Хелпикс

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Digitalização: Dores Cunha 5 страница



Olhou para trá s, morrendo de medo. Ele ainda estava a alguma distâ ncia, seguindo-a sem pressa, mas com uma persistê ncia que parecia ainda mais perigosa. Achava que estava sem saí da e que nã o precisava se apressar. Se ela corresse, ele a pegaria com toda a facilidade de motocicleta.

A motocicleta!

Catherine virou-se, rapidamente. Era maior do que a que tinha usado, na Inglaterra, mas os controles eram os mesmos. E a chave estava na partida.

Antes que ele pudesse prever suas intenç õ es e correr para impedi-la, ela já havia montado, jogado seu casaco no chã o e ligado o motor.

O barulho era de ensurdecer, mas ainda escutou os gritos de raiva de Jared, o que a fez aumentar a velocidade. Saiu da grama, entrou na estrada, e aí foi fá cil. Um riso de puro prazer escapou de seus lá bios ao olhar para trá s e vê -lo em pé no meio da estrada.

Que gló ria, pensou, sem o mí nimo arrependimento. Dessa vez, ganhei!

 

 

                                        CAPÍ TULO VI

 

 

Já passava das onze quando acordaram Catherine na manhã seguinte. Viu Susie ao lado dela, segurando uma bandeja de suco de frutas e café.

— A srta. Prentiss está lá embaixo — explicou a moç a, colocando a bandeja em seu colo. — Eu disse que a senhorita estava dormindo, mas ela insistiu que já era hora de acordá -la.

Catherine sorriu, compreensiva.

— É verdade, Susie. A srta. Prentiss está certa: eu já devia ter me levantado. Onde está todo mundo?

— A sra. Royal nos está bulos, e o sr. Royal nã o está aqui.

— Nã o?

— Nã o.

— Entã o, onde está? — Lembranç as de Jared, sozinho no meio da estrada deserta, começ aram a atormentá -la. Será que tinha acontecido alguma coisa? Nunca se perdoaria. — Você o viu hoje de manhã?

Susie olhou-a, intrigada... — Vi, srta. Fulton. Precisa falar com ele?

Catherine achou melhor nã o mostrar tanto interesse em Jared.

— Agora nã o, Susie — disse, rapidamente, esperando desviar a atenç ã o da moç a. — Hurra! Que delí cia! Como adivinhou que eu nã o queria comer nada?

— Nã o sei. Só adivinhei. — Susie parecia contente. — Devo dizer à srta. Prentiss que vai descer já?

— Por favor. Onde está ela?

— No pá tio.

Depois que a criada se foi, Catherine pô s a bandeja de lado e saiu da cama. Abriu a porta da varanda, que tinha trancado na noite anterior, com medo de que Jared usasse esse caminho para pegá -la depois que voltasse Mas dormiu sem escutar barulho de gente entrando em casa.

Laura estava sentada, muito desconsolada, numa das espreguiç adeiras coloridas, observando Henry tirar os fios de lâ mpadas em volta da piscina. Estava com o corpo curvado, cotovelos nos joelhos e o queixo aninhado nas mã os. Parecia triste e desanimada, e Catherine sentiu todo o peso de sua traiç ã o. Quaisquer que fossem os motivos de Jared ter interrompido o abraç o da noite anterior, ela tinha conseguido alguma coisa que queria. Nã o sabia que demó nio a havia possuí do para agir assim, e, ao se lembrar de seu completo abandono, ficou vermelha e sentiu o corpo todo pegar fogo.

Desconfiava de que tinha destruí do qualquer esperanç a de convencê -lo de que nã o era a mulher livre e sem princí pios que ele imaginava. O que havia começ ado como um jogo estava drasticamente mudado. Apesar de que nã o estava grá vida, ia achar que era mais por sorte do que por ter se cuidado. Que coisa mais sem cabimento, pensou, desgostosa. Mas só podia culpar a si mesma.

com um suspiro, serviu-se de suco de laranja fresco e levou-o para o banheiro. Uma ducha quente limpou o sal de seus cabelos e pele. Na noite anterior, só tinha tido tempo de secar os cabelos com uma toalha, antes de cair na cama, mas agora se sentiu nova e pronta para encarar o dia.

Vestiu-se, amarrou um rabo-de-cavalo com uma fita verde, da cor exata do vestido. Passou um pouquinho de sombra nos olhos e sua pele dourada nã o precisou de mais nada. Sentiu-se muito segura ao descer a escada, seguranç a que logo se dissipou, ao ver o olhar de reprovaç ã o de Laura.

— Alo, Catherine — cumprimentou-a, friamente. — Deve estar cansada.

— Eu estava. — Pensou em colocar os ó culos, mas desistiu: nã o ia se esconder atrá s de lentes escuras. — E você?

Laura deu de ombros...

— Eu nã o trabalhei tanto quanto você. Catherine nã o entendeu.

— Nã o?

Na organizaç ã o da festa. Deve ter ajudado Elizabeth a conseguir um resultado tã o maravilhoso. Catherine suspirou e afundou nas almofadas de uma cadeira pró xima.

Por que nã o fala logo, Laura? Por que nã o diz logo o que quer’?

A outra umedeceu os lá bios.

Nã o sei o que quer dizer.

— Sabe, sim. Por que nã o me diz para deixar o Jared em paz? É por isso que está aqui, nã o é?

— Nã o! — Laura ficou horrorizada. Levantou-se, de repente, encarando Catherine, espantadí ssima. — Eu... eu vim aqui ver se você queria ir almoç ar no Fourwinds, só isso! A troco de que eu iria querer causar uma cena desagradá vel’? Se está preocupada por que danç ou com Jared ontem, está exagerando a coisa. Ele danç a com todas as moç as. Alé m disso, me explicou que John queria mudar de par. Nã o sou ciumenta. Nã o seja boba!

Catherine encostou a cabeç a nas almofadas. Tinha que aceitar o que Laura estava dizendo. O que mais podia fazer? Quaisquer que fossem seus sentimentos, a garota nã o ia se abrir com uma estranha.

— Fourwinds? — perguntou.

— Minha casa. — Laura juntou as mã os. — Como Jared nã o está aqui e Elizabeth está ocupada, achei que você podia querer sair.

Catherine levantou-se e começ ou a andar pela margem da piscina. A ú ltima coisa que queria era passar o dia na companhia de Laura. Mas, se recusasse, podia ser mal interpretada. Ou ”bem” interpretada, o que ainda seria pior.

— Onde está Jared? — perguntou, desprezando-se por perguntar.

Laura arrumou as almofadas da espreguiç adeira onde tinha estado sentada.

— Lá na casa da praia. acho.

— Flintlock?

— É. Já esteve lá?

— Uma vez. — E virou-se de costas de novo.

— Acho que nã o o veremos por alguns dias — comentou Laura, e suas palavras casuais fizeram com que todos os mú sculos de Catherine se retesassem.

— Nã o?

— Nã o. — Laura pegou a bolsa. — Henry me disse que ele encheu o carro, de manhã, com a paraferná lia toda de pintura. Todo mundo sabe o que isso significa.

— O quê?

— Que está achando impossí vel trabalhar em casa. Afinal de contas, tem que acabar a encomenda para o Legislativo.

Havia bolsos no vestido de Catherine e ela enfiou as mã os dentro deles.

— Que encomenda?

— Um retrato da mulher do governador-geral — informou Laura, com orgulho.

— Mas ela já esteve aqui? Nunca a vi.

— Nã o. Jared trabalha sobre fotos, na maioria das vezes. Todos os pintores tê m seu estilo pró prio e Jared trabalha melhor sozinho, sem modelos.

— Ah, é?

— É. Nã o viu o retrato da mã e dele na sala de jantar? Foi Jared que fez. Depois que ela morreu, é claro. Ele era muito menino quando aconteceu...

Catherine lembrava-se muito bem do retrato. Ela o tinha admirado muitas vezes.

— Ele é muito bom. Laura concordou, contente:

— Nã o é mesmo? Você nã o pode imaginar como é maravilhoso estar noiva dele. — Esticou a mã o, de modo que Catherine pudesse admirar o diamante solitá rio em seu dedo. — Jared era tã o... bem, sua reputaç ã o nã o era das melhores, quando rapazinho. Mas desde que começ amos a namorar...

Sorriu, mas Catherine tinha se virado, odiando as emoç õ es que sentia. Laura nã o estava se vangloriando do que tinha conseguido. Parecia, mas nã o estava.

— E entã o? — insistiu a moç a. — Vamos almoç ar com meus pais? Eles vã o adorar.

Catherine pensou em almoç ar sozinha com Elizabeth e chegou a uma decisã o.

— Tudo bem. — Conseguiu sorrir. — Eu vou, se você acha que nã o atrapalho.

— Maravilhoso! — Laura ficou tã o entusiasmada que ela se sentiu pior ainda. — Você deixa um bilhete para Elizabeth com um dos criados. Ela nã o vai se importar.

Agora, Catherine nã o podia voltar atrá s, mesmo que quisesse. Susie estava espanando a escada quando ela entrou no hall e deixou o recado de que iam almoç ar fora. Pelo menos, todo mundo da casa ficaria sabendo, pensou, friamente.

Fourwinds era uma casa té rrea, construí da num declive sobre um pequeno lago. Janelas compridas davam para os jardins que desciam até a á gua, onde um barquinho a motor balanç ava preso a um pilar de pedra. Atrá s da casa havia canaviais. Ao chegarem pelo caminho estreito, coberto de á rvores, palmeiras e arbustos coloridos, Laura explicou que, apesar de aposentado, o pai empregava um administrador para tomar conta da pequena fazenda. Catherine viu um moinho no meio de plumas cinzentas, as pá s rodando com a brisa, com certeza puxando á gua do lago para os campos. Dois nativos trabalhavam no jardim, mas pararam e se encostaram nas pá s quando as duas moç as passaram. Era uma atmosfera que respirava a indolê ncia e preguiç a.

O sr. Prentiss estava sentado na varanda em frente à casa, que dava para os jardins e o lago. Era um homem de cinquenta e poucos anos. Catherine já o conhecia, mas nã o tinham conversado ainda.

De estatura mé dia, magro, grisalho e rosto enrugado pelo sol, era um homem quieto, acostumado a deixar que suas mulheres falassem por ele.

Estendeu a mã o para Catherine, com um sorriso quente e franco.

— Bem-vinda a Fourwinds. Venha tomar um drinque antes do almoç o.

— Obrigada. Que vista mais linda você s tê m!

— Verdade. Como nã o podemos ver o mar...

— Nadam no lago? Laura riu.

— Papai, nã o. Mas eu nado, à s vezes.

— O mais perto que chego da á gua é naquele barquinho ali. Você sabe velejar, Catherine?

— Nunca tentei. Nã o era uma das paixõ es de meu pai e nunca cheguei a experimentar.

Subiram os degraus da varanda e a mã e de Laura apareceu numa das portas para encontrá -los. Era como Laura gordinha, cabelos escuros com alguns fios grisalhos, mas a pele muito bonita disfarç ava sua idade. Cumprimentou Catherine, um pouco menos amá vel do que o marido, e todos se sentaram confortavelmente em cadeiras de vime com almofada. Catherine provou pela primeira vez um ponche gelado, mistura de suco de limã o e aç ú car com uma pitada de angostura e bastante rum. Uma delí cia Relaxou, juntando-se de vez em quando à conversa superficial e leve. A eloquê ncia da sra. Prentiss diminuí a a contribuiç ã o de todos, e era bom ficar ali no sol, olhando as abelhas e as flores e escutando o barulho da á gua contra os juncos da beira do lago.

O almoç o foi servido numa sala de paredes brancas com um enorme ventilador de teto. Salada de frutos do mar e uma musse de frutas era tudo que se precisava num dia quente daqueles. Depois, a sra. Prentis sugeriu que Catherine fosse olhar a casa. Ela teria preferido voltar para sombra da varanda. O ponche era mais forte do que imaginava e misturado com vinho que tinha bebido no almoç o, a deixara sonolenta Mas Laura e a mã e compartilhavam do mesmo entusiasmo e animaç ã o o que tornava a recusa difí cil. Esperava que Laura as acompanhasse, mas ela ficou com o pai.

Fourwinds era mais moderna do que Amaryllis, com mobí lia semelhante à que se via em Londres. Catherine tentou mostrar um entusiasmo genuí no pelo que a anfitriã dizia, mas decoraç ã o de ambientes nã o era o seu forte. Logo descobriu, no entanto, que mostrar a casa era apenas uma desculpa. A sra. Prentiss levou a conversa para os Royal, e Catherine ficou só esperando a acusaç ã o que viria. Espantou-se, quando a mã e de Laura começ ou a falar em Elizabeth.

— Como é que se dá com a madrasta de Jared? — perguntou como quem nã o queria nada.

Catherine deu de ombros. Como responder à quela pergunta?

— Eu... nó s nã o nos vemos muito — disse, evasiva. — Sabe que ela passa a maior parte do tempo nos está bulos, nã o é?

— Sei. — A Sra. Prentiss abriu a porta de uma sala baixa e grande. É a sala de visitas. — Explicou, distraí da: — Ela já comentou com você o que vai fazer quando Laura e Jared casarem?

— Nã o. — Passou os dedos pelo estofado macio de uma poltrona. Adoro esse-couro claro...

— Sabe que houve muitos mexericos sobre ela e Jared quando o pai dele morreu?

Catherine sentiu que ficava vermelha.

— As pessoas sempre fazem fofocas — disse, sem mais comentá rios.

— Eu sei. E francamente nã o acho que haja alguma coisa por trá s do falató rio. Nã o da parte de Jared, pelo menos. Mas Elizabeth Royal sempre prestou muita atenç ã o no enteado. Todo mundo sabe. Tem gente que diz que só casou com o velho porque nã o estava conseguindo nada com o filho. E quando James morreu...

— Por favor, sra. Prentiss, nã o vejo o que isso tem a ver comigo. Se sente alguma dú vida sobre o relacionamento de Jared com a madrasta, devia conversar com ele.

A sra. Prentiss fungou.

— Como se eu pudesse fazer isso! Nã o sabe que Jared nã o’ deixa que se fale nada sobre aquela mulher? Mas ele e Laura estã o noivos há dois anos. Já era hora de decidirem esse casamento. Mas, pelo que sei, nã o se resolveu nada, ainda.

Catherine sentiu o estô mago embrulhar.

— Nã o tenho mesmo nada a ver com isso, sra. Prentiss — falou, baixinho, imaginando o que a mulher diria, se soubesse como estava se sentindo naquele momento, lembrando-se de que há menos de doze horas atrá s estava nos braç os de Jared...

— Mas você mora na casa, Catherine. E Laura me disse que você a defendeu dela a semana passada. Nã o, nã o foi bem assim... eu sei. Ela é uma boba em — relaç ã o a ele. Mas percebi que estava tentando ajudá -la.

— Sra. Prentiss...

— Nã o, deixe-me acabar. Eu tinha esperanç a de convencê -la a falar com Elizabeth. Sem compromissos, entende? Só sondá -los sobre... sobre a situaç ã o.

— Mas eu...

— Laura nã o se impô s, entende? Nã o faz perguntas. Fica bem contente de se sentar e deixar que os Royal pisem nela. Nã o vou permitir isso. Algué m tem que fazer alguma coisa. Esse noivado nã o pode se arrastar pelo resto da vida.

Catherine respirou fundo e lhe ocorreu maldosamente, que, ao tentar trazê -la para suas fileiras, a sra. Prentis esperava acabar com qualquer ameaç a que ela pudesse representar Mas, quaisquer que fossem seus motivos, nã o podia ajudar em nada.

— Por que nã o fala com Elizabeth?

— Pensa que já nã o tentei? Elizabeth Royal é uma mestra na arte dos sofismas! Nunca uma resposta direta. Sempre algum impedimento que inventa: a venda de um cavalo de raç a, Certas encomendas que Jared precisa despachar...

— Bem, por falar nisso. Jared está trabalhando agora.

— O retrato da mulher do governador-geral. eu sei. — A sra. Premis: fez um gesto impaciente. — Mas já deve estar pronto.

— Acho que ele foi embora hoje de manhã...

— Foi embora?

— Para a casa da praia. Laura me contou.

— Para terminar a encomenda, imagino.

— Acho que sim.

A mulher suspirou, zangada.

— Nã o é tí pico de um homem? Fugindo de suas responsabilidades? Catherine pigarreou.

— Suas responsabilidades?

— Claro! Você, Catherine, você! Convida-a para vir para a casa dele e a abandona!

— Nã o sou uma crianç a, sra. Prentiss.

— Eu sei. Mas Jared é assim com tudo. Ele sabe... pelo menos, devia saber... o quanto Laura quer casar; mesmo assim, teima em se comportar tã o irresponsavelmente! Acho que é seu temperamento artí stico e temos que dar um desconto. Mas ele abusa de Laura. Ela é uma moç a adorá vel e muitos rapazes invejam a sorte dele. E o que faz Jared? Trata-a sem o menor respeito.

Catherine fez um esforç o para escapar.

— Nã o acha que deví amos ir ficar com os dois? Devem estar preocupados.

— Mas a mã e de Laura ainda nã o tinha acabado.

— Se Jared nã o está, vai ser uma ó tima oportunidade para você conversar com Elizabeth.

— Mas...

A sra. Prentiss acalmou-a, com um gesto.

— Por favor, nã o estou pedindo que seja indiscreta. Só gostaria que falasse sobre o casamento. Uma palavrinha bem colocada aqui e ali. Podia ficar sabendo muita coisa.

— Duvido.

— Ah, eu sabia que podia contar com você.

A sra. Prentiss tomou seu comentá rio seco como aceitaç ã o e, antes que Catherine pudesse protestar, ela atravessou o saguã o e chamou um dos enpregados para levar o chá para a varanda.

Foi de propó sito, pensou Catherine. Mas nã o podia dizer nada. Alé m disso, nã o era obrigada a contar a ela tudo que se falasse na casa dos Royal. Levando Catherine de volta para Amaryllis, Laura parecia muito menos tensa.

— Você e mamã e se deram muito bem, nã o? — Olhou-a de esguelha.

— Fico contente. Nã o é sempre que ela gosta de minhas amigas.

Catherine nã o fez comentá rios. Estava se sentindo desconfortá vel e vulnerá vel. O que havia com essa gente que a fazia ficar tã o nervosa? Por que teimavam em envolvê -la em seus problemas? Ela e Laura nem eram amigas. Só conhecidas, só isso. E nã o tinha se dado nada bem com a mã e dela. Pelo contrá rio, sentia uma aversã o incrí vel. Era só uma estranha, uma convidada da casa Royal, nem mesmo uma parente distante. Nã o sabia nada sobre eles nem sobre seus planos. E nã o queria saber. Se a sra. Prentiss estava ansiosa para casar a filha, devia falar com a ú nica pessoa que podia fazer alguma coisa sobre o assunto: Jared!

E por que ele nã o casava com ela, afinal? Se estavam noivos há tanto tempo, pelo que esperavam? Dinheiro nã o era obstá culo para nenhum dos dois. A casa Royal era suficientemente grande para acomodar meia dú zia de famí lias. Por que o atraso? A barreira seria Elizabeth? Ou Jared relutava em se comprometer para sempre?

Ah, meu Deus! Catherine sentiu lá grimas nos olhos. Nã o tinha nada a ver com isso. Será que nã o entendiam? E por que ela també m nã o aceitava esse casamento?

Laura recusou o convite para entrar quando chegaram em Amaryllis.

— É melhor eu voltar para casa. Muito obrigada. Vejo você amanhã. Podemos ir ao Castelo de Sam Lord. Gostaria? Almoç amos lá. Vai gostar, garanto.

Catherine nã o achou um bom motivo para recusar, mas precisava de algum tempo só para ela.

— Deixe para depois de amanhã.

— Depois de amanhã? — perguntou Laura, desapontada. — Está bem. Mas o que vai fazer amanhã?

Catherine segurou a bolsa comVorç a e se esforç ou para ser educada.

— vou passar um dia bem preguiç oso e à toa. Até logo!

— Até logo — respondeu Laura, com um suspiro, e ela entrou em casa sentindo-se uma verdadeira peste.

Lily a esperava no saguã o.

— A sra. Royal quer vê -la, srta. Fulton. Está na biblioteca. Sabe onde é? Catherine suspirou. Depois da conversa com a sra. Prentiss, a ú ltima coisa que queria era uma briga com Elizabeth.

— Por favor, diga à sra. Royal que preciso ir lavar as mã os — pediu dirigindo-se para a escada.

A voz de Elizabeth fez com que parasse.

— Você tem um minuto, Catherine?

— Ia lavar o rosto e as mã os, sra. Royal.

— Acho que isso pode esperar. Se nã o se importa...

Catherine notou o olhar compreensivo de Lily ao ir para a cozinha aquilo lhe deu forç as: levantou a cabeç a e foi na frente até a biblioteca.

Elizabeth ainda estava usando sua roupa de trabalho, camisa de seda calç a de montaria, o que era estranho à quela hora da tarde. Talvez, com ausê ncia de Jared, nã o ligasse tanto para a aparê ncia, pensou.

— Esteve em Fourwinds? — perguntou Elizabeth, fechando a porta.

— Estive.

— Laura convidou você?

— É claro.

— Elizabeth indicou uma cadeira, mas Catherine preferiu ficar em pé. — É bom que ela considere você como amiga.

— O que queria falar comigo, sra. Royal? A outra suspirou e sentou-se numa cadeira.

— Ah, meu bem, percorremos um longo caminho em dez dias, nã o é verdade? Começ amos como amigas e o que somos agora? Inimigas?

— Acho que está exagerando, sra. Royal.

— Espero que sim. — Mordeu o lá bio. — Sobre ontem à noitCatherine...

— Nã o acho que..,

— Calma. Eu ia pedir desculpas por exagerar o que todos viram dentro do enfoque verdadeiro. Sinto muito. Quer se sentar agora?

Catherine sentiu um cansaç o enorme dominá -la.

— Por que queria falar comigo, sra. Royal?

Elizabeth impacientou-se.

— Estou tentando dizer, Catherine: — Forç ou um sorriso. — Podia ajudar, aceitando minhas desculpas.

Catherine inclinou a cabeç a. Sabia que estava sendo sem educaç ã o, mas nã o podia fazer nada: estava irritada demais.

— Nã o importa. E sinto muito se també m fui grosseira. Se é tudo...

— Nã o é tudo. Queria falar com você sobre o... casamento.

— O casamento? — Duas vezes na mesma tarde? Era demais! Catherine olhou-a, confusa. — Que casamento?

— O casamento de Jared e Laura, é claro. Você deve saber que planejam casar. As pessoas nã o ficam noivas à toa, ficam?

— Eu... eu... — Catherine sentiu a boca seca. — Eu... nã o sabia que já tinham se decidido.

— Nã o? Bem, nã o está aqui há tempo suficiente para saber de tudo, nã o é? Mas já é de domí nio pú blico que esse noivado vem se arrastando há tempo demais. Naturalmente, Jared nã o quis apressar as coisas, mas acho que agora já é tempo, nã o? Pensei que talvez gostasse da idé ia. A vida aqui nã o é tã o interessante como em Londres. E quem sabe se, depois de casar, Jared deixa você voltar para a Inglaterra e para... seus amigos.

Catherine estava gelada. Começ ava no estô mago, uma pedrinha dura de gelo, e se espalhava por todo o corpo. Entã o, era isso! Por alguma razã o, Elizabeth resolvera mandá -la embora, mesmo que tivesse que se submeter ao casamento de Jared e Laura.

— É um pouco sú bito, nã o? — Nã o conseguiu evitar um leve tremor na voz. — Laura nã o me disse nada, e tenho certeza de que comentaria se...

Elizabeth passou a mã o pela calç a, limpando-a de uma sujeira invisí vel.

— Eu e Jared discutimos isso ontem à noite, depois que você foi se deitar.

— Mas nã o... — Interrompeu-se, mordendo a lí ngua. Quase tinha caí do na armadilha que Elizabeth armara sem querer. Ou por querer? Nã o podia ter certeza absoluta de que a outra nã o sabia da saí da noturna. Jared podia ter lhe contado. Catherine arrepiou-se só de pensar. Sacudiu a cabeç a e murmurou: — Já era bem tarde, nã o?

— Jared me disse que ia passar uns dias na casa da praia. Achei que Podí amos resolver tudo antes de ele ir embora.

Catherine olhou para o rosto da outra e ficou louca para saber a verdade. Teria Jared falado com a madrasta depois que chegou de madrugada? Como podia ter feito isso? A nã o ser que o relacionamento deles ultrapassasse os limites da decê ncia... Estremeceu apesar do calor do dia. Nã o podia acreditar que ele tivesse ido para o quarto de Elizabeth depois da cena de paixã o com ela na praia. Mas, se nã o tinha ido, era tudo uma mentira? Uma invenç ã o? Será que Elizabeth ousaria sugerir tal coisa sem permissã o de Jared? Precisava admitir que nã o era possí vel.

— Entã o, quando vai ser o casamento? — Nã o deixaria que aquela megera visse como estava chocada.

— Essas coisas levam um tempinho. — Elizabeth cruzou as pernas. — Seis ou oito semanas, acredito.

— Oito semanas... Laura vai ficar contente, Elizabeth encarou-a, sem piscar.

— Todos nó s vamos ficar felizes — corrigiu, suavemente. Catherine sentiu uma vontade enorme de arrancar seus olhos com as unhas.

 

 

                                 CAPÍ TULO VII

 

 

Catherine recebeu uma carta de Tony na manhã seguinte. Foi como uma rajada de vento fresco ler aquela letra bonita, forte, lembrando a ela que, apesar das dificuldades, ele nunca havia desanimado da vida.

Tinha escrito a ele há menos de uma semana, dando-lhe seu endereç o e um resumo divertido dos acontecimentos desde sua chegada. Tocou no assunto do antagonismo de Jared, mas omitiu a mentira sobre a gravidez. Suspeitava que Tony nã o aprovaria nem um pouco.

Elizabeth entrou na sala de almoç o quando Catherine acabou de tomar café e seus olhos imediatamente caí ram sobre a carta com o selo inglê s.

— Do namorado?

Catherine enfiou a carta no bolso da calç a jeans.

— Um amigo.

A outra sorriu, e ela de repente percebeu que nã o estava usando roupas de trabalho, e sim um conjunto de jaqueta e saia verdes. Era a primeira vez que Catherine via suas pernas, que eram muito bem torneadas.

— Acho que está querendo saber aonde vou — comentou Elizabeth, notando com satisfaç ã o o interesse da moç a. — Telefonei para Marion Prentiss. Achei que deví amos nos encontrar, para discutir sobre o casamento. Ela foi muito simpá tica, de modo que vou lá hoje de manhã. Perguntei se você podia ir també m, mas ela me contou que você havia dito a Laura que queria passar um dia sem fazer nada. É verdade? Acho que estava meio abatida, ontem à noite. Talvez nã o se dê bem com nosso clima.

Havia uma pitada de malí cia na observaç ã o. Catherine resolveu pagar na mesma moeda.

— Pelo contrá rio. Gosto do tempo e adoro estar ao sol. Se estou abatida é porque Laura é cheia de vida demais. Muito, para a minha saú de.

O sorriso de Elizabeth desapareceu.

— Entã o, nã o quer ir?

— Nã o, obrigada. — Empurrou a xí cara vazia. — Mas nã o se incomode comigo. Nã o fico chateada. Estou muito feliz aqui.

Elizabeth saiu logo depois das dez e Catherine suspirou de alí viu quando o barulho do motor do carro desapareceu na distâ ncia. com Jaret na praia, a casa era só dela, o que nã o era nada mau. Todos aqueles quartos que nunca tinha explorado! Elizabeth nã o era como a sra. Prentiss, e nã o tinha feito uma turnê com a hó spede. Mas talvez a excursã o de interiores da mã e de Laura só tivesse como objetivo arrancar alguma coisa dela. Imaginou o susto da sra. Prentiss ao receber o telefonema de Elizabeth, e riu sozinha. Será que a mã e de Laura achava que influí ra de algum modo naquela decisã o? Bem, de algum modo sim. nã o do jeito que Marion Prentiss pensava.



  

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