Хелпикс

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Digitalização: Dores Cunha 9 страница



— E nã o tem nada a ver com o fato de que ele deve estar casado? Que

ele e Laura sã o marido e mulher, vivendo juntos, comendo juntos,

dormindo na mesma cama?

— Ah! — Catherine perdeu a compostura. — Que maldade falar essas coisas comigo. — Engoliu as lá grimas quentes que tinham demorado tanto achegar.

Tony deixou-a chorar um pouco e depois fez a volta na mesa até perto dela. Pô s o braç o em volta de sua cintura.

— Nã o sabe que é melhor chorar? As emoç õ es vã o se acumulando e, se nã o as solta, começ am a destruir você.

Catherine pegou o lenç o que ele ofereceu e esfregou os olhos.

— Sou tã o egoí sta! Você teve notí cias maravilhosas e eu estrago tudo.

— Bobagem! É para isso que existem os amigos. Nã o posso ser nada mais do que um amigo. Nã o me negue pelo menos isso.

— Ah, Tony! Eu amo Jared.

— Sei disso. Mas nó s dois sabemos que nã o adianta, nã o é? — Ela concordou, muda, e ele fez um gesto decidido. — Entã o, você tem que sobreviver e nó s temos que trabalhar.

Surpreendentemente, havia mais trabalho a fazer nas semanas seguintes do que antes. Foi preciso entrar em contato com arquitetos, estudar as plantas, modificá -las, e o conselho local fez sua parte ajudando a encontrar um lugar adequado. Escreveram cartas a construtores e companhias de construç ã o, alé m de fazerem o trabalho diá rio do centro de Ewling.

Catherine jogou-se de coraç ã o na tarefa, à s vezes trabalhando até tarde da noite, discutindo as prioridades de lazer com Tony e resolvendo o que viria primeiro nos está gios iniciais da construç ã o.

Estavam trabalhando, uma tarde, e já iam sair atrá s de alguma coisa para comer e beber, quando a campainha tocou. Catherine deixou Tony

limpando sua mesa e foi atender, dando um passo atrá s, ató nita, quando abriu a porta e viu no corredor o rosto iluminado de uma moç a.

— Laura! Deus do cé u, o que está fazendo aqui? Automaticamente, olhou sobre os ombros dela, mas nã o havia ningué m.

Estremeceu toda.

— Ei, Catherine — Laura deu um passo à frente. — Credo, você nã o está com a cara nada boa. Sinto muito se a assustei, mas fiquei horas esperando junto do seu apartamento, até que uma vizinha me disse que era possí vel que estivesse aqui. Entã o, vim. Posso entrar? É esse o famoso centro?

Catherine deu lugar, sacudindo a cabeç a, e Tony, que saí ra do escritó rio para ver o que estava acontecendo, exclamou:

— Ainda nã o é, famoso, Laura, mas vai ser] — Riu, empurrando a cadeira para a frente. — É uma surpresa mais que agradá vel. Nã o sabia que estava passando a lua-de-mel em Londres.

Catherine fechou a porta e encostou-se nela, fraca. Tony ia direto ao ponto, pensou, amarga. Mas talvez fosse melhor assim. Nã o havia motivo para evitar os fatos.

— Nã o estou em lua-de-mel. — A resposta de Laura foi um choque. Estendeu a mã o para que vissem. — Nem noiva, quanto mais casada. Acabou-se o casamento.

Falou descontraí da, só com uma ponta de tristeza na voz. Tony cruzou olhares com Catherine, viu como estava pá lida e mostrou o escritó rio dele.

— Entre um minuto. Nó s, Cat e eu, í amos jantar, mas podemos conversar melhor aqui. — Esperou até que as duas se sentassem e acrescentou. — E entã o, o que está fazendo em Londres?

Laura deu de ombros. Depois olhou para Catherine, com compaixã o.

— Eu podia dizer que vim encontrar você, mas nã o seria verdade. Mordeu o lá bio. — Nã o tem visto Jared, tem?

— Visto Jared? — Quase engasgou com as palavras. — O que quer dizer...

— Porque ele está aqui em Londres. Há dois meses.

— Dois meses? — Catherine percebeu que repetiu tudo o que a outra dizia, sem querer, como um papagaio.

Tony tomou a si as perguntas.

— E por que Jared viria a Londres?

Laura deixou os ombros caí rem e ficou esfregando o dedo sem alianç a, distraí da.

— Quem sabe? Ele disse que quer pintar aqui. Mas, pelo que vejo, nã o fez nada.

— Já o viu?

Catherine nã o conseguiu impedir que as palavras saí ssem, e Laura concordou:

— Hoje de tarde. Foi por isso que vim para a Inglaterra. Elizabeth tem se preocupado muito com ele. Nã o escreve, nem telefona. Nã o entrou em contato com ela de jeito nenhum. Ela só achou seu endereç o, porque por algum motivo ele o tinha dado aos seus advogados.

— E acabaram o noivado? — perguntou Tony.

— Acabamos. Algumas semanas antes de Jared sair de Barbados. Logo depois que você saiu, Catherine. Acho que deve saber porquê.

Catherine nã o conseguiu suportar aquilo tudo. Estava se sentindo mal, cheia de uma esperanç a absurda que fazia seus joelhos dobrarem e o estô mago virar como um caldeirã o fervendo.

— Está dizendo que Jared acabou o noivado com você por minha causa? sussurrou, sem acreditar, e Laura deu um suspiro.

— Nã o fique tã o surpresa. Nosso noivado nunca significou muita coisa. Agora percebo que só ficamos noivos para acalmar as fofocas depois que o pai morreu e ele e a madrasta ficaram sozinhos em casa. Depois que você chegou... Ora, sabe mais do que eu o que aconteceu.

’l — Mas... mas... — Catherine nã o encontrava palavras para dizer o que queria. — E por que ele nã o me disse nada?

— Achei que tinha dito e você lhe deu o fora.

— Eu? — A boca de Catherine ficou seca. — Mas ele nunca falou em casar comigo!

— Pensou que as intenç õ es dele eram outras? — Laura impacientou-se.

— Conhece Jared muito bem para saber que nã o havia saí da. Pelo amor de Deus, nã o percebeu que ele levou Tony a Barbados só para ver se você o amava?

— Amava quem? Jared ou Tony?

— Tony, é claro. Achava que você s dois estavam apaixonados e queria verdeperto.

Catherine levantou-se da cadeira e ficou andando de lá para cá, perplexa. É claro que Laura nã o sabia da histó ria da gravidez! Subitamente, entendeu

o que Jared quis fazer. Achou que estava esperando um filho de Tony. Quis ver qual o tipo de relaç ã o que tinham. Teria casado com ela, apesar da crianç a, se chegasse à conclusã o de que nã o se amavam mais? Oh, Deus, fazia um sentido maluco, mas fazia. E ela lhe dera o fora! Virou-se para Laura.

— Onde está ele?

— Jared? — Hesitou. — Nã o sei se devo lhe dizer.

— Por que nã o? Deu de ombros.

— Acho que nã o gostaria de vê -lo. Está tã o mudado! Rude, sujo. Se deu o fora nele em Amaryllis, vai fazer coisa pior, agora.

— Onde está ele? — teimou Catherine. Tony disse, calmamente:

— É melhor contar a ela, Laura.

Laura hesitou mais um pouco, depois abriu a bolsa e tirou um pedaç o de papel.

— O endereç o é esse. Mas aviso a você que ele pode nã o querer vê -la. Nã o queria que eu entrasse, eu, que tinha voado cinco mil quiló metros.

Catherine leu.

— Coniston Street? Onde é isso? Tony franziu a testa.

— Nã oé Chelsea? Acho que é.

— Nã o sei — respondeu Laura, indiferente. — Fui de tá xi. Acho que o motorista mencionou King’s Road.

— É Chelsea — disse Tony. — Agora tenho certeza. Nã o é longe do campo de futebol, Cat.

— Eu encontro. — Catherine já estava pegando o casaco. Parou na porta. — Ah, Laura, muito obrigada.

A outra deu de ombros, indiferente.

— Nã o me agradeç a, ainda. Pode acabar sendo uma viagem inú til.

Nã o foi fá cil achar um endereç o desconhecido, à luz das lâ mpadas da rua. Um policial indicou-lhe o caminho, mas assim mesmo ela quase nã o virou na hora certa e escutou um carro buzinando barulhentamente, atrá s dela.

Coniston Street era um corredor de velhas casas vitorianas, já meio maltratadas, atualmente convertidas em apartamentos. O nú mero, no papelzinho que Laura lhe dera, era quarenta e sete, no meio da rua, do lado

esquerdo. Catherine conseguiu apertar seu carro entre um velho Vauxhall e uma camionete de entregas, a impaciê ncia fazendo com que demorasse duas vezes mais do que devia.

Subiu os degraus até a porta e viu a relaç ã o de nomes com campainhas individuais. Dois nomes muito complicados para se pronunciar, um Philips, um Kenilworth e um Brown. E só. Examinou-os outra vez, já um pouco aflita. Ahmed Mahdu... Desistiu do resto. Esse, definitivamente, nã o era Jared. Viktor Czyviarchos. Balanç ou a cabeç a. M. Philips. Maurice Kenilworth. J. Brown. Brown. Mexeu na bolsa e tirou o papelzinho. O nú mero era quarenta e sete. Melhor tentar. Se pelo menos Laura tivesse explicado! Mas quem poderia culpá -la por dificultar um pouco as coisas?

Apertou o botã o ao lado de J. Brown e esperou. Nã o aconteceu nada. Apertou de novo, e de novo nã o aconteceu nada. Suspirou e deu uns passos para trá s, para olhar as janelas da casa. Havia luz em muitas delas.

Subiu os degraus, apertou o botã o de J. Brown, e, quando nã o responderam, apertou o M. Philips. Nã o sabia se o senhor ou senhora esperava visitas, nunca descobriu, mas a porta se abriu e ela entrou, satisfeití ssima.

Engoliu em seco ao ver um grupo de hindus no saguã o. Mas sorriram, educados, e impulsivamente ela perguntou se sabiam onde encontrar o sr. Brown.

— No ú ltimo andar — disse um deles, imediatamente, apontando a escada. — Dois andares acima.

— Obrigada. — Esperou até que fechassem a porta, antes de começ ar a longa subida.

Já estava sem fô lego quando chegou no segundo andar, e ficou respirando fundo antes de resolver em qual porta bater. Passou a mã o pelos cabelos e, decidida, bateu na porta à esquerda.

Para sua surpresa, a porta abriu-se imediatamente e uma voz zangada protestou.

— Por Deus, Laura... — Parou, subitamente, ao vê -la.

Catherine encarou-o por um longo momento e depois disse, calmamente:

— Posso entrar?

— Tinha se assustado com a aparê ncia dele, nã o podia negar, e, quando ele lhe deu lugar para entrar no apartamento, moveu as pernas quase automaticamente. Estava tã o magro, abatido, com os cabelos pelos ombros

e a barba enorme. Nunca o teria reconhecido como o arrogante dono de Amaryllis ou como Jared Royal, pintor de retratos e paisagens. No entanto, naquele estado parecia-se mais com a imagem que todo mundo fazia de um artista. Se queria se disfarç ar, alcanç ara sucesso absoluto. Mas a que custo?

O apartamento era pequeno e mal arrumado, com um cheiro de bebida e cigarros velhos. Um pé direito que diminuí a fazendo com que as janelas fossem baixas e, atravé s delas, podia-se ouvir o barulho do trá fego da cidade. Catherine deu uma olhada em volta e exclamou, frustrada:

— Oh, Jared! Podia ter arranjado coisa melhor que isso!

Ele tinha fechado a porta e parecia se recuperar do susto de encontrá -la.

— É bastante bom para mim — disse, á spero. — Desculpe a bagunç a. Nunca fui muito bom em trabalhos caseiros.

Catherine respirou fundo.

— O que está fazendo em Londres, Jared? Disse que nã o gostava daqui. Ele deu de ombros.

— Achei que era hora de expandir meus horizontes.

— Mas... — Catherine tornou a olhar em volta. — Onde está seu material de pintura? Fez alguma coisa, depois que chegou?

Jared levantou a cabeç a, olhando-a com um resto da antiga arrogâ ncia.

— Acho que nã o tem o direito de fazer uma pergunta dessas.

— É claro que nã o, mas encontrar você assim...

— Como foi que me achou? Laura lhe disse, aposto. Catherine concordou.

— Ela foi até o centro.

— Ainda está trabalhando lá, entã o?

— Claro.

Ele sacudiu a cabeç a.

— O que veio fazer aqui, Catherine?

— Ver você, é claro.

— Por quê? Laura lhe disse que lugarzinho imundo era esse? Queria ver com os pró prios olhos?

— Nã o! — Respirou fundo. — Jared, você precisa me dizer... por que rompeu o noivado com Laura.

Ele foi devagar até uma garrafa de scotch numa mesinha baixa. Levantou a bebida e mostrou-a a Catherine, que sacudiu a cabeç a, recusando eobservou-o beber. Estava usando jeans e, ao se inclinar, a camisa se abriu na cintura e ela viu quadris estreitos, ossudos. Era a ú ltima gota. com um

soluç o, deixou cair a bolsa no chã o e correu para ele, passando os braç os em sua cintura, por trá s, e apertando o rosto contra a fazenda dura e suada.

— Jared, Jared — murmurou, com o rosto ú mido de lá grimas. — Jared,

eu amo você!

Ele se endireitou quando ela o tocou e ficou imó vel por um minuto.

Pousou o copo na mesa, e virou-se afastando-a um pouco.

— Agora, escute — disse, rouco. — Nã o preciso de sua piedade, Catherine.

— Piedade? Jared, se tenho pena de você, tenho mais ainda de mim. Por todo esse tempo que perdemos.

Ele a repeliu, passando a mã o pelos cabelos, tré mulo.

— O que foi que Laura lhe disse? Por que veio aqui? Por que agora?

— Nã o podia vir antes, nã o sabia onde você estava.

— Nem procurou descobrir, nã o é?

— Descobrir? — Ficou confusa. — Como poderia descobrir? Nã o tive contato com você, desde que vim embora.

— Mas Liz lhe escreveu, contando que eu tinha rompido o noivado.

— Elizabeth me escreveu? — Catherine piscou, agitada. — Quando foi que me escreveu?

Jared sacudiu a cabeç a.

— Nã o sei exatamente. Depois que eu lhe contei que tí nhamos acabado

tudo.

— Mas nã o recebi carta nenhuma! Ele apertou os olhos.

— Deve ter recebido.

— Já disse que nã o! — Fez um gesto de desâ nimo. — E o que adianta? Você nã o acredita em mim, nã o é? Jared deu um passo em sua direç ã o.

— Pedi a Lí z para lhe escrever. Oh, meu Deus, nã o sabia o que fazer, o que dizer...

Catherine prendeu o fô lego.

— Você viu a carta?

Jared franziu a testa.

— Nã o sei. Nã o, acho que nã o. — Fechou os olhos. — Ela nã o escreveu, é isso que quer dizer?

— Se acredita em mim.

Abriu os olhos de novo, encarando-a fixamente.

— Tenho que acreditar em você — murmurou. — Por minha saú de mental. — Deu outro passo em sua direç ã o. — Entã o, nã o sabia que Laura e eu...

— Nã o. Achei que estavam casados. — E Laura lhe contou a verdade.

— Hoje à noite.

— E isso fez uma grande diferenç a? Nada mais?

— O que mais poderia...

Ele hesitou e depois concordou:

— Verdade. O que mais?

— Ah, Jared, atravessei o inferno!

— Nã o o mesmo inferno que eu — gemeu e, sem poder se impedir, puxou-a para seus braç os, tremendo inteiro. Enterrou o rosto no pescoç o dela, a barba grossa contra sua pele macia, segurando-a bem perto. — Meu Deus, meu Deus, eu a amo, Catherine!

Quando ela esperava que a beijasse, Jared se afastou de novo, tremendo e passando as mã os pelos cabelos.

— Nã o adianta. Nã o posso beijá -la. Há dias que nã o tomo um banho e nem me lembro de quando comi pela ú ltima vez. Acho que foi ontem, ou anteontem.

— Jared!

Pegou o braç o dele, mas o rapaz se desvencilhou, e Catherine percebeu que estava quase desmaiando de fraqueza.

— Deixe que eu tome banho e mude de roupa. Depois vou ficar bem.

— Nã o vai ficar bem coisa nenhuma — protestou, quase chorando, apesar de saber que as lá grimas nã o adiantariam nada. — Nã o está se cuidando, nã o é? Meu Deus, Jared, pense que mais dois meses, e estaria morto.

Ele se apoiou nas costas da poltrona, forç ando um sorriso.

— Eu nã o tinha por que viver, tinha? — perguntou, tentando fazer graç a, mas Catherine sentiu uma onda de raiva primitiva por Elizabeth, por deixar que isso acontecesse.

Ela devia saber como ele estava mal, pois viera para Londres, lugar que odiava. Mas tinha dado um jeito para que ele continuasse pensando o pior: isto é, que Catherine nã o o amava. Se nã o tivesse ficado preocupada e pedido a Laura para ver o que estava acontecendo...

É claro que nunca imaginaria que Laura a procurasse. Logo a ela, sua rival. Tinha se esquecido do cará ter bom e manso da moç a e de seu interesse pelo centro de reabilitaç ã o de Tony. Teria sido esse o modo de Elizabeth se vingar dos dois? Mas, mesmo ela, nã o podia fazer idé ia do estado de saú de de Jared.

— Onde é o banheiro? — perguntou Catherine, e ele apontou a cozinha.

— Por ali.

Tentando esquecer o quanto queria tomá -lo nos braç os, ela passou por ele e acendeu a luz da cozinha pequena e bem suja. Uma rá pida exploraç ã o mostrou um banheiro que se escondia atrá s da pia, grande e até limpo. Gostaria de levá -lo para seu apartamento, moderno e có modo, mas imaginava que ele nã o teria forç as para descer aquela escada e subir outra. Tinha que se arranjar com o que havia por ali. Abriu a torneira para encher a banheira.

Jared chegou na porta, encostando-se no batente para se apoiar.

— O que está fazendo?

— Enchendo a banheira.

— Posso fazer isso.

— Nã o, nã o pode. — Resistiu, quando ele segurou seu pulso. — Vê, nem tem forç as. — Ansiosa, mostrou sua camisa e calç as. — É melhor começ ar a tirar a roupa.

Ele fez uma cara de desprezo.

— Nã o vou deixar você me dar banho.

— Eu nem ia oferecer — respondeu, pondo mais á gua quente na banheira. — Depressa. Nã o vai demorar muito. Depois, vou lhe fazer uma comida quentinha.

— Nã o estou com fome.

— Mas vai ter que comer alguma coisa.

— Está me dando ordens? Catherine corou.

— Estou.

Ele deu de ombros e, obedientemente, começ ou a abrir o zí per da calç a. Era incrí vel tê -lo assim à sua mercê, mas ela suspeitava de que nã o ia durar muito. Depois que recobrasse a forç a... Mas aí... seria diferente.

Virou de costas quando ele entrou na banheira e entregou-lhe o sabã o, perguntando:

— Onde estã o suas roupas limpas?

Ele suspirou, relaxando na á gua, preguiç oso, muito sensual.

— Acho que estã o na gaveta da có moda. — Olhou-a com emoç ã o, e aquele olhar fez com que ela prendesse o fô lego. — Vem cá.

Catherine sacudiu a cabeç a, um pouco relutante.

— Agora, nã o. — Foi andando em direç ã o à porta. — Dê um grito, quando acabar.

O quarto dele era pequeno, só com uma cama, abrindo para a sala de visitas, e esses trê s aposentos formavam o apartamento. Catherine fez uma careta para a cama mal arrumada e os lenç ó is amassados; arrancou as cobertas e jogou a roupa de cama para lavar. Achou lenç ó is limpos numa gaveta e fez a cama de novo, com prazer.

As roupas dele estavam em desordem nas gavetas e ela puxou um monte de camisas e meias misturadas com uns papé is, que caí ram no chã o. Ao curvar-se para pegá -los, viu uma có pia de um cheque para um banco de Londres com a mesma data que há poucas horas era o assunto mais importante do centro. Nã o podia ser uma coincidê ncia. Sentou-se na’ cama, olhando, incré dula, para o cheque.

Devia ter desconfiado, pensou, apesar de que nã o podia entender por que Jared tinha doado uma soma tã o grande. Devia ter desconfiado, mas nã o conseguia entender o motivo da doaç ã o. Mas tinha sido feita. Estava lá em branco e preto. E outros papé is só confirmavam a doaç ã o.

Olhou atravé s da sala de visitas para a parede da cozinha. Será que era por isso que ele havia perguntado por que tinha ido lá? Teria medo de que Laura revelasse o que tinha feito?

Ela ainda estava lá, sentada, quando o escutou saindo do banheiro. Guardou os papé is, sabendo que nã o devia falar nisso agora. Nã o havia encontrado sua roupa de baixo, mas encontrou um roupã o azul-marinho e foi até a cozinha com ele.

Jared estava perto da pia quando ela entrou, a toalha amarrada nos quadris, fazendo a barba. Tinha lavado os cabelos, que estavam ú midos e despenteados. A barba desaparecera. Parecia anos mais moç o, ainda que magro. Tirou a espuma do queixo e virou-se para ela.

— Eu... — A boca de Catherine estava seca. — Nã o encontrei sua roupa de baixo e trouxe isso. — Esticou o roupã o.

— Obrigado.

Veio pegar o roupã o. Mesmo descalç o, era muito mais alto do que ela, de sapatos altos. Tirou a toalha, deixou-a cair no chã o e, com uma exclamaç ã o abafada, abraç ou-a, procurou sua boca. Beijou-a, faminto.

— Hum, Catherine, você cheira tã o gostoso! — gemeu, segurando o zí per nas costas do vestido e puxando-o para baixo.

—  Você deve estar com fome... — ela conseguiu dizer, sem fô lego, mas ele a apertou mais.

— Só tenho fome de você. Só de você. — Ignorando seus protestos, carregou-a, desequilibrado, até a sala de visitas e depois para o quarto. Colocou-a na cama. — Nã o faç a nada, Catherine — implorou, e ela passou os braç os em seu pescoç o, puxando-o para bem perto.

— Eu nã o ia impedir nada, querido.

Algum tempo depois, Jared esfregou o rosto contra seu ombro nu, a mã o possessiva em seu pescoç o.

— Catherine — murmurou, rouco. — Eu errei tanto!

— Você gosta de mim? — sussurrou ela, virando a cabeç a no travesseiro para olhá -lo.

— Se gosto? — Deu uma risada. — Minha querida, ningué m poderia amar você tanto quanto eu. Eu é que tinha que fazer essa pergunta.

— Se gosto de você? — murmurou ela, espreguiç ando. — Hum, nem um pouquinho.

Jared disse uma palavra que deixou-a arrepiada e acariciou sua boca com a dele.

— Nã o deixaria você ir embora. Mesmo quando soube... Interrompeu-se com uma careta. — Ah, droga! Vamos casar logo que eu conseguir uma licenç a, e algo me diz que nã o vou deixá -la partir até que um pedaç o de papel diga que é legal.

Catherine pendurou-se no pescoç o dele.

— Eu nã o poderia deixá -lo. — Passou os dedos por seus cabelos..., adoro você,

Os olhos dele se escureceram, apaixonados..

— Sabe o que está pedindo, nã o sabe? Sei Ela sorriu.

— Tenho que ligar para Tony. Contar que está tudo bem. Jared olhou-a, possessivo.

— Tony... Se soubesse como odeio esse nome!

Catherine encostou os dedos em sua boca.

— Pobre Tony!

— Pobre Tony coisa nenhuma! Ele me deixou tantas noites sem dormir! Podia ter matado você naquele dia. no aeroporto. Estava me preparando para pedi-la em casamento, apesar de... sabe apesar do quê. Quando vi Tony, nã o sabia em que acreditar. Catherine hesitou.

— Casaria comigo sabendo que eu estava grá vida? Jared enterrou o rosto em seus seios.

— Sabia que nã o casaria com ningué m, a nã o ser você.

— Meu querido!

Ele levantou a cabeç a.

— Tantas coisas conspiraram contra nó s! Nã o estou culpando você. Fiquei ressentido com o efeito que teve em mim desde o começ o. Acho que era mais fá cil ser mal-educado com você, para mantê -la à distâ ncia.

— E havia Laura.

— É, Laura. Nã o deví amos ter ficado noivos. Mas Liz me convenceu de que era uma boa idé ia. — Olhou-a, franco. — O que quer que tenham contado a você, nunca houve nada entre Liz e eu. Era a mulher de meu pai e eu a respeitava.

— Mas naquela noite que está vamos na praia... Ela disse que você conversou com ela sobre o casamento. Foi... quando voltou?

— Meu bem, só voltei à s sete. Depois que saiu e me deixou na estrada, fiquei furioso. — Puxou uma mecha de seus cabelos. — Tenho que pensar num castigo para isso. Fiquei na praia até o sol nascer e depois voltei a pé. Ela falou comigo quando eu estava pondo as coisas no carro.

— Sobre o casamento?

— Catherine, eu estava tentando me convencer de que você nã o significava nada para mim. Mas nã o podia fazer isso se ficasse em casa. Nã o confiava em mim e tive que fugir. Sabe como tive sucesso. Voltei e encontrei você... e Laura nos encontrou.

— Foi tã o mau para ela, naquele dia!

— Eu sei, eu sei. Mas, Catherine, estavam me amarrando, ela e Liz. Sabia o que Liz estava fazendo. Eu via que ela nã o gostava de você e tinha medo de que nó s casá ssemos se ela nã o mexesse seus pauzinhos. Mas eu nã o podia levar aquela farsa adiante. Ficar com você, ver você, tinha ciú mes de todo homem que se aproximava, incluindo aquele playboy do Dexter.

— Mas deixou que eu fosse embora.

— Nã o podia segurá -la à forç a e, depois daquela cena na biblioteca, pensei que nunca me perdoaria. Fui ao aeroporto. Vi você entrar no aviã o.

— Ah, era você!

— Era. — Suspirou. — Na noite em que você chegou a Amaryllis, fui eu que a coloquei na cama. Nã o sabia, sabia? Susie fechou as venezianas e tirou as flores, mas eu tive que ter certeza de que você estava bem. Foi quando comecei a me ressentir do poder que exercia sobre mim.

Catherine hesitou.

— Por que fez a doaç ã o ao centro, Jared? Ele franziu a testa e praguejou.

— Como sabe sobre isso?

— Quando eu estava procurando suas roupas limpas, encontrei uns papé is. Nã o li de propó sito, mas vi o cheque...

Parou e olhou-o, ansiosa, com medo de que ficasse furioso com ela. Mas ele se descontraí a de novo.

— Acho que lhe contaria, mais cedo ou mais tarde. como minha mulher, terá acesso a todos os meus negó cios. — Riu, enviezado. — Nã o foi o ato desapegado que parece. Achei que talvez... se tivessem dinheiro suficiente para construir o centro... você poderia se chatear com o projeto e voltar para Barbados.

— Jared! — Inclinou a cabeç a e beijou seu peito. — Nã o queria outra coisa!

Fez-se silê ncio no apartamento e Jared rolou na cama, aprisionando o corpo dela debaixo do seu.

— E agora, estou com fome. Escutei algué m falar sobre comida?

Seis semanas depois, Catherine e Jared andavam descalç os pela praia de Flintlock, abraç ados pela cintura. A tarde caí a e o sol se punha em gló ria dourada sobre o oceano.

— Está na hora de voltar — murmurou Catherine, relutante, e Jared apertou-a mais. Cinco semanas de casamento tinham feito bem a ele, que engordara e se descontraí ra completamente.

Naquela noite haveria um jantar em Amaryllis, a primeira festa depois da volta deles, e os convidados de honra seriam o governador-geral e a mulher. Jared acabara, afinal, sua encomenda, e ia apresentá -la.

— Vamos — disse ela, andando em direç ã o à casa da praia. — Tenho uma coisa para lhe mostrar.

Catherine esperou até que ele entrasse e acendesse umas velas e o seguiu.

— A lâ mpada está queimada?

Jared riu.



  

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