Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





Digitalização: Dores Cunha 7 страница



— Realmente espera que eu aceite que inventou essa histó ria toda?

— Nã o. Você que inventou.

— O quê?

Deu um passo ameaç ador em sua direç ã o e ela recuou.

— É verdade. Foi você que começ ou. Me acusou de me comportar de uma maneira... pouco conveniente.

— Você nã o aprende, nã o é? Seu pai me escreveu, lembra-se? Nega que ele estava preocupado com você?

Ela respirou fundo.

— Nã o, nã o estou negando isso. Mas você já se preocupou em descobrir o porquê?

— Nã o precisa, nã o é?

Catherine apertou as mã os, convulsivã mente. — É tí pico de você! Nunca lhe ocorreu que houvesse outra razã o menos ó bvia?

— Francamente, nã o.

— Francamente, nã o! — ela o imitou, passando para trá s da poltrona... Você me deixa doente! Acha que conhece as mulheres tã o bem! Deixe que eu lhe diga que nã o me conhece absolutamente!

Jared olhou, com escá rnio.

— Ainda nã o, talvez!

— E nunca conhecerá!

— Será - que nã o? — Ele pegou as costas da poltrona e, por um instante, ela pensou que ia jogá -la de lado para alcanç á -la. — Nã o pode negar que, se Laura nã o aparecesse, eu acabaria o que comecei!

— Pois nego.

—  Engano seu, Catherine. Você tem muita prá tica.

— E você també m! Fingindo que nã o há nada entre você e sua madrasta!

Tinha ido longe demais e percebeu imediatamente. Tentou fugir, mas ele chegou à porta muito antes do que ela.

— Ah, nã o! — disse, entredentes, apertando seu braç o. — Nã o dessa vez. Estou tentado, só Deus sabe como estou tentado a colocá -la nos joelhos e lhe dar a surra que merece. Infelizmente, sei que existem limites para a minha autoridade. Mas retire o que disse, ou acho um outro castigo mais desagradá vel ainda.

Catherine tremia. Ele percebeu e tocou sua testa. Queimava.

— Você está doente mesmo, nã o? — perguntou, zangado. — Por Deus, Catherine, por que nã o me disse a verdade? Teve vergonha? Quer que eu a ajude?

— Nã o! Desvencilhou-se dele. — Me deixe sozinha! — Teve uma vertigem e quase caiu. Nã o adiantava discutir com ele. Simplesmente se recusava a escutá -la. — Nã o estou doente, estou frustrada!

— É melhor voltar para a cama — sugeriu, calmo, e sua preocupaç ã o era maior do que a raiva anterior. — Quer que eu a ajude?

— Se eu disser que sim, vai interpretar mal, nã o é? Nã o vou para a cama e nã o preciso de sua ajuda.

Ele deu um passo em sua direç ã o e parou. Virou-se de lado e perguntou inesperadamente:

— Esse homem, Tony Bainbridge, você o ama?

Ela se surpreendeu por ele se lembrar do nome do amigo. Hesitou um momento e, apoiando-se na maç aneta da porta, respondeu:: — Nã o.

— Nã o?

— Foi o que eu disse.

— Entã o, por que, em nome de Deus, você...

— Você ama Laura? — perguntou ela, e Jared passou a mã o na nuca, cansado.

— Nã o tenho que amar.

Ela ainda o olhava, intrigada, quando a porta se abriu atrá s dela, quase jogando-a no chã o. Era Elizabeth, vermelha e despenteada pela primeira vez na vida, em roupa de trabalho e muito satisfeita de vê -los juntos.

— Já de volta, Jared? Fiquei surpresa quando Susie me contou.

— Ficou? — Catherine sentiu impaciê ncia na voz dele, — Nã o vejo por quê. Considerando todos os planos que fez na minha ausê ncia.

Elizabeth deu uma outra olhada para Catherine.

— Podemos discutir isso mais tarde, querido?

— Posso sair — disse a moç a, mas o olhar de Jared fez com que parasse.

— Nã o é um assunto particular, é, Liz? — perguntou ele, friamente.

— Que eu saiba, meia ilha já foi convidada.

Elizabeth respirou fundo.

— Tudo bem, tudo bem. É só uma festinha que Marion vai dar para você s dois.

— com sua assistê ncia?

— Admito que sim. Achei uma boa idé ia!

— Mas eu nã o acho. Cancele essa festa!

— Cancelar? — Elizabeth quase caiu dos saltos e olhou Catherine com veneno na expressã o. Nã o perdoaria a moç a por testemunhar sua humilhaç ã o. — Nã o posso cancelar. Os convites já foram mandados.

— Problema seu. Devia ter me consultado antes de inventar, essas novidades.

— Mas, querido, nó s discutimos o assunto!

— Correç ã o. Discutimos o casamento. E quero falar sobre isso, també m.

— Ah, Jared, agora nã o!

Elizabeth estava implorando e ele ficou com pena.

— Muito bem. Agora, vou levar Catherine para almoç ar. — Seu tom nã o aceitava argumentos e os olhos desafiaram a moç a a negar, mas ela só pô de continuar em pé, muito fraca, enquanto ele conversava com a madrasta.

— Vai levar... Catherine... para almoç ar... fora? — repetiu Elizabeth, baixinho.

— vou. Se você nã o tem objeç õ es.

Elizabeth provavelmente tinha dezenas, pensou Catherine, incapaz de acompanhar as mudanç as de gé nio dele. Por que ia levá -la para almoç ar? O que significava tudo aquilo? Tinha acreditado nela, afinal?

— Laura pode vir aqui — disse a madrasta, sem jeito.

— Tenho certeza de que dirá a ela onde fomos. Catherine, está pronta’? Ela nã o tinha certeza se devia sair com ele. Achava que estava com

febre e a companhia de Jared só piorava suas doenç as. Mas, como recusar, quando queria tanto estar com ele’? Elizabeth tentou de novo fazer com que ficassem.

— Catherine ficou de cama por trê s dias, Jared. Acho que o dr. Matthews nã o aprovaria que ela se levantasse e saí sse no mesmo dia, por melhor que se sinta. — Olhou a moç a, friamente. — E, para ser honesta,

ela nã o parece nada bem.

Catherine endireitou-se.

— Sinto-me bem, sra. Royal. Estou pronta. Vamos?

O conversí vel estava na porta, cheio de areia da praia. Antes de ligar o motor, Jared levantou a capota para protegê -la do sol e ela ficou gratamente surpresa.

— Concordo com Liz — murmurou ele, ajeitando-se atrá s do volante.

— Você nã o devia ter saí do.

Catherine engasgou.

— Mas... você me convidou...

— Sei que convidei.

— Queria que eu recusasse? Olhou-a, impaciente.

— Você acha? O que eu quero e o que faç o nem sempre sã o coisas coerentes.

Catherine ficou confusa.

— Mas queria que eu viesse? Jared olhou-a de soslaio.

— Tenho que responder? — perguntou, e a paixã o crua dos olhos dele fez com que a moç a ficasse com um nó na garganta.

Foram para o sul, no litoral, e Catherine achou bom ficar ali do lado dele. descansando, relaxada. Só a perna dele, que à s vezes tocava a dela, já fazia seu coraç ã o saltar. Percebendo que tinha que quebrar aquele clima antes de chegar onde quer que fosse, se aventurou a dizer, baixinho:

— Você acabou a encomenda?

Ele apertou o volante.

— Nã o.

— Ah! — Catherine passou a lí ngua nos lá bios. — Sinto muito.

— Eu també m. — Jared deu um suspiro fundo. — Como está? Tudo bem?

Catherine olhou para trá s do ombro e viu um grupo de crianç as de pele escura, andando de bicicleta na estrada.

— Nã o sã o uns amores? — Depois disse: — Estou bem, verdade.

— Gosta de crianç as? Ela corou.

— Claro. E você?

— Acho que vou ter que gostar — respondeu, enigmá tico, e virou o carro, subitamente, entrando pelos portõ es de um hotel de ambiente tropical, com uma maravilhosa vista do mar.

Jared foi reconhecido e, enquanto arrumavam uma mesa para eles, foram tomar um drinque. Um dos lados do bar dava para a piscina, e as pessoas entravam e saí am de short e biquini, misturando-se com os clientes vestidos com mais formalidade. Jared sugeriu que se sentassem no grande balcã o vermelho, em bancos altos, com formato de poltroninhas.

Pediu uns drinques servidos em copos compridos com fatias de frutas e gelo picado. Catherine tomou o seu com muita sede.

— Calma — avisou Jared, pondo a mã o no braç o dela e fazendo com que colocasse o copo no balcã o. — Isso nã o é limonada.

Catherine sorriu.

— Nunca pensei que fosse.

Jared continuou segurando seu pulso e o polegar acariciou a palma de sua mã o.

— Teria mesmo parado de fazer amor comigo? — perguntou ele, olhos cheios de paixã o.

Catherine puxou o braç o e mostrou a piscina, num gesto largo.

— Nã o aguento de vontade de nadar outra vez. Parece que há semanas nã o entro na á gua. Aposto que nadou todo dia na casa da praia, nã o? E fez surf, també m. Eu gostaria de saber pegar uma onda como você.

— Posso lhe ensinar.

Ela relanceou os olhos por seu rosto e ficou até tonta com o calor de sua expressã o.

— Nã o me olhe assim, Jared.

Ele deu de ombros e virou seu banco de costas para o bar, olhando à volta da piscina, meio desencantado.

Uma moç a de biquini, que estava deitada perto de um rapaz num colchã o de ar, levantou-se e, vendo Jared, acenou com forç a. Falou qualquer coisa com o rapaz e veio em direç ã o do bar.

— Jared! — Inclinou-se sobre ele para beijar seu rosto e deixou que apreciasse seus seios quase nus. — Jared Royal! Voltei a Bridgetown no sá bado, e o que escuto em todos os lugares? Jared Royal vai casar, afinal. Nem pude acreditar. — Desviou o olhar para Catherine e ficou envergonhada. — Ah! Ora... pensei... Onde está Laura?

— Em casa, espero — respondeu ele, ficando de pé. — Catherine, essa é Angela; gostaria que conhecesse a moç a que está sob minha tutela.

Usou a palavra de propó sito, e, observando-o, Catherine percebeu o brilho de desafio em seus olhos. Angela estava perplexa e olhou para trá s, impaciente para que o companheiro viesse se juntar a eles. O rapaz se levantou devagar. Catherine reconheceu Andy David, um dos amigos de Laura, que tinha ido à festa em Amaryllis.

Os dois homens se cumprimentaram e Andy sorriu para Catherine. ’- Como está se sentindo? Laura disse que o calor pegou você de jeito.

— Estou muito melhor, obrigada. — Tendo recuperado a compostura, Angela perguntou:

— Você s vã o almoç ar no hotel?

— Vamos — concordou Jared.

O coraç ã o de Catherine ficou pequeno, quando Angela sugeriu que almoç assem juntos.

— Passei trê s meses nos Estados Unidos — explicou ela. — E quero saber todas as novidades. Que tal, Jared?

Ele olhou para Catherine, que vigiava suas pró prias mã os no colo, e deu de ombros. — Tudo bem, contanto que acabemos antes das duas. Tenho que estar em Seawell à s duas e meia.

— No aeroporto?

Angela levantou as sobrancelhas, mas, como Jared nã o disse mais nada, nã o insistiu. Catherine també m estava curiosa, mas achou que Jared ia ao aeroporto pegar material de pintura. Talvez fosse esse o motivo para tirar um dia de folga. Era uma deduç ã o ló gica e conseguiu minar ainda mais sua confianç a, já tã o desgastada.

A refeiç ã o estava uma delí cia. Camarõ es com melã o, bifes e saladas e uma sobremesa com conhaque. Mas Catherine quase nã o comeu, consciente de que o pouco tempo que tinham para passar juntos estava se escoando.

Só uma vez, durante a longa refeiç ã o, ela olhou para Jared, tentando se comunicar com ele, que desviou o olhar e deu uma risada gostosa de alguma coisa que Angela dizia.

Quando o garç om veio lhes perguntar se tinham gostado da comida e saber se queriam café, Jared empurrou a cadeira para trá s.

— Vamos ter que esquecer o café, se nã o se importa, Catherine. Obedientemente, ela se levantou, fazendo um gesto para que Andy continuasse sentado, e dando a volta à mesa para se juntar a Jared.

— Já vã o? — Angela ficou desapontada. — Ainda é cedo.

— Sinto muito. — Jared pegou Catherine pelo braç o. — Nó s nos vemos a qualquer hora.

— Na festa! Meu convite estava esperando, quando cheguei. Estou doida para chegar o dia.

Catherine e Jared se olharam e ele balanç ou a cabeç a, sem comentá rios..

— Até logo!

Dentro do carro, Jared mostrou sua irritaç ã o.

— Você esperava que eu dissesse a Angela que nã o vai haver festa nenhuma, nã o é?

— Nã o posso responder a isso.

— Nã o? Pois eu nã o queria começ ar esse tipo de conversa com ela.

— Nã o tem que se justificar comigo.

— Nã o tenho? E por que me gelou durante o almoç o inteiro?

— Imagine se fiz isso! Alé m de tudo, estava bem satisfeito da vida, conversando com a antiga namorada.

— Angela nã o é uma antiga namorada.

— Está bom: uma nova namorada.

— Nem isso. Ela é amiga de Laura. Queria que eu fosse rude com ela?

— Nã o tenho nada com isso.

— Droga, tem tudo a ver com você! — Deu a partida no carro, espalhando pedregulhos para todos os lados.

Catherine segurou-se no assento ao chegarem aos portõ es, certa de que nã o iriam longe naquela velocidade. Mas, muito antes de haver perigo, ele diminuiu a marcha e virou para a estrada costeira.

— Jared, por que me convidou para almoç ar? — perguntou, olhando-o intrigadí ssima. — Só consigo deixar você zangado.

Ele respirou fundo.

— Porque, idiota que sou, deixei você tomar conta de mim. Nã o consigo pensar em nada, só em você.

— Jared...

— Nã o posso trabalhar nem dormir! Maravilha, nã o é? Acho que é por isso que guardei um ressentimento contra você por todos esses anos. Talvez, desde entã o, eu estivesse lutando uma batalha perdida!

— Jared! — Estava tonta, incré dula. — Jared, nã o sei o que dizer. Mas seu coraç ã o batia descompassado.

— Você podia dizer que nã o é completamente indiferente murmurou, e o coraç ã o dela quase parou, quando ele pô s a mã o possessiva em seu joelho.

Colocou as duas mã os sobre a dele que, sem prestar atenç ã o nos outros motoristas, freou e tomou-a nos braç os.

Catherine mal teve tempo de dizer seu nome, antes de ser beijada, e aquela intimidade varreu qualquer pensamento coerente de sua cabeç a.

— ’ Ah, meu Deus! — murmurou ele, afinal, levantando a cabeç a ao som de buzinas, o riso dos pedestres e a impaciê ncia dos outros. — Quero você só para mim e estamos aqui encalhados no meio da rua, divertindo o pú blico!

Catherine pô s os cabelos para trá s das orelhas.

— Vamos para a praia — sussurrou.

— Tenho que fazer uma coisa antes.

— O quê? É Laura? Vamos encontrá -la no aeroporto? Olhou-a, enviezado.

— Antes fosse — respondeu, zangado, e ela entendeu cada vez menos.

— O que há? Jared, você nã o está pensando...

— Estou tentando nã o pensar. Nunca acreditei que pudesse fazer isso, mas vejo que consegui.

— Fazer o quê? Jared, querido, o que é?

Mas já estavam entrando no aeroporto e ele precisava dar toda sua atenç ã o à direç ã o. Catherine olhou o Boeing que aterrissava. Nã o importa o que Jared dissesse, ela estava morrendo de medo. A urgê ncia dele de chegar ao aeroporto parecia uma obsessã o. O que queria ali? O que tinha vindo fazer? E por que estava tã o certa de que era algo a ver com ela? Estacionou o conversí vel, e Catherine olhou-o, em dú vida.

— Quer que eu fique aqui?

— Nã o. — Jared saiu do carro e foi abrir a porta para ela. — Venha comigo.

— Mas aonde vamos? Jared, o que estamos fazendo aqui?

— Já vai ver. — Jared tinha se tornado curiosamente distante e suas feiç õ es estavam contraí das. — Vamos, parece que o voo já aterrissou.

— Que voo?

Mas ele foi andando, olhando para os lados, procurando por algué m. Catherine seguiu-o, devagar. Nã o sabia o que estava acontecendo e a ansiedade aumentava em seu peito, o que també m nã o entendia.

— Cat! Cat! Meu amor! Estou aqui!

Catherine girou nos calcanhares. Será que estava escutando bem?

— Tony! Tony, pelo amor de Deus, o que está fazendo aqui? Viu como Jared ficou pá lido.

— Você é Tony Bainbridge? — perguntou, numa voz estranha, e olhou para Catherine. — Esse é o Tony?

— Ele nã o contou que eu vinha, amoreco? — Tony olhou para ela, e Catherine, de boca seca, sacudiu a cabeç a.

— Eu queria... — Jared interrompeu-se, tã o lí vido que até dava medo.

— Nã o sabia... que...

— Que eu era aleijado? — perguntou o rapaz, empurrando a cadeira de rodas. — Cat nã o lhe contou? Vejo que nã o. E, mas infelizmente sou. Inú til da cintura para baixo. — Deu uma piscada com seu jeito bem-humorado. — É por isso que Manners sempre anda comigo, nã o é, Manners?

Um homem alto que estava junto à banca de jornais apareceu. De meia-idade, começ ando a perder os cabelos, mas com o mesmo senso de humor do patrã o.

Ele sorriu para Catherine e cumprimentou Jared.

— Boa tarde. É bom vê -la de novo, srta, Fulton. Nã o foi gentileza do sr. Royal nos convidar para vir aqui?

 

 

                                     CAPÍ TULO IX

 

 

— Acho que enfiei os pé s pelas mã os, nã o é, meu amor? No sentido figurado, é claro.

Tony falou da cama, mas suas palavras nã o conseguiram parar Catherine, que andava de cá para lá.

— Por que está aqui, Tony? Sei que detesta sair de Londres!

— Que palavras ó timas para umas boas-vindas! Recebi um convite do seu amo e senhor.

— Nã o é meu amo e senhor!

— Nã o? Pois parece...

— O que ele faz e o que ele é sã o coisas completamente diferentes.

— Conhece-o bem, nã o é?

— Imagine! Nem um pouco. Tony deu de ombros.

— Como eu podia adivinhar que você nã o sabia do convite dele? Por que ele nã o lhe contou nada?

Catherine suspirou e foi ficar na beira da cama.

— O que foi que ele lhe disse, Tony? Por que o convidou para vir aqui? — O rapaz fez uma careta.

— Esqueci as palavras exatas. Algo sobre você estar doente... Esteve doente?

— Um pouco de insolaç ã o, só.

— Vai ter que tomar mais cuidado.

— Tony, o que mais ele disse?

— Foi só um telegrama, amor. Nã o se pode dizer muito num telegrama.

— Só? Que eu estava doente? Tony franziu as sobrancelhas.

— Bem, ele deu a entender que você precisava de mim. Sabe o que quero dizer. Mas, porque pensou isso, nã o sei.

— Eu sei.

Catherine falou baixinho, entredentes, curvando os ombros e virando-se de costas. Podia imaginar muito bem. Jared estava convencido de que ela esperava um filho de Tony. Tinha trazido o rapaz para encarar suas responsabilidades. Assim é que se faziam as coisas naquela casa. Mas, a essa altura, já devia saber que Tony nã o podia ser pai.

Mas por que resolvera tudo em segredo? Por que nã o lhe disse o que estava planejando? Por que se comportara hoje como se a amasse e, de repente, tinha feito aparecer o homem de quem ela supostamente gostava? Nã o fazia sentido. A nã o ser que...

Continuou andando de um lado para o outro em frente à s portas abertas. Tinham dado a Tony um quarto no té rreo da casa, permitindo que ele se locomovesse na cadeira de rodas, sem dificuldades. Manners ficou no quarto ao lado, arrumando suas malas, mas insistiu para que Tony descansasse um pouco antes do jantar. Nã o aprovava Catherine ali por perto, mas ela achava que, se nã o falasse com algué m, ficaria louca.

Voltara do aeroporto no assento de trá s do carro, com Manners, pois era mais fá cil para Tony entrar no’ banco da frente. Sua cadeira de rodas era dobrá vel e encaixou sem muita dificuldade no porta-malas. Mesmo sentada atrá s de Jared, percebeu a raiva dele na conversa educada com Tony, no modo inibido de guiar, nos ombros duros e na cabeç a ereta.

Queria escorregar as mã os pelos ombros dele, apertar o rosto contra seus cabelos escuros e sentir a reaç ã o imediata de seu corpo.

Mas, ao invé s disso, teve que ficar quieta, falando apenas quando Tony perguntava alguma coisa.

Quando chegaram em casa, Jared deu instruç õ es bruscas para que arrumassem acomodaç õ es para os dois hó spedes e Lily e os outros empregados correram para cumprir as ordens. Nã o era nenhum problema acomodar duas pessoas no primeiro andar, mas para preparar os quartos era preciso remover certos mó veis e colocar outros. Tony parecia pedir disculpas por tudo e Catherine sentiu uma onda de calor e afeiç ã o por ele.

Para surpresa sua, Elizabeth foi muito simpá tica. Nã o era problema nenhum, insistiu ela, acomodar os amigos de Catherine; mas lembrando-se do comportamento da outra antes que ela e Jared saí ssem de manhã, Catherine viu que a madrasta entendia o que Jared estava fazendo.

ela pró pria nã o compreendia nada. Por que Jared tinha feito isso’? A nã o ser, e essa era a parte mais dolorosa, que, apesar da atraç ã o que dizia sentir por ela, fosse casar com Laura. Talvez se ressentisse do poder que Catherine parecia ter sobre ele. Mas hoje...

Melhor esquecer o dia de hoje, pensou. Melhor esquecer tudo, menos o fato de que Jared estava noivo de Laura.

— O que é, amoreco?

Tony mexeu-se na cama, inquieto. Virando-se para ele, Catherine sentiu uma pontada de culpa por tê -lo envolvido naquilo tudo.

— Nada. — Forç ou um sorriso e aproximou-se da cama. — vou embora e deixo você descansar. Conversaremos depois.

Tony estendeu a mã o e apertou a dela.

— Você está apaixonada por aquele sujeito, nã o é? Nã o tente negar. Conheç o você muito bem.

Catherine suspirou.

— Jared está noivo de uma moç a chamada Laura Prentiss. Vai conhecê -la hoje, com certeza. Ouvi Elizabeth dizer que ia convidá -la para o almoç o.

Tony olhou-a, desconfiado.

— Desde quando um anel de noivado impede uma pessoa de se apaixonar por outra? Ou-uma alianç a de casamento?

— Tony, por favor...

— Acho que você sabe por que ele me trouxe aqui.

— Nã o sei. — Sentiu o rosto afogueado. — Bem, talvez eu saiba parte da razã o.

— Que é...

— Nã o posso lhe dizer, Tony..

— Por que nã o?

— Foi uma burrice!

— O que, meu Deus?

— Uma coisa que eu fiz. Tony, por favor, nã o me pergunte. — Mas nã o acha que me deve essa explicaç ã o?

Ela deu um suspiro.

— Você nã o vai gostar.

— Estou preparado pá ra o pior.

— Eu... — Apertou os lá bios por um minuto. — Eu deixei Jared pensar... que estava grá vida.

— O quê? — Tony largou a mã o dela e olhou-a, incré dulo. — Fez o quê? Em nome de Deus, sobre o que está falando?

— Está vendo? Eu disse que nã o ia gostar!

— Nã o gosto, mesmo, mas quero saber por que fez isso.

— Tony, Manners disse que você precisa descansar.

— Acha que posso descansar com isso na cabeç a? Vamos, sente-se. Bateu na cama, ao seu lado. — É melhor desabafar. Venha.

— Tony! — Catherine afundou na cama e desatou a chorar, escondendo o rosto nas mã os e soluç ando como se seu coraç ã o fosse estourar.

O rapaz puxou-a para o peito largo, afagando sua cabeç a.

— Tudo bem, meu amor. Tudo bem. Sossegue, agora, e comece do começ o.

Completamente incoerente, a princí pio, Catherine afinal conseguiu contar a histó ria inteira, sua queda pelo homem mais velho amigo do pai, a atitude de Jared quando ela chegou a Barbados e sua submissã o inquieta, e a relaç ã o subsequente com ele...

Tony ficou em silê ncio quando ela acabou e levantou a cabeç a para olhá -lo, ansiosa.

— Está zangado comigo?

— Impaciente, talvez. Ah, Catherine, você sempre foi uma bobinha impulsiva! Por que nã o explicou o motivo pelo qual seu pai escreveu a Royal? Por que deixou que ele pensasse que levava uma vida completamente diferente? Deus do cé u, Jack Fulton tem culpa nessa histó ria!

— Nã o fale assim de papai.

— Mas é verdade. O dinheiro era seu deus, mas nã o o nosso. Devia ter explicado o motivo do medo dele.

— Eu nã o podia. — Catherine afastou-se, enxugando os olhos com a ponta da colcha. — De todo jeito, foi minha culpa.

— Bem, acho que Royal foi um estú pido! — Tony!

— Acho, mesmo. Imagine se tudo acontecesse como ele esperava, se fosse o tipo de homem que ele imaginava que eu fosse. Você aqui e eu em Londres, me divertindo. Que audá cia me trazer para ver você! Sabe, nó s podí amos nã o querer ver a cara um do outro. Ele nã o percebeu que há milhares de mulheres nos dias de hoje criando filhos sem um marido? Você podia muito bem ser uma delas!

— Mas nã o sou! — Catherine levantou-se. — Alé m disso, acho que nã o entende que tipo de homem Jared é. É contra seus princí pios deixar que uma crianç a nasç a fora do casamento se puder fazer alguma coisa para que isso nã o aconteç a.

— Verdade? Que tipo de princí pios sã o esses que permitem que ele faç a amor com uma mulher que pensa estar grá vida, forç ando a noiva a ver tudo? Sinto pena dela’; nã o dele. E me trazer aqui... É o fim! Como já disse, acho esse sujeito um bruto, um mau-cará ter!

Catherine saiu do quarto numa onda de infelicidade. Nã o sabia se Jared ia querer falar com ela antes do jantar, mas ele nem chegou perto. Ela descansou um pouco na cama, tomou banho e trocou de roupa. Escolheu um vestido preto, simples, de jé rsei drapeado e decotado.

Sentada no banquinho da penteadeira, passando rí mel nos cí lios, ficou pensando em Como estava cansada. Tinha sido um dia exaustivo para quem se recuperava de uma doenç a, por menor que fosse, e se Tony nã o esperasse vê -la, arranjaria uma desculpa para ficar no quarto. A cama a convidava, mas tinha que encontrar forç as para encarar Jared. Talvez, quanto mais depressa acabasse, melhor se sentiria. Mas o que podia acontecer agora, ela nã o ousava nem imaginar.

Laura e os pais estavam chegando quando Catherine desceu a escada e a moç a veio direto a ela.

— O que aconteceu? Elizabeth me contou que um amigo seu chegou de Londres. Quem é ele? Sabia que ele vinha? — Eu... bem... nã o exatamente.

Catherine lutava para encontrar as palavras adequadas, quando Jared chegou no hall, vindo da biblioteca. Cumprimentou os Prentiss e depois olhou fixamente as duas moç as. Laura saiu de perto de Catherine para ir ter com o noivo e deu-lhe o braç o, possessivamente, dizendo:

— Querido, estava perguntando a Catherine sobre a visita. Talvez possa nos esclarecer, pois ela está tã o deslumbrada com a chegada dele que nã o consegue explicar nada.



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.