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CAPÍTULO X
A sala estava muito quieta. Harriet até podia ouvir o tique-taque do reló gio... ou seria seu coraç ã o, batendo nos ouvidos? — O que foi que disse? — levantou-se, encarando Charles, se compreender. E continuou: — André escreveu para você? Quando. Charles encolheu os ombros, depois colocou uma das pernas sobre a cadeira, ao lado dela, e ficou sacudindo o pé, distraí do. — Bem, deve ter sido há seis meses. Logo depois do Natal, acho Foi na mesma é poca que a exposiç ã o do Jennings... — Ora, deixe para lá a exposiç ã o do Jennings. Por que você nã o me contou? Por que ele escreveu para você? — A mulher dele tinha acabado de morrer. Você sabia? — disse Charles, cruzando as mã os. — Ele me contou. — Mas isto deve ter... quer dizer... isso nã o significa nada par você? — Charles parecia surpreso. — Só que ele... estava saindo comigo, enquanto sua mulher estava sofrendo de uma doenç a incurá vel! — disse ela, trê mula, levantando a cabeç a. — Alguma doenç a incurá vel? Você nã o sabe o que era? — Charles olhava para ela, estupefato. — Nã o, e nã o quero saber. Onde é que isso tudo está nos levando? Está tentando me dizer que ele sabia que eu estava comprando a casa? — disse ela, levantando a cabeç a. — Nã o, nã o! Olhe, acho que seria mais fá cil se você me contasse primeiro como encontrou André outra vez — falou Charles, impaciente. Harriet fez um gesto negativo. E perguntou: — Por quê? — Você nã o vai me contar? Gostaria de saber. — Se você quer saber, ele estava na casa, no dia em que cheguei. Tinha acabado de saber que a casa tinha sido vendida, ou foi a desculpa que deu. Ele a estava... limpando. — Ele ficou... surpreso, ao vê -la? — Deixe-me lembrar... Acho que eu estava mais surpresa que ele. — Olhou para Charles, beligerante. E completou: — Mas é claro que deveria estar, nã o é mesmo? Nã o sabia que ele se correspondia com você! — Entã o... continue. O que aconteceu? — Nada demais. Na verdade, ele se ofereceu para devolver o dinheiro. Nã o dava para fazer outra coisa, a casa estava num estado deplorá vel. — Mas você nã o aceitou. — Nã o. Mas nã o por causa dele. Ê que Susan ficaria muito desapontada e eu nunca seria capaz de negociar uma outra compra num perí odo de tempo tã o curto — disse ela, corando. — Entã o, você ficou. — Até o acidente de Susan. Charles ficou digerindo aquilo. — Você viu Laroche outra vez? Imagino que sim. — Por que imagina que sim? — Ela ficou enraivecida. — Bom, eu nã o esperaria que ele desabafasse as novidades a respeito da morte da esposa naqueles poucos minutos em que falou com você. Ou será que sim? — respondeu Charles, seco. — Nã o. Nó s, na realidade, nos encontramos muitas vezes. — Sei, sei. — Foi ele quem me ajudou a levar Susan para o hospital, quando ela sofreu o acidente. Ele foi muito... atencioso. — Mas você nã o vai mais vê -lo? — Nã o. — Por que nã o? — Charles! — Ela se levantou da cadeira, olhando para ele com indignaç ã o, e continuou: — Você é meu patrã o, mas nã o é meu tutor. Alé m disso, sempre achei que você o reprovava. — Ê verdade. Até que vi aquilo em que você estava se tornando. — O que você quer dizer? Ele inclinou-se para frente é tomou as mã os dela. — Minha querida, nã o se perturbe por isso, mas você sabe tã o bem quanto eu no que se tornou: uma profissional de carreira. — O que há de errado nisso? — Nada... de errado. Mas você se comporta erradamente. Quase nunca sai, faz do trabalho seu maior objetivo na vida... e nã o deixa nenhum homem se aproximar! Harriet teria se afastado se ele nã o estivesse segurando a sua mã o; entã o olhou para ele, defendendo-se. — O que você quer dizer é que eu cresci. Só porque já nã o sou mais aquela garota tola, impressioná vel, que costumava ser... — Mas você é. Ora, nã o é boba, mas é impressioná vel. Você deixou crescer uma casca, essa é a verdade. Acha que pode se esconder da vida. Olhe, você nã o pode, Harriet, e quanto antes compreender isso, melhor. —Foi tudo o que André lhe disse? — Nã o. Nã o, claro que nã o. Já lhe contei. Ele me disse que sua mulher tinha morrido. Perguntou como você estava e se era feliz. Nunca respondi. — Você nã o respondeu? — Harriet perguntou. — Nã o. O que ia dizer? Podia dizer-lhe que, na minha opiniã o, você estava desperdiç ando a sua vida? Ou mentir e contar que você era uma moç a feliz e realizada? — Eu sou feliz e realizada. Ou era! — Você estava vivendo uma comé dia! — Eu tenho amigos... — Nenhum amigo í ntimo. Exceto eu, claro. — Entã o você... decidiu mandar-me para a Franç a... — Harriet apertava as mã os. — Depois que Laroche me escreveu, sabia que tinha de fazer alguma coisa. Sabia que você gostava da Franç a, particularmente depois da viagem que fizemos para Limoges, entã o comecei a soltar as iscas, perguntando sobre propriedades à venda, na Dordogne. Eu a influenciei, é verdade, mas você precisa admitir que estava animada. Entã o houve a morte de sua irmã e de seu cunhado e... Bem, o resto você já sabe. — Entã o as coincidê ncias nem sempre acontecem —disse ela, balanç ando a cabeç a, incré dula. — Foi uma coincidê ncia André ser o dono da casa que você escolheu para comprar. — Acho que sim. — Como está ele? — Quem, André? Mais velho. Mais duro. — Mais forte? — Acho que se pode dizer que sim. — Ele passou um mau pedaç o. A mulher dele també m. As contas mé dicas sã o altas. O dinheiro tinha de sair de algum lugar. Aquele dia em que o encontramos no leilã o de St. Germain, ele estava vendendo uma parte da prataria de Rochefort. Acho que tudo já foi vendido agora, e eles tinham coisas tã o bonitas! Uma tristeza, nã o é mesmo? — Nã o me faç a sentir pena dele! Que culpa tinha sua mulher de estar doente? — exclamou ela, furiosa. — Nã o... — Charles concordou calmamente. E continuou: — E ele nã o podia fazer nada pelo fato de ela ter gasto os ú ltimos doze anos de sua vida numa instituiç ã o para tratamento mental! — O quê?! Charles, o que está me dizendo? — Era bom que Harriet estivesse sentada, senã o suas pernas nã o teriam sustentado o seu peso. — Estou dizendo que a mulher de Laroche era doente, doente mental. Era uma mulher histé rica, que nunca deveria ter tido filhos. Nunca mais se recobrou, depois que o filho nasceu. — Como você sabe de tudo isso? André nã o pode ter lhe contado! — gritou Harriet, desesperada. — Nã o. Tudo o que ele me disse foi que sua mulher tinha morrido no hospital, depois de uma doenç a prolongada. A curiosidade... chame isso como quiser... me levou a fazer algumas investigaç õ es. A famí lia Rochefort nã o é completamente desconhecida naquela regiã o da Franç a. — Oh, Deus! — Harriet escondeu o rosto entre as mã os. As palavras de Charles tinham explicado tanta coisa, até aquela carta que recebera de André, depois do fim de semana em Paris, informando tã o educadamente que nunca poderia se casar com ela porque já era casado e nã o havia possibilidade de divó rcio. Os braç os de Charles circundaram os ombros de Harriet. — Sinto muito, querida, mas tinha de lhe contar. Você precisava saber. — Mas... mas o que posso fazer? Eu nunca soube. Nunca imaginei. Pensei que... Se eu ao menos soubesse... — disse Harriet, levantando a cabeç a e irrompendo em prantos. — É? E o que você faria? — Os olhos de Charles se fecharam. — Nã o sei... Nã o sei. — Os lá bios de Harriet tremiam. — Você contou a ele sobre a crianç a? Ela fez sinal que sim com a cabeç a. — O que ele disse? — Acho... acho que ele ficou abalado. ― Com razã o. Pobre homem! Ele já sofreu mais do que devia. —: Ele acha que eu o odeio — disse Harriet, engolindo em seco. — Mas você nã o o odeia. Ela negou com a cabeç a. — Tentei. Pensava que sim. Entã o eu o vi outra vez... —... Sabia que nã o o odiava? Ela afirmou com um gesto. — Eu o amo, Charles. Acho que sempre o amei. — Ele a ama? — Nã o sei. Acho que é muito tarde para isso. — Por quê? — Ora, Charles, nã o se pode usar e abusar das emoç õ es. Talvez, se eu soubesse... — Entã o é culpa minha. Devia ter-lhe contado. — Nã o seja tolo. André devia ter-me contado — disse, olhando para ele, com lá grimas nos olhos. Uma batida na porta do estú dio assinalou o fim da conversa. Susan colocou o rosto para dentro e parecia ansiosa, quando viu que Harriet estava chorando. — Qual é o problema? — exclamou ela. — Sr. Hockney! Ficou zangado com Harriet? — Nã o, nã o, nã o. Estivemos conversando sobre um... amigo comum, algué m que tem passado por uma onda de má sorte, ultimamente. Na segunda-feira, de manhã, Harriet foi à s compras. Assegurou-se de que Susan passaria a tarde distraí da com um quebra-cabeç a que Charles tinha lhe dado, e tomou um ô nibus para Kensington High Street. Tocou a campainha e foi o pró prio Charles quem veio atender à porta. — Harriet! Nã o esperava vê -la hoje — exclamou ele. — Sei que nã o. Mas enquanto Susan ainda estiver com os pontos, nã o há nada que eu possa fazer, entã o prefiro vir trabalhar do que ficar sentada, fazendo nada — disse Harriet, fechando a porta atrá s de si. Charles nã o fez nenhum comentá rio e ela lhe foi grata por isso. Queria tomar as ré deas de sua vida e ver se era possí vel apagar o que tinha acontecido. Ela nunca procuraria André, depois da maneira como o tinha tratado, e parecia imprová vel que ele a procurasse. A mã e de Harriet ligou na segunda à noite, para saber como a garota estava passando, e Harriet deixou que Susan falasse com a avó. Susan voltou do telefonema pensativa e Harriet começ ou a ficar preocupada quando ela soltou um suspiro, antes de afundar nas almofadas. — Alguma coisa errada? — Harriet era sensí vel à s mudanç as de humor da sobrinha e Susan parecia realmente perturbada. — Nã o. — E Susan afundou-se mais nas almofadas e cobriu o rosto. — Ora, o que é isso? O que foi que ela disse? — Harriet nã o estava acreditando. — Nada demais. Tia Harriet será que a gente podia ir ver a vovó? Acho que ela está muito preocupada com a minha perna. Harriet olhou para ela com olhos incré dulos. — Você quer ir a Guidford? — Bem, só por um dia, claro. Nã o seria tã o mau, seria? Quer dizer, você gostaria de ver sua mã e, nã o gostaria? — Você está aborrecida aqui? É isso o que está errado? Se estiver, só precisa dizer, querida. Eu nã o me importo. Imagino que nã o seja o mesmo que estar em fé rias, mas, até que sua perna cicatrize, nã o há muita coisa a fazer. — Eu nã o estou chateada! Eu gosto daqui. Mas... bem, vovó disse que me comprou um presente. — Ah! Entã o por que nã o me contou? — Harriet estava começ ando a compreender. — É um cachorro. — Susan sentia-se desconfortá vel. — Um cachorro! Um cachorro, hein? Bem, bem! Quem diria! — Harriet olhou para. ela, espantada. — O que você quer dizer? — Sua avó costumava nã o permitir animais em casa. É claro que ela pretende fazer uma exceç ã o, no seu caso. — Mas vai ser ó timo, nã o vai? Quer dizer, posso levá -lo passear todos os dias, quando minha perna melhorar. — E quem vai cuidar dele, enquanto você estiver aqui? — perguntou ela mansamente, colocando um dos braç os no apoio da cadeira. Susan ficou perturbada. — Posso trazê -lo comigo? — Acho que nã o. Nã o permitem cachorros nos apartamentos. — Nã o é verdade! — Susan parecia querer desmaiar. — É. E sua avó sabe disso — acrescentou Harriet, baixinho. Susansuspirou, parecendo tã o desventurada que Harriet ficou com dó dela. Afinal de contas, nã o era por culpa da menina que a avó estivesse tã o determinada a fazer as coisas à sua pró pria maneira. — Talvez seja melhor você voltar para a casa da vovó. Ela está certa. Você terá mais tempo para lidar com o cachorrinho durante as fé rias e eu acho que é ó timo ter um bicho — disse Harriet gentilmente. — Você acha, mesmo? Nã o quero que você fique sentida... — Susan parecia aliviada. — Querida você nã o vai me deixar sentida. Eu já tive as minhas fé rias. Vou voltar a trabalhar o quanto antes. Você vai para casa, divertir-se mais um pouco. O dia que Harriet passou em Guidford, na casa dos pais, nã o foi fá cil. Teve de levar com ela as anotaç õ es mé dicas, para que passassem pelo hospital local; teve de explicar també m como o curativo devia ser mudado e, assim, mostrou a linha dos pontos à sua mã e, que ficou horrorizada. — Oh, pobre crianç a! — a sra. Ingram exclamou, emocionada, e sua simpatia exagerada quase fez Susan chorar. Mas o filhote fez um grande sucesso e Harriet voltou, à noitinha, aliviada, deixando Susan a se divertir com o animal brincalhã o. Felizmente Susan nã o tinha ficado tempo suficiente no apartamento, para que Harriet se acostumasse à sua presenç a; de forma que, em poucos dias, ela tinha retornado à velha rotina. Mas nã o dormia bem e, porque tinha de cozinhar só para si mesma, nã o comia bem també m. Nos momentos em que estava acordada, era assolada pelo pensamento de que tinha destruí do a ú nica chance de felicidade que sempre buscara. Se tivesse de viver aquelas semanas na Franç a outra vez, sabendo o que sabia agora, como teria sido diferente o seu comportamento. Havia momentos em que considerava a possibilidade de voltar para Rochelac. Ela ainda nã o tinha deixado a casa nas mã os dos agentes para a venda e ficava imaginando a surpresa de André, quando visse morando ali outra vez. Mas entã o pensava em como iria se sentir, se ele a tratasse da mesma maneira como ela o havia tratado, e a covardia que existia dentro de si se recusava a aceitar tal confronto. Era inú til. Entã o, uma manhã, aconteceu uma coisa inesperada. Estava atendendo a um cliente quando a porta da loja abriu-se e Paul Laroche entrou. Ela tinha olhado automaticamente, mas seus olhos se arregalaram de assombro... e apreensã o quando viram o filho de André. Vestindo jeans e blusã o de algodã o, nã o era diferente dos milhares de rapazes que se encontram pelas ruas, mas nã o era també m o tipo de cliente que freqü entava a loja. Charles, vendo que Harriet estava ocupada, veio do fundo da sala para atender o rapaz. — Sim? — perguntou abruptamente e Harriet, tentando concentrar-se no que estava fazendo, ouviu um tom de censura carregada em sua voz. Charles devia estar pensando que o rapaz viera por outros motivos à loja e tentaria livrar-se dele. — Desculpe-me — disse ela, deixando o cliente a examinar um par de candelabros e interpondo-se entre eles. Charles olhou-a com impaciê ncia, mas Harriet voltou-se para ele e disse: — Conhece o filho de André, Charles? Charles parecia aturdido. Deixando que ele se recobrasse, virou-se para Paul. Ele estava muito mais magro e parecia ter perdido aquela arrogâ ncia que ela notou, naquele dia, em Rochelac. Talvez a cena que presenciara dela com seu pai tivesse mudado a maneira de se comportar em relaç ã o aHarriet. — Está me procurando? — Harriet tentava falar naturalmente, perguntando-se se alguma coisa teria acontecido a André. — Sim. Posso falar com você? — Pode usar o meu escritó rio — ofereceu Charles. Mas, notando a agitaç ã o de Paul, Harriet decidiu outra coisa. — Vamos sair e tomar um café juntos — disse ela, apertando o braç o de Charles na passagem, para que ele nã o sentisse que estava sendo desprezado. Era uma manhã ensolarada e eles andaram até o parque, parando para comprar duas latas de refrigerantes e castanhas. Paul comia as castanhas com avidez, como se estivesse faminto, e, olhando-o, Harriet ficou penalizada. — Quando você comeu pela ú ltima vez? — perguntou ela, e as faces de Paul coraram. — Ontem — declarou, defendendo-se, mas nã o olhou para os olhos dela. Com um suspiro, Harriet estendeu-lhe suas castanhas e embora fizesse um dé bil protesto, Paul comeu-as assim mesmo. Encontraram um banco no parque e entã o Harriet voltou-se para ele, com os olhos revelando preocupaç ã o. — E entã o? O que está fazendo em Londres? Paul tirou a argola de sua lata e bebeu antes de responder. Entã o, com um dar de ombros resignado, falou: — Fugi. — O quê?! Quando? Por quê? — Harriet estava horrorizada. — Há dez... talvez onze dias. Na noite em que... Bem, na noite em que vi você com o papai! — Oh, nã o! Mas, Paul... — Harriet olhava para ele, espantada. — Nã o se preocupe. Você nã o tem culpa. Eu devia ter acreditado... Mas ali estavam você s, e eu fugi... — disse ele, emocionado, e Harriettentava desesperadamente pensar no que fazer. — Seu pai sabe onde você está? — Acho que nã o. — Mas ele deve estar louco de preocupaç ã o! — Sim. Paul parecia pensativo e ela explodiu, finalmente: — Você nã o liga? — Você liga? — contra-atacou ele candidamente e entã o ela enrubesceu. — Eu... nó s... nã o estamos falando sobre mim. — Nã o estamos? Mas você també m fugiu, nã o é mesmo? — O queixo de Paul tremia. — Como soube que voltei para Londres? — Harriet arregalou os olhos. — Você nã o estava em casa. Onde mais podia estar? — Explique-me isso, por favor. O que estava fazendo lá na casa? — Harriet estava confusa. — Muito bem... Na noite. . = na noite em que vi você e meu pai, eu fiquei no castelo. Sabia que meu pai nã o ia pensar em me procurar ali e eu precisava de tempo para pensar. No dia seguinte, fui para a casa de minha tia, em Sarlat. Ela nã o suspeitou de nada, mas vi que nã o podia ficar lá muito tempo, portanto voltei a Rochelac. Queria ver você, falar com você. Mas você nã o estava. Tinha ido embora. Aí fiquei na casa e depois decidi vir para Londres. — Mas... você tem um passaporte? Como tem vivido? — Ela balanç ava a cabeç a, sem acreditar. Ele negou com a cabeç a. — Eu... emprestei um dinheiro de minha tia e... pedi carona. — Mas, Paul, como acha que seu pai está se sentindo, agora? — Nã o sei. Talvez nã o se incomode. — Você sabe que nã o é verdade. Ele... ele saiu à sua procura, naquela noite. Queria falar com você, explicar... — E o desaparecimento de Paul també m explicava por que ele nã o tinha voltado, pensou ela, fracamente. — E daí... Por que você fugiu? — Paul perguntou. — Nã o fugi, trouxe Susan para casa! — Harriet negava, embora soubesse que sim. — Mas meu pai se preocupa com você, nã o se preocupa? Você nã o se preocupa com ele? — Sim, eu me preocupo. É isto o que queria ouvir? — Queria vir para Londres, mas meu pai nunca teria deixado. Na verdade, foi uma desculpa. — Sei. — Mas quero voltar para casa, agora. — Como me encontrou? — Encontrei o telefone de sua mã e, no catá logo, e usei meus ú ltimos dois pences para ligar para você. Mas uma outra mulher atendeu, uma tal sra. Burns, que me disse que você estava trabalhando. E aqui estou eu. — Oh, Paul! — Harriet suspirava, agora. — Foi uma aventura, nã o? — Como vou fazer, para mandá -lo de volta à Franç a? Você nã o tem passaporte! — Você dará um jeito, estou certo. Mas ela nã o sabia bem como fazer para consertar a situaç ã o. De qualquer forma, devia isto a André: devolver-lhe o filho. E a ú nica pessoa que conhecia, que podia achar um jeito, era Charles.
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