|
|||
CAPÍTULO XI⇐ ПредыдущаяСтр 13 из 13
Já era tarde quando Harriet chegou em casa, vinda do apartamento de Charles. Tinha sido uma longa noite, que ela passou com Paul, enquanto Charles contatava os vá rios amigos que tinha em cargos oficiais, conseguindo explicar as coisas de maneira satisfató ria à s autoridades competentes. Ficou arranjado que Paul iria de aviã o, na manhã seguinte, e um carro o levaria, pelo resto do caminho, até em casa. Charles tinha sugerido que o rapaz passasse a noite em seu apartamento, em vez de no de Harriet, por razõ es ó bvias, e ela estava encantada de poder passar a obrigaç ã o para outra pessoa. Mesmo assim, sentia-se aborrecida quando chegou a Mulhouse Close, aborrecimento esse que ficou intensificado quando reconheceu o carro de seu pai estacionado ao lado do bloco de apartamentos. . E isso, agora, pensou desanimada, sem atinar no que poderia tê -lo trazido ali, à quela hora. O carro estava vazio e, imaginando que o zelador tinha deixado que ele entrasse, subiu para o quarto andar. Mas, assim que chegou no corredor sombrio, uma figura escura se afastou de perto de sua porta e ela teve de levar a mã o à boca para conter um grito. Mas, mesmono escuro, reconheceria André. Olhou para ele, ansiosa, que disse: — Você chegou tarde. As palavras dele tiraram-lhe a ilusã o de irrealidade e a cor voltou à s suas faces. O que ele estava fazendo ali? Procurou pela chave na bolsa e abriu a porta. — Vamos entrar? — perguntou, entrando na frente, para acender a luz, e André seguiu-a pelo estreito hall. Foram até a sala e ele olhou para ela, fazendo com que seus sentidos ficassem despertos. — Imagino que esteja procurando Paul... — começ ou ela, com a voz um pouco acima do normal e o ar lhe faltou, quando viu que ele cruzava a sala em poucas passadas, para tomá -la em seus braç os. — Paul! Você viu Paul? — A voz dele ecoou, severa. — Eu... sim... vi. — E você nã o ia me contar? — Ele se afastou tã o brutalmente, que ela quase perdeu o equilí brio. E continuou: — Mas, claro! Por que deveria? Você nã o tem nada com isso, nã o é mesmo? — Espere, André! Ainda nã o tive tempo de contar-lhe. Eu vi o garoto hoje, pela primeira vez! — O quê? — Ele voltou-se para olhá -la, incré dulo. — É verdade! Juro. Ele... ele foi até a loja, esta manhã. André expeliu sua respiraç ã o com forç a e passou os dedos trê mulos pelos cabelos. — Procurei-o por toda a parte. Como, em nome de tudo o que é mais sagrado, conseguiu ele chegar à Inglaterra? — Ele pediu carona até Dijon e depois se escondeu no trem. — Meu Deus! Entã o... onde está? — Vai dormir no apartamento de Charles. — Hockney? — Sim. Estou voltando de lá. Por isto cheguei tã o tarde. — Ele está bem? — Paul? Sim, acho que sim. Quer voltar para casa. Charles está tentando ajeitar as coisas. André parecia achar aquilo tudo muito difí cil de engolir e Harriet fez um gesto em direç ã o ao sofá compreendendo que, se André nã o tinha vindo à procura de Paul, ela nã o sabia a razã oque o trouxera. — Por favor, nã o quer sentar-se? Vou... vou fazer um pouco de café — murmurou. — Preciso... me desculpar — disse ele, avanç ando para ela. — Nã o há necessidade... — Muito bem. Sinto muito tê -la assustado, mas estou nisso já há uma semana. Primeiro Paul, depois você! Estou surpreso de ainda nã o ter enlouquecido. — Oh, André... O que está fazendo aqui? — Preciso lhe dizer. Já é tarde e estou cansado, mas tinha de vê -la. Esperei quase duas horas. — O carro... o carro lá fora é de papai, nã o é? — disse ela, segurando distraidamente uma mecha de cabelos. — De seu pai? Sim. Mas nã o me peç a para explicar-lhe. Ainda nã o. Deixe-me olhar para você. — André... — Era um protesto, mas nã o a impediu de ir até ele e segurar seu rosto entre as mã os e beijá -lo na boca. — Você me deixou. Nã o uma, mas muitas vezes. Por que continuo a voltar? — Ele respirava pesadamente. Harriet molhou os lá bios, provocante. — Diga-me — sussurrou ela, notando tremor num mú sculo de seu queixo. — Escrevi para Charles. Ele contou? Nunca respondeu e eu aprendi a viver acreditando que você estava casada. Entã o você apareceu, como um anjo vingador, destruindo a minha paz para sempre. — Oh, André, você precisa me perdoar... — Perdoá -la? Por quê? Por fugir, quando eu mais precisava de você? Ou por esperar um filho meu, sem me contar? — falou ele, sacudindo a cabeç a amargamente. — Eu nã o podia lhe contar... — Harriet tremia. — Você recebeu a minha carta, nã o recebeu? Sabia como entrar em contato comigo. — André, você era casado! E disse que o divó rcio era... impossí vel. — Eu sei, eu sei. Mas você devia ter me contado. A situaç ã o... nã o era como você pensava. Eu sei que você acha que nã o agi bem com minha esposa e talvez esteja certa. Mas ela nã o sabia. Nunca soube. Ele se afastou dela abruptamente, deslizando a mã o cansada pelo pescoç o. — Ela era doente, sim. Mentalmente doente. Viveu doze anos de sua vida numa instituiç ã o para doentes mentais. — Eu sei. — Você sabe? — Charles... Charles fez investigaç õ es. Depois que você escreveu para ele. — E você sabia. — Sua expressã o era torturada. — Nã o até pouco tempo. — Ela se aproximou dele, ansiosa. — André! André! Pensei que nã o se importasse! Que nunca tivesse se importado! — Oh, sim, me importei. Mas você era tã o jovem e bonita. E eu nã o queria que você gastasse sua juventude esperando por mim — falou ele, alisando os cabelos macios de Harriet. — Nã o seriam desperdiç ados, se você tivesse me contado. — Eu nã o podia fazer isso. Se fizesse, você ia querer esperar e ficaria aborrecida, e eu nã o podia agü entar isso. — Oh, André! — Sim... Sim, querida — disse ele, olhando para a boca de Harriet. Os braç os dela o enlaç aram, por baixo do blusã o, e a boca de André buscou a sua com insistê ncia. A lí ngua dele delineava os lá bios de Harriet, possuindo-os. Sem restriç õ es, seus beijos eram profundos e satisfató rios e ela sentiu-se fraca quando André a deitou sobre o sofá ao lado. — Temos de conversar... — murmurou ela, enquanto os lá bios dele beijavam-lhe o pescoç o e suas mã os procuravam desabotoar-lhe a blusa. — Quer saber por que o carro de seu pai está lá fora? — Se quiser me contar... —Harriet se comprimia contra ele. — Nã o quer saber que vim para pedir que volte comigo? Que fui pedi-la em casamento, a seus pais? — Seus lá bios se moviam com preguiç a, enquanto Harriet arregalava os olhos. — André! Você voltou para me pedir isso? — Ela ajoelhou-se ao lado dele, olhando-o vivamente. — Aquela noite... na casa... antes que Paul nos interrompesse... Você nã o pode negar que me desejou tanto quanto eu a desejei. — Nã o nego isso. — Suas faces coraram. — E, no entanto, você fugiu. — Ele suspirou, impaciente. — Eu tinha de ir embora. Estava envergonhada. Eu nã o confiava nem em você, nem em mim mesma. — Harriet, se ao menos tivesse me deixado explicar... — Eu sei. — Ela levou as mã os até os lá bios dele e, depois, até seu peito. — Charles explicou tudo. — Graç as a Deus! André debruç ou-se sobre ela, acariciando seu corpo todo, e Harriet sentiu toda a resistê ncia abandoná -la. Por um longo momento, houve silê ncio no apartamento; entã o, com um protesto, André afastou-se dela. — Você falou de café... — resmungou ele e, com um sorriso, Harriet ajeitou a blusa e levantou-se. André seguiu-a até a porta da cozinha e ficou encostado no batente, observando-a. Seu blusã o estava amassado e a camisa desabotoada, e Harriet pensou que nunca o havia amado tanto como agora. — Sua mã e ficou muito surpresa, ao me ver — comentou ele. — Que foi que disse? — Perguntou-me por que queria vê -la. Acho que seu pai sabia. — Mas por que você foi para Guildford? — A loja estava fechada e ainda nã o eram cinco horas. — Eu sei. Charles fechou mais cedo, por causa de Paul. — Ah, sim, Paul. — André parecia preocupado. Entã o, continuou: — Lembrei-me de que seus pais viviam em Guildford, entã o apanhei o trem para lá. — E papai lhe emprestou o carro para voltar? — Quando provei que minhas intenç õ es eram honestas. — E sã o? — ela perguntou. — Neste momento, nã o — admitiu ele suavemente, vindo abraç á -la | por trá s. — Hum, que cheiro bom. — E sobre Paul? — Harriet colou seu corpo ao dele. — O quê? — Ele sabe sobre nó s. — Ele nos viu juntos, você quer dizer? — Nã o. Eu... eu lhe disse... que me importava com você. — O que foi que ele disse? — Acho que ele nã o se surpreendeu. — Nã o, ele nã o se surpreenderia. Naquela noite... a noite que fui convidá -la para jantar em casa, contei a ambos, a ele e a Louise, o que sentia a seu respeito. — Oh, André! — Acho que ele nã o me acreditou. Talvez por isso tenha ido até sua casa, como foi. Ele desapareceu naquela noite e eu nunca mais o vi. — Ele me contou. Disse que passou a primeira noite no castelo, algumas com sua tia, em Sarlat, e por fim na casa — disse Harriet, abraç ando-o. — Minha irmã... sim, eu soube. Harrietpassei uma semana procurando-o. Queria vir vê -la antes, mas minha consciê ncia me dizia que precisava encontrar Paul antes. Quando já nã o agü entava mais esperar, o que é que encontro? Você, que encontrou meu filho! — Ele me encontrou — corrigiu-o Harriet docemente e contou a ele como Paul tinha encontrado seu endereç o. — E agora? — disse ele suavemente, apertando-a mais. —Você... você resolve. — A á gua no fogo borbulhava, mas Harriet nã o notou. — Quero que você volte para a Franç a comigo... comigo e com Paul. — É isso o que você quer? — Chê rie, você sabe o que eu quero. O que sempre quis. Mas antes precisamos conversar sobre Irene. — Irene? Era a sua mulher? — Sim. Nã o quero ofendê -la, dizendo que nunca me importei com ela. Era uma mulher bonita, e eu, muito jovem. Só mais tarde a doenç a começ ou a se manifestar... — Você nã o precisa me contar... — disse ela, colocando um dedo em seus lá bios. — Eu quero — disse ele, mordiscando-lhe o dedo. — Tudo mudou tanto, depois que me casei com Irene. Os Rochefort perderam muito de seus bens, na é poca da Revoluç ã o, mas antes nã o é ramos pobres. Agora, sou simplesmente um fazendeiro... — Você acha que eu me importo? — Eu acho que você me ama... — E amo. — E eu adoro você. É suficiente. — Que mais podia eu querer? — Tem mais uma coisa que eu quero lhe dizer... Os especialistas que atenderam Irene, na é poca de sua... doenç a, diziam que a gravidez tinha favorecido o aparecimento de sua loucura... — Isso nã o importa, querido. — Importa. Eu nã o agü entaria, se alguma coisa acontecesse com você, pois a gravidez parece que nã o me traz sorte. Irene sofreu muito e você... você perdeu o seu bebê. — Meu bebê era perfeitamente saudá vel. André, o que está me dizendo agora? Que a gente nã o deve ter filhos? — declarou ela, apaixonada. — Talvez. — Tente parar-me — sussurrou ela e, com um gemido, ele mergulhou o rosto em seus cabelos.
FIM
|
|||
|