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COLEÇÃO JARDIM DAS FLORES 5 3 страница



 

 

CAPITULO TRÊ S

 

Donald Hamilton meneou a cabeç a lentamente.

— Nada me restou, nem mesmo minha inde­pendê ncia.

— As avaliaç õ es nã o sã o o que você esperava? Mesmo para o apartamento de Londres? — Gwenna questionou, ansiosa.

— Eu diria que os nú meros nã o sã o generosos. Ela franziu o cenho.

— É claro que o preç o das propriedades caiu em algumas á reas. Como foram avaliados os jardins e o viveiro?

— A propriedade Massey está listada como patrimô nio histó rico e protegida por lei — Donald a re­lembrou. — Isso manté m seu valor baixo, porque o terreno nã o pode ser usado para fins lucrativos. O vi­veiro é um empreendimento pequeno. Você fez ma­ravilhas lá, mas...

— Nã o é um grande negó cio — completou Gwenna.

— Mesmo assim, se a venda das propriedades me protege de um processo, como posso reclamar? — murmurou seu pai. — Quanto ao que me contou so­bre você e o dono da Rialto, isso torna tudo ainda mais incrí vel.

Incrí vel? Parecia uma estranha escolha de palavra. Gwenna enrubesceu. Ainda se perguntava se seu pai tinha entendido o que ela faria a fim de salvar-lhe a pele. Para disfarç ar o embaraç o, abaixou-se para aca­riciar Piglet, que estava deitado aos seus pé s.

— Você é uma mulher linda. — Donald Hamilton olhou para a filha com orgulho. — Nã o me surpreen­de que um homem do calibre de Angelo Riccardi te­nha notado você e esteja interessado. Talvez pudesse conversar com ele sobre os valores — continuou ca­sualmente. — Nã o de imediato, mas talvez em uma ou duas semanas.

Nervosa, Gwenna levantou a cabeç a.

— Conversar com ele?

— Você nã o pode ser tã o ingê nua — disse seu pai com uma risada. — Obviamente, tem influê ncia so­bre o homem poderoso.

— Nã o acho que se possa dizer isso...

— Nã o é hora de falsa modé stia — interrompeu ele, meio irritado. — Escolha o momento para contar a Riccardi o quã o infeliz você em relaç ã o à sua famí ­lia. Tem idé ia de como vai ser minha vida sem um centavo, Gwenna? Dependendo de sua madrasta para tudo?

Mas ela estava tanto perplexa quanto consternada pela suposiç ã o de que seria capaz de persuadir Ange­lo Riccardi a oferecer um melhor preç o pelas proprie­dades de seu pai.

— Sinto muito, mas minha preocupaç ã o nã o che­gou tã o longe. Tudo que tenho pensado é em mantê -lo longe da prisã o.

Donald Hamilton recuou, como se estivesse se culpando por sua falta de tato.

— Acho que esse risco já nã o existe mais, e a vida continua — declarou ele. — Será muito difí cil conse­guir um outro emprego.

— Suponho que sim. Mas como espera que eu o ajude, conversando com Angelo Riccardi? — per­guntou Gwenna apreensiva.

Seu pai sorriu.

— Nã o seja ingê nua. Durante o tempo em que você tiver o interesse de Riccardi, o mundo será seu. Idealmente, eu gostaria de meu emprego de volta na Furnridge Leather.

Gwenna estava chocada pela declaraç ã o.

— Seu antigo emprego?

— Sim. — Sem notar a incredulidade da filha, ele acrescentou: — Isso silenciaria os difamadores. E me ajudaria a erguer-me novamente.

Ela engoliu em seco.

— Honestamente, nã o acredito que eu possa fazer nada para ajudá -lo a recuperar seu emprego.

— Bem, entã o, alguma coisa com um status equi­valente em algum outro lugar. Por que está chocada? — perguntou ele. — Nã o seria nenhum problema para Riccardi lhe fazer um pequeno favor.

Pela primeira vez Gwenna ficou aliviada com a chegada de Eva e das meias-irmã s. Nã o sabia como dizer ao pai que nã o tinha a influê ncia que ele imagi­nava, mas que sentia que suas esperanç as eram ilusó ­rias. Ao mesmo tempo, esforç ou-se para entender o comportamento do pai. Ele estava sob estresse e o re­lacionamento com a esposa nã o estava ajudando.

— Vejo que continua usando sua jaqueta enlamea­da e seu jeans barato — Penelope falou para Gwenna.

— Angelo Riccardi vai transformá -la numa mulher sensual? Ou será que lama o excita?

Gwenna nã o queria considerar o que poderia exci­tar Angelo Riccardi. Desde aquele beijo arrasador, vinha tentando esquecê -lo. A descoberta de que ele poderia lhe provocar uma resposta fí sica tã o intensa nã o fora bem-vinda.

— Você tem sorte — murmurou Wanda com inve­ja — Quando penso no esforç o que faç o para ficar bonita, é deprimente vê -la sair mal vestida e ainda atrair um bilioná rio.

— Isso nã o vai durar cinco minutos — previu sua madrasta, Eva. — Essas coisas nunca duram.

— É melhor eu ir. Tenho pedidos para enviar pelo correio — disse Gwenna, ansiosa para escapar do trio.

— Nã o se esqueç a do que estou passando aqui. — Seu pai a acompanhou até a porta.

— É claro que nã o vou esquecer. — Gwenna ficou tocada pelo abraç o afetuoso que ele lhe deu.

— Veja se consegue alguma coisa para mim com Riccardi.

Gwenna dirigiu o jipe lentamente de volta para o viveiro de plantas. Nã o havia mais nada que pudesse fazer por seu pai no momento, pensou com tristeza. Ele teria de aceitar o fato de sua vida nunca mais vol­tar a ser a mesma. A cabeç a dela estava latejando de tensã o. Era difí cil aceitar que, num espaç o de dez dias, tudo tinha virado de ponta-cabeç a, ameaç ando o futuro com o qual sempre contara. O vilarejo que vivia desde que nascera nã o seria mais o seu lar. O ne­gó cio que lutara tanto para construir seria passado para as mã os de um estranho, e talvez nem mesmo so­brevivesse.

Gwenna estava no estoque dos fundos, e tinha aca­bado de empacotar os pedidos que enviaria pelo cor­reio, quando seu celular tocou. Era Toby. Sorrindo com prazer, ela foi para a loja a fim de conversar e ouvir as novidades. Ele lhe falou que estava na Ale­manha. Arquiteto paisagista, Toby James já tinha uma carreira de sucesso e frequentemente trabalhava no exterior. Gwenna o conhecera na faculdade, e o via menos do que gostaria.

— Eu soube da histó ria de seu pai atravé s de um amigo que leu no jornal — disse Toby. — Você deve estar arrasada com isso. Por que nã o me contou?

— Nã o havia motivo para espalhar a notí cia ruim.

— Quantas vezes chorei em seu ombro? — censu­rou ele.

— Só uma vez — replicou ela, lembrando-se da noite em questã o. — Os viveiros e os jardins vã o ser vendidos.

— Isso é um desastre! Nã o posso crer! Gwenna visualizou Toby passando uma das mã os impaciente pelos cabelos castanhos, os olhos verdes brilhando com preocupaç ã o por ela. Ele era bonito e muito divertido. Demorara bastante para ela entender que a amizade deles nã o poderia passar de amizade, porque, embora poucas pessoas apreciassem o fato, Toby era gay. No momento em que Gwenna havia descoberto, estava apaixonada por ele, e nunca mais encontrara um homem que pudesse fazê -la sentir o mesmo tipo de afeiç ã o.

Enquanto Gwenna conversava com Toby, Angelo estava descendo da limusine parada diante da casa dela. Olhou as redondezas com desdé m. O viveiro de plantas nã o passava de um galpã o desorganizado e uma estufa antiquada. Ele foi em direç ã o à porta aberta da loja, e no momento em que sentiu o forte perfume no ar, viu Gwenna. Com pernas delgadas e longas coberta por um jeans justo e cabelos loiros menos num rabo-de-cavalo, ela estava encostada contra o balcã o, um sorriso glorioso iluminando o rosto adorá vel. Estava conversando, inconsciente de sua presenç a. Imediata­mente, ele soube que nã o ficaria satisfeito enquanto ela nã o lhe sorrisse daquele jeito.

— Parece que faz um sé culo que nã o o vejo. Estou com saudade.

Parado à porta, Angelo escutou. Embora estivesse perto, ela nã o o viu, o que nunca acontecia a Angelo. As mulheres geralmente sentiam sua presenç a de longe. Ela parecia falar ao telefone com seu amor... os olhos brilhando, a voz rouca e sorridente, o jeito absolutamente feminino.

— As coisas estã o incertas no momento — mur­murou Gwenna, apó s contar a Toby apenas o que considerava estritamente necessá rio. — Vamos nos encontrar quando você voltar.

Gwenna nã o sabia o que a fez olhar para cima, mas quando olhou, quase derrubou o telefone. Angelo Riccardi estava parado à porta, com um casaco preto de cashmere sobre o terno escuro, incrivelmente ele­gante e bonito.

— Toby... preciso desligar... algué m chegou à loja — murmurou ela apressada. O sorriso tinha desapa­recido do rosto.

Angelo entrou.

— Quem é Toby?

— Um amigo. — Ela guardou o celular no bolso.

— Em que posso ajudá -lo?

— Vai me perguntar isso na cama? — disse ele. — Nã o sou um cliente.

As faces de Gwenna coraram, os olhos azuis bai­xaram. Mesmo sem olhá -lo, podia sentir a energia se­xual na atmosfera, o que fez seu coraç ã o disparar, a respiraç ã o tornar-se ofegante e até mesmo os mami­los enrijeceram.

— Eu gostaria que você me mostrasse o lado ex­terno da propriedade — disse Angelo.

— Nã o há muito o que mostrar.

— Tanto faz. Preciso de ar fresco. Mal posso res­pirar com o perfume daqui. — Ele gesticulou para os vasos de rosas e outras flores misturadas no canto.

Sem comentá rios, ela abriu a porta do depó sito para libertar Piglet. O cachorrinho se dirigiu para An­gelo, cheirou-o para reconhecimento, entã o saiu la­tindo, a fim de investigar os estranhos. Gwenna e An­gelo també m foram para o lado de fora. A á rea de es­tacionamento estava repleta de carros e homens.

— Quem sã o essas pessoas? — Gwenna franziu o cenho.

— Seguranç as.

Ela ficou tentada a dizer-lhe que nã o havia neces­sidade para tais precauç õ es em sua loja, mas decidiu que aquilo poderia deixá -lo de mau-humor.

— Apenas uma pequena parte do jardim foi res­taurada. Uso a parte velha para distribuir as plantas que crescem em seu habitat natural.

— Eu nã o diria que este é o seu habitat natural.

— Bem, nesse caso, você estaria errado.

— Raramente estou errado sobre alguma coisa.

Gwenna controlou a irritaç ã o com dificuldade. Ele parou diante dela.

Em silê ncio, Angelo pegou-lhe a mã o e ela teve de reprimir a vontade de puxá -la. Longos dedos bron­zeados circularam-lhe o pulso com total frieza, ex­pondo a pele á spera das palmas e o estado deplorá vel das unhas.

— Quando soube que você dirigia um viveiro, nã o pensei que precisasse trabalhar diretamente com a terra.

Desequilibrada pelo contato fí sico, Gwenna respi­rou fundo.

— É a parte de que mais gosto.

— Você leva uma vida restrita.

— Eu nã o acho.

— E é muito teimosa. — Olhos escuros prenderam os seus, e o coraç ã o de Gwenna disparou violenta­mente no peito, até que nã o tinha consciê ncia de mais nada, exceto dele. Angelo levou-lhe os dedos à boca e pressionou os lá bios neles num gesto elegante. — Gosto disso. Num mundo de mulheres que só dizem sim, você brilha como uma estrela, gioia.

Tremendo, ela removeu a mã o, mas ainda podia sentir o toque dos lá bios dele em sua pele, enquanto um estranho calor a percorria. Nada o intimidava. Ele era cruel e impiedoso. O fato de saber disso e ainda ser capaz de responder com excitaç ã o a envergonha­va. Excitaç ã o? Ele beijava-lhe a mã o e a deixava na­quele estado. O que isso dizia sobre Gwenna? Que havia passado muito tempo sonhando com um ho­mem que nã o poderia ter? Respirando fundo, come­ç ou a falar sobre o jardim, os planos de restauraç ã o e fundos que já existiam.

Angelo ouviu sem interesse ou comentá rios. Nã o tinha intenç ã o de comprometer-se com um projeto que nã o oferecia perspectivas de lucro. Nã o estava interessado em espaç os verdes. Nunca tivera tempo ou paciê ncia para ficar parado, sentindo o aroma de rosas ou admirando uma vista. O amor e o entusias­mo dela pela natureza eram ó bvios. Mas a mente de Angelo estava ocupada com prazeres menos inocen­tes. Perguntava-se como ela podia parecer tã o mara­vilhosa quando estava vestida como mendiga. Estava á vido por vê -la toda enfeitada em trajes bem femini­nos. Irritava-o o fato de Gwenna parecer se afastar cada vez que ele se aproximava dela.

— Pare com isso.

— Parar com o quê? — exclamou Gwenna. Angelo fechou uma das mã os sobre as dela e pu­xou-a para seu lado.

— Sr. Riccardi...

E a maneira formal pela qual ela o chamou o deixou tã o insatisfeito que a beijou com todo o desejo que geralmente mantinha sob controle.

Gwenna deixou escapar um gemido abafado antes que aquela boca bonita e sedenta a silenciasse. Ele roubou-lhe as palavras, o fô lego, a habilidade de ra­ciocinar, e deixou-a com os joelhos bambos. Angelo a encostou contra uma parede de pedras, entã o, segu­rando-lhe as ná degas, ergueu-a do solo para que ela fizesse contato com sua ereç ã o. Uma sensaç ã o sedu­tora fez o corpo de Gwenna formigar. A paixã o de Angelo era crua e excitante, e completamente nova para ela.

Subitamente, ergueu a cabeç a escura e praguejou em italiano antes de anunciar:

— Seu cachorro está me mordendo.

Momentaneamente sem fala, Gwenna focou na vi­sã o de Piglet rosnando e puxando freneticamente a bainha da calç a de Angelo.

— Oh, meu Deus, ele realmente nã o gosta de você.

— Abaixando-se, tremendo por dentro e por fora, ela ficou grata pela desculpa de pegar o cachorro nos braç os.

— Nã o vai nem perguntar se estou machucado? Sangrando? Precisando de uma injeç ã o antitetâ nica? — disse ele com sarcasmo.

— Sinto muito. Você está bem?

— Nã o acho que vou sangrar até morrer. E minhas vacinas estã o atualizadas. — Angelo notou como o cã o estava sendo acariciado gentilmente. Podia jurar que havia uma expressã o de triunfo nos olhos redon­dos do animal.

Com as pernas trê mula, Gwenna agradeceu aos cé us pela intervenç ã o do cachorro e afastou-se. Colo­cando Piglet no chã o novamente, endireitou o corpo com relutâ ncia. Estava envergonhada de seu pró prio comportamento e nã o era hipó crita o bastante para repreender seu cã o. Nã o quando Piglet a salvara de perder sua virgindade. Pelo menos por enquanto.

— Os jardins estã o em mau estado alé m do muro. Nã o há mais nada para lhe mostrar — murmurou ela.

— E a mansã o?

Minutos depois, Gwenna parou diante da grande casa onde sua mã e tinha nascido. A construç ã o arruina­da havia amargurado Isabel Massey, que nunca supera­ra a convicç ã o de que seu destino era muito cruel. Em comparaç ã o, Gwenna respeitava aquela parte de sua histó ria familiar com tristeza, pois, na verdade, seus ancestrais Massey nunca tinham sido capazes de man­ter o grande investimento que fizeram.

— Como é o interior da casa?

— Está em ruí nas. Teve de ser fechada com tá buas anos atrá s, por seguranç a.

— Esta é apenas uma visita breve — murmurou Angelo enquanto andavam de volta para o viveiro. — Seu pai foi chamado para uma reuniã o esta tarde.

Gwenna ficou tensa.

— Posso perguntar do que se trata a reuniã o?

— Ele nã o deu uma descriç ã o verdadeira de seus bens.

O rosto dela esquentou, raiva a percorrendo.

— Isso é mentira!

Angelo a fitou com o semblante impassí vel.

— Nã o gosto de pessoas que me fazem perder tempo.

— Mas papai nã o o fez perder tempo nem mentiu para você. — Com os olhos azuis faiscando, Gwenna cerrou os punhos na lateral do corpo. — Nã o pode presumir que ele o está enganando somente porque cometeu o erro de pegar um dinheiro emprestado da Furnridge Leather.

— Nã o estou presumindo. Foi pedido que seu pai fizesse uma revelaç ã o completa de seus bens.

— E ele fez isso.

— Enquanto cuidadosamente omitiu detalhes do outro apartamento que possui em Londres.

— Ele só tem um, pelo amor de Deus!

— Ele possui um segundo, que ainda nã o acabou de pagar.

Gwenna suspirou longamente.

— Você entendeu errado.

— Lamento que nã o. Minhas informaç õ es sobre essa segunda propriedade vê m de fontes seguras. — Angelo observou-lhe o olhar subitamente incerto e assustado. Ela nã o podia esconder o sofrimento. Ele podia ter lhe dito que sua lealdade e afeiç ã o estavam sendo desperdiç adas por uma causa nã o merecedora. Donald Hamilton era mentiroso, trapaceiro e ladrã o.

Mordendo o lá bio, Gwenna virou a cabeç a, porque seus olhos estavam queimando pelas lá grimas. Gos­tasse daquilo ou nã o, havia algo muito convincente na confianç a suprema de Angelo.

— Se você estiver certo, realmente nã o sei o que dizer.

— Nosso acordo nã o será rompido por isso. Seu pai vai vender os bens mencionados antes, e vamos esquecer essa questã o.

Gwenna engoliu em seco.

— Sob as atuais circunstâ ncias, isso é muita gene­rosidade sua.

Angelo sorriu. Tudo estava acontecendo exata-mente conforme o plano. Sabia que Hamilton come­tera pelo menos mais uma ofensa, que apareceria mais cedo ou mais tarde. Quando isso acontecesse um processo e uma sentenç a de prisã o seriam certos E no momento em que Angelo tivesse terminado, já teria perdido o interesse em Gwenna.

— Meu pai nã o é um homem ruim, é apenas tolo Nã o sei o que deu nele... talvez seja alguma crise de meia-idade — disse ela desesperada. — Honesta­mente, nã o posso explicar por que ele fez essas coi­sas. Mas posso lhe dizer que foi um pai maravilhoso para mim. Fez muitos trabalhos para a comunidade, també m.

Angelo pegou-se focando os olhos ú midos que re­velavam pura sinceridade. Sentia-se fascinado pelos sentimentos que ela era incapaz de esconder. Suas parceiras de cama sempre possuí am uma concha protetora que combinava com a pró pria contenç ã o de Angelo. Cheia de idé ias e otimismo, Gwenna era ri­diculamente vulnerá vel. Em alguns meses, se torna­ria mais triste e mais sá bia. Uma fraca onda de arre­pendimento o assolou. Perturbado pela aparente sen­sibilidade, reprimiu o sentimento.

— Arranjei acomodaç ã o para você. Gwenna tremeu com a notí cia.

— Que tipo de acomodaç ã o e onde?

— Uma cobertura em Londres. Gosto de ambien­tes altos.

— Eu nã o... Há um jardim lá? Piglet vai precisar de um jardim — murmurou ela insegura.

— Piglet?

— Meu cachorro.

— Pago a conta para que ele fique num hotel de cachorros — replicou ele friamente.

— Nã o. Ele tem de ficar comigo. Piglet fica depri­mido e se recusa a comer quando nã o estou por perto — começ ou ela, sem tentar esconder a ansiedade. — Sei que parece tolice para algué m que nã o é senti­mental com os animais, poré m, ele é um cã o muito emotivo.

Angelo olhou para o pequeno cachorro atrá s dela. O animal abanava o rabo alegremente. De maneira alguma Angelo iria compartilhar um lugar, mesmo que por perí odos breves de tempo, com aquele cã o.

— Ele vai para o hotel. Meu staff vai escolher o melhor disponí vel.

— Mas se eu nã o estiver lá, ele nã o vai comer...

— Bobagem.

— Nã o é bobagem.

— Nã o gosto de animais em locais fechados — fi­nalizou Angelo com firmeza.

Gwenna suspirou enquanto lembrava-se de que, dois anos atrá s, Piglet tinha feito greve de fome quan­do ela saí ra de fé rias. Agora podia sentir os olhos ma­rejados com a perspectiva de viver sem Piglet, e pre­feria morrer a demonstrar sua fraqueza. Angelo Riccardi ficaria cansado dela dentro de uma semana, confortou a si mesma. Teria de entediá -lo.

— Tenho direito a um pedido? — perguntou ela sem rodeios.

Angelo considerou aquilo. Se tivesse uma corrente atada ao tornozelo dela, teria removido as argolas para restringir-lhe a liberdade ainda mais. Era uma atitude estranha para um homem acostumado a con­quistar com facilidade, e aquilo o irritava.

— É sobre sua acomodaç ã o?

Gwenna assentiu.

— Quero morar em algum lugar com um jardim. Vou enlouquecer se ficar na cidade, trancada entre paredes.

— Há uma piscina com um telhado que abre e fecha.

— Eu quero um jardim. Até mesmo um homem condenado tem direito a um ú ltimo pedido.

— Você nã o está enfrentando um pelotã o de fuzi­lamento — murmurou Angelo. Um jardim? Por que ela queria tanto um jardim? Nã o era um pedido ra­zoá vel. Aquilo levaria mais tempo para reorganizar, e esperar por Gwenna o estava matando. Desde a pri­meira vez que a vira, imagens eró ticas vinham per­turbando sua concentraç ã o. Estava cansado daquela invasã o mental e perdendo a paciê ncia.

— Em quanto tempo você virá para mim? — ques­tionou ele.

Nervosa pela pergunta ousada, Gwenna cometeu o erro de fitá -lo diretamente. Encontrou olhos doura­dos sexualmente ardentes, e seu rosto esquentou.

— Nã o finja que nã o sabe o que quero dizer — soou a voz profunda e rouca de Angelo.

— Quando eu for obrigada a fazer isso. Quando eu nã o tiver escolha.

— Tí pica resposta de uma virgem virtuosa enfren­tando violaç ã o no sé culo passado. — Ele sorriu com ironia. — Esse nã o é seu caso.

— Você acha que sabe de tudo, nã o acha? — de­volveu ela furiosa. — Mas nã o sabe. Na verdade, este é meu caso.

Os olhos de Angelo se estreitaram, os cí lios pretos baixaram para intensificar o exame detalhado. Ele a estudou em silê ncio, e Gwenna desviou o olhar, en­vergonhada e com raiva ao mesmo tempo.

— Nã o ouse fazer nenhum comentá rio depreciati­vo— ela o avisou.

A surpresa de Angelo de repente se transformou em uma onda poderosa de satisfaç ã o. Era aquela ino­cê ncia dela que o atraí a? Ele havia sentido, de algu­ma maneira, a sutil diferenç a entre Gwenna e as ou­tras mulheres que conhecia? Uma virgem. Pedir-lhe que o acompanhasse até Londres para preencher o tempo que ele tinha antes de voar para Nova York agora parecia muito impró prio. Rude. Por um segun­do, o cená rio inteiro pareceu rude, mas quando ele a fitou, bloqueou o pensamento. Nunca tinha sentido um desejo tã o urgente por uma mulher, e agora que entendia que a fonte da relutâ ncia dela era a inexpe­riê ncia, a necessidade de possuí -la tornou-se ainda mais forte. Gwenna nã o era indiferente a ele. Era apenas tí mida, e Angelo tinha de admitir que nã o es­tava acostumado com mulheres tí midas.

Um longo silê ncio se instalou. O fato de Angelo nã o fazer nenhum comentá rio subitamente a enfure­ceu e a fez se sentir tola. Desejava agora que nã o ti­vesse contato um de seus maiores segredos.

— Ouç a, tenho muito trabalho a fazer — murmu­rou ela. — Quando espera que eu vá para Londres?

— Na pró xima semana. Você será informada dos arranjos. — Angelo tirou um cartã o do bolso. — Se quiser falar comigo, aqui está meu nú mero particular. Poderá me encontrar em qualquer lugar.

Gwenna aceitou o cartã o, incapaz de imaginar que sentiria vontade de contatá -lo. Seus pensamentos es­tavam concentrados numa questã o muito mais im­portante e, finalmente, reuniu coragem e perguntou:

— O que você planeja fazer com este lugar?

Ele deu de ombros, a expressã o ilegí vel.

A indiferenç a dele em relaç ã o ao futuro do viveiro ou dos jardins histó ricos deprimiu Gwenna profunda­mente, e tirou-lhe qualquer resquí cio de esperanç a. Angelo provavelmente era o ú ltimo homem do mun­do que investiria num negó cio que se esforç ava para sobreviver fora da estaç ã o turí stica.

Antes de entrar na limusine, Angelo olhou nova­mente na direç ã o dela. Gwenna nã o devolveu o cum­primento. Pegando o cachorro no colo, entrou apres­sadamente na loja. O maxilar dele se contraiu.

 

 

CAPÍ TULO QUATRO

 

Quatro dias depois, Gwenna estava em Londres. Na manhã apó s sua chegada, foi recebida por uma ele­gante morena com cerca de 3O anos. Coordenadora a serviç o de Angelo Riccardi, Delphine Harper telefo­nara para Gwenna e combinara de encontrá -la.

— É meu trabalho garantir que você tenha uma transiç ã o suave para a vida da cidade. Seu dia está programado com diversos compromissos. — Delphi­ne deu um sorriso educado. — A primeira coisa é ver a propriedade que o sr. Riccardi selecionou para você.

Uma transiç ã o suave? Gwenna podia ter chorado com aquela frase. Somente agora que haviam lhe tira­do tudo, tinha idé ia de como era com suas plantas. No mesmo dia em que Angelo a visitara, seu pai vende­ra-lhe todas as propriedades que possuí a. Dentro de 24 horas, um empregado da Rialto tinha aparecido para assumir o viveiro de plantas. A velocidade da to­mada de posse impressionara Gwenna, que teve difi­culdade em entregar o controle do negó cio e dos jar­dins que amava. També m tivera de esvaziar seu apar­tamento em cima da loja apressadamente. O novo ge­rente precisava de acomodaç ã o, o que a forç ou a mu­dar-se temporariamente para Old Rectory, onde todos, exceto seu pai, a fizeram sentir-se uma intrusa indesejada.

Pressionado pela referê ncia da filha sobre o segun­do apartamento que possuí a em Londres, Donald Ha­milton suspirou.

— Tive boas razõ es para fazer segredo disso. Eva teria desejado que eu o vendesse e comprasse uma casa maior para a famí lia, e eu queria guardá -lo para nossa aposentadoria. Meus motivos nã o eram inteira­mente egoí stas. O inquilino atual é uma senhora ido­sa com um aluguel que seria renovado. Fiquei preo­cupado que a mudanç a de dono a forç asse a sair.

— Mas você nã o mencionou o apartamento quan­do tinha prometido declarar todos os seus bens. Isso deve ter causado uma má impressã o no pessoal da Rialto — apontou Gwenna.

— Se eu nã o cuidar de meus pró prios interesses, que vai cuidar? — replicou seu pai sem remorso. — É claro, estou esperando que, quando você tiver uma chance, fará o melhor possí vel para amenizar nossos problemas aqui.

Recordando-se daquela conversa, Gwenna sentiu seu ní vel de estresse aumentar. A falta de preocupa­ç ã o de seu pai sobre a desonestidade a enervara. O roubo na Furnridge nã o demonstrava apenas o caso de um homem levado ao desespero devido a proble­mas financeiros. Os problemas dele eram mais pro­fundos do que isso. Havia uma fraqueza no cará ter de seu pai, reconheceu ela com tristeza. Isso podia ex­plicar o fato de ter sido mulherengo quando mais jo­vem, e talvez Gwenna o tivesse perdoado muito rapi­damente.

—Chegamos — anunciou Delphine alegremente, tirando-a dos pensamentos.

Saindo do carro, Gwenna olhou atô nita para a pro­priedade substancial diante de si.

Delphine balanç ou as chaves com um ar de impor­tâ ncia e abriu a porta imponente.

— Este deve ser um dos melhores endereç os de Londres.



  

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