acho que estou perturbada e cansada demais. Nã o quis ser rude com você.

— Parece-me que nó s duas estamos cansadas. E você nã o precisa perder mais tempo aqui, falando comigo. Podemos falar sobre isso mais tarde. Desç a e vá falar com o motorista. Ele já deve estar impaciente.

— E o que vou falar?

— Sobre Franç ois. Sobre um encontro com ele.

— Sim, é claro.

— Bem, você quer que ele venha até aqui?

— Nã o!

— Entã o, já tem a sua resposta. Jonathan está dormindo agora. Vá vê -lo.

— Mas eu nã o posso ir assim. Preciso me trocar...

— Bem, vá falar com o motorista entã o. Peç a para que ele espere.

— Certo.

Dionne desceu lentamente e foi até a sala de visitas. O homem se levantou quando ela entrou. Era mais velho do que esperava, mas parecia o mesmo que tinha visto antes, na limusine.

— Boa tarde, mademoiselle. Deve ser mademoiselle King, oui?

— Isso mesmo. Monsieur St. Salvador quer me ver, nã o é? Foi isso que o trouxe aqui?

— Correto, mademoiselle, é isso mesmo. Ele está no Hotel Savoy, e quer que eu a leve até lá.

— Entendo. — Dionne hesitou um instante. — Será que o senhor sabe por que o sr. St. Salvador está aqui em Londres?

— Por quê? É claro, mademoiselle. Ele está aqui con mademoiselle Demaris.

Com Yvonne!

Ela quase falou o nome da outra em voz alta, tamanha tinha sido, a surpresa. Mas tentou controlar-se e subiu para o quarto para trocar de roupa. Mas mudou de ideia no meio do caminho.

Franç ois em Londres com Yvonne e, ainda assim, tentando entrar em contato com ela?! Isso era humilhante e inaceitá vel.

Voltando até o homem, disse calmamente:

— Talvez possa dar um recado ao seu patrã o, da minha parte.

O motorista franziu o cenho.

— Nã o vai ver lepatron, mademoiselle? — perguntou, incré dulo.

— Nã o!

— Mas monsieur St. Salvador foi bastante insistente mademoiselle.

Dionne respirou fundo.

— Entã o, por que ele nã o está aqui em pessoa?

O motorista sentiu-se incó modo e começ ou a torcer o chapé u entre as mã os.

— Ele está no hospital. Com mademoiselle Demaris.

— No hospital? Oh, é claro!

Nã o havia pensado nisso antes; Yvonne tinha vindo para tratar-se, mas isso nã o alterava absolutamente nada.

— Sinto muito — disse, sabendo que Franç ois ia descarregar a raiva no pobre homem. — Sinto muito, mas é impossí vel.

O motorista foi até a porta.

— Se é assim, mademoiselle, é melhor eu ir embora. Au revoir.

— Adeus.

Dionne acompanhou-o até a porta e observou-o enquanto manobrava o carro enorme na rua estreita. Depois, voltou para dentro e fechou a porta, encostando-se nela, pensativa.

Clarry vinha descendo a escada, atrapalhada com as muletas, e ela foi até lá para ajudá -la. Havia interrogaç ã o nos olhos da tia.

— Nã o vou ver Franç ois — explicou, antes que a outra perguntasse. — Ele está aqui com Yvonne, a mulher com quem ia se casar. Ela... ela teve um acidente há uns dois anos e machucou a espinha, mas, felizmente, vai poder andar novamente.

Clarry apoiava-se pesadamente no ombro de Dionne, enquanto andava pelo hall.

— É por isso que ainda nã o se casaram?

— Isso mesmo. — Dionne instalou-a numa cadeira da sala. Vamos tomar um pouco de chá? Estou com muita sede.

— Você nã o acredita que Franç ois venha até aqui?

— Deus do cé u, nã o! Ele está aqui com Yvonne. Nã o acabei de dizer? Provavelmente pensou em mim como divertimento para uma tarde enfadonha.

— Sinto que nã o está me contando toda a verdade. O que aconteceu quando ele viu você lá na Franç a? Ficou feliz? Fez muitas perguntas?

— Sim, ele me fez uma sé rie de perguntas. E, nã o, ele nã o ficou contente quando me viu.

— Dionne! — Clarry parecia implorar. — Sabe mesmo o que está fazendo?

— É claro que sei. O que você quer dizer?

— Está parecendo que existe algo mais atrá s de tudo isto. Se ele nã o estivesse contente de vê -la, por que lhe daria o dinheiro? Para se livrar de você?

Dionne corou.

— É, acho que foi por isso.

— Entã o, por que está aqui agora, querendo ver você? Nã o faz sentido.

— É uma histó ria muito comprida, Clarry. Nã o podemos deixar de lado, por enquanto?

— Deixamos esta histó ria de lado durante cinco semanas. Você nã o acha que já foi o suficiente?

— Está bem. Tem razã o.

— Entã o, por que nã o senta e me conta exatamente o que aconteceu?

Dionne hesitou e depois, sacudindo pesadamente a cabeç a, sentada na cadeira em frente à dela.

— Muito bem, vou contar exatamente o que aconteceu. Vi Franç ois e disse-lhe que precisava de quinhentos mil. Ele imediatamente concluiu que eu precisava desse dinheiro por estar grá vida ou por causa de outro homem!

— O que nã o foi uma conclusã o irracional — Clarry observou.

— Pode ser. De qualquer forma, eu nã o lhe diria por que precisava do dinheiro. No final, ele concordou em me dar, se eu fosse até a casa dele para ver Gemma.

— A avó?

— Isso mesmo.

— Mas eu pensei que ela morava numa caravana.

— Morava. Mas teve uma queda e os mé dicos e Franç ois insistiram para que passasse a morar na fazenda. De qualquer forma, fui lá para vê -la e vi a mã e dele també m. E... Yvonne.

— Você disse que Yvonne sofreu um acidente? Que espé cie de acidente?

— Foi chifrada por um touro. — A voz de Dionne estava tã o sem expressã o ou emoç ã o como a de Louise, enquanto contava sobre o acidente.

— Meu Deus, que terrí vel!

— Foi, nã o é mesmo? — A moç a olhava para as mã os, impassí vel — Bem, de qualquer maneira, é isso aí. Consegui o dinheiro, como você sabe, e aqui estou.

— E Franç ois nem mencionou o que aconteceu antes? Dionne levantou-se num repente. Seu rosto estava sé rio.

— O que você quer que eu diga? Sim, é claro que ele mencionou o que aconteceu, mas agora é passado e nã o há motivo para que tudo volte novamente. Nã o vale a pena.

Clarry pegou seu braç o, querendo apaziguá -la.

— Vá e faç a um chá — sugeriu gentilmente. — Sou apenas uma velha intrometida. — Dionne hesitou mais um pouco e depois saiu. Nã o tinha sido nada bom. Nã o podia, nã o conseguia discutir seus sentimentos por Franç ois nem mesmo com Clarry.

Nã o havia meios de expressar em palavras a espé cie de tortura fí sica e mental que sofria, todas as vezes em que pensava no passado. Nã o conseguia suportar tais pensamentos. Eram mais fortes do que ela!

Uma batida persistente na porta acordou Dionne mais ou menos à meia-noite. Piscando, olhou para o reló gio, mas, como as batidas continuaram, saiu da cama apressada, vestindo um robe sobre a camisola. Nã o queria que Jonathan acordasse à quela hora por causa de barulho.

Tia Clarry ficou alheia ao que se passava. Dionne ouviu sua respiraç ã o pesada, ao passar pela porta de seu quarto, e desceu correndo a escada, tremendo por causa do frio que fazia.

Abriu a tranca, mas nã o tirou a corrente. Era uma medida de seguranç a que a tia tinha adotado há muito tempo.

A sombra escura de um homem estava lá fora. Por alguns minutos, Dionne quis fechar a porta novamente, mas Franç ois deu um passo à frente e a ré stia de luz iluminou seu rosto. Ela abafou um grito, surpresa.

Sua expressã o estava só bria e parecia bastante impaciente.

— Posso entrar? — perguntou, rí spido.

Mas Dionne sabia que o pedido era apenas uma formalidade. Estava certa de que, se recusasse, ele seria capaz de esmurrar a porta.

Decidiu nã o irritá -lo ainda mais. Concordou, em silê ncio, e abriu a porta inteiramente.

Franç ois entrou.

— Agora... — ele começ ou a falar, zangado, mas ela acenou com a cabeç a, levando o indicador aos lá bios.

— Venha até a sala — murmurou, e ele a seguiu.

Era uma sala confortá vel. Dionne passou os olhos ao redor, desesperada, procurando alguma prova da existê ncia de Jonathan por ali. Depois, Franç ois segurou-a pelos ombros e fez com que o encarasse.

— Bem? Por que você nã o foi? A moç a deu um passo para trá s.

— Se está se referindo ao recado que me mandou esta tarde, acho que a resposta é ó bvia.

— Por quê? Por que é tã o ó bvia?

— Você está em Londres com Yvonne. Seu motorista me falou; o que acha que eu sou? Uma espé cie de substituta temporá ria ou o quê?

Ele passou a mã o pelos cabelos, nervoso. com aquele terno azul-escuro, uma camisa azul-clara e a gravata com os dois tons para combinar, estava mais atraente do que nunca. O coraç ã o de Dionne batia, descompassado, ao pensar que Yvonne ia ser a esposa dele, estar com ele e vê -lo todas as horas do dia ou da noite, tendo o direito de compartilhar sua cama e seu nome.

— Será que você percebe que passei as ú ltimas quatro horas num jantar de negó cios, irritado por você ter se recusado a ir me ver na ú nica hora livre que tive? — Ele parou para desabotoar o paletó e abrir o colarinho.

Dionne fez um gesto de desalento.

— Nã o vejo que importâ ncia tem isso. Seus negó cios nã o tê m nada a ver comigo.

— Estou começ ando a acreditar que... Diabos, Dionne, você nã o tem idé ia da agonia por que passei desde que foi embora...

Ela estremeceu violentamente e deixou-se cair numa cadeira. Seu robe azul abriu-se revelando suas pernas. Fechou-o imediatamente, para evitar aquele olhar perturbador.

— Eu... eu acho que você nã o devia falar comigo dessa maneira.

— Por que nã o? É a verdade. — Franç ois foi até ela.

— Franç ois, por favor! Por que você veio até aqui agora, a esta hora da noite? É uma loucura!

Ele inclinou-se sobre ela, ficando bem pró ximo.

— Sim, é mesmo uma loucura — concordou, com um olhar apreciador percorrendo seu corpo. — Mas foi sempre assim entre nó s... nã o foi?

Dionne respirava com dificuldade.

— O que quer de mim?

De repente, Jonathan começ ou a chorar. Era um choro tré mulo e nervoso. Devia estar assustado. Obviamente suas vozes tinham perturbado a crianç a.

Franç ois endireitou-se rapidamente, com uma expressã o de incrí vel perplexidade.

Dionne levantou-se, pronta para ir ver o filho, mas ele ficou na frente, com um olhar desconfiado.

— Quem é? Quem está chorando?

Dionne hesitou apenas por um momento, para depois dizer, calmamente:

— Jonathan.

— Jonathan! Deus meu, esse choro... essa crianç a... é sua?

Ela fez que sim com a cabeç a, e os lá bios de Franç ois torceram-se numa expressã o de dor.

— Você está dizendo que tem uma crianç a.,. um filho? Dionne respirou fundo e concordou novamente.

— Você... você, sua vagabunda! — ele gritou. E, sem mais nem uma palavra, saiu da sala, batendo a porta de entrada com um violento golpe, que ecoou pela casa.

 



  

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