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Capítulo XI



Capítulo XI

Os dias que se seguiram foram cheios de atividade. Não houve tempo para qualquer introspecção. Lauren se viu mergulhada até a cabeça nos preparativos para o casamento de Donata. Acompanhava-a nas compras, observava com atenção Cristina Laurentis preparar a lista de convidados e procurava ajudá-la para que tudo saísse dentro do protocolo. Sabia que precisava aprender tudo com rapidez. Não estava longe o dia em que recairia sobre seus ombros a tarefa de cuidar da vida social da família.

— Você não tem nem idéia do trabalho que há por trás dessas festas e comemorações — comentou com Nick. — Não se trata apenas de fazer com que as coisas aconteçam, mas, sim, que tudo ande bem em seus mínimos detalhes, sem que nada saia errado ou seja esquecido. É preciso estar constantemente alerta. E a conservação da casa, então, que trabalho! Você estava aqui quando as águas do canal foram quase até o nível das janelas?

— Não. Mas eu já vi a Piazza inundada muitas vezes. Veneza está afundando, muito lentamente, mas sem dúvida está afundando. Só espero que encontrem uma solução para o problema antes que estejamos debaixo d'água.

Era inegável que um vínculo maior crescia entre os dois. Conversavam animadamente no quarto, preparando-se para o jantar como qualquer casal apaixonado. Ele a observou pelo espelho, enquanto ajustava a gravata.

— E então, está se sentindo mais em casa?

— Ainda não deu tempo para me acostumar. Principalmente depois do que você acaba de me falar — ela respondeu, com um sorriso. — Pergunte-me isso daqui a uns dois meses, está bem?

— Daqui a uns dois meses estaremos numa posição bastante diferente. Você já deve ter percebido como meu avô fica pior a cada dia que passa.

— Sim, eu percebi. — Ela deu um profundo suspiro. — Eu gostaria muito que houvesse um modo de prolongar-lhe a vida.

— Por que você não quer me ver no lugar dele?

— Não só por isso. É que gostaria de ter a oportunidade de conhecê-lo melhor, de me aproximar mais...

— Você não conseguiria, mesmo que tivesse a oportunidade. — O tom de voz de Nick soou brusco e seco. — Ele é do tipo de pessoa que não muda de opinião em hipótese alguma. O exemplo de minha mãe deveria ser suficiente para você se conscientizar disso.

— Eu não sei quanto a seu pai, mas seu avô não é o único na família a ter uma visão estreita das coisas — ela observou, enquanto retocava a maquilagem.

— Bem, é melhor esquecermos isso e descermos para o jantar.

Seria uma perda de tempo continuar aquela discussão, não levaria a lugar algum. Nada do que dissesse poderia mudar a situação. Ela se perguntava se Francesca havia sido capaz de exercer alguma influência sobre Nick durante o tempo em que estiveram juntos. Era óbvio que a ex-amante não tinha conseguido levá-lo ao altar. De qualquer modo, nem ela tinha esse triunfo. A decisão partira unicamente dele.

O signor Di Saverani estava presente ao jantar naquela noite. Comeu pouco e falou menos ainda. Sua saúde se deteriorava a cada dia. Lauren percebeu os olhos dele pousarem nela mais de uma vez durante o jantar. Nick também merecera uma atenção especial. Quem sabe ele finalmente estivesse se acostumando com a idéia do casamento... Era quase impossível que isso acontecesse, mas algo mudara, tinha certeza disso. A maneira como ele os olhava naquela noite era diferente. No fundo, Lauren nutria esperanças de que o ancião os aceitasse.

Foi sem surpresa que, na tarde seguinte, recebeu um convite para ir conversar com o patriarca no quarto dele. Quando entrou, o velho senhor estava em pé, ao lado da janela.

— Sente-se — ele disse com um gesto autoritário. — Achei que já era tempo de conversarmos novamente.

Ela esperou que o signor Di Saverani se sentasse primeiro para depois acomodar-se numa poltrona próxima.

— Eu a chamei aqui para resolvermos uma questão muito delicada. Vou apelar para o seu bom senso, Lauren.

— O senhor quer que eu vá embora, não é? — ela se adiantou, sentindo o coração apertar cada vez mais. — Sem mim, o problema estaria resolvido.

— Exatamente — ele concordou, inclinando levemente a cabeça coberta por cabelos brancos. — Nicholas certamente não irá gostar, mas acabará aceitando se a decisão partir de você.

— Mas na realidade ela será apenas sua, não é?

— Mais uma vez você está certa. O fato é que ainda há tempo para meu neto formar uma aliança com uma boa família italiana.

— Naturalmente, depois que conseguir anular nosso casamento — ela observou com um leve sorriso de ironia, que foi se transformando numa expressão de dúvida e quase desespero. — Mas eu não entendo... Foi o senhor mesmo quem insistiu na realização de uma segunda cerimônia!

— Devo admitir que foi um erro da minha parte. Fui pego de surpresa e não me dei tempo para considerar outras alternativas. A anulação fica mais difícil, mas não impossível. Posso arranjar tudo com alguns telefonemas.

— Isso se eu concordar. Por que tem tanta certeza de que Nick vai me deixar ir embora?

— Ele não deverá saber de nada, até que seja tarde demais para impedi-la. Vincenzo e ele demorarão a voltar, esta noite. Há um vôo daqui a duas horas, direto para Londres. Já reservei um lugar para você.

Lauren olhou-o fixamente, tentando convencer-se de que não era um pesadelo.

— O senhor realmente acha que eu iria embora esta tarde, sem dizer uma palavra a ninguém? Sinto muito, mas é impossível.

Ele deu de ombros, como se já esperasse por aquela resposta.

— Será que continuaria sendo impossível se eu lhe contasse que Nicholas esteve com Francesca Bardini ainda ontem?

Um pesado silêncio caiu sobre o quarto. Ela se lembrou imediatamente da noite anterior, quando tinha feito amor com Nick pela última vez. Ele lhe parecera estranho, quase indiferente. A revelação do velho deixava tudo mais claro em sua mente. Então Nick tinha acabado de ver Francesca e depois a procurara...

Aquilo ela não podia perdoar! Justamente a única coisa que havia dito ao marido que não aceitaria de modo algum!

Mas... e se o ancião estivesse mentindo? E se tudo fosse um plano para destruir-lhe o casamento? Olhou para aquele rosto marcado pela doença e pela idade, indecisa. O avô de Nick chegaria a esse ponto? Não. Ele podia ser conservador, preconceituoso, mas certamente não era mentiroso. O signor Di Saverani não desceria a um ponto tão baixo.

— O senhor está certo — disse, com o rosto cheio de dor. — Isso faz diferença. Eu não terei tempo de fazer minhas malas. Talvez o senhor possa se encarregar de enviá-las para mim.

— Com certeza. — Por um momento foi possível perceber algo parecido com vergonha nos olhos do velho senhor. — É uma pena que não nos tenhamos conhecido em outras circunstâncias.

— Eu descerei em dez minutos — Lauren saiu do quarto feito um vendaval, sem olhar para trás.

Não encontrou ninguém pelo corredor. Arrumou algumas roupas essenciais numa maleta e desceu até a lancha que a levaria para o aeroporto.

O sol iluminou-a durante todo o caminho. Seu corpo poderia estar aquecido, mas o coração continuava insensível. Finalmente voltava para casa, mas agora isso não significava mais nada. Ainda demoraria muito para que voltasse a se sentir viva novamente.

Henry Devlin a esperava no aeroporto, em Londres. Não disse nada quando ela atravessou o portão de chegada, apenas a abraçou com força. Somente quando estavam a caminho de casa foi que tocou no assunto.

— Seu telefonema foi um choque, meu bem. Pensei que você e Nick poderiam ter problemas, mas não assim, tão depressa. Quer falar a respeito disso?

— Não agora. Você se importaria se deixarmos para conversar mais tarde?

— Claro que não. O mais importante é que você descanse. Carol está nos esperando em casa. Garanto que ela também não a importunará com perguntas.

— Eu sei. — As lágrimas rolavam pelo rosto de Lauren. — Eu me sentirei melhor quando estiver em casa. Parece que faz anos que fui embora.

Durante o jantar, Lauren comeu muito pouco e falou só o essencial.

— Se vocês não se importarem, eu gostaria de ir direto para a cama.

— Claro que nós não nos importamos, querida — Carol falou com carinho. — Você não precisa se preocupar com nada por aqui. Eu me mudei para cá quando Henry estava na Itália. Diante das circunstâncias, nos pareceu ridículo mantermos duas casas.

— Claro — Lauren concordou com um sorriso. — Eu os compreendo perfeitamente e acho que acertaram em tomar essa decisão. Bem, acho que vou me deitar. Boa noite.

O quarto estava a sua espera, exatamente como o havia deixado. Acendeu as luzes e abriu uma das janelas. Olhou aquela paisagem familiar. Não saberia precisar quanto tempo permaneceu em pé, parada feito uma estátua, perdida em pensamentos. Parecia incrível, mas sentia-se uma estranha em sua própria casa. De qualquer forma, ali era o seu lar, e de uma maneira que o palacete em Veneza nunca poderia ser. Teria que esquecer aquelas semanas na Itália. Começaria uma vida nova, da qual Nicholas Brent não faria parte...

No outro dia, ela ainda se sentia um pouco deslocada. Carol ofereceu-se para tirar folga na empresa e fazer-lhe companhia. Lauren recusou imediatamente. Mais cedo ou mais tarde, teria que se acostumar à nova situação. Seus problemas eram seus e de mais ninguém.

No café da manhã, tinha contado ao casal o que havia acontecido em Veneza. Estranhamente, eles pareceram não concordar com a maneira abrupta com que resolvera o problema. Carol apressou-se em deixar claro que não se importaria de que vivessem os três juntos, mas Lauren foi firme em sua intenção de sair à procura de um novo emprego e de um pequeno apartamento para morar.

No momento, porém, tudo de que precisava era relaxar. Colocou um biquíni e dirigiu-se à piscina. Passou a manhã tentando ler um livro, mas estava tão esgotada que acabou dormindo profundamente. Acordou sobressaltada, com um leve toque em seu ombro. Assim que abriu os olhos, deparou com um belo sorriso.

— Você vai acabar se queimando demais — Nick comentou, sentando-se ao seu lado. — Não é muito prudente dormir sob o sol, mesmo aqui na Inglaterra.

Ela não sabia o que pensar. Ficou imóvel, temendo que ele desaparecesse por encanto. Mas não, ele era real, de carne e osso, e estava ali ao seu lado.

— Como você conseguiu entrar aqui?

— Como qualquer outro anjo. Eu voei. Isso é tudo que terei como boas-vindas?

Lauren precisou reunir todas as suas forças para não se atirar nos braços dele. Cada vez mais perdida em suas fantasias, ela pôde quase sentir um beijo longo, profundo, apaixonado. Era como se o mundo deixasse de existir: só havia Nick e seu grande, imenso amor. Contemplou-o por um instante antes de voltar à realidade. Por fim, conseguiu falar:

— Por que você teve o trabalho de vir, Nick? Seu avô deve ter lhe dito por que deixei Veneza.

— Ele me contou tudo. Mas será que é motivo suficiente para negar-me uma chance de lhe explicar o que aconteceu?

— Por acaso você negaria o que seu avô disse?

— Não. Eu não negaria nada. É verdade que estive com Francesca há alguns dias. Não estou querendo perdão, simplesmente quero uma oportunidade para conversarmos.

— Para quê? — ela perguntou, levantando-se de imediato.

— Será que nunca lhe ocorreu que um homem e uma mulher podem se encontrar sem que nada de mais íntimo aconteça?

— Claro que é possível. Normalmente ocorre com a maioria dos homens e das mulheres. Mas não quando se trata de Francesca e de você. Aí, duvido que algo de mais íntimo possa deixar de acontecer. — Lauren deu um profundo suspiro e depois continuou: — Deus, eu deveria ter sabido disso desde o começo. Ou melhor, bem lá no fundo, eu já sabia que isso acabaria acontecendo.

— Você não sabe de nada, Lauren. Exceto aquilo em que quer acreditar.

— Você sempre foi muito claro em suas atitudes, Nick. Eu é que não queria enxergar. Volte para Veneza. Não preciso de você.

— Ainda é minha esposa — ele lembrou, enquanto a segurava pelos braços. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ele a apertava como se tivesse medo de perdê-la, acariciava-lhe as costas, a nuca, até que afundou os dedos em seus cabelos, puxando de leve sua cabeça para trás. Devagar, beijou-lhe a testa, as têmporas e por fim chegou à boca, cujo contorno traçou com lábios quentes e macios.

Lauren tentou controlar-se e não dar vazão às respostas que os gestos daquele homem exigiam. Sentia um friozinho subir-lhe pela espinha a cada toque dele. Desesperava-se ao saber que tinha um corpo que não podia controlar.

— Foi assim que tudo começou, não é? — comentou, quando ele se afastou um pouco. — Só que agora estamos na Inglaterra e não na Itália. Tente fazer algo contra mim e verá o que acontece.

Ele a soltou imediatamente.

— Venha, vamos tomar alguma coisa antes de você ir embora. — Lauren vestiu um roupão, e entrou na casa. Ele a seguiu, no mais completo silêncio.

— O que você gostaria de tomar? — ela perguntou, tentando parecer natural.

— Apenas um cafezinho — Nick respondeu com ar distraído. Ela se dirigiu à cozinha para preparar a bebida. Ele a seguiu prontamente.

— Instantâneo está bem para mim — avisou, sentando-se numa cadeira.

— Mas para mim, não. Detesto café que não seja coado à moda antiga.

— Vai demorar mais tempo assim. Pensei que quisesse se livrar de mim o mais rápido possível.

— Cinco ou quinze minutos não fará diferença.

— Então é esse o tempo que você vai esperar para me mandar embora?

— Ora, Nick, não seja dramático. Não há motivos para você ficar.

— Isso é uma questão de opinião.

— Nick, essa atitude não vai ajudar nem um pouco. Há muitas coisas nos separando. Sempre houve e sempre haverá. Eu não consigo nem confiar em você!

— O problema é que você não se permite confiar em mim. — Ele deu de ombros. — Não que você não tenha alguma razão para isso, mas...

— Tenho todas as razões! Eu não quero ouvir suas explicações, Nick. — Havia impaciência na voz de Lauren. — Será que você não consegue meter isso na cabeça? Estou farta de ser usada por você... em todos os sentidos! Não há mais chances. Será que não entende?

Lauren caminhou para a sala, subiu as escadas correndo e trancou-se no quarto. Pouco depois, constatou que a maçaneta da porta era girada com insistência.

— Eu não vou arrombar porta nenhuma, Lauren. Você vai ter que sair daí mais cedo ou mais tarde. E eu estarei à sua espera, não irei embora antes de conversarmos.

Ela ficou em silêncio, com a voz entalada na garganta. Conseguiu relaxar apenas quando o ouviu descer as escadas. Na verdade, não poderia ficar ali eternamente, mas Carol e seu pai estariam de volta às seis e meia. Seria fácil esperar até lá. Qualquer coisa seria melhor do que correr o risco de cair nos braços dele novamente.

A tarde demorou muito para passar. Embora não ouvisse nenhum barulho vindo da parte de baixo da casa, ela tinha certeza de que Nick ainda estava lá.

Quando o calor aumentou, Lauren foi até a janela para abri-la. Nick estava sem camisa, sentado num banco do jardim com o olhar mais displicente do mundo. Acenou assim que a viu, numa clara demonstração de que não sairia dali tão cedo. Se ele continuasse onde estava, ela pensou, poderia escapar pela frente da casa. Mas, afinal, não fazia sentido fugir. Não era mais nenhuma adolescente.

— Você não vai ganhar nada ficando trancada aí — ele gritou. — Mais cedo ou mais tarde vai ter que me ouvir.

— O que você pretende fazer?

— Por que não tenta descobrir sozinha?

— Não. — Ela fechou a janela com violência.

Já eram vinte para as sete quando Lauren ouviu o carro de seu pai entrar na garagem. Por alguns minutos ouviu Devlin e Carol conversando com Nick no saguão, depois fez-se silêncio. Provavelmente, haviam se transferido para alguma parte mais distante da casa.

Logo depois, passos rápidos soavam no corredor. Era seu pai.

— Abra a porta, Lauren — Henry pediu com delicadeza. — Temos que conversar.

Ela obedeceu e afastou-se para dar-lhe passagem.

— Podemos conversar aqui mesmo se você não se importar. Não desejo ver Nick novamente... Nunca mais!

— Você tem certeza de que é isso o que realmente deseja? Talvez devesse dar-lhe uma nova chance.

— Ele já teve todas as chances que necessitava. Aposto que lhe disse que não houve nada entre ele e Francesca no último encontro. Que eles nem chegaram a se tocar, não é?

— Ele não falou nada disso. Disse apenas que não pretende viver sem você. — Henry fez uma pequena pausa. — Lauren, Nick deve amá-la muito para vir atrás de você desse jeito.

— Ele não me ama, papai. Fui apenas um instrumento que ele usava contra o avô. Juro que tentei viver nosso casamento da melhor maneira possível, mesmo não concordando com uma série de coisas, mas chega um momento em que isso não é mais possível.

— Compreendo. Mas não posso me esquecer da felicidade que brilhava em seus olhos em Rivaga. E, naquela ocasião, você já sabia sobre essa mulher.

— Sim. Eu sabia que ela estava à disposição novamente. O que não sabia era que ele pretendia continuar encontrando-a. Francesca foi amante dele por dois anos.

— Bem, isso parece ser diferente. Mas assim mesmo acho que vocês devem conversar. Parece que Nick é um outro homem agora.

— Engano seu, papai; Ele continua o mesmo. Tenho que me separar dele e preciso de sua ajuda.

— Eu já falei a ele que poderia passar a noite aqui. Não há nenhum vôo para Veneza até amanhã cedo. Acho que vocês dois precisam de tempo para pensar.

— Isso vai piorar ainda mais a situação. Mas concordo que ficaria chato você voltar atrás no seu convite.

— Carol está preparando alguma coisa para o jantar. Vai descer e comer conosco, não é, minha filha?

— Vou. Dê-me apenas mais alguns minutos.

Foi um jantar bastante tenso. Apenas Nick parecia estar à vontade, puxando conversa, mas sem fazer nenhuma referência aos acontecimentos daquela tarde. "Está só ganhando tempo", Lauren pensou. Mas não ia adiantar nada, pois ela não daria outra oportunidade para ficarem a sós.

— Eu vou me deitar — despediu-se por volta das dez horas. — Adeus, Nick. Espero que já tenha ido embora quando eu descer amanhã para o café.

— Se é assim que você quer... — ele respondeu, dando de ombros, parecendo conformado com a derrota.

Os outros três se recolheram por volta das onze e meia. Lauren os ouviu se despedirem no corredor. Nick estava no último quarto, ao lado do banheiro. Tão perto e ao mesmo tempo tão distante, ela pensou. Nunca estiveram juntos em espírito e era provável que nunca estivessem. Seria melhor sofrer naquele momento do que passar a vida toda em agonia.

No entanto, os segundos pareciam horas intermináveis... Lauren estava de tal forma agitada que o sono se tornava cada vez mais distante e inalcançável.

O relógio da sala já havia batido uma da manhã quando Lauren sentiu Nick tocar-lhe as costas.

— Você vai ter que me ouvir — ele sussurrou num tom determinado. — Não me importo se quer ou não. Vai me ouvir, Lauren.

Ele estava nu, foi a primeira coisa que percebeu. A camisola era muito curta e fina para oferecer qualquer proteção contra o calor e o desejo que emanavam daquele homem. A despeito de qualquer coisa que pudesse raciocinar, o corpo dela também o desejava ardentemente.

— Não adianta, Nick. Vá embora daqui, está tudo acabado. Eu não deixarei que você me use novamente.

Os lábios foram selados pelos dele num beijo ansioso.

— Lauren, Lauren... — Ele a segurou pela cintura. — Você acha que Francesca chega a seus pés, sua bobinha? Ela é o tipo de mulher que qualquer homem poderá ter desde que ofereça o preço certo.

— Então, foi tudo puramente físico — ela observou com uma ponta de ironia. — Acha que isso desculpa tudo, não? Ouça, eu não quero saber por que você estava com ela. O fato de terem ficado juntos já é suficiente para mim.

— Lauren! Apenas conversei com Francesca. Eu precisava dizer-lhe que não adiantava continuar me procurando, pois eu não voltaria para ela. — Nick mostrou-se um pouco irritado. — Acho que ela entendeu o recado. Pelo menos me esforcei para que entendesse.

— Ah, é? E o que foi que você disse?

— Que estava apaixonado pela minha mulher.

— Muito convincente. Tenho certeza de que isso fez muita diferença. — Lauren virou o rosto para que ele não visse as lágrimas que rolavam teimosamente. — Mesmo se isso fosse verdade, não seria suficiente para afastá-lo de uma mulher como Francesca.

— Mas é verdade, Lauren, eu sinto que você não me ama tanto quanto eu a amo. Entendo que esteja ressentida, mas acho que foi muito bobinha quando caiu na armadilha de meu avô. Logo você, que vivia me criticando... Vamos começar tudo de novo, meu bem. Preciso de você, cara.

Ela acariciou o rosto do esposo, profundamente emocionada.

— Nick, não brinque com essas coisas. Acho que não agüentaria mais nenhuma de suas artimanhas. Eu quis morrer quando seu avô me contou que você esteve com Francesca.

— Então ele estava certo, afinal. Aquele velho é um demônio. Usou o amor que você sentia por mim para conseguir nos afastar... Só que isso acabou servindo para alguma coisa. Sua reação, querida, acabou me mostrando como o nosso relacionamento precisava ser aprofundado. Nunca conversamos claramente sobre nossos sentimentos.... Acho que eu nunca disse como te amo, não é?

— Oh, Nick! Sou a mulher mais feliz do mundo! Eu também te amo... Também não tinha dito isso, não é?

— Não.

Os dois se- olharam por muito tempo, sem encontrar palavras que exprimissem o turbilhão de emoções que os dominava. Beijaram-se, como se fosse a primeira vez, numa ternura imensa. Depois, Lauren repousou a cabeça sobre o peito do marido e suspirou.

— Diga-me que não estou sonhando, meu amor.

— Não, querida, você não está sonhando. — Ele pegou a mão de Lauren e colocou-a sobre o próprio rosto. — Será que pareço irreal?

— De maneira nenhuma.

— Durante toda a minha vida acreditei que devia a minha mãe uma vingança contra meu avô. Mas fazê-lo pagar da maneira que eu pretendia não iria alterar o passado nem traria minha mãe de volta, não é? Esta vingança é melhor... estarmos juntos, podermos mostrar a ele que não há nada capaz de separar duas pessoas apaixonadas.

— Você disse isso a ele?

— Claro que sim. Tivemos uma longa e dolorosa conversa, de homem para homem. Meu avô não mudará suas idéias, mas acho que se convenceu de que foi derrotado. — Nicholas sorriu ao se lembrar de Veneza. — Os outros mandaram lembranças, principalmente Donata. Estamos sendo esperados para o casamento. Vincenzo pediu-me para informar-lhe que as mudanças não serão tão rápidas, mas acontecerão com certeza. Ainda bem que você não estava por perto quando ele disse isso.

A felicidade que experimentavam era como a primavera surgindo depois de longos e gelados meses de inverno. Lauren beijou o marido com paixão, sentindo uma imediata e devastadora resposta.

— Eu te amo, te quero e preciso muito de você. Deixe-me mostrar-lhe, Nick.

Fizeram amor como nunca haviam feito antes. Muito mais do que o prazer, procuravam mostrar um ao outro a intensidade dos sentimentos, a confiança, o sonho de um futuro maravilhoso. Quando o dia já estava nascendo, Lauren aconchegou-se mais ao corpo do marido.

— O que iremos fazer, agora que tudo mudou, Nick?

— A primeira coisa é procurar um lugar para viver.

— Poderíamos ficar aqui mesmo.

— Com seu pai? Acho que não...

— Eu queria dizer apenas nós dois, querido. Papai está pensando em vender a casa.

— Você faz muita questão disso?

— Não. Foi apenas uma idéia. Por quê? O que você tem em mente?

— Queria começar num lugar completamente novo para nós dois.

— Nick, você ainda quer ter filhos, não?

— Eu quero tudo. Tudo o que você puder me dar.

— E você ficará satisfeito?

— Você está me perguntando se precisarei de outra mulher?

— Acho que sim.

— Não se preocupe, querida. Poderei olhar para outras mulheres, talvez até chegue a desejá-las, mas nada acontecerá além disso. Eu te amo, Lauren. Você é única para mim e enquanto eu a tiver não precisarei de nenhuma outra. Nunca se esqueça disso.

Lauren sabia que o futuro não seria sempre um mar de rosas, mas por Nick tudo valeria a pena. A confiança e a certeza do amor os manteria unidos nos bons e maus momentos da vida.

— Eu não me esquecerei disso, Nick. Nunca me esquecerei.

 

***Fim***

 



  

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