Хелпикс

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Digitalização: Dores Cunha 6 страница



Ficou um pouco na espreguiç adeira perto da piscina e depois passou pelos jardins. O irmã o de Henry estava podando as cercas em volta das quadras de té nis, e seus olhos castanhos quase saltaram das ó rbitas ao vê -la com o short vermelho e bustiê branco. Corando, Catherí ne bateu em rá pida retirada, voltando para a beira da piscina e ficou lá, distraí da.

O que estaria Jared fazendo? Trabalhando? Achava mais fá cil concentrar-se na casa de praia, perto do surf que amava, do que entre as quatro paredes de seu estú dio? Seu estú dio...

Virando-se, olhou para o segundo andar- da casa. Era por ali. Sabia que era. Uma vez, tinha perguntado a Susie ao encontrá -la levando uma bandeja lá para cima. Havia uma segunda escada no fim do corredor, na extremidade oposta ao seu quarto. Mas ningué m subia lá, a nã o ser a convite.

Descontraí da, entrou em casa. Lily estava na sala de almoç o tirando a mesa do café da manhã e olhou-a, curiosa.

— Quer alguma coisa, srta. Fulton?

— Nã o, nada, obrigada. Só vou até o meu quarto pegar um livro, Lily aceitou a explicaç ã o e continuou seu serviç o. Catherine atravessou a sala e subiu a escada correndo. No patamar, parou. Será que ia mesmo ivadir o estú dio dele? Teria coragem de fazer uma coisa dessas? E se fosse descoberta?

Suspirou, zangada com a pró pria indecisã o. Ningué m sabia que ela nã o tinha permissã o para entrar ali. Alé m do mais, nã o ia fazer nada de errado. Só queria ver onde ele trabalhava e examinar suas telas. Seguiu pelo corredor, muito confiante. Se algué m a visse era melhor que parecesse saber para onde ia.

Chegou ao fim do corredor sem incidentes, e lá estava a escadinha que ia ao segundo andar. Respirou fundo, pô s o pé no primeiro degrau, disse adeus aos escrú pulos e à consciê ncia e subiu.

Chegou em um pequeno hall com duas portas. Qual escolher? Mordeu u lá bio e virou a maç aneta da primeira. Era um banheiro. Abriu rapidamente a segunda.

Encontrou-se em um apartamento enorme, que se estendia quase que pela casa inteira, com janelas compridas para que entrasse o má ximo de luz, mas agora as venezianas estavam fechadas. Como na casa de praia,

as paredes estavam cheias de telas, mas havia també m mesas de desenho,

com potes e tubos de tinta, ó leos, vernizes e vasilhas com pincé is,

arvõ es. facas. Era uma verdadeira caverna de Aladim.

Catherine fechou a porta, recostou-se contra ela, saboreando as delí cias da exploraç ã o. Havia um cavalete no meio da sala sem tela.

Imaginou que Jared tinha levado à que estava sobre ele. O retrato da

esposa do governador, talvez. A encomenda que, no momento, tomava todo o seu tempo.

Suspirou, endireitou-se e foi andando com muito cuidado para nã o fazer barulho sobre as tá buas do assoalho. Havia uma porta no fim da sala, que ela abriu. Como esperava, viu um segundo corredor com mais portas. Era prová vel que antigamente essa porta superior fosse exatamente do tamanho dos andares inferiores, mas a necessidade de aumentar o estú dio tinha dividido a casa. Por que será que o estú dio nã o tinha sido feito do outro lado? A resposta veio naturalmente. As janelas onde Jared trabalhava tinham uma vista magní fica do mar. Atravessou a sala outra vez, abaixando-se para examinar algumas das telas encostadas nas paredes. Pintavam uma variedade enorme de temas, desde retratos, paisagens, figuras presas para sempre em cenas cheias de cor e paixã o. Trabalhadores do campo com suas foices refletindo o sol, Os rostos escuros e alertas, dentes brancos. Os iates no porto de Careenape os policiais do porto em seus uniformes, os crustá ceos dentro das redes. Pescadores e marinheiros, vendedores do mercado com seu material, as rodas tortas de suas carroç as, tudo numa dimensã o que Catherine nunca vira. Moinhos de vento e casas de fazenda arruinados, as velas de uma escuna ao pô r-do-sol.

Ficou deslumbrada, fascinada pelo talento dele. Virou as telas, sem se sentir uma intrusa, atenta como se estivesse numa exposiç ã o de arte que precisava ser compartilhada, vivida.

Atrá s das telas, um caderno de esboç os, coisas rá pidas feitas a carvã o. Folheou-o e arregalou os olhos, incré dula. Seu pró prio rosto a olhava de volta em vá rias expressõ es diferentes: triste, pensativa, alerta, excitada, teimosa, provocante. Mas nã o só seu rosto; o corpo també m, sem roupa e mostrando sinais de gravidez.

Abriu a boca, entre admirada e desgostosa, e ficou ali, com os desenhos na mã o. Escutou passos na escada e logo depois a porta do estú dio se abriu. Achou que fosse Susie, Henry ou mesmo Elizabeth. Mas era Jared que a olhava, e as mã os dela tremeram incontrolavelmente ao ver a expressã o dele.

— O que está fazendo? — perguntou, atravessando a sala e arrancando os esboç os de sua mã o. — Quem lhe deu permissã o para vir aqui? Onde está Liz? Nã o acredito que permitisse tal coisa!

Catherine estava de joelhos e continuou assim. Nã o via Jared desde que tinha saí do correndo na moto, deixando-o sozinho na praia. Olhou para ele, paralisada de susto e emoç ã o.

— Bem? é muda, alé m de surda? O que está fazendo aqui? Catherine respirou fundo.

— Acho que é ó bvio: queria ver como você trabalhava. Estava curió sa. É um pecado?

— Devia ter me pedido.

— Ah, é? E você teria deixado? Bem, já nã o tem mais remé dio. Sinto muito, se nã o gostou.

— Ah, sente? — Jogou os esboç os de lado e levantou-a, sem cerimô nia. — Nã o minta para mim, Catherine. Conheç o você muito bem! Nã o está nada arrependida e diz isso da boca para fora, só porque foi apanhada em flagrante! — Suas mã os a machucavam. — Espero que esteja satisfeita, agora!

Olhou o rosto moreno dele, sem medo. Aproximou-se, encarando-o e zombando de sua raiva selvagem.

— E você, está satisfeito?

Sentiu as mã os dele descerem por seus braç os, pela cintura, mais baixo... Jared a olhava, pá lpebras pesadas, lá bios contraí dos, sentindo que Catherine sabia o quanto era fraco diante dela. — Você devia estar na casa da praia.

— Eu sei, eu sei. Mas tive que voltar. Precisava de algumas coisas...

— Que coisas’? — perguntou ela, estendendo a mã o para acariciar seu peito, mas ele a repeliu e, com um esforç o supremo, empurrou-a para longe.

— Saia daqui! Saia antes que eu lhe dê a surra que merece!

Catherine começ ou a tremer mas nã o deixou que ele visse que a havia magoado.

— O que vai fazer com esses desenhos?

— Esses? — Pegou-os sobre a mesa onde os tinha jogado há minutos.;;; - O que vou fazer com eles? O que sempre faç o com o que me desagrada. Destruí -los! — Antes que ela percebesse sua intenç ã o, ele tinha rasgado os desenhos em pedacinhos e jogado tudo na cesta de papé is.

Catherine ficou ató nita. Tã o brilhantes, tã o vivos, uma parte dela, destruí dos era como destruí -la um pouco...

— Você... você... seu porco! — engasgou, olhando para os papé is espalhados cOmo um grande quebra-cabeç as que nunca mais poderia ser montado.

— Agora, talvez me deixe em paz! Você tem que morar na minha casa, mas isso é insuficiente!

— Por que fez aqueles desenhos?

— Sabe por quê.

— Maternidade pagã! Mas nunca posei para você. Laura sabe disso?

— Nã o ponha o nome dela no meio!

E por que nã o? Ela tem tanto orgulho de você... Achei que seria a Primeira a cumprimentá -lo por sua imaginaç ã o tã o ví vida.

— Cale a boca! — Ele a agarrou pelo pescoç o. — Eu poderia matá -la. Podia acabar com sua vida e sumir com seu corpo sem que ningué m soubesse.

— Poderia, mesmo?

Ele respondeu, com um suspiro vencido: — Nã o! Nã o! — Estremeceu ao puxá -la para si, as mã os escorregando por seus ombros e braç os encontrando as dela e segurando-as com forç a. — Oh, Catherine! Catherine!

Falou seu nome junto de sua boca, abrindo seus lá bios com a lí ngua e beijando-a. Catherine enlaç ou-o pela cintura e depois segurou-o pelo cinto do jeans, chegando mais perto.

Ele parecia tentar se controlar, mas o macio contato do corpo dela acabou com as resistê ncias. Sua boca se encheu de paixã o, possuindo a dela com uma urgê ncia que a deixou fraca, recostada nele.

— Isso é uma loucura! — protestou ele, junto aos seus cabelos. — Pelo amor de Deus, me beije! Outra vez, Catherine. Sabe o que vou fazer com você, nã o sabe? é claro que sim...

— Pare de se atormentar, Jared. Você nã o entende.

— Eu nã o quero...,

— Jared, Jared. está aí? Catherine está com você?:

— Laura!,

A rouca exclamaç ã o de Jared só foi ouvida pela mulher em seus braç os, A voz de Laura ecoava claramente na escada estreita, e as pernas de Catherine se recusavam a sustentá -la. Quando Jared se afastou, ela mergulhou para o chã o.:

Ele deu uma olhada desesperada em sua direç ã o, passou a mã o pelos cabelos e foi até o topo da escada. Se sua voz estava um pouco incerta ao responder à noiva, só Catherine percebeu. Escutou os passos de Laura subindo à escada e entã o, decidida, levantou a cabeç a quando a outra entrou no estú dio.

— Ah, está aqui, Catherine! — exclamou ela, e mais uma vez Catherine se espantou com sua capacidade de nã o ver nada que nã o lhe interessasse.

Será que nã o suspeitava do que estava acontecendo? Nã o percebia o olhar meio tonto e opaco de Jared?

Aparentemente, nã o. Laura pô s a mã o no braç o do noivo e olhou-o cheia de adoraç ã o.

— Vim ver Catherine. Fiquei louca com as novidades e precisava partilhá -las com algué m. Mas quando Lily me disse que você estava

— Ficou na ponta dos pé s e beijou-o no rosto. — Ah, querido, muito obrigada!

Jared parecia precisar de um drinque. Desvencilhou-se dela, atravessou a sala e foi até a janela.

Nã o me agradeç a, Laura. Foi idé ia de Liz. Nem acho que foi boa.

Entã o, tinham discutido a questã o!

Catherine levantou-se com dificuldade, vendo o ar de seguranç a de laura desaparecer.

— Eu... vou descer... — começ ou, sem jeito, mas Jared virou-se para ela, com as mã os apoiadas na janela.

— Por quê? — perguntou ele. — Nã o quer escutar meus argumentos, minhas razõ es?

— Jared! — Olhou para Laura, sem saber o que fazer.

— O que há de errado? — Ele parecia estar resolvido a se destruir. Laura sabe o que está acontecendo, nã o sabe, Laura? Só nã o quer dar o braç o a torcer.

— Jared!

Catherine ficou vermelha como um tomate. Laura, pelo contrá rio, empalideceu. Ficou aqui, escutando o que ele dizia, e, apesar de quase nã o mudar de expressã o, parecia congelada.

Catherine estremeceu. Que coisa horrí vel! O que Jared ia fazer? Como podia dizer que amava algué m, tratando-a assim, com tanta maldade? Será que nã o se importava com o que Laura sentia?

— Está certo, Laura?

Ele parecia decidido a ter uma resposta; a moç a sacudiu os ombros num gesto desarmado.

— Eu nã o devia ter vindo aqui — disse, tré mula. — Já percebi. Você está nervoso porque nã o acabou a encomenda...

— Para o diabo com essa encomenda! Nã o escuta nada do que eu digo? Eu estava beijando Catherine, Laura, está me escutando? Estava com ela nos braç os. Se nã o nos tivesse interrompido, teria feito amor com ela.

— Nã o.

Agora foi Catherine que o interrompeu e ele virou-se para fuzilá -la com

os olhos.

— O que quer dizer com ”nã o”?

— Quero dizer nã o. Nã o teria feito amor coisa nenhuma!

— Nã o conseguiria que eu parasse. Você se esquece que eu a conheç o Catherine. Sei tudo sobre você. E uma vez provado o fruto do prazer...

A mã o de Catherine estalou no rosto dele. Bateu por ela e por Laura. e por toda a agonia que ambas sentiam.

Pensou que Jared ia devolver a bofetada. A mã o dele se mexeu, mas foi até o pró prio rosto, explorando as marcas que ela causara. Laura deu um soluç o de dor e se colocou entre os dois, puxando a mã o de Jared e examinando sua face, angustiada.

— Ah, querido! Foi tudo minha culpa. ’ Diga que me perdoa. Nã o aguento quando você se torna cruel comigo!

Catherine foi saindo, tonta. Nã o entendia os dois, nã o entendia mais nada! O que significava aquilo? Será que Laura aceitava Jared de qualquer jeito?

No primeiro andar, foi andando automaticamente para seu quarto. Sentia-se doente, enjoada pela cena que acabara de assistir e alquebrada por emoç õ es que nã o queria identificar. Será que Laura queria casar com Jared, mesmo sabendo que era infiel a ela? Nã o tinha orgulho? Nem respeito pró prio? Nem dor pela humilhaç ã o sofrida? Enquanto usasse aquele anel, o mundo podia cair, que ela estaria bem?

E por que Jared tinha feito aquela cena? Por que nã o deixou que ela continuasse na ignorâ ncia, mesmo que fosse uma ignorâ ncia fingida? O que esperava ganhar com suas revelaç õ es?

Percebeu que estava tremendo e sentou-se na beira da cama. Ah, meu Deus, por que nã o conseguia odiá -lo? Nã o era melhor do que Laura. Estaria preparada para aceitá -lo de qualquer jeito?

Levantou-se outra vez e ficou andando no quarto. Nã o, nã o ia se entregar! Tinha pena de Laura, só isso. Tinha pena de” toda mulher tã o obcecada por um homem que faria tudo para conservá -lo. E ainda Elizabeth...

Elizabeth... com quem ele discutira o casamento. Mas quando’ Naquela madrugada? Teria ido ao quarto dela? Teria contado tudo que aconteceu na praia? Ela o consolara, com certeza?

Um gosto amargo subiu à sua boca e ela correu para o banheiro, curvando-se sobre a pia até que o violento espasmo passasse. Mas nã o era que passava tã o fá cil, pensou, segurando o batente da porta para se apoiar, enquanto o quarto girava à sua volta.

As mã os estavam pegajosas de suor, escorregando na madeira lisa. Nã o ia aguentar. Sentiu-se mergulhar nas ondas da tontura, mas nã o podia fazer nada para se salvar...

 

 

                                 CAPÍ TULO VIII

 

 

Catherine só recuperou a consciê ncia quando algué m colocou-a na cama. Abriu os olhos devagar e piscou, incré dula, ao ver o rosto zangado de Jared.

— O que... o que foi que aconteceu?

— Você desmaiou — explicou ele, ajeitando os travesseiros, tirando suas sandá lias e jogando-as no chã o. — Como se sente agora?

— Eu... — Viu Laura, toda aflita atrá s dele, e lembrou-se de tudo- Estou bem.

— Está mesmo?

— O que está fazendo aqui? — protestou, tentando se levantar sobre os cotovelos, mas achando o esforç o muito grande.

Jared olhou por trá s do ombro para Laura e uma estranha expressã o passou por seu rosto.

— Fiquei preocupado com você — murmurou, meio zangado. Precisa de um mé dico?

Ela entendeu o que ele queria dizer e o ridí culo de tudo trouxe lá grimas de frustraç ã o a seus olhos. Balanç ou a cabeç a.

— Ah, por Deus, Catherine! — Olhou de novo na direç ã o de Laura.

— Sabe o que quero dizer.

— Sei, sim, mas nã o preciso de nada! Jared deu um suspiro.

— Muito bem. Vamos deixar você sozinha. — Fez um sinal a Laura que saí sse na frente. — vou pedir a Susan para lhe trazer umas frutas. É prová vel que seja o calor — comentou Laura, e Catherine mais uma vez se espantou com a sua falta de percepç ã o. Tem certeza de que está bem? — insistiu Jared. Já disse que sim! — respondeu, louca para ficar sozinha. Acho que deveria contar a Elizabeth — acrescentou ele, e ambos sabiam a que se referia.

— Nã o há nada para contar. — Virou o rosto para o travesseiro. Ele que entendesse o que quisesse!

Ela devia ter dormido, porque, quando abriu os olhos, Susie estava inclinada perto da cama, dobrando as pregas do avental engomado. Sorriu.. viu que Catherine estava acordada e levantou-se para se inclinar sobre ela.

— Está se sentindo melhor?

— Que horas sã o?

— Trê s e trinta.

— Trê s e meia! Dormi mais de trê s horas?

— Foi.

— E onde está todo mundo? Susie franziu a testa.

— Só a senhorita está aqui. A sra. Royal telefonou para dizer que ia almoç ar na casa da srta. Prentiss e o sr. Royal saiu há uma hora, mais ou menos.

— E a srta. Prentiss?

— Ficou aqui um pouco ainda, depois que o sr. Royal saiu, e depois foi embora també m.

— Onde o sr. Royal foi? — perguntou, mesmo percebendo que nã o devia fazê -lo.

— Acho que voltou para a casa da praia. Nã o sei. Nã o disse a ningué m. Só saiu.

Catherine ergueu-se num cotovelo só.

— Susie, pode ir, estou bem.

— O sr. Royal disse para nã o deixar a senhorita sozinha. Pelo menos, hoje.

Catherine sentiu lá grimas nos olhos ao ver que Jared sentia-se responsá vel por ela, mas conseguiu engoli-las e pô s os pé s no chã o. Honestamente, Susie, acho que foi o sol. Estou me sentindo bem.

— Tem certeza?

Catherine fez que sim com a cabeç a e a mocinha foi saindo, relutante. Depois que ela deixou o quarto, foi mais fá cil demonstrar fraqueza. Catherine pô s a cabeç a entre as mã os. É claro que o excesso de sol havia prejudicado, alé m da violê ncia das emoç õ es que Jared provocara. Mas duvidava de que ele acreditasse nisso. E quem poderia culpá -lo? Será que tinha pedido a Laura para ficar até que ela acordasse? Por que Laura foi embora mais tarde? Teria a moç a escolhido esse modo para mostrar um raio de independê ncia?

com um sorriso, Catherine tentou levantar-se. Para seu desconsolo, as pernas se dobraram e foi obrigada a voltar para os travesseiros sentindo-se mais sozinha do que nunca.

Na realidade, teve que passar trê s dias na cama.

Quando Elizabeth voltou para casa e descobriu o que tinha acontecido quis chamar um mé dico de todo jeito. O doutor examinou Catherine muito bem e diagnosticou uma leve insolaç ã o. Insistiu que ficasse pelo menos quarenta e oito horas na cama num quarto escuro, e Catherine estava muito fraca para discutir com ele. Mas nã o tinha prazer nenhum em ficar sozinha com seus pensamentos, e à medida que sua forç a voltava só queria saber de escapar daquela casa que se tornara uma prisã o.

Laura veio visitá -la em seu segundo dia de cama. Como esperava, nã o fez referê ncia aos fatos que tinham precipitado a doenç a de Catherine, e conversou sem parar sobre os planos para o casamento. Catherine nã o sabia bem se Laura percebia o que estava fazendo, mas chegou à conclusã o de que sabia. Parecia levar uma vida muito superficial e qualquer coisa que perturbasse a calma era deliberadamente ignorada. Escutando as suas idé ias sobre os vestidos das damas de honra, Catherine entristeceu-se. Fraca como estava, nã o era fá cil esconder seus sentimentos. Talvez Laura soubesse disso, pensou. Havia mais do que um jeito de se vingar.

Elizabeth foi um pouco mais sutil. Sua preocupaç ã o, disse ela, era que Catherine ficasse boa depressa para comparecer à festa que os Prentiss dariam dentro de uma semana. Seria uma pena se Catherine nã o estivesse lá para compartilhar da alegria geral.

Marion Prentiss mandou-lhe um buquê de rosas e votos de uma rá pida recuperaç ã o. Todo mundo estava sendo muito bondoso, mas Catherine duvidava da sinceridade geral. Todas essas mulheres tinham suas pró prias razõ es para lhe desejarem uma recuperaç ã o rá pida, mas nã o eram tã o simples como as razõ es que alegavam.

No quarto dia depois do desmaio, Catherine já estava bastante bem para levantar e sentar-se numa poltrona na varanda. A brisa que soprava do Atlâ ntico trazia o cheiro de maresia, e o sol da manhã dava um tom de coral ao mar.

O barulho de um carro chegando perturbou o ambiente quieto e calmo. O motor parou e a porta do carro bateu. Os nervos de Catherine ficaram tensos. Quem seria? Laura, com certeza. Nã o tinha vindo na vé spera.

Pouco depois, escutou uma batida na porta do quarto.

— Entre!

Espantou-se quando Susie entrou, ao invé s da noiva de Jared. Susie estava afobada.

— Tem uma visita, srta. Fulton. O sr. Dexter.

— John Dexter? — O alí vio dela foi até engraç ado. — Ah, eu gostaria de vê -lo. — Olhou para seu roupã o de seda azul. — Mas nã o assim. Peç a cinco minutos a ele, que já vou descer.

— Ah, srta. Fulton, acha que deve? A sra. Royal disse para ficar no quarto.

— Estou bem, Susie! — exclamou Catherine, impaciente, e depois sorriu, envergonhada, lembrando-se da ú ltima vez em que tinha dito a mesma coisa. — Muito bem. Sei que já falei essas palavras antes, mas olhe! — Levantou-se e fez uma pirueta. — Isso deixa você satisfeita?

Susie ainda estava em dú vida.

— Quer que eu a ajude a descer?

— Nã o sou uma velha, Susie! Vá e diga ao sr. Dexter que nã o me demoro.

Nã o levou muito tempo para lavar o rosto e as mã os e vestir uma tú nica leve, de jé rsei. A saia de seda aconchegava-se nas suas pernas e era gostoso sentir-se normal outra vez. John estava esperando na sala de visitas e ela ficou contente por saber que estava bem, pela admiraç ã o evidente dele.

— Que histó ria é essa de insolaç ã o? — perguntou ele, como um cumprimento, e ela se descontraiu totalmente.

— Só um pequeno mal-estar. Mas o que faz aqui? E como descobriu?

— Jantei com uns amigos dos Prentiss ontem e falaram sobre você. Eu teria vindo antes, se soubesse. Você nã o respondeu aos meus telefonemas.

Catherine suspirou, sentando-se num banquinho baixo.

— Nã o tive muita chance.

— Nã o venha com essa! — John fez uma careta para ela. — E como vai você?

Catherine nã o resistiu.

— Como está minha cara?

— Maravilhosa. Vai à festa na sexta-feira? Catherine sacudiu os ombros.

— Nã o sei. Depende.

— De quê?

— Você vai?

— Isso é um convite? Ela riu.

— Nã o. Só estou perguntando.

— vou, se puder levar você.

— John! — Olhou-o, agradecida. — Nem pode imaginar o bem que faz ao meu ego!

Ele sentou-se ao lado dela e pegou suas mã os.

— Eu podia ser mais importante do que isso, Catherine. Sabe que nunca pensei tanto numa garota quanto penso em você?

Tentou se desvencilhar, mas ele nã o deixou. Nã o podia absolutamente admitir que desde a noite da festa só pensava em Jared.

— John, nã o tente apressar as coisas. Dê tempo ao tempo!

— Mas nunca me senti assim, antes — disse ele, sondando o rosto dela. — Conheci dezenas de moç as, mas nenhuma como você.

— John! — Catherine sentia-se frustrada. Precisava dele como amigo, nã o como namorado.

— Estou sendo demais?

Jared entrou sala a dentro, de cara fechada, e se estava sendo demais nã o tinha a menor intenç ã o de ir embora. Catherine assustou-se. Nã o o ouvira entrar e nã o sabia o que ele estava fazendo ali. Teria acabado o quadro? Ou era simplesmente uma visita?

John levantou-se, meio sem jeito, mas Catherine continuou sentada, concentrando toda a atenç ã o nas mã os que estavam no colo. Teria ele escutado a conversa? E como a interpretaria?

— Alo, Jared! — John cumprimentou-o. — Nã o sabia que estava aqui. Achei que continuava trabalhando na casa de praia.

— Ah, achou? — A voz de Jared gelou a todos. — E quem lhe disse isso?

— Laura. Eu a encontrei no clube, Ele inclinou a cabeç a.

— Ah! — Voltou sua atenç ã o para Catherine. — Você nã o devia estar na cama?

O tom rí spido dele a irritou. Olhou-o, zangada.

— Nã o sou uma invá lida!

— Mas esteve doente — corrigiu ele, friamente, enfrentando seu olhar. — Ouvi falar de... insolaç ã o?

— Certo.

O ceticismo dele era” total.

— Verdade?

Catherine baixou a cabeç a. Já tinha experimentado aquele tipo de crueldade antes, mas nunca se sentira tã o vulnerá vel.

— Catherine nã o passou nada bem, pelo que ouvi falar. — John veio galantemente em sua defesa, um papel ao qual nã o estava acostumado. Sol demais pode fazer muito mal.

— Acredito.

Jared estava em pé em frente à lareira e, pelo jeito, nã o ia deixá -los sozinhos. Percebendo isso, John olhou para ela, desconsolado.

— Bem, é melhor eu ir andando. Nã o quero cansá -la no primeiro dia fora da cama.

— Nã o está me cansando, John. Mas Jared discordou.

— Acho que Dexter está certo — comentou ele, apertando a campainha perto da porta. — Nã o deve exagerar.

Catherine virou-se de costas para ele.

— Foi uma gentileza sua ter vindo, John. e sobre a festa...

— Sim?

— Eu vou. Ligue na quinta-feira para combinarmos tudo.

— Claro. Cuide-se, hein? Susie apareceu na porta.

— Chamou, sr. Royal?

— Chamei. Leve o sr. Dexter até a porta, por favor.

Catherine trocou outro sorriso com o rapaz e Susie o acompanhou. Depois que seus passos sumiram, Jared foi até as portas duplas, fechou-as e virou-se para encará -la.

— Que invenç ã o foi essa de insolaç ã o..

— Invenç ã o? — Catherine sacudiu a cabeç a, muito calma. — Nã o sei o que quer dizer.

— Sabe, sim. — Saiu de perto das portas. — Nó s dois sabemos q nã o foi insolaç ã o nenhuma o que a fez desmaiar.

— Sabemos? Quer dizer que foi sua brutalidade?

— Nã o é isso! — respondeu, zangado, chegando bem perto dela. — Sabe exatamente o que quero dizer. Desmaiou por causa do seu estado. Nã o nego que meu comportamento deve ter contribuí do, mas insolaç ã o é demais. — ’ Passou a mã o pelos cabelos. — Meu Deus, como conseguiu escapar do mé dico?

Catherine resistiu à tentaç ã o de se afastar dele.

— Meu estado, como você diz, é uma mentira. Jared franziu a testa.

— O que quer dizer isso?

— Que eu menti. Nã o estou grá vida e nunca e. stive.

— O quê? — Olhou-a fixamente, incré dulo. — Você é corajosa, nã o há dú vida!

— Por quê? Só por enganar você? Nã o resisti...

— Nã o! Nã o por me enganar. Nã o acha que acredito em você, acha?

— E por que nã o? Já fez isso antes!

— Você nã o mentiu.

— Nã o estou mentindo agora — corrigiu ela, tré mula ao ver a ”raiva dele que aumentava.



  

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