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Capítulo III



Capítulo III

A chuva foi cessando aos poucos, e assim Lauren pôde observar melhor a cidade durante o trajeto. Olhava fascinada pela janela do carro para os inúmeros monumentos que conhecia apenas através de revistas e livros de história. Sua imaginação reportou-a de tal forma ao passado que teve a sensação de que a qualquer momento uma legião de soldados romanos, servidores dos antigos Césares, poderia dobrar a esquina. Tudo era simplesmente maravilhoso, e nem o trânsito caótico de Roma foi capaz de toldar-lhe o fascínio. Por algum tempo, quase esqueceu os motivos que a tinham levado à Cidade Eterna.

O hotel ficava num prédio antigo, em frente a uma praça repleta de pombos. Assim que ela mencionou o nome de Nicholas Brent, o rapaz da recepção abriu um amplo sorriso e entregou-lhe as chaves, chamando um carregador para que levasse a bagagem.

Os aposentos eram bastante luxuosos. Uma sala de estar espaçosa e bem mobiliada dava acesso a um quarto confortável, decorado em tons pastel. A presença de uma enorme cama de casal fez com que o coração de Lauren pesasse. Bem que preferiria duas camas de solteiro... Mesmo que não a livrassem do inevitável, sentir-se-ia muito melhor se pudesse pelo menos ter privacidade para dormir sozinha. Mas isso era uma utopia.

Foi olhar o banheiro e retornou ao quarto, sem deixar de pensar no que aconteceria naquela noite. Se pudesse fugir dali, desaparecer sem uma palavra... Mas não podia abandonar Nick naquele momento. Se fizesse isso, o pai estaria imediatamente nas mãos da polícia, com o resto da vida comprometido.

Demorou pouco tempo desfazendo as malas, pois não tinha levado quase nada. Tomou um banho rápido, escolheu um conjunto branco de calça e camisão e calçou sandálias. Ainda tinha mais de uma hora até que Nick voltasse. Ele provavelmente esperava que ela o aguardasse no hotel, mas não faria isso. Daria uma boa caminhada pelas redondezas para arejar a cabeça.

Fora do hotel, estava quente e úmido devido à chuva. Lauren começou a caminhar pela Via Cláudia e alguns quarteirões à frente parou, estarrecida, ao deparar com o Coliseu. Apesar de a vida não ser um mar de rosas, havia momentos realmente memoráveis, pensou.. Pelo menos conheceria uma série de lugares que valiam a pena ser vistos.

Como em todos os lugares do mundo, em Roma também uma garota sozinha despertava as atenções masculinas. Lauren não precisava entender a língua para interpretar os olhares, os assobios e os elogios que recebia dos homens que passavam. Um jovem a acompanhou em sua moto durante todo o caminho e, volta e meia, a convidava para sentar-se em sua garupa.

— Americano! — ele perguntou, depois de perceber que ela não respondia a seus convites. — Podemos nos divertir bastante, boneca.

Lauren se livrou dele apenas quando entrou no Coliseu, deixando-o do lado de fora. Subiu até o terraço mais alto e pôde ver, ao longe, as colinas que cercavam a cidade. As largas avenidas congestionadas pelo trânsito caótico contrastavam com monumentos e ruínas milenares. O silêncio era quase total. As pessoas podiam sentar-se ao sol e soltar a imaginação para tentar decifrar o que acontecia naquele lugar há séculos. Ela encostou a cabeça em uma pedra e fechou os olhos, tentando esquecer todos os seus problemas. Aproveitou ao máximo aquele momento de paz e tranqüilidade.

— Fantástico, não é? — Um rapaz apareceu de repente e sentou-se ao seu lado. — É a primeira vez que vem aqui?

Um pouco contrariada, Lauren virou a cabeça para olhar aquele homem loiro, vestido de camiseta e jeans, que sorria amigavelmente.

— É, sim... para as duas perguntas. — Ela acabou sorrindo também.

— Há muito tempo sonhava em vir a Roma, mas só agora consegui. É muito bonita... maravilhosa mesmo! — Ele olhava encantado para a cidade à sua frente.

— É verdade.

— Está sozinha?

— No momento, estou. E você?

— Também. Pretendia viajar com uma amiga, mas ela teve problemas familiares e desistiu de me acompanhar.

— Entendo.

— Meu nome é Gerry Reynolds, e o seu?

— Lauren Devlin.

— Lauren? É um nome diferente... — Ele fez silêncio na esperança de que ela continuasse a conversa, mas, como Lauren permanecesse quieta, voltou a perguntar: — Você está aqui em férias?

— Estou. — Ela não viu motivos para dizer a verdade. O rapaz era simpático, mas não deixava de ser um desconhecido.

— Vai ficar em Roma?

— Apenas por alguns dias... acho.

— Ah, quer dizer que vai continuar viajando... E qual é seu próximo destino?

— Ainda não tenho certeza — Lauren admitiu, arrependendo-se de ter incentivado a conversa. — Vou para onde me der vontade no momento de partir.

— Parece ser uma ótima maneira de viajar... para algumas pessoas. — Um ligeiro tom de censura transpareceu na voz dele — Você tem muita coragem para ficar viajando por aí sozinha, especialmente com essa aparência. Ainda não teve nenhum problema?

— Nenhum que não pudesse contornar — ela respondeu, um pouco irritada. — Você também está viajando sozinho, não é? Por que comigo seria diferente? Só por ser mulher?

— Não, não quis dizer isso. — Gerry sorriu, apaziguador. — Desculpe, acho que o velho machismo de vez em quando ainda faz a gente vacilar. Que tal tomarmos um café, em sinal de paz?

— Seria ótimo, mas acho que preciso ir andando. Preciso encontrar alguém às cinco horas.

— Que pena! — ele olhou para o relógio. — Já são quase cinco. — Uma expressão de desapontamento tomou conta do rosto do rapaz enquanto ela se levantava. — De qualquer modo, obrigado pela companhia.

— Obrigada pelo convite. Espero que se divirta bastante em Roma.

Sozinho ou não, ele parecia ter maiores chances de conseguir se divertir do que ela, Lauren pensou com um sorriso triste, enquanto se afastava, apressada.

Já eram cinco e vinte quando chegou ao hotel. O saguão estava apinhado de pessoas entrando ou saindo. Teve que esperar por vários minutos pelo elevador, que subiu lentamente, parando em quase todos os andares. A suíte ficava no sétimo andar, no final de um pequeno corredor. Lauren abriu a porta e avistou Nicholas em pé, ao lado da janela da sala.

— Ligaram da recepção informando que você já estava subindo. Por onde andou durante todo esse tempo?

— Fui dar uma volta... E não demorei tanto tempo assim. — Lauren fechou a porta e aproximou-se. — Precisava tomar um pouco de ar fresco.

— Pois acho que você ficou muito tempo fora. Na portaria me informaram que você saiu poucos minutos depois que chegou aqui.

— Não sabia que seria obrigada a me confinar aos quartos do hotel! Isso faz parte do trato?

— Faz, — Nick chegou perto e passou os braços pela cintura dela, apertando-a com força contra o corpo. Sua boca extinguiu um início de protesto com um beijo profundo e, de certa forma, desesperado.

Lauren ficou imóvel, sem nenhuma reação, com os lábios tão gelados quanto estava seu coração. Não se moveu nem mesmo quando ele deslizou a mão até seu seio, acariciando-o por sobre o tecido fino da roupa. Assim que ele a soltou, ela limpou os lábios com as costas das mãos. Sua expressão era de puro desprezo e asco.

— Acabou? — perguntou, demonstrando toda sua raiva no tom da voz.

— Por enquanto. Temos outras coisas a fazer agora.

— Temos?

— Sim. Há café e sanduíches sobre a mesa. Você deve estar com fome; depois deverá começar a se aprontar, pois temos um jantar para hoje à noite.

Nick serviu duas xícaras e sentou-se numa poltrona com uma delas nas mãos. Lauren sentou-se à mesa. Embora estivesse com fome, não conseguiu comer muito.

— Vamos à casa de um cliente — ele informou. — Vai ser um jantar muito especial, portanto você terá de estar vestida de modo apropriado. Será que trouxe alguma coisa que sirva?

— Acho que não.

— Eu já previa, por isso fiz umas compras para você antes de vir ao hotel. Está tudo no quarto.

— Ei, acho que está indo longe demais, sr. Brent. E se eu não gostar do que comprou?

— Não importa. Você vai vestir o que eu comprei, goste ou não.

— Mesmo que a roupa não me sirva?

— Vai servir. Não costumo me enganar... Sou bom observador, sabia? Até as sandálias... — Ele baixou os olhos para os pés de Lauren. — Calça 36, não é?

— Você pensa em tudo, não? — ela comentou, com sarcasmo.

— Sim. — Nick a observou com atenção por algum tempo. — Acho que não quero esperar mais. Temos muito tempo disponível.

Teria que acontecer cedo ou tarde, ela pensou, resignada. Então, por que não naquele momento? Quanto mais rápido Nick descobrisse que ela não era o que ele pensava, melhor seria. Talvez uma vez fosse suficiente para aquele homem.

Como um autômato, foi até o quarto, surpresa com a ausência de qualquer emoção. Tirou as sandálias e deitou.

— Estou pronta.

— Para quê? — Nick entrou e encostou-se ao umbral da porta. — Não me importo em despi-la, mas acho que vai ser um pouco difícil se você continuar aí deitada.

— O acordo foi para que eu viesse com você e ficasse disponível, certo? Pois é exatamente isso que estou fazendo. E é só isso que farei, nada mais.

— Entendi. Algo como entregar o corpo e preservar a alma, não é? Bem, sempre gostei de um desafio e acho que vou aceitar este também.

— Faça como quiser.

Ele se aproximou devagar e começou a desabotoar-lhe a camisa. Suavemente fez com que o tecido escorregasse por seus ombros e depois atirou-o ao chão. Com a mesma delicadeza tirou-lhe a calça, deixando-a apenas de calcinha e sutiã.

— Você é muito bonita, Lauren. — Nick afastou-se, observando-a, extasiado.

— Vamos, termine logo com isso — ela ordenou, virando o rosto para o lado.

— Não, você não iria gostar se eu agisse com pressa. — Ele sorriu, malicioso. — Vamos começar bem devagar... assim. — Deitou-se sobre ela, explorando com cuidado e lentidão cada centímetro daquele corpo feminino. Beijava o rosto de Lauren com extrema delicadeza e sussurrava em seu ouvido palavras de carinho.

Lauren teve que apelar para toda sua força de vontade e determinação para não sucumbir às carícias. Era odioso perceber que seu corpo queria reagir com volúpia e corresponder plenamente aos apelos dele. Nunca havia experimentado sensações tão excitantes. Mas conseguiu que sua mente sobrepujasse os sentidos e não demonstrou absolutamente nada do que estava sentindo.

— Você não pretende fazer tudo isto ficar mais fácil, não é? — ele perguntou, levantando a cabeça e olhando-a diretamente nos olhos. — Pois saiba que não me importo. Gosto de mulheres difíceis e persistentes. Vou conseguir o que quero, Lauren. Tenha certeza disso. Antes que toda esta loucura acabe estará implorando para que eu faça amor com você.

— Nunca — ela gritou, perturbada pela raiva e pela sensação de que estava prestes a fazer aquilo mesmo.

Nick sorriu com suavidade. Levantou-se de repente e apanhou as roupas de Lauren no chão.

— Agora preciso de um banho frio. Temos uma longa noite pela frente. Acho melhor você começar a se arrumar também. — Atirou-lhe as roupas e entrou no banheiro.

Lauren demorou ainda alguns minutos antes de se levantar da cama. Havia algumas caixas em cima de uma banqueta e da penteadeira. Pensou em destruir o vestido e os sapatos, mas logo ponderou que seria inútil, pois ele facilmente compraria outros. E, além disso, não podia imaginar qual seria a reação de Nick àquela atitude. Ele tinha poucos escrúpulos. Já tinha provado isso.

O par de sandálias que experimentou serviu-lhe perfeitamente. Mal o sentia nos pés. Era feito de couro dourado, e lhe caía muito bem. Uma outra caixa continha várias meias da mais fina seda e ainda outra continha sutiãs e calcinhas de seda e renda.

Eram tão pequenos que Lauren imediatamente recusou-se a usá-los para aquele homem.

Foi apenas quando tirou o vestido da caixa e o colocou sobre a cama que percebeu por que a roupa de baixo tinha que ser tão pequena. Observou-o por algum tempo antes de dobrá-lo e recolocá-lo no lugar. Não. Ela não usaria aquilo por nada neste mundo; por nada e nem por ninguém!

Estava sentada numa cadeira, esperando, quando Nick saiu do banho, com uma toalha em volta da cintura e nada mais.

— É tudo seu — falou, enquanto caminhava até o guarda-roupa. — Por favor, não demore a noite toda.

— Eu não vou usar isso, Nick! E você não pode me obrigar.

— Ah, posso sim. Se demorar muito, eu mesmo vou vestir você.

— Mas por quê? Por que esse vestido?

— Porque eu quero que você seja o foco de todas as atenções esta noite.

— Por quê?

— Você saberá quando chegar a hora. E agora, vai se arrumar ou terei que dar um telefonema para Londres sobre um determinado investimento que foi desviado?

— Você usa qualquer arma para conseguir seus objetivos, não é?

— Depende das circunstâncias. Agora, por exemplo, eu usaria o que fosse necessário.

— Até a força?

— Não, pensando bem, acho que não usaria a força neste caso. Afinal, poderíamos acabar rasgando o vestido. E não é justo rasgar um modelo exclusivo, não acha?

Lauren estava com tanta raiva que resolveu calar-se diante da provocação. Não tinha outra saída a não ser obedecer.

Depois que ele saiu do quarto, ela trancou a porta e tomou um banho rápido. A roupa de baixo era quase da mesma cor da pele. O vestido era dourado e tão agarrado que mal a deixava andar. Não colocou sutiã, pois não poderia haver nenhum tão pequeno que pudesse deixar de ser visto pelo decote em "V". Quase metade dos seios ficava à mostra.

Lauren se sentiu nua dentro daquela roupa. Foi preciso respirar fundo e controlar o nervosismo para que pudesse destrancar a porta e ir ao encontro de Nick na sala.

Ele já estava pronto, usando um smoking preto muito elegante. Um pequeno assobio saiu de seus lábios assim que a viu.

— Ficou melhor do que eu imaginava.

— Estou me sentindo nua — Lauren afirmou, irritada.

— Não, está mais provocante do que se estivesse despida. A nudez não deixa nada à imaginação.

— E você acha que isto aqui deixa?

Sem responder, ele curvou-se e abriu um pequeno estojo que estava sobre uma mesinha de centro.

— Vire-se e levante a parte de trás do cabelo.

Ela obedeceu sem entusiasmo e viu-se refletida num espelho pendurado na parede. Nick se aproximou tanto que Lauren pôde até sentir o calor do corpo dele, enquanto lhe colocava em volta do pescoço uma delicada gargantilha, com uma pequena pérola pendurada.

— Agora só falta o bracelete — comentou, com um sorriso de satisfação.

Ela mesma colocou a jóia no pulso e olhou para Nick com indiferença através do espelho. Imperturbável, ele deslizou as mãos pelos braços dela e cobriu-lhe os seios. Lauren não fez nenhum movimento para impedi-lo, mas sua expressão foi capaz de comunicar-lhe todo o seu desagrado diante daquela atitude.

— Mais tarde você vai pensar de maneira diferente — ele prometeu, acariciando-a suavemente.

Era impossível negar a reação estranha que experimentava àqueles toques. A mente de Lauren os rejeitava, mas o mais íntimo de seu ser se deliciava com eles. Não seria fácil negar-se àquele homem, concluiu. Precisaria de toda a sua força de vontade e determinação...

 



  

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