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CAPÍTULO V



 

 

Entã o uma mã o tocou o seu braç o. Ela abriu os olhos e viu Susan, parada, olhando-a ansiosamente.

— Harriet? O que você tem?

Harriet olhou à sua volta, assegurando-se de que estavam sozinhas. Entã o, com um gesto, afastou os cabelos do rosto e sacudiu a cabeç a vá rias vezes, forç ando um sorriso.

— O calor... — murmurou vagamente.

— O que monsieur Laroche lhe disse? Você está tã o pá lida.

— Já lhe disse, é o calor! Vamos voltar para o carro. Posso melhorar com uma bebida. — Harriet nã o tinha nenhuma vontade de continuar a conversa.

— Entã o você aceitou o convite de monsieur Laroche? — exclamou Susan, animada.

— Olhe, nã o podemos conversar aqui. De qualquer maneira, ele nã o é monsieur Laroche; é o dono do castelo... o conde de Rochefort! — disse ela, num tom controlado.

— É mesmo? Puxa! Como é que um conde estava limpando a nossa grelha?

— É uma boa pergunta. Vamos, Susan, caminhando! Nã o podemos ficar aqui paradas o dia inteiro.

Ao atravessar o rio, Harriet permitiu-se um momento de reflexã o. Que explicaç ã o daria André à sua mulher, se Paul resolvesse contar à mã e sobre as estranhas visitas? Sabia que as reaç õ es dela tinham sido exageradas, fora de propó sito, e o rapaz nã o era nenhum tolo.

Mas isso é problema de André, disse a si mesma, recusando-se a admitir a culpa que estava começ ando a assaltá -la. Apertando os dentes, correu atrá s de Susan.

Eu sou uma tola, permitindo que André ocupe a minha vida dessa maneira, pensou amargamente. Já nã o tinha sofrido muito por causa dele? Será que ela era uma masoquista, que se alegrava com o sofrimento?

O carro estava abafado e Susan ficou ocupada, por alguns instantes, abrindo todas as janelas e abanando-se dramaticamente. Harriet fez a volta na estrada, voltando para casa.

— Vamos indo para Cahors? — perguntou Susan, mas a tia negou, balanç ando a cabeç a.

— Estamos voltando para casa.

Poré m, ao chegarem em casa, era impossí vel evitar uma confrontaç ã o. Harriet começ ou a preparar uma salada para o almoç o, consciente de que Susan se sentia contrariada.

Ela estava encostada à porta aberta, com uma das pernas em posiç ã o de descanso; entã o disse, irritada:

— Bem, você nã o vai me contar, afinal, o que é que houve?

— O que houve quando? — Harriet brincou, dando um tempo.

— Nã o me venha com essa! Você sabe muito bem o que eu quero dizer. Qual é o grau de intimidade que você tem com monsieur... quer dizer, o conde?

— Nenhum, absolutamente. Susan, eu vi uns pé s de agriã o, enquanto estava descendo para o rio, esta manhã. Será que você podia pegar um pouco para mim? — disse Harriet, olhando para ela.

A expressã o de Susan foi ficando cada vez mais revoltada.

— Nã o sei o que é agriã o.

— Nã o tem importâ ncia, eu mesma vou buscar. Nó s estamos realmente precisando cortar essa grama. Se chover, vamos ficar ensopadas ao andar por aí — disse, enxugando as mã os e cruzando a porta que dava para o pequeno hall, que levava ao quintal.

— Entã o você nã o vai mesmo me contar. — Susan suspirou. .

— Oh, Susan! Você é muito crianç a para entender. — Harriet olhou para ela, frustrada.

— Mas você realmente conhece ele melhor do que dá a entender, nã o é verdade?

— Eu... é... saí com ele algumas vezes... de fato.

— Quando foi isto?

— Há oito anos.

— Já sei. Ele era casado... — disse Susan, com um olhar especulativo, enquanto os lá bios de Harriet se apertavam fortemente — e com famí lia. Você sabia?

— Nã o. — Harriet deu um puxã o ha porta.

— Mas ele sabia. Estou começ ando a entender — murmurou Susan astutamente, e a cabeç a de Harriet deu voltas.

— Está mesmo? Vou buscar o agriã o.

No dia seguinte, elas foram para Cahors. A estrada corria atravé s de um trecho montanhoso, no abundante vale do rio Lot, e elas chegaram à cidade inesperadamente, com suas torres e fortalezas aparecendo por cima do rio, num esplendor medieval. O Lot fluí a em trê s lados, formando uma fortificaç ã o natural; no quarto lado, as velhas muralhas corriam de leste a oeste, fechando a cidade.

Havia muitas pontes cruzando o rio, sendo que a mais espetacular delas era uma do sé culo XIV, que alguns guias turí sticos consideravam a ponte mais bonita do mundo. Com seus grandes arcos gó ticos e torres delgadas, era uma visã o impressionante; mas Harriet conhecia Veneza e, para ela, nada poderia equiparar-se à beleza dos arcos brancos de Rialto e do pavilhã o colocado em seu topo. Susan nunca visitara a Itá lia e, portanto, era menos crí tica. Tirou muitas fotografias, antes de irem à catedral, e Harriet quase invejou sua falta de sofisticaç ã o.

Depois disso, almoç aram num restaurante ao ar livre, numa rua lateral, perto do rio. Algumas á rvores davam sombra à s mesas e, embora Harriet estivesse cansada, sentiu-se mais relaxada. Comeram torradas com patê, acompanhadas do vinho branco da regiã o, com o som meló dico de um acordeã o misturado ao som da intensa conversaç ã o circundante. Ningué m estava com pressa para limpar as mesas e as horas de almoç o se estenderam preguiç osamente tarde adentro.

Mais tarde, compraram algumas lembranç as no BoulevardGambetta e depois voltaram para o carro, para retornar à casa. Susan examinou criticamente suas pernas finas ao entrar no carro e, sorrindo, exclamou:

— Lembra-se de quando entramos naquela padaria, para comprar pã o? Bem, quando eu estava lá fora, um rapaz piscou para mim. O que é que você acha disso?

— Eu disse que era só uma questã o de tempo. — Harriet sorriu. E acrescentou, fazendo uma cara sé ria: —' Mas você fez que nã o viu.

— Eu fiquei vermelha — admitiu Susan honestamente e Harriet disfarç ou o riso, enquanto dava partida no carro.

Era bom voltar, apesar de tudo. Harriet saiu do carro e espreguiç ou-se com luxú ria, agradavelmente cansada depois da longa viagem. Susan també m saiu e, enquanto Harriet pegava as malas, na parte de trá s do carro, ela apanhou as chaves e foi abrir a porta.

— Ei, você recebeu uma carta! — exclamou a garota, abaixando-se para apanhar um envelope que estava no chã o, embaixo da porta. — Nã o tem selo! E tem alguma coisa pesada dentro.

Sentindo as garras da tensã o se fecharem sobre ela outra vez, Harriet apanhou o envelope e abriu-o abruptamente. Havia um pedaç o de papel dentro, sem nada escrito. Ele estava só envolvendo a chave, que caiu ruidosamente nas pedras a seus pé s, assim que Harriet desembrulhou-a.

Susan abaixou-se e apanhou-a, surpresa. Em seguida, olhou para a tia.

— Esta nã o é a chave sobressalente? Aquela... aquela que estava com o conde? — aventurou ela, timidamente.

— Parece que sim — confirmou Harriet, passando por ela e entrando na cozinha.

Susan seguiu-a, sem fazer nenhum outro comentá rio.

Dois dias mais tarde, Harriet estava no andar de. cima, arrumando as camas, quando o som de vozes levou-a até a janela. Elas nã o tinham recebido visitas, a nã o ser as de André e de seu filho, e ela ficou intrigada para saber com quem Susan podia estar conversando.

Logo ficou sabendo. Os murmú rios confidenciais eram de Paul Laroche. Ouvindo a risada nervosa de Susan, Harriet intuiu que ele estava usando todo o charme em cima de sua impressioná vel sobrinha. Sem dú vida, a pró pria Susan estava feliz com a oportunidade de exercitar sua recé m-descoberta feminilidade, e certamente Paul era um animal atraente para se botar as garras. Ele era uma ediç ã o mais jovem e menos sofisticada de seu pai, e, lembrando-se do que André tinha feito, Harriet desceu correndo as escadas.

Susan olhou desapontada para o aparecimento de sua tia. Ela estava recostada num canto da mesa da cozinha, tentando imitar uma modelo anunciando loç ã o para bronzear as pernas. Com o perfil voltado para Paul, tirava o má ximo proveito de seus outros atributos; poré m, a julgar pela expressã o dele, Harriet achou que já tinha visto tudo aquilo antes.

Ao contrá rio de Susan, ele pareceu aliviado com a interrupç ã o e, somente quando a admiraç ã o aprofundou a intensidade do olhar dele, Harriet notou que ainda estava usando o biquí ni azul, com o qual tinha estado se banhando, um pouco antes. Desde o dia em que André apareceu, enquanto estava no banho, ela evitava despir-se no rio, e usava sempre o seu biquí ni, para o caso de alguma emergê ncia.

— Bom dia. Que bom ver você de novo — cumprimentou-a Paul polidamente, as maneiras desmentindo sua expressã o.

Susan endireitou-se, com um olhar desafiante substituindo seu antigo bom humor. E, antes que Harriet pudesse dizer qualquer coisa, falou:

— Paul me convidou para ir jogar tê nis com ele. Você nã o se importa, nã o é, tia Harriet?

Apesar de ficar aborrecida pelo fato de os Laroche pensarem que podiam ir e vir à vontade, Harriet nã o pô de deixar de achar engraç ada a maneira de Susan chamá -la. Mesmo assim, nã o queria aprovar o pedido e cruzou a cozinha para encher a chaleira, sem outra razã o a nã o ser a de evitar o olhar meio culpado da garota.

— Onde você s estã o planejando jogar? — perguntou ela, mais alto que o som da á gua caindo na chaleira; mas antes que Susan pudesse responder, Paul se interpô s entre elas, para que Harriet pudesse ver o seu rosto, mas nã o Susan.

— Existem quadras de tê nis no castelo. Por que você també m nã o vem conosco? — disse ele, com um olhar francamente agradá vel.

Harriet sentiu o apelo involuntá rio da indubitá vel atraç ã o sexual do rapaz. Era tã o parecido com André e ela olhava para baixo, enquanto Paul olhava para cima. Seus olhos se encontraram e Harriet percebeu, sem dú vida, que ele havia feito aquilo de propó sito.

O comportamento dele irritou-a, porque Paul era um rapaz de dezesseis anos, enquanto ela era dez anos mais velha e estava, certamente, fora de seu alcance.

Harriet nã o sabia se Susan tinha prestado atenç ã o na troca de olhares, mas a chaleira bateu ruidosamente no bico de gá s e atraiu a atenç ã o da garota.

— Entã o? Posso ir? — ela perguntou.

— Nã o posso proibi-la, se é isso o que quer fazer — disse com um gesto de indiferenç a, enquanto mordia o lá bio inferior.

— Que bom! Posso melhorar com o exercí cio. Só um minuto, que vou apanhar a raquete — disse Susan, dirigindo-se a Paul.

Seus saltos de cortiç a ecoaram escada acima. Sozinha com o rapaz, Harriet sentiu-se ridiculamente embaraç ada. Para afastar o sentimento, caminhou para fora, levantando o rosto para admirar a gló ria daquela manhã e suspirando frustrada, em seguida, quando reparou que ele a havia seguido e estava em pé, atrá s dela.

Tu es belle! — disse ele em voz baixa, sem olhá -la, mas arrancando um talo de grama.

Por um momento, ela pensou que tivesse imaginado aquelas palavras. Entã o, à medida que ele se endireitou e olhou para ela, percebeu que se enganara.

— Você nã o devia me dizer essas coisas! Eu... nã o gosto disso.

Paspossible!

— É verdade, eu nã o gosto.

— Por quê? É verdade!

— Paul!

Ela disse o nome dele um pouco desesperadamente, mas quando os dedos de Paul tocaram a maciez de seus braç os, Harriet rapidamente colocou uma distâ ncia entre ambos. Ele deu de ombros, com seus braç os queimados e musculosos embaixo das mangas curtas da camiseta suada. Era da mesma altura de Harriet e ela pensou em quanto ele parecia mais velho que os rapazes ingleses da mesma idade.

— Gosto do jeito como você pronuncia o meu nome, Harriet. Por que você nã o vem com a gente? Sabe que foi por isso que eu vim, nã o é? — murmurou Paul, mastigando o talo de grama, enquanto cobria o espaç o que ela tinha aberto.

Harriet achou que aquilo tinha ido longe demais. Uma coisa era sentir-se um pouco lisonjeada pela admiraç ã o evidente do rapaz, e outra, muito diferente, era permitir-lhe familiaridades que ela negava a homens que tinham o dobro de sua idade.

— Acho que você está ultrapassando os limites, querido — disse, usando deliberadamente um tom maternal, e ficou aliviada ao ver, pela mudanç a de expressã o, que tinha conseguido atingi-lo. O que ele diria ou faria, em seguida, foi interrompido pelo aparecimento de Susan à porta. Paul foi forç ado a voltar-se.

— Estou pronta!

Sua voz era jovem e inocente e, de repente, Harriet percebeu para onde ela estava permitindo que levassem a garota. Como uma menina da idade de Susan podia sair em companhia de um rapaz como Paul que, apesar de sua juventude, era obviamente experiente?

— Já sã o quase onze horas. Nã o estará muito perto da hora do almoç o? Nã o estará muito quente para jogar tê nis? — disse Harriet, entã o, e Paul lanç ou-lhe um olhar interrogativo.

— Você disse que nã o se importava! — protestou Susan.

— Correç ã o: eu disse que nã o poderia impedi-la — declarou Harriet friamente. Caminhou entã o até a porta e voltou-se para olhar provocativamente na direç ã o de Paul. — Você um dia se colocou à nossa disposiç ã o, para o que precisá ssemos. Talvez esta seja a sua oportunidade: a grama precisa ser cortada.

— Harriet!

— Se você precisa de mim, como posso recusar? — disse Paul, com um sorriso preguiç oso.

Susan soltou uma exclamaç ã o ferina, antes de retornar a casa. Harriet olhou em sua direç ã o, ansiosa, perguntando-se se nã o havia magoado mais que ajudado a garota. Em seguida olhou para Paul outra vez e achou que tinha agido bem. Mas quanto tempo poderia separá -los, se ele resolvesse usar Susan como uma arma contra ela?

— O que é que eu uso para cortar a grama? — perguntou ele e Harriet o olhou com irritaç ã o.

— Você realmente nã o dá a menor atenç ã o aos sentimentos alheios, nã o é verdade? — Estava esquentada.

— Nã o? E nã o vou cortar a sua grama? — perguntou, indignado.

— Porque lhe convé m!

— Nã o. Porque convé m a você. E entã o? O que é que eu uso? A sua lí ngua?

— Há uma foice, no alpendre, atrá s da casa — ela falou secamente, nã o lhe dando a chance de dizer nada, e seguiu Susan, entrando em casa.

Encontrou a garota no quarto, jogada na cama, soluç ando, como se seu coraç ã o fosse quebrar... Harriet parou hesitante no topo da escada, olhando para ela, em dú vida; entã o, com um suspiro, chegou-se para perto da cama.

Mas Susan saltou da cama, para longe dela, indo sentar-se, trê mula, em frente à penteadeira.

— Oh, Susan, pare de me olhar desse jeito! Eu nã o sou nenhum monstro, você sabe. Eu... eu só fiz o que achei que devia — exclamou Harriet, frustrada.

— Para você! Pensei que você tinha dito que ele era muito jovem — Susan declarou amargamente.

— O quê? E ele é! Susan, pelo amor de Deus, nã o pense que estou com ciú me! — exclamou Harriet, incré dula.

— Você está! Está! Queria que ele tivesse convidado você!

— Isso é absurdo! Nã o tenho a menor vontade de jogar tê nis neste calor! Ir nadar, talvez. Mas nã o jogar tê nis! — exclamou Harriet, desesperada.

— Isso é o que você diz!

— É verdade. Susan, escute: Paul Laroche pode ser muito jovem para mim, mas é muito velho para você!

— Nã o é. Ele só tem dezesseis anos... ele me contou. Eu faç o quinze em dezembro!

— A idade nã o é só uma questã o de anos, Susan. Você precisa saber que a experiê ncia é que conta.

— Acho que você deve ser uma especialista nessas coisas — disse ela, esfregando o nariz com as costas das mã os.

— Oh, Susan!

— Está tudo bem para você... Você gosta de flertar o tempo todo. Mas eu nã o. Eu sou jovem, queria alguma coisa diferente. E, só porque você nã o foi convidada... — continuou Susan, enquanto Harriet olhava para ela, desesperada.

— Eu fui convidada! — falou Harriet, sem querer.

— Nã o foi! — Susan encarou-a.

— Fui. Paul me convidou, quando você foi se arrumar. ----Nã o acredito em você.

— Pergunte a ele.

— Mesmo assim... — disse Susan, depois de alguns momentos de silê ncio.

— Mesmo assim nada, Susan. Veja, eu nã o quero impedir que você faç a amigos. Se algum rapaz ou moç a, de sua idade, quiser sair com você, eu serei a primeira a encorajá -la.

— Paul é da minha idade!

— Bem, se você nã o quer me ouvir... — disse, balanç ando a cabeç a e voltando-se em direç ã o à escada. Mas, lembrando-se de que estava semidespida, foi para o armá rio e pegou uma saia e uma blusa.

Susan olhou-a, enquanto se vestia, sem dizer uma palavra. Mas quando Harriet fez um apelo final para falar com ela, virou-se, com os cotovelos na janela, olhando provocativamente para o quintal. Sentindo-se derrotada, Harriet desceu vagarosamente a escada.

Paul fazia a foice cantar, no fundo do quintal. Tinha tirado a camisa, mostrando o peito. Ele já tinha limpado uma á rea de meio metro quadrado.

Com relutâ ncia, Harriet admitiu que ele estava trabalhando duro; indo até a porta, perguntou:

— Quer tomar alguma coisa?

— Claro que sim! — disse ele com uma careta, endireitando-se e flexionando a espinha.

Harriet inclinou a cabeç a, voltou e entrou novamente na cozinha. Nã o tinham geladeira e, para manter as bebidas frescas, ela guardava latas de refrigerantes num canto do chã o, onde nunca batia sol. Pegou um copo, segurou-o, depois guardou-o novamente. Achou que Paul preferia tomar direto da lata.

Ele caminhou na direç ã o dela, e apanhou a lata. Engoliu metade de seu conteú do de um gole, depois enxugou a boca com as costas das mã os.

Biení Por que você se cobriu? Devia estar feliz de poder usar um biquí ni. Muitas garotas nã o podem.

— Você quer dizer... na minha idade? — sugeriu Harriet, secamente, e observou que ele corava.

— Por que é que você diz essas coisas? — perguntou ele e, pela primeira vez, ela pô de ver que estava falando sé rio.

— Você está trabalhando bem. Estou muito agradecida.

— Você acha que estou jogando, nã o? — murmurou, dando um ú ltimo gole e segurando a lata vazia.

— Acho que você está sendo tolo. Seu pai sabe que você está aqui? — perguntou Harriet, com um suspiro.

— Isso importa?

— Acho que sim.

— Por quê? Porque acha que ele nã o aprovaria? Ou será que é porque nã o quer que ele fique com ciú me? — disse, colocando a lata no chã o e voltando à sua tarefa.

— Nã o sei do que está falando. — Harriet sentiu a respiraç ã o lhe faltar.

— Nã o? Mas você conhece meu pai, nã o conhece?

— Estou muito ocupada para ficar aqui parada, conversando com você! —Harriet cortou-o secamente e, voltando-se, entrou novamente em casa.

Estava debulhando ervilhas quando Susan apareceu. A garota entrou na cozinha, amuada, apertando os dedos e recusando-se a encontrar o olhar da tia.

— Posso sair e conversar com Paul? — perguntou com insolê ncia e Harriet sacudiu os ombros.

— Como quiser — replicou de mau humor e Susan saiu, sem outra palavra.

Eram quase quinze pá ra a uma quando Paul apareceu na porta da cozinha, com os cabelos suados, caindo pelos ombros.

— Já terminei de carpir o quintal. Será preciso apará -lo com uma ceifadeira, mas acho que você nã o tem uma, tem? Se nã o, eu volto amanhã e, se quiser, corto a grama da frente — anunciou ele, passando a mã o suada pela testa.

— Oh, Paul, você deve estar exausto! Você quer... bem, você gostaria de ficar e almoç ar conosco? — disse Harriet, deixando o que estava fazendo e olhando simpaticamente para ele.

Os olhos de Paul a perturbavam, mas ela manteve a compostura eele finalmente respondeu: I

— Acho melhor voltar. Louise estará se perguntando por onde eu ando. Quer que eu volte amanhã? \

— Eu... podemos nã o estar aqui amanhã. Nó s... estamos pensando em ir para Beynac — murmurou ela, evasiva.

— Beynac. Bem, se nã o estiverem aqui, nã o tem importâ ncia.

— Eu... bem, sinto que devo gratificá -lo... — protestou ela, sentindo-se incomodada.,

Os olhos dele se. estreitaram.

— Susan me disse que você gostaria de nadar. Venha nadar comigo J: depois de amanhã.

— Paul!

— Junto com Susan, claro — acrescentou ele imediatamente e ela olhou-o com reprovaç ã o.

— Onde poderí amos nadar?

— No rio. Conheç o um lugar que é fundo e sombreado por á rvores. Diga que virá.

— Vou pensar nisso. Paul pegou sua camiseta e colocou-a enrolada na cabeç a.            

— Estarei aqui por volta das onze. Depois de amanhã. E amanhã... se estiverem ou nã o — ele acrescentou pausadamente.

Como era esperado, no dia seguinte choveu. Nã o uma garoa, mas uma chuvarada, que caí a como uma cortina cinzenta em volta da casa, ensopando as á rvores e a grama e colocando de lado qualquer idé ia de passeio.

Harriet ficou desapontada, porque suas relaç õ es com Susan ainda estavam estremecidas e ela esperava que uma viagem melhorasse a situaç ã o.

Susan passou a maior parte do dia no salon, lendo, enquanto Harriet fez experiê ncias na cozinha, assando uma fornada de bolos, que ficaram tã o bonitos quanto gostosos. Mas seu coraç ã o nã o estava ali, e ela pensou que se comportava mais como a mã e de Susan do que como sua tia.

Afortunadamente o tempo amanheceu bom no dia seguinte, e Harriet ainda estava de pijama quando ouviu uma batida na porta. Olhou pela janela, antes de abrir a porta, e exclamou com impaciê ncia, quando viu Paul parado lá fora.

— É muito cedo! — exclamou, depois de abrir a porta.

— Queria cortar a grama cedo. Tenho um encontro à s onze — disse ele simplesmente.

— Está bom. Mas é melhor nã o se acostumar com isso. Desta vez tudo bem, ma... Você sabe onde está a foice — concordou, balanç ando a cabeç a.

— Você nã o vai me oferecer café? — protestou ele.

Harriet simplesmente negou com um movimento de cabeç a e fechou a porta na cara dele.

Susan desceu as escadas, bocejando. Devia ter ouvido a voz de Paul, porque tinha tido o trabalho de colocar jeans e camiseta, e olhou em volta, surpresa, quando notou que sua tia estava sozinha.

— Paul está aqui. Vai cortar a grama do jardim — explicou Harriet, com relutâ ncia.

— Onde está ele?

— Acho que foi pegar a foice — retrucou Harriet, servindo-se de café. Hesitou um pouco, depois acrescentou: — Você quer ir nadar, mais tarde?

— Nadar? Onde? — Susan voltou-se.

— Paul disse que conhece um lugar. Ele nos convidou... a ambas. — Harriet virava a xí cara entre os dedos, evitando olhar para a garota.

— Ele convidou?

— Sim. — Harriet foi forç ada a levantar os olhos.

— E se eu nã o quiser ir? — Susan desafiou o olhar da tia.

— Você nã o quer? — Os dedos de Harriet apertaram a xí cara.

— Nã o, nã o quero. — Susan apertou os lá bios.

— Oh, Susan!

— O que é que você vai fazer agora? Vai sem mim?

— Susan, pare com isso! Nã o vou suportar.

— O que é que você vai fazer? Nã o pode me forç ar a ir nadar. Alé m disso...

— Alé m disso, o quê?

— Nã o sei nadar.

— Você... nã o sabe... nadar? — balbuciou Harriet, incré dula.

— Nã o. Nunca fui boa nisso. — Susan estava obstinada.

— Mas eles nã o a ensinaram na escola?

— Tentaram, mas eu nunca consegui. Acho que sou uma dessas pessoas que nã o conseguem.

— Nã o diga bobagens! Todo mundo consegue nadar, se tentar. Susan, você sabe que nã o quero ir sozinha com ele — disse Harriet, colocando o café de lado e caminhando nervosa pela cozinha.

— Nã o é problema meu. — Susan deu de ombros, amuada. Harriet teve vontade de estapeá -la, mas nã o pô de deixar de admirá -la, ao mesmo tempo. Ela tinha virado a mesa com muito sucesso.

Decididamente, nã o dava para apelar para ela. Harriet lavou o rosto e as mã os na pia, escovou os dentes e correu para cima, para vestir-se. Precisava encontrar uma saí da, mas, naquele momento, sentia-se completamente perdida.

 



  

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