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CAPÍTULO XI



CAPÍTULO XI

 

 

Jake e Howard retomaram ao pequeno esconderijo na árvore antes do amanhecer. Insone, Karen viu com satisfação o dia clarear no horizonte. Vestida e pronta, observava Santino preparar o desjejum. Roger juntou-se ela.

— Lamento sobre ontem — proferiu. — Parece que estamos todos um pouco tensos. Tive uma conversa com Mike.

— Com que resultados? — ela perguntou e o viu levantar os ombros.

— Mike diz que você provocou.

— E você acredita?

— Claro que não. Não foi intencional, culpa das circunstâncias. O erro foi eu ter trazido você, deveria saber melhor o que poderia acontecer.

— Você mudou de opinião — Karen apontou. — Fui eu que forcei minha presença. Se levarmos isso em conta, talvez Mike esteja certo.

— Mas não do jeito que ele coloca. Você não é desse tipo.

— Obrigada. — Karen hesitou antes de arriscar a pergunta: — Sinceramente, Roger, alguma vez eu lhe dei a impressão de que o via com outros olhos, quero dizer, que pretendia outra coisa além de nossa relação profissional?

— Provavelmente isso é mais um caso de excesso de imaginação — Roger admitiu. — Você sabe fazer um homem se sentir especial, como se só ele lhe interessasse.

— Está querendo dizer que eu flerto?

— A palavra não é essa. Atenção seria melhor. Você ouve sem interromper, o que é raro numa mulher. Me faz sentir que minha opinião é de vital importância.

— Sim, quando se trata de trabalho. Estou ansiosa por aprender cada detalhe — Karen falava sem interrupção. — Se isso lhe parece uma atenção especial, lamento muito. Vou me lembrar desse fato no futuro.

— Sua beleza também não ajuda muito. A primeira vez que pousei os olhos em você, eu... — Roger não finalizou. — Mas isso é irrelevante agora. Você se mostrou uma excelente escolha da minha parte. Não quero perder você como assistente, Karen.

— Receio que não será assim — disse, cuidadosa. — Será melhor para a equipe.

O silêncio de Roger diante de tal argumento mostrou que no fundo ambos concordavam com a decisão. Jake e Howard voltaram triunfantes pouco depois. O jaguar não só tinha voltado para beber água, como também trouxera dois filhotes consigo. Era uma fêmea ainda em período de amamentação. Howard rodou a cena para todos no monitor. Vendo as imagens tão raras e bonitas, Karen desejou ter estado lá.

Mike a ignorava de maneira estudada nessa manhã. Claro estava que ele ainda se sentia a parte ofendida. Suas concepções errôneas não importavam nem justificavam o comportamento do dia anterior, Karen afirmou para si mesma, recusando-se a sentir qualquer pontinha de culpa.

Quanto a Jake, toda espécie de sentimentos afloravam dentro dela. Tentava se manter afastada, mas, numa área tão pequena, esse exercício se tornava difícil. Vê-lo logo atrás de si quando já caminhavam pela trilha a fez imaginar se aquele homem estava deliberadamente mantendo um olho agudo sobre sua pessoa, em busca de algum desvio de comportamento. Karen procurou se manter um pouco longe do percurso original, contornando árvores e arbustos que havia pelo caminho, mas foi inútil. Jake continuava praticamente a seu lado.

— Não se preocupe, pois não farei nenhuma tolice — falou ao não suportar mais a figura silenciosa quase nos seus calcanhares. — Você já me convenceu. Não precisa ficar grudado às minhas costas.

— Precisamos conversar — Jake disse com naturalidade.

— O que há para ser conversado?

— Alguns mal-entendidos.

— Tive a impressão de que nos dissemos tudo o que havia para ser dito ontem à noite. — Karen fez uma pausa antes de continuar: — Ou será que é só uma desculpa?

— Desculpa para quê? — Jake perguntou, sem alterar a voz.

— Para uma reaproximação, talvez? Afinal ainda temos um longo caminho pela frente. Por que não torná-lo o melhor possível?

— É assim que se sente? — Jake questionou com suavidade. Dessa vez Karen se policiou para não dar uma falsa impressão.

— Eu estava simplesmente delineando um quadro do que um homem como você pode ter em mente. Saiba que não permitiria que chegasse perto de mim nem por todo ouro do mundo!

— Nunca pensei em lhe oferecer dinheiro, apesar de não poder negar que ainda a queira muito — foi a resposta ao comentário de Karen. — E você também me quer. Se há uma coisa da qual tenho certeza é que você também me deseja. — Jake pôs a mão sobre seu ombro. — Karen...

Eles eram os últimos da fila e estavam um pouco distantes dos demais integrantes do grupo. Karen se afastou bruscamente, tentando evitar aquele contato, acabando por tropeçar numa raiz exposta de árvore e caindo ao chão. A forte dor deu-lhe uma sensação de enjôo por alguns instantes. Lágrimas involuntárias vieram-lhe aos olhos. Karen as limpou rápido com o dorso da mão, enquanto Jake corria em seu auxílio, tentando levantá-la. O movimento quase fez Karen gritar de dor.

— Deixe-me em paz! Eu consigo me levantar sozinha! Jake a segurou assim que ela se pôs de pé.

— Aguarde um minuto ou dois, até o pior passar.

— Só está machucado, é isso. Se eu não andar é capaz de inchar. — O rosto de Karen endureceu. — Já perdemos bastante tempo.

— Isso é o que menos importa. Acredito quando diz que só está machucado, senão você nem ficaria em pé. — Jake a segurava pela cintura. — De qualquer jeito vai precisar de ajuda por enquanto.

— Não da sua ajuda.

— Prefere a de Mike? — O tom de Jake era seco. — Posso chamá-lo.

Karen sabia que ele faria o que acabara de dizer. Era tolice recusar a assistência daquele homem.

O braço em sua cintura se tornou mais potente com a ausência de resposta.

— Está bem, apóie-se em mim.

Karen se deixou conduzir sem protestar. O joelho ainda irradiava muita dor, e ela sabia que em breve estaria inchado, mas enquanto pudesse ignorar esse fato continuaria a caminhar. No momento, estar tão próxima de Jake já era o suficiente com que se preocupar.

A densidade da folhagem acima de suas cabeças criava uma atmosfera nebulosa, onde os raios do sol penetravam com dificuldade. Em tudo lembrava uma enorme catedral. Por sorte a trilha nesse trecho era larga, o que facilitava a caminhada.

— Podemos tirar alguma vantagem dessa proximidade para esclarecer alguns pontos. — Jake falou depois de alguns momentos. — Primeiro, e mais importante, não estou a ponto de me tornar o segundo marido de Elena. Se foi isso realmente que ela disse a Roger, então teremos de ter uma conversa clara quando eu voltar.

Karen nem sabia o que pensar. Aquela afirmação a pegara totalmente de surpresa. Queria acreditar em Jake, mas a dúvida persistia. Por que Elena teria dito tal coisa sem Jake lhe dar uma boa razão?

— Você podia ter negado esse fato ontem mesmo.

— Ontem eu não estava com disposição de negar coisa alguma — Jake falou, sério. — No esconderijo, enquanto esperávamos pelo jaguar, tive tempo para pensar. Sou da opinião de que devo ter tirado conclusões um tanto precipitadas. Meu maior erro foi só dar ouvidos ao que Mike tinha a dizer.

— Então você acredita que eu não fiz nada para estimular a atitude e o interesse dele?

— Quero dizer que você não teve essa intenção, não mais do que em relação a Roger. Seu problema reside em não saber reconhecer a diferença entre um interesse de simpatia e um envolvimento sério — Jake explicou. — Não que se possa desculpar Mike ou até mesmo eu. Espero que você me conceda o benefício da dúvida, coisa que não fiz em relação a você.

Karen tentava entender as novas informações que acabara de receber. Se Jake estivesse dizendo a verdade, então Elena teria mentido. Ainda assim, por que mentiria? E por que escolhera Roger entre todos?

— Considerando o que você pensa de mim — Karen falou devagar —, não será possível que você também tenha dado a Elena alguma impressão errada? Afinal das contas você e ela são... foram...

— Amantes? — Jake completou ao notar sua hesitação. — Não nego. Foi um erro de minha parte, e não nego isso também. Se Elena viu mais do que isso nas entrelinhas, só posso dizer que lamento muito, mas casamento nunca foi mencionado nem imaginado por mim.

— Você não... fez amor com ela na noite do churrasco?

— Não, não fiz. Para mim nosso caso já estava encerrado há algum tempo. Pensei que para Elena também.

— Mas você atendeu ao chamado que lhe foi feito e ficou um longo tempo em sua companhia.

— Elena me disse que precisava falar sobre o irmão. Aquele que foi meu colega e amigo na universidade. Disse que estava com problemas, mas não era nada importante. — Jake fez uma ligeira e calculada pausa. — Agora percebo que Elena simplesmente estava tentando me afastar de você.

— E por que faria isso?

— Porque podia ver que eu estava atraído por você.

— Deve ter ficado aliviada ao saber que você não tinha a intenção de me levar na expedição. — Karen ainda não estava convencida. — Suponho que você lhe tenha dito isso.

— Sim. Eu realmente achava que você não agüentaria. Não contava com sua teimosia e persistência. Ou, talvez, contasse, sim, mas num nível inconsciente. De qualquer modo, planejava procurá-la quando voltasse.

Luz apareceu por entre as árvores. Seu rosto se iluminou ao avistar os dois.

— Descobrimos que não estavam conosco há poucos minutos — disse, parecendo surpreso. — O que aconteceu?

— Eu tropecei — Karen respondeu. — Nada sério. Só um joelho machucado e dolorido.

— Mas o suficiente para criar problemas quando você parar de se mover. Conheço um remédio, mas antes tenho de encontrar a planta necessária. Você agüenta aí sozinho? — falou, dirigindo-se a Jake. — Vou procurar a planta e avisar aos outros que esperem aonde estão.

— Estamos indo bem — Jake assegurou. — Nossa distância não é maior do que cinco minutos.

— Quase dez, nesse passo que estão indo.

— Quer continuar? — Jake perguntou ao ver Luz desaparecer por entre as árvores. — Ou prefere descansar um ou dois minutos?

A dor em seu joelho era secundária agora. Tudo o que Jake lhe contara sugeria um interesse maior do o que esperara por parte daquele homem. Ele ainda a queria, havia admitido há pouco, e Karen sabia o quanto aquele chamado era urgente. Talvez o bastante para pôr de lado outras considerações durante a viagem.

— Vamos continuar — disse, resoluta. — Acho até que consigo andar sem ajuda.

— Tente — Jake sugeriu, removendo o braço de sua cintura com um sorriso displicente nos lábios, enquanto Karen tentava apoiar seu peso na perna ferida, sem sucesso. Com uma careta de dor, voltou-se para Jake. — Ainda quer ser independente?

Karen balançou a cabeça em negativa, aceitando o contato perigoso do braço de Jake em sua cintura. Precisava de tempo para analisar sua emoções. Havia ido de um extremo a outro na escala de sentimentos nesses últimos dias. Mesmo agora não sabia dizer direito o que sentia.

— Persistência também é uma das minhas características — Jake disse, suave. — Estou preparado para acompanhá-la sem esperar um retorno de sua parte.

— O que você espera?

— Um momento para estarmos a sós. Temos muito em comum. Especialmente no que se refere ao lado físico. Foi o que Karen não conseguiu dizer.

— Creio que não é verdade. Onde isso nos levaria?

— Aqui.

Jake a segurou, impedindo-a de prosseguir. Os olhos de um azul profundo tinham uma expressão que Karen não conseguia definir: satisfação, triunfo ou algo novo de se ler?

— É o último momento de privacidade que teremos por algum tempo, vamos usá-lo — Jake falou.

O beijo intenso não a deixou pensar. Karen esqueceu a dor, tudo a sua volta, menos a pressão daqueles lábios sobre os seus, a força daqueles braços que a enlaçavam. Parecia ter se passado um longo tempo desde que Jake a tocara daquele jeito.

— Suponho que seja melhor continuarmos — ele murmurou relutante ao se afastar. — Do contrário, Luz virá em nosso encalço de novo.

Jake estudou o lindo rosto por um momento.

— Sem mais mal-entendidos?

Karen não deu ouvidos às dúvidas restantes.

— Não — concordou.

— Bom. Então você não fará objeção a isso — disse, passando o braço firme por seu ombro.

Encontraram o restante da equipe esperando por eles numa pequena clareira. Luz e Santino haviam ido em busca da tal planta, Roger avisou. Como era quase meio-dia, haviam decidido almoçar enquanto esperavam.

— Espero que me desculpem por atrasar a todos — Karen falou com simpatia.

— É surpreendente que não tenhamos tido nenhum outro acidente dessa natureza — Roger tentou confortá-la. — Ainda bem que Jake estava com você. Eu nem tinha percebido que haviam se distanciado até Luz fazer uma contagem dos membros da equipe.

— Surpreendente também não termos ouvido nenhum pedido de ajuda — Mike falou, maldosamente.

— Não é mesmo? — Jake concordou, imperturbável. — Ainda bem que não foi sério.

— Vai conseguir andar durante a tarde? — Roger perguntou, preocupado, ao vê-la tentar estender o joelho ferido. — Parece bastante dolorido.

— Estarei bem — Karen assegurou, sem muita convicção.

O joelho já estava um pouco inchado e dava a impressão de que iria piorar. Uma tala para imobilizá-lo talvez ajudasse. Material suficiente para se fazer uma era o que não faltava.

Luz e Santino retornaram ao local com várias folhas largas e verde escuras. Foram espremidas até estarem isentas de um líquido viscoso, que foi aplicado ao joelho de Karen e coberto por uma bandagem encontrada na caixa de primeiros socorros. Ela controlou por si mesma a pressão daquela espécie de torniquete, de modo a não ter os movimentos impedidos. A dor pareceu diminuir bastante, pelo menos foi essa sua impressão.

Quando se encontravam prontos para continuar, Karen se surpreendeu com a relativa facilidade que encontrava em caminhar, apesar de que o bastão improvisado por Luz ajudasse muito.

— Esse remédio é maravilhoso! Quase não sinto nada!

— Além de anestesiar, diminui o inchaço e o hematoma — Luz esclareceu. — Vamos fazer outras aplicações mais tarde. A selva guarda medicamentos naturais para os mais diversos casos. Infelizmente a planta que ajudaria Nigel não foi encontrada naquela parte da floresta.

— Você nunca se cansa desse tipo de vida, Luz? — Karen perguntou, curiosa.

— A selva me satisfaz em quase tudo, mas se precisar mudar de vida creio que acharei sempre algo para fazer.

Karen mudou o tom da voz, querendo parecer casual.

— Você conhece Jake há muito tempo, não é mesmo?

— Desde que veio a primeira vez para a Guatemala — Luz concordou com um balançar dc cabeça. — É um excelente homem. Um homem a quem confiaria minha vida.

— E sua esposa?

— Não tenho esposa. — Luz lhe deu um olhar avaliador. — Se você não confia em Jake, por que se interessa?

— Não consigo evitar — admitiu.

— E você procura em mim essa segurança que lhe falta? Lamento não poder lhe dar nenhuma. Sei pouco sobre a vida de Jake fora do trabalho. Você é que tem de decidir que tipo de homem ele é.

Jake conversava com Roger e Howard a pouca distância de onde estavam, fazendo pequenos e seguros gestos com as mãos. Observando-lhe a figura altiva e bem feita, Karen desejou acreditar em seu próprio julgamento. Na superfície Jake era tudo o que sempre quisera encontrar, mas o seu interior ainda tinha pontos obscuros.

Acamparam por volta das quatro e meia da tarde, bem pertinho do rio como de costume. Karen aproveitou e lavou umas duas peças de seu vestuário, pondo-as a secar em um galho de árvore providencial. Jake apareceu para fazer o mesmo.

— Uma coisa que não se consegue por aqui é uma camisa bem passada. Como está o joelho?

— Bem — Karen respondeu sinceramente. — Quase normal. Essas folhas são mágicas!

— Vai precisar continuar a renová-las por mais um ou dois dias, foi o que Luz falou. Ele foi até buscar um novo estoque. Quanto mais frescas, mais eficazes.

— Fico contente com tanta atenção — Karen disse. — Todos parecem se preocupar, afinal estamos contando o tempo. — Uma pequena pausa e continuou: — Planeja voltar conosco para casa ou pretende ainda ficar algum tempo na Guatemala?

— Voltaremos juntos. Tenho de gravar alguns comentários sobre a expedição.

— Mas isso terá de esperar a edição final, eu suponho.

— Trabalharei nisso também. Além do mais, tenho outros compromissos. — Jake estendia suas roupas num galho vizinho. — Vamos ter de estender a roupa em outro lugar antes da chuva que tem vindo só à noite, para nossa sorte.

Karen sentiu um arrepio lhe percorrer a nuca ao ver Jake se virar e encará-la de maneira estudada.

— O que eu preciso fazer para convencê-la de que não sou exatamente o que está pensando?

Havia um modo, com certeza, Karen pensou. Mas Jake não estava querendo oferecer esse nível de comprometimento. Ele até poderia querer aprofundar o relacionamento dos dois depois que estivessem na Inglaterra, mas não parecia haver futuro nisso. Um rompimento nesse momento seria muito melhor do que mais tarde, quando seu coração então se partiria de vez.

— Nada — disse, resoluta. — Não é importante mesmo.

— Não foi essa a impressão que tive hoje de manhã — Jake falou, arqueando as sobrancelhas.

— Isso foi de manhã. Tive tempo para pensar desde então. — Karen falava de maneira calculada e distante. — Eu acho você atraente, Jake. Não posso negar. Creio que acho até irresistível! Só que isso é o máximo que sinto.

— Entendo. Não há razão para continuarmos, não é?

— Creio que não. — Karen se esforçava para manter a voz segura. — Está terminado. Vamos parar por aqui.

— Como quiser. Melhor assim, pois ninguém criará ilusões desnecessárias — Jake concordou, sem expressão na voz.

Uma dor imensa se apossou de Karen ao vê-lo se distanciar. Nunca em sua vida fora tão fria e racional, nem nos momentos mais difíceis.

 



  

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