Хелпикс

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  CAPÍTULO VIII 3 страница



Andréa ficou rubra e sem responder encaminhou-se para o lugar que ele indicara. Suas botas enterravam-se na neve e teve de enrolar a barra da calça, mas estava decidido a não pedir nenhuma ajuda a Axel. Nesse momento ouviu um barulho por entre as árvores e voltou-se, alarmada. Pensou que era Axel que vinha incomodá-la, porém a forma cinza, meio escondida nas sombras, era a encarnação de todos os pesadelos que ela pudesse ter tido um dia. Um grito involuntário escapou-lhe dos lábios e ela saiu correndo em direção à estrada. Agarrou-se desesperada mente a Axel, mergulhando o rosto em seu peito.

— Mas o que aconteceu?

— Um... Um lobo! — ela exclamou, descontrolada.

— Um lobo! Impossível! — Ele sacudiu a cabeça, afastando-a de si e preparando-se para caminhar em direção às árvores. Ela, porém, tomou-o pelo braço.

— Era um lobo sim, era um lobo! — disse, tomada de desespero. — Onde... Onde é que você vai?

— Vou ver a fera...

— Oh, não, não faça isto!

— Você está preocupada com minha segurança? — Ela fez um sinal afirmativo com a cabeça. — Suba no jipe — ordenou Axel com certa aspereza. — Não demorarei muito.

Seu tom não admitia réplicas e um tanto relutantemente Andréa entrou no jipe, La ficou, tensa, esperando sua volta e quando ele apareceu, andando do jeito displicente de sempre, Andréa sentiu uma onda de alivie apoderar-se dela. Ele entrou na perua, bateu a porta e deu um sorriso ligeiramente irônico.

— Não há nenhum lobo. Tratava-se provavelmente de uma lebre procurando comida. É muito difícil aproximar-se delas, pois são muito assus­tadiças. — Ele parecia estar se divertindo muito. — Espero que você tenha cumprido sua missão até o fim...

Andréa apertou os lábios, —- Não seja tão irônico. Qualquer um pode se enganar.

— Incluindo as lebres — concluiu Axel secamente.

 

                              CAPITULO XI

 

Já era quase uma e meia da tarde quando Axel indicou uma edificação em meio a um vale estreito, por entre o qual serpenteava um rio que corria através de rochas e penedos.

— O castelo de Mahlstrom! Já estamos quase chegando, menina. Logo você comerá e não sentirá mais frio. Espero que não fique muito desa­pontada, Liebchen. Em Mahlstrom não existe aquecimento central, luz elétrica ou televisão.

Andréa não permitiu que ele a desencorajasse. Estava ansiosa para conhecer o lugar onde ele nascera, e ser apresentada à sua tia. Notou o teto do castelo, encimado por uma pequena torre. Muitas janelas estavam quebradas, parte do telhado arreara, porém saía fumaça de duas chaminés, o que provava que o lugar não estava abandonado.

Assim que Axel desligou o motor, Andréa desceu. Ficou parada, contem­plando os muros fortificados do castelo, as janelas que ainda existiam e a pesada porta de madeira da entrada.

— Desapontada? — perguntou Axel e ela estremeceu.

— Você me preveniu. Como é que se entra?

— Por aqui,

Ele abriu uma pequena porta que dava para a cozinha. Sentiu-se envolvida por uma deliciosa onda de calor no momento em que entrou, resul­tante de uma enorme acha de madeira que queimava na lareira. Um velho colocava mais lenha para aumentar o fogo e seus olhos cansados brilharam assim que ele viu Axel,

—- Ach, Herr Barão! — exclamou, vindo em sua direção. — Seja bem vindo, seja bem vindo! Mas que bela surpresa!

— Alô, Cari, Como vai?                

— Muito bem, obrigado.

O velho criado inclinava a cabeça repetidas vezes e, ajudando-os a tirar o casaco, levou-os para peno da lareira. Andréa conseguia entender a maior parte do que diziam — as perguntas habituais a respeito da saúde do velho, comentários relativos ao mau tempo e, finalmente, Axel indagou de sua tia.

Ao que parecia, a velha senhora no momento repousava e sem dúvida viria ter com eles mais tarde. Axel sugeriu que primeiro deveriam comer e mais tarde ir ao encontro de sua tia.

Andréa não deseja outra coisa, O ensopado de carne que Cari serviu em pratos de cerâmica rústica tinha um cheiro delicioso e a fome era tanta que ela esqueceu seu nervosismo.

Enquanto comiam, Andréa contemplava a cozinha enorme. Seria ne­cessária uma pequena fortuna para tornar aquele lugar um pouco mais habitável. Axel interrompeu sua contemplação: — Em que está pensando? Que será preciso muito dinheiro para pôr este lugar em ordem?

— Para falar a verdade, sim.

— Eu já discuti o assunto com seu pai.

— Com. . . Meu pai? Mas. . . Como?

— Pelo telefone.

— Mas você disse que ele ia para os Estados Unidos!

— É mesmo? Bem, ele deve ter alterado seus planos. Sem dúvida nosso súbito noivado o fez cancelar a viagem.

— E você voltou a falar com ele e não me disse nada!

— Claro, havia assuntos que só poderiam ser discutidos por ele e por mim.

Andréa cerrou os punhos. —- Assuntos financeiros, imagino.

— Entre outros. Acho que seu pai aprecia muito, a idéia de ver sua filha tornar-se baronesa e viver em um antigo castelo austríaco.

— Custará o olho da cara reformar este lugar. — Seu pai acha que pode encarar essa despesa.

— Você é totalmente sem escrúpulos, não?

— Acho que você me fez esta pergunta antes.

Após a refeição Cari serviu-lhes café e em seguida Axel levantou-se.Andréa ficou surpresa ao notar como ele se adaptava facilmente àquele ambiente.

— Vamos, vou lhe mostrar o castelo.

Apesar de tudo, Andréa sentia-se curiosa. Passaram por várias portas e subiram por uma escada estreita que terminava em uma porta pesada e imponente. Lá dentro estava mais claro e Andréa olhou espantada o que outrora tinha sido o hall de entrada do castelo. Estava num estado desolador. As paredes, entretanto, eram sólidas e provavelmente durariam pelo menos mais cem anos.

— Seria preciso um verdadeiro batalhão para limpar estas paredes e assoalhos — exclamou Andréa. — E é urgente instalar aquecimento cen­tral. Como faz frio aqui!

— Sim.

— Pena que você não disse que meu pai estava em Londres, teria poupado a você muitos aborrecimentos. Quando eu contar a ele o que você disse e fez. . ,

— Você terá tempo suficiente para conversar com seu pai. Ele pre­tende vir logo para a Áustria.

— O quê? —- Andréa sentiu-se confusa. Mas estava certo. Seu pai achava que ela tinha intenções de casar-se com Axel e sentia-se curioso em vê-los um ao lado do outro. Mas ela em breve destruiria suas ilusões. Destruiria mesmo? Cravou as unhas nas palmas das mãos. Ao pensar na gravação estremeceu, enojada. Axel pretendera realmente enviá-la a algum jornal se ela tentasse atrapalhar seus planos? Permitiria que seu pai ouvisse a fita? E se nada disso acontecesse? Por acaso ela estava pensando seriamente em se casar com aquele aventureiro? Contemplou Axel com grande ressentimento. Ele era tão calmo, tão seguro de si, tão confiante no domínio que exercia sobre ela.

— Vou contar a verdade ao meu pai! — ela declarou, porém faltava convicção a suas palavras.

— Não vamos começar novamente com isso — ele disse, tomando-a pelo braço e ignorando sua resistência. — Agora vamos encontrar mi­nha tia.

Andréa seguiu Axel através de corredores sem fim, até que ele a fez entrar na sala de visitas de sua tia. O aposento era muito claro e mais quente que todos em que estivera até então. Um tapete felpudo cobria o chão e a mobília conservava a elegância de outros tempos. Havia uma lareira e ao lado dela uma senhora costurava.

Sophie von Mahlstrom assemelhava-se muito pouco à imagem que Andréa fazia dela. Tinha muita menos idade do que ela supunha, uns sessenta e poucos anos, e seus trajes c sua aparência eram tão elegantes quanto tudo aquilo que a rodeava. Levantou-se com um sorriso que era a cópia do de seu sobrinho.

— Ah, Axel! Até que enfim você chegou. Axel beijou o rosto de sua tia.

— Com que então você é Andréa, minha cara. — Ela falava inglês com ligeiro sotaque. — Que prazer conhecê-la.

— Eu... Bem... Como está, baronesa?

Andréa não sabia como se dirigir à velha senhora, porém Sophie balançou a cabeça. — Pode me chamar de tia Sophie, minha querida. O: títulos hoje em dia pouco significam, como você sabe.

— Obrigada. — Andréa forçou um sorriso, procurando desesperadamente algo para dizer. — Que. . . Que lindo aposento.

— Principalmente se comparado com o resto do castelo. Sim, sim, é um lugar muito agradável. Em outros tempos foi a sala de estar da mãe de Axel, mas infelizmente durante a guerra... Lembro-me de tudo isto bem demais.

— Sente-se, Andréa.

Ela fez conforme Axel sugerira, mas, para sua grande surpresa, ele enca­minhou-se em direção à porta.

— Tenho uma série de providências a tomar. — Dirigiu-se à sua, tia e ela fez que sim. Ela então se voltou para Andréa. — Até logo mais, menina. Auf Wíedersehen.

Assim que a poria se fechou, Sophie sorriu para sua jovem visita com ar de desculpas. — Não repare, mas meu sobrinho vem tão raramente; a Mahlstrom e há questões relativas às terras das quais ele deve se1 ocupar.

— Terras?

— Sim, restou pouca coisa, lamento dizer. Outrora os Mahlstrom possuíam todo o vale, mas agora temos de nos contentar com as terras em volta do castelo e mais alguns metros às margens do rio. Por aqui se pesca muito peixe. Axel não lhe contou?  

— Não.

— Claro que não. Pesca é um assunto que não deve lhe interessar, não é mesmo? Ele sem dúvida discutiu-o com seu pai.

Andréa arregalou os olhos. Como era possível que todos naquela família fossem tão seguros? O que tinha a pesca a ver com as intenções de Axel? Será que imaginavam que isso poderia influenciar seu pai?

— Acho que meu pai não se interessa especialmente pela pesca, ba­ronesa.

— Não? Isto me surpreende. Muita gente gosta de pescar. Esta é a sua primeira visita à Áustria?

— Não, não é a primeira vez que venho à Áustria. Já estive várias vezes aqui, com meu pai.

— Mas não em Grossfeld.

— Não.

— Axel disse-me que você acabou de deixar a escola. Pensa ir para a universidade?

Andréa sentiu-se intrigada. Por que a tia de Axel fazia tantas pergun­tas? Imaginava que ela se encaminharia para uma carreira após o casa­mento? Ou duvidava que Patrick Connolly pudesse concordar com planos de Axel? Deveria saber das intenções de seu sobrinho, caso contra­rio não diria a ela do interesse de seu pai em restaurar o castelo. Feliz­mente ,bateram à porta naquele momento e Cari entrou.

— Quer tomar chá, senhora?

— Obrigada. Será mais do que bem-vindo. — O velho criado retirou-se. — Cari é um verdadeiro tesouro. Quem mais viveria neste lugar afastado, sem ninguém para conversar?

— Ele é o único criado?

— No momento, sim. Pobre Cari. Ele era casado, porém sua mulher morreu durante a guerra e não tiveram filhos.

— Ele é muito velho.

— Mas é tão leal... Ele ainda se recorda de como Mahlstrom era, mas certamente voltará a ver o castelo restaurado, com o auxílio de seu pai.

Enquanto servia o chá, Sophie falava entusiasticamente a respeito do castelo. Sua voz traía uma emoção que era difícil ignorar. Explicou que o exército alemão pilhara tudo o que havia quando se retirou e como fora impossível tentar prosseguir com o mesmo ritmo de vida de outrora, quando a guerra terminou. Quando Axel voltou, Andréa discutia suas próprias idéias de modernização de um ambiente e corou assim que ele entrou e interrompeu-a.

— Desculpe, tia Sophie, vou levar Andréa até o quarto dela. Nós nos veremos todos na hora do jantar. Cari disse-me que preparou um prato muito especial.

Subiram mais um lance de escadas e Axel precedeu-a, abrindo a porta de seu quarto. O frio a surpreendeu. Axel pousou o lampião sobre a mesa de cabeceira e indicou um lavatório antigo sobre o qual se encontrava uma jarra cheia de água quente.

— Sinto muito, mas um banho é algo fora de questão. Providenciei água quente para que você possa lavar-se um pouco. Neste andar não existe banheiro e se quiser usá-lo terá de descer...

— É muita gentileza de sua parte. Duvido que alguém tire as roupas nesta temperatura, para tomar banho!

— Pois garanto que isto acontece. Há muita gente que não foi mimada por uma vida fácil.

— Gente como você, imagino.

Ele não respondeu e caminhou em direção à porta. — Será que você sabe o caminho para a cozinha? Vamos comer lá, é o lugar mais quente do castelo.

Assim que ele saiu, Andréa, irritada, caminhou até a janela e viu o rio deslizando a distância. A tarde caía, mas ainda havia luz suficiente para perceber a largura da torrente, engrossada pelas nevadas recentes. As sombras projetadas pela luz do lampião pareciam ainda mais longas quando ela se voltou para contemplar mais uma vez o quarto. Quando acabou de se lavar e escovar os cabelos já estava completamente escuro, Não querendo ficar sozinha naquele ambiente tão soturno vestiu-se rapidamente e aplicou um pouco de sombra nos olhos. Tremia de frio e enfiou novamente o casaco.

Foi fácil localizar a cozinha: um cheiro delicioso de ervas e temperos atraiu-a na direção certa. Quando entrou, viu a mesa comprida iluminada por um candelabro de prata e coberta por uma baixela também de prata. Não havia o menor sinal de Cari ou de quem quer que fosse e ela cami­nhou até a lareira para aquecer-se um pouco. Mesmo assim estremeceu no momento em que a porta se abriu e Axel entrou. Havia retirado o casaco e seu coração pulsou ao notar que os olhos dele não se despre­gavam do seu decote.

— Gostou de conversar com minha tia hoje à tarde? Andréa ficou tensa, — Muito.

— Que bom. Ela é uma mulher gentil, até certo ponto solitária, apesar de ser a última pessoa no mundo a admiti-lo.

— Pudera! Morando aqui. . . Isto não me surpreende. —- Você se sentiria sozinha aqui?

— Claro. Qualquer pessoa se sentiria.

— Mesmo com minha presença?

Andréa aos poucos foi ficando ruborizada. — Você deveria passar mais tempo aqui — disse apressadamente. — Sua tia gostaria muito.

— E eu, de que gostaria?

Andréa não ouvira a porta se abrir e de repente deparou com Sophie von Mahlstrom ficando muito desapontada. — Eu... Eu estava dizendo a Axel que a senhora sem dúvida gostaria que ele passasse mais tempo em Mahlstrom.

— Mas, Axel vem quando pode. Ele é muito ocupado. . .

— Minha tia é muito leal -— interrompeu-a Axel abruptamente. O olhar que trocaram foi incompreensível para Andréa. — Ah. Aí vem Cari. Devo confessar que estou pronto para jantar.

Considerando os poucos recursos disponíveis e a idade avançada de Cari, a refeição era surpreendente. Começaram por panquecas recheadas com queijo que derretia na boca, passando em seguida a um frango muito, tenro, servido no próprio caldo, juntamente com ervilhas, terminando com uma soberba torta, cuja receita era originária da Floresta Negra, Alemanha, segundo explicou Sophie. O café foi servido juntamente com frutas e queijo, mas Andréa não podia comer mais nada.

— Estava bom? — indagou Sophie, sorrindo.

— Comi demais! — exclamou Andréa. — Por favor, agradeça a Cari por ter preparado uma refeição tão maravilhosa.

Cari, que comera com eles, sentado na outra extremidade da mesa, não tomara parte na conversa, mas agradecia com um aceno de cabeça. Então Axel trouxe uma garrafa de conhaque e eles sentaram-se em torno da lareira, bebericando. Andréa não estava acostumada com uma bebida tão forte e de repente surpreendeu-se falando a respeito de sua vida na Inglaterra, do relacionamento com seu pai e de que não conhecera sua mãe. Contou fatos de sua infância, referiu-se a Janete e aos pais dela, revelando, sem saber, que fora uma menina muito solitária.

Então Axel levantou-se e anunciou que eslava na hora de dormir. Andréa ficou surpreendida ao saber que já passava de meia-noite e pediu desculpas a Sophie por ter falado tanto.

— Absolutamente, minha cara. Gostei muito de conhecê-la. Espero que voltemos a nos ver muitas vezes.

— Vamos — disse Axel, após a partida de sua tia. — Vou acompa­nhá-la até seu quarto.

Axel empunhou o candelabro de prata e chegando ao quarto, procurou uma caixa de fósforos para acender o lampião. De repente uma corrente de ar apagou quase todas as velas e Andréa gritou, assustada.

— Não foi nada — ele disse com toda calma, regulando a luz do lampião. — Pronto! Melhorou?

Andréa tremia de medo e de frio. Axel parou diante dela, com um sorriso zombeteiro nos lábios.

— Por que está tremendo? As casas velhas exercem este efeito sobre você?

— Eu... eu estou acostumada com edifícios novos, sem teias de ara­nha nem poeira do passado.

— Sim, a manutenção da casa deixa muito a desejar.

Andréa fazia o possível para se acalmar. — Será. . . será que morreu alguém aqui? Quero dizer, neste quarto. . .

— Que eu saiba não, menina. Por quê? Você acha que pode haver algum fantasma rondando por aqui?

— Não brinque com essas coisas! — Eu... onde é seu quarto?

— Meu quarto? — Ele levantou as sobrancelhas, intrigado. — Por quê?

— Você sabe por quê. Estou sozinha aqui.

— Ah, percebo. Pretendia dormir no andar térreo, num quarto pró­ximo à cozinha e que já ocupei muitas vezes.

De repente ele puxou-a para si e seus lábios procuraram impaciente­mente os dela. Ao tocá-lo, Andréa sentiu que todo seu corpo despertava. Enlaçou o pescoço de Axel e moldou seu corpo aos ângulos do corpo dele. Ele abriu as pernas para manter o equilíbrio e chegou-se ainda mais. Segurou-a pelas cadeiras, puxando-a com firmeza de encontro a ele e deixando-a ainda mais consciente da realidade de seu desejo. Com um. gemido suas mãos abriram o zíper de seu vestido e ela não protestou.

— Axel Meu Deus, você está louco?

A voz indignada de Sophie von Mahlstrom trouxe Axel de volta à realidade e ele automaticamente deu um passo atrás. Andréa compreen­deu que pela primeira vez ele perdera o controle da situação e que, a despeito de todos os seus cálculos, ela conseguira fazê-lo esquecer de suas motivações interesseiras. Era uma descoberta fantástica e voltando-se para encarar a baronesa sentiu que detestara a intrusão da velha senhora. O silêncio teve o efeito de acalmá-los e quando a baronesa voltou a falar estava bem mais controlada.

— Desculpem-me por interrompe-los, mas acho que já está na hora de você ir para seu quarto, Axel.

— Tem toda razão, claro, tia Sophie — disse Axel calmamente. — Sinto muito se a incomodei. Desejo-lhes boa noite.

Pegou o candelabro, inclinou-se e deixou-as.

— Você está bem? — Sophie olhou-a inquisitivamente.

Andréa reprimiu um soluço histérico. — Eu... sim. Sim, estou muito bem.

— Ótimo. Já é tarde. Você deve estar cansada. Se quiser alguma coisa durante a noite, por favor, me chame.

Assim que Sophie se retirou, Andréa fechou a porta e encostou-se nela. Sentia-se fraca e tremula e sabia que não ia conseguir dormir naquele momento. Desejou sentir o calor daquele corpo de encontro ao seu. Queria ficar com ele.

Foi até o lavatório e molhou o rosto e o pescoço com água fria, deixando que ela escorresse até os seios. Devia estar louca por desejar e pensar naquelas coisas, mas depois que se despiu e enfiou-se debaixo das cobertas, teve de aceitar o fato de que por mais que se censurasse, nem mesmo assim conseguiria destruir os sentimentos que Axel, tão descuidadamente, despertara no mais profundo de si mesma.

 

                          CAPÍTULO XII

 

Andréa dormiu até bem tarde. Ao despertar, sentiu-se infinitamente mais confiante e ridiculamente ansiosa por ver novamente Axel.

Cari estava na cozinha pondo lenha na lareira. Ela lhe deu um largo sorriso e desejou-lhe Guien Morgen,

Guten Morgen, Fräulein. Wie gehi es Ihnen?

Não falo muito bem alemão — ela lhe explicou com dificuldade em sua própria língua. — Você fala inglês?

— Um pouco. Dormiu bem?

— Oh, sim, muito bem. O... Barão já levantou?

— Oh, ja — afirmou Cari, um tanto constrangido. — Foi levar a baronesa até a estação.

Andréa ficou extremamente surpreendida. — À... Estação? Não com­preendo. Que estação?

— Mahlstrom, Fräulein. A estação de Mahlstrom. A baronesa está voltando para sua casa em Salzburg.

— Sua... Casa? Eu... Achei que a casa dela era aqui.

— Oh, não, Fräulein. Ninguém mora em Mahlstrom, a não ser eu.

— Então a baronesa Sophie mora em Salzburg?

Ja, ja, Salzburg.

Andréa franziu o cenho. Por que Axel lhe dissera que sua tia morava em Mahlstrom, quando isto não era verdade? Qual o sentido de traze-la até ali para apresentá-la, quando poderiam perfeitamente ter ido até Salzburg? Sentindo-se completamente confusa, sentou-se à mesa e Cari ofereceu-lhe torradas e café.

— Obrigada, quero somente o café. Parecia-lhe muitíssimo estranho que Sophie partisse e deixasse Andréa sozinha com seu sobrinho, a menos que Axel... Ele pretendesse levá-la de volta a Grossfeld naquele mesmo dia. Por que ele mentira?

Acabou de tomar o café evoltou a consultar o relógio. Passava das onze e meia e ainda não havia o menor sinal de Axel. Seus nervos se crispavam a cada minuto que passava e ela se sentia totalmente impotente, confinada naquele lugar, sem nenhum meiode transporte que lhe possibilitasse sair de lá.

Era quase meio-dia quando voltouà cozinha e notou que Cari servia a mesa para três.

— Onde está Axel!? Por que demora tanto?  

Cari deu de ombros e Andréa tentou dominar sua respiração ofegante. Sua intuição lhe dizia que algo de errado eslava acontecendo naquele momento, que a ausência de Axel era proposital eela andou de um lado para outro da cozinha, sentindo que as lágrimas teimavam em aflorar-fhe aos olhos. Pela primeira vez sentia-se ansiosa em ver Axel, em conversar com de e até mesmo dispunha-se encontrar explicações para seu com­portamento anterior. Sua atitude na véspera havia conseguido convencê-la de que ele não lhe era indiferente ehá algum tempo sabia que não era indiferentea ele, por mais que quisesse negar o fato. Agora, no entanto, ele desaparecera e apesar de isso parecer um tanto dramático, ela sentia um medo terrível de que fosse verdade.

Ouviu o som de um veículo que se aproximava. Com um grito de alívio, saiu pela porta de trás e foi correndo até o pátio. Então se deteve, confusa. O homem que guiava o veículo não era Axel e sim Tim Brady, advogado e assistente de seu pai. A seu lado encontrava-se nada menos do que Patrick Connolly. Soluçando, saiu correndo em direção a seu pai e quando ele a tomou nos braços, ela derramou uma torrente de lágrimas.

Logo após, Andréa sentava-se na cozinha com seu pai e Tim Brady andava de um lado para o outro, fingindo que não estava ouvindo sua conversa.

— Mas onde está Axel? — indagou Andréa, depois que as lágrimas pararam de correr.    

— A caminho de Salzburg, imagino — replicou seu pai, tomando de volta o lenço que emprestara e guardando-o no bolso do paletó.

— Mas por quê? E o que vocês estão fazendo aqui?

— Há coisas prioritárias — disse Patrick Connolly com impaciência. — Estou com fome e tenho certeza de que o mesmo acontece com Tim. Estamos viajando desde cedo. Sugiro que almocemos. Cari está impa­ciente para nos servir, garanto. Depois poderemos conversar.

— Mas como é que você conhece Cari? — perguntou Andréa, frus­trada. — Já esteve aqui antes?

— Muitas vezes. Agora, perguntas só após o almoço.

Cari serviu o prato da noite anterior, mas Andréa mal tocou na comida. Sentia-se confusa e sua mente estava povoada de perguntas sem resposta.

Seu pai era alguém a quem ela sempre admirara secretamente. Ela c o pai eram parecidos demais para poder conviver durante muito tempo. Quanto mais regras ele estabelecia para ela, mais rebelde ela se tornava. Mesmo assim, existia entre ambos um forte laço afetivo. Quando ele finalmente acabou de comer, os nervos de Andréa estavam a ponto de arrebentar. Notando sua inquietação. Tim Brady levantou-se.

— Acho que vou dar uma espiada no resto do castelo — disse. — Que­ro ver a ala leste.

Andréa forçou um ligeiro sorriso, mas assim que a porta foi fechada, voltou-Se para seu pai. — Agora me diga o que está acontecendo!

— Sim, se você permanecer calma. Caso contrário ficarei muito impa­ciente com você, Andréa. Aliás, você bem que mereceria.

— Mas o que quer dizer com isso?

— Você ainda pergunta!

— Está se referindo a meu compromisso com Axel?

— Entre outras coisas. Você realmente abusa de minha paciência, não?

 — Não sou criança, papai.

— Você nega que fingiu ser sua prima e fez Janete passar por você?

— Mas foi apenas uma brincadeira! Como é que você sabe? Esteve com Janete?

— Não.

— Axel lhe contou?

— Isso mesmo.

— Mas quando? Você disse que já esteve aqui. Como é possível?

— Oh, Andréa, Andréa! Será que você nuncavai aprender? Axel disse que você precisava de uma lição. Fico contente por ter concordado com de.

— Uma lição? — Andréa fitou seu pai. Logo após sentiu um vazio na boca do estômago. — Mas o que você está dizendo? Que espécie de lição? O que tem Axel a ver com isso?



  

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