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CAPÍTULO VI



Os sininhos dos camelos despertaram o acampamento da letargia produzida pelo calor da tarde.

Lorna adormecera entre as almofadas do sofá. Acordou com o ruí do e passou as mã os sobre os olhos sonolentos. A tenda estava escura, e ela notou que o dia quase terminara. Levantou-se do sofá e foi até a entrada contemplar o pô r-do-sol.

Mulheres em trajes longos estavam ocupadas em acender as fogueiras do acampamento. Homens passavam a cavalo, a galope, acrescentando uma repentina vivacidade à cena. Um menino pequeno correu em direç ã o ao pai, que desmontou e o segurou no colo, e o murmú rio das vozes confundia-se com o tilintar dos arreios, enquanto o sol avermelhado banhava o acampamento com sua luz dourada.

Lorna observou a cena, fascinada. A fumaç a subia dos galhos secos e misturava-se ao cheiro do café e das comidas apimentadas que cozinhavam sobre as chamas. Algué m dedilhou um instrumento de cordas, e a mú sica espalhou-se pelo local, com uma toada estranha e triste.

Numa outra circunstâ ncia, Lorna ficaria encantada de estar hospedada num acampamento, em pleno deserto. O cair da tarde, no entanto, causou-lhe uma sú bita depressã o... Kasim surgiria a qualquer momento. Procurou nã o pensar nisso, prestando atenç ã o na conversa das mulheres que carregavam moringas de á gua na cabeç a. Andavam graciosamente em direç ã o à s tendas, requebrando os quadris, com seus passos leves.

Os ú ltimos raios de sol brilharam no poente, com uma explosã o torturante de cores vivas... simbolizando a paixã o, a beleza, a tristeza...

A noite caiu quase repentinamente, e uma estrela isoladacintilou no firmamento.

Entã o, Lorna avistou trê s cavaleiros que se aproximavam, vindos do deserto, envoltos nas capas compridas. Os cavalos eram altos e de crinas longas e tinham freios de prata que brilhavam a luz das fogueiras.

Ela sentiu um aperto no coraç ã o. Durante segundos interminá veis, permaneceu ali, imó vel, na entrada da tenda, com o olhar fixo no cavaleiro que vinha na frente e que desmontou do cavalo com um movimento amplo. Era uma figura autoritá ria, mais alta que os outros dois, que estendeu a mã o para acariciar o pescoç o do animal suado que o transportara lealmente sob o sol abrasador. O cavalo deu um relincho e empurrou o ombro do homem com o focinho, num gesto de amizade. Onde Kasim fora? O que fizera durante as horas em que se ausentara do acampamento? Cuidava das povoaç õ es vizinhas e ditava suas leis à s comunidades que dependiam de sua autoridade? Leis que ningué m discutia, decerto!

Lorna retirou-se para o interior da tenda, e, no momento seguinte, Hassan apareceu para acender as lâ mpadas de ó leo. Quando projetaram sua luz amarelada, a palidez do rosto dela se tornou mais visí vel. Os olhos azuis estavam apreensivos, e o coraç ã o batia mais depressa. Foi o orgulho que a impediu de fugir para a outra parte da tenda. Nã o queria fugir diante dele. Nã o queria lhe dar a satisfaç ã o de descobrir que ela se sentia aterrorizada com sua presenç a.

— Vou trazer uma limonada — disse Hassan, em voz baixa.

— Meu patrã o gosta muito.

Lorna voltou-se em silê ncio para o criado e teve vontade de dizer que os gostos do sheik tinham tã o pouca importâ ncia para ela quanto as mariposas que voavam em torno das lâ mpadas.

— Ele deve estar com sede — ela falou por fim, com voz fria. Hassan inclinou a cabeç a e se afastou, deixando-a sozinha na tenda. Ela pô s as mã os nos bolsos da calç a e aguardou com ansiedade a chegada de Kasim. Mal respirava, imó vel no meio da barraca como uma figura pá lida e sem vida. Ouviu o tilintar das esporas, e um calafrio lhe percorreu a espinha no momento em que ele apareceu. Estava com a capa comprida jogada para trá s, o forro vermelho-sangue contrastando com a brancura do manto. As botas de cano alto eram da mesma cor do forro. Parecia um rei bá rbaro quando parou na entrada da barraca e lanç ou um olhar em sua direç ã o.

— Demorei muito? — perguntou, com uma inflexã o que fez os nervos dela vibrarem. — Sentiu minha falta?

Lorna observou-o em silê ncio, com um olhar insolente.

— Gostaria que tivesse caí do do cavalo e quebrado o pescoç o!

— Ah, uma mulher irritada! Sinal de que se sente sozinha

— disse Kasim, em tom de zombaria.

— Queria que eu estivesse em prantos?

Ele sorriu maldosamente e atirou para longe o chicote comprido, a arma que sabia usar com tanta habilidade.

— E muito orgulhosa para chorar.

— Que pena, nã o?

Kasim tirou a capa e jogou-a em cima do sofá.

— Pelo contrá rio, isso me leva a pensar que, esta noite ou amanhã cedo, irá tentar me apunhalar de novo.

— A faca nã o o perfurou — disse, com desdé m. — Tem o coraç ã o de pedra.

— Meu coraç ã o de pedra se compadece de você, querida, — Examinou os cabelos soltos que emolduravam o rosto pá lido.

— Tive dú vidas, durante o dia, se eu nã o havia sonhado com esses cabelos cor de sol, com esses olhos azul-escuros, com essa boca suplicante...

Nesse instante, Hassan entrou na tenda com um jarro de limonada e dois copos grandes. O criado colocou a bandeja em cima da mesinha e perguntou ao sheik a que horas gostaria de jantar.

— Daqui a uma hora, Hassan. Prepare carneiro assado e panquecas de carne.

— O carneiro já está na brasa, sidi, e a á gua está esquentando para o banho a vapor.

Lorna arregalou os olhos ao ouvir as palavras do criado. Kasim vivia como um prí ncipe no acampamento, em pleno deserto. Até mesmo um banho a vapor era preparado para seu prazer... o prazer que sentia em manter-se perfeitamente limpo e bem vestido.

— Por favor, sirva a limonada.

— Seu criado já saiu — respondeu Lorna, ainda com as mã os nos bolsos da calç a.

— Vamos, nã o seja desobediente, querida — falou, em tom suave, mas perigoso.

Contrariada, Lorna dirigiu-se à mesinha e serviu um copo de limonada, que vinha acompanhada de uma folhinha de hortelã.

— Agora, traga-o para mim.

— Pois nã o, meu senhor. — Deu a volta na mesa, caminhou na direç ã o dele e, sem pestanejar, atirou o conteú do do copo no rosto arrogante.

Em seguida, ficou parada, com os braç os caí dos ao longo do corpo, observando as gotas que escorriam pelo rosto de Kasim. Um brilho surgiu nos olhos castanhos.

— Está se sentindo melhor agora? — ele perguntou, impassí vel. — Muito melhor, obrigada. Mas preferia que fosse á cido...

para marcar seu rosto cruel para sempre!

— Logo você falando de crueldade?

Ele apanhou um lenç o no bolso da calç a e enxugou o rosto lentamente. Em seguida, antes que ela pudesse esquivar-se, deu um passo rá pido em sua direç ã o, segurou-a pelo pulso e estreitou-a nos braç os. Todas as curvas do corpo de Lorna estavam coladas contra o corpo forte e musculoso.

— Por que me odeia tanto? — Kasim indagou, em voz baixa, com os lá bios roç ando nos dela, os olhos brilhando perigosamente, — Primeiro tentou me esfaquear, agora desperta minha fú ria na esperanç a de que eu reaja. Seu pescoç o é muito delicado para eu torcer, querida. Prefiro beijá -lo...

Assim que aqueles lá bios se apoderaram de seu pescoç o, ela fechou os olhos e afastou o rosto, mas nã o podia deixar de sentir a pressã o da boca quente sobre sua nuca, seus olhos, sua testa. Lorna tremeu dos pé s à cabeç a quando os lá bios de Kasim tocaram os seus, forç ando-a a inclinar a cabeç a para trá s até ser consumida pelos beijos dele.

— Solte-me, solte-me! — implorou, quando conseguiu finalmente falar.

— Pronto! — ele exclamou, com um sorriso de zombaria.

— Está livre.

— Você é um monstro! — gritou, com os olhos azuis por entre os fios soltos dos cabelos loiros. — Por que nã o me deixa voltar para Yraa? Nã o direi a ningué m que estive aqui!

— Muito obrigado por sua gentileza — disse Kasim, comvoz divertida, servindo-se de um copo de limonada e bebendo-o de uma vez. — Mas, na verdade, acho que tem vergonha de confessar que encontrou um homem do deserto. Quantos rapazinhos já assustou com sua frieza?

— Antipá tico! — exclamou Lorna, com o rosto em brasa. — Aquele ladrã o de cavalos era menos insultante que você, com seus banhos a vapor, seus livros franceses, sua mã e espanhola!

— Vamos deixar minha mã e em paz — Kasim falou, com frieza. — Ela, pelo menos, tinha um coraç ã o de ouro.

— Se sou tã o fria assim, por que me prende aqui? Por que nã o seqü estra uma mulher mais ardente?

— Uma mulher mais livre, você quer dizer? Como sabe, querida, crio cavalos e tenho uma grande paixã o por essa atividade. De vez em quando, nasce um potro mais selvagem que os outros, e sinto um prazer todo especial em amansá -lo.

— Você gosta de judiar deles, isso sim!

— Somente um de meus cavalos foi maltratado por algué m, e aç oitei o responsá vel!

— E seqü estrar moç as no deserto nã o é um crime? Sei que, em sua opiniã o, um cavalo vale muito mais que uma mulher, mas nã o sou uma moç a á rabe e nã o suporto ser mantida presa aqui. Tenho direitos e nã o posso admitir isso. Nã o sou um objeto.

— Ainda bem que nenhuma á rabe é tã o lú cida quanto você, querida. Infelizmente, nã o penso dessa forma.

— Quer dizer que nã o tem intenç ã o de me soltar? — Lorna questionou, com voz aflita, prestes a chorar. — Vai me manter presa aqui pelo resto da vida?

— Por enquanto, sim — Kasim respondeu, com indiferenç a. — Todo homem aprecia certas distraç õ es no final do dia, e nã o sou exceç ã o. Você é muito divertida, ma chè rie. Tem um temperamento violento que me agrada sobremaneira. Sinto apenas que seja um pouco fria para meu gosto, mas até isso, no fundo, é um desafio para mim.                                             

— Você é um homem sem coraç ã o!

— E você é uma mulher que desconhece as exigê ncias do corpo!

— Você é um demô nio! — exclamou Lorna, com os nervos à flor da pele.

— E você, o que é, com esses olhos azuis tentadores, esses lá bios macios e esse corpo cheio de curvas? E uma tentaç ã o ambulante, minha cara. Ele puxou o pano da entrada e permaneceu um instante ali, voltado para ela, com o olhar insolente, arrogante.

— Onde estã o as roupas que mandei você vestir?

— Para que escrava comprou aquelas roupas?

— Turqeya é minha irmã, e nã o uma escrava.

Ele se afastou da tenda com uma inclinaç ã o de cabeç a. Lorna ouviu-o conversar com algué m do lado de fora e levou a mã o ao pescoç o, como se quisesse acalmar a pulsaç ã o acelerada. Kasim provavelmente recomendara ao guarda que ficava na entrada da tenda que nã o a deixasse fugir...

Até o momento em que se cansasse dela! Até esse dia, seria vestida e enfeitada com roupas de seda, vigiada a cada instante do dia ou da noite e teria de suportar as carí cias do sheik...

Ela se refugiou no haré m, e foi ali que Zahra a encontrou quando entrou, alguns minutos depois. Lorna estava tranqü ila e submissa. Nã o protestou quando a moç a lhe vestiu a tú nica de veludo, com botõ es de pé rolas que iam do pescoç o ao umbigo, nem a calç a turca de seda, presa por um cinto do mesmo tecido. Colocou os chinelos que tinham as pontas viradas para cima e deixou que Zahra lhe escovasse os cabelos, até ficarem brilhantes e sedosos, como o tecido do vestido.

Entã o Turqeya era a irmã de Kasim... Ele comprava presentes para ela, sinal de que gostava muito da irmã. Como era possí vel, no entanto, um homem cruel gostar de algué m? Amor, afeiç ã o, ternura indicavam a presenç a de um bom coraç ã o, e, na opiniã o de Lorna, Kasim era desprovido de qualquer sentimento humano.

— Zahra.

— Sim, lella.

— A irmã do sheik é bonita?

— A princesa Turqeya é uma boneca de ouro. Tem cí lios compridos, e os cabelos negros batem na cintura. Muitos homens ricos a pediram em casamento, mas o prí ncipe recusou todos os pretendentes.

— O pai nã o se pronuncia sobre isso?

— O emir é um homem muito ocupado e nã o se ocupa com a filha. O prí ncipe Kasim é o grande orgulho do emir. Ele lhe dá inteira Uberdade de fazer o que bem entende.

— Faç o idé ia! — Lorna exclamou, mordendo o lá bio de despeito. Mesmo diante de Zahra tinha vergonha de revelar a angú stia e o medo que sentia na companhia de Kasim. Irritada com sua pró pria imagem, afastou-se do espelho, com um gesto de impaciê ncia.

— A lella nã o está satisfeita com sua aparê ncia? — perguntou Zahra, ansiosa. — Gostaria de ter colares no pescoç o, braceletes no pulso, argolas nas orelhas?

— Nã o, de jeito algum — Lorna respondeu, com uma gargalhada. — Já me sinto uma odalisca sem esses enfeites. Parece até que estou fantasiada para o carnaval!

— O que é carnaval? — Zahra indagou, espantada com a moç a loira que ocupava a tenda proibida do prí ncipe poderoso e que nunca estava contente com nada.

— O carnaval é uma festa popular, em que as pessoas vestem má scaras e fantasias. É muito semelhante à vida. Todas riem para esquecer as má goas. Dã o gargalhadas para nã o chorar.

— A vida é assim — disse Zahra, sé ria. — Nã o se pode modificar o destino. Está escrito!

— Essa idé ia nã o me consola muito — falou, despedindo-se da moç a.

Lorna atravessou a cortina de contas em direç ã o à outra parte da tenda, onde Hassan servia a mesa do jantar. Kasim ainda nã o voltara, e o criado a seguiu com os olhos quando Lorna foi respirar o ar puro da noite e admirar as estrelas. Um vulto embuç ado moveu-se entre as sombras, e ela sabia que era o guarda que a observava em silê ncio, ao luar, enquanto ela aspirava os cheiros fortes que vinham do acampamento e o aroma pungente do deserto distante.

Tinha muita vontade de poder contemplar sossegadamente aquela bela paisagem, mas voltou para a tenda com um suspiro. Zahra e Hassan tinham partido. Na mesa baixa, defronte do sofá, havia uma travessa redonda, com uma tampa. Uma garrafa de vinho francê s fora aberta para acompanhar a refeiç ã o, e Lorna surpreendeu-se, mais uma vez, com o gosto requintado de Kasim.

Sentiu uma contraç ã o no estô mago quando ele entrou na tenda. Parecia mais animado depois do banho a vapor. Vestia uma tú nica de linho aberta no peito. A presenç a dele era tã o marcante que ocupava todos os pensamentos de Lorna. Parecia um animal perigoso e fascinante, que criava um ambiente tenso a sua volta.

Caminhando sobre o tapete, ele se aproximou dela e segurou-a pelas mã os. Sob seu olhar avaliativo, Lorna sentiu-seainda mais assustada.

— O destino quis que fosse bela — disse, beijando-a na ponta dos dedos, à maneira francesa. — Sorria para mim.

Ela estava imó vel, inanimada, como uma está tua, fria e sem vida, mas o coraç ã o batia rapidamente no peito.

— Nã o sabe sorrir?

— Só as pessoas felizes sorriem.

— E você nã o se sente feliz, quando algué m elogia sua beleza, minha Dinarzade? — O sorriso irô nico traç ou uma linha funda no rosto bronzeado. — Dinarzade era a jovem que nã o sabia nada a respeito do amor. Era muito inocente, a pobrezinha.

— Você naturalmente preferiria que eu fosse Scherazade! Ou já se enjoou de todas as que conheceu? Kasim limitou-se a rir. — Vamos jantar. É minha convidada de honra. Andei o dia inteiro e estou com muita fome.

Dirigiram-se ao sofá, onde Kasim reclinou-se com a graç a de um leopardo e descobriu a travessa de carneiro assado, que tinha um cheiro apetitoso de ervas aromá ticas. Os talheres estavam postos diante de Lorna. Como no jantar da noite anterior, ele a observou com atenç ã o, como se achasse graç a em sua maneira de comer com garfo e faca.

— Vivi mais tempo no deserto que na cidade e conservo os há bitos dos beduí nos, embora beba vinho.

— Eu me admiro que nã o se lambuze todo quando come — disse Lorna, tomando um pouco de vinho francê s.

—E muito bom comer com as mã os... Por que nã o experimenta?

— Nã o, muito obrigada. — Meneou a cabeç a com vivacidade e evitou seu olhar.

Ela estava muito consciente da masculinidade dele. A pele tinha cor de bronze, à luz da lâ mpada. Seus olhos a contemplavam com indolê ncia, entre os cí lios espessos.

— Em que está pensando, querida? — perguntou, ao mergulhar os dedos na salva de prata para lavá -los.

— Nem pensar eu posso?

— Claro que sim. Se bem que leio facilmente seus pensamentos. — Fitou-a com um sorriso irô nico no canto dos lá bios e, depois, dobrou uma panqueca e deu uma mordida. — Prove esta panqueca. Está divina.

— Já comi bastante — Lorna falou, mergulhando os dedos na lavanda. — Nã o andei a cavalo hoje de manhã e nã o estou com muito apetite. Por falar nisso, quando saí um pouquinho da tenda, um de seus guardas me seguiu, como uma sombra.

— Que horror! Vou chamar a atenç ã o dele. — Voltou-se para ela. — Gostaria de dar um passeio a cavalo?

— Por que pergunta? Vai permitir?

Havia uma nota de ansiedade nas palavras dela que o fez sorrir.

— Se vou permitir? — ele repetiu, mirando-a com atenç ã o. Os olhos azuis estavam cor de violeta à luz da lâ mpada de ó leo. — Posso deixá -la fazer muitas coisas, querida, mas nã o vou permitir que fuja de mim.

— Ah, eu gostaria tanto de dar um passeio a cavalo! — Lorna exclamou, com olhos suplicantes.

— Você vai dar — Kasim afirmou, com um sorriso, ao vê -la ajeitar-se nas almofadas do sofá.

 

 




  

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