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CAPÍTULO QUATORZE



CAPÍTULO QUATORZE

 

Oliver estava sentado à escrivaninha em seu aparta­mento, tentando sem sucesso concentrar-se no maço de desenhos que Andy passara, quando o interfone tocou.

Andy dissera:

— Dê uma olhada nisso e tente mostrar algum entu­siasmo pelo projeto. E, na próxima vez, pense duas ve­zes em tirar férias. Você está horrível como um pecado desde que voltou.

Foi um comentário justo e, levantando-se para aten­der, Oliver imaginou se seu sócio e amigo tinha achado que ele precisava de uma boa conversa. Mas não queria ver ninguém.

Exceto Grace.

Mas Grace não estava disponível. Quando fora ao centro de jardinagem, no dia depois do jantar de carida­de, uma semana atrás, tinha descoberto que ela não esta­va lá. Segundo Tom, ela só fizera contato por telefone e que estava com os pais.

Oliver sabia ser o culpado pela ausência de Grace, se portando abominavelmente, antes e enquanto eles esta­vam na Espanha e não podia culpá-la por pensar mal dele. Também tinha certeza que Tom não perdera tem­po, contando que ele estava encontrando Miranda nova­mente, e certamente, ela nunca acreditaria que não sig­nificava nada.

Certo, não devia ter convidado Miranda. Não fora uma coisa sensata, mas, precisava representar a firma e parecera a única solução.

Além do mais, queria explicar a Miranda por que não podiam se encontrar mais e um evento social não fora uma escolha inteligente. Miranda tivera a impressão er­rada e, quando finalmente ele rompeu, reagira mal.

A noite foi desastrosa. Tom estava lá e, embora Oliver estivesse aliviado por Grace não estar com ele, achava que Tom contaria a ela sobre o seu desconforto.

Claro que no dia seguinte, depois de uma reunião so­bre a política da empresa com Andy, fora até Tayford, descobrindo que Grace também não estava lá. Mas per­manecia o fato de que, apesar de seu hesitante envolvi­mento com as questões financeiras do centro, não tinha qualquer desculpa para fazer a viagem. E, droga, Tom sabia.

Agora, sentindo-se irritado, atendeu o interfone.

— Sim?

— Oliver?

Era uma voz feminina, mas não a que queria ouvir e praguejou.

— Sophie, o que quer?

— Isto é maneira de saudar sua esposa, Oliver? Que­rido, quero falar com você. Posso subir?

— Não vejo sobre o que devemos falar, Sophie. E você não é minha esposa, mas...

— É sobre Grace — ela interrompeu. — Tenho cer­teza de que ficará interessado. Aperte o botão, querido, está começando a chover.

Oliver hesitou. Não estava com humor para ser civi­lizado com ninguém, muito menos sua ex-esposa.

Ainda assim...

Apertou o botão que abria a porta lá de baixo e man­dou o elevador para ela. Pensou que não faria mal ouvi-la. Afinal, Tom não era amigo dela.

Sophie saiu do elevador exalando seu perfume prefe­rido, mas ele se afastou quando tentou beijá-lo.

— Você ainda está trabalhando — reclamou ela, ba­tendo os saltos no piso de madeira. — Querido, já passa das nove!

— Diga o que tem a dizer, Sophie. Estou ocupado.

— Posso ver. — Ela folheou os papéis na escrivani­nha, depois virou para ele. — Não vai me oferecer um drinque? Ou não tem álcool por aqui?

— Esta não é uma visita social, Sophie. O que quer?

— Você está chateado, não é? Tom disse que estava, mas não acreditei nele.

— Tom? Ele mandou-a aqui?

— Céus, não — Sophie deu uma risada. — Tom não faria isso. Ele tem muito a perder.

— Do que está falando? Achei que tinha dito que era sobre Grace.

— É. Você não sabe que seu irmão está caído por ela, desde que a persuadiu a trabalhar para ele? Por que acha que fui embora?

Oliver sentiu-se cansado.

— Já sei de tudo isso, Sophie. Você me disse antes, lembra? Não precisa repetir.

— Acho que preciso — Sophie olhou em volta, sen­tou-se no braço de uma cadeira, cruzando as pernas. — Eu disse que Tom estava caído por Grace, não que Grace estava caída por ele.

— Você não disse isto antes.

— Bem... todos temos as nossas fraquezas. Tom dei­xou que pensasse que era amante dele, não é? Acho que também pensei.

— Está dizendo que não era verdade?

— Talvez.

— Está ou não?

Oliver não estava com humor para brincadeiras e

Sophie falou:

— Certo. Pelo que sei, eu é que estava enganada. Oliver deu um passo raivoso na direção dela e depois, se controlou.

— Então, por que não disse nada? Por Deus, por que foi embora?

— Se você acha que quero ficar com um homem que não consegue tirar os olhos de outra mulher, está enga­nado — exclamou indignada. — Ele me fez de boba, Oliver, e nenhum homem faz isso e fica impune.

— Por isso é que insistiu em querer o seu dinheiro de volta? — Ele começava a entender. — Por ser a única maneira de tê-lo de volta?

Sophie não admitiu e nem negou, e Oliver olhou-a incrédulo.

— Por quê? Por que está me contando isto? Conse­guiu o seu dinheiro, vai conseguir. Por que me diz isto agora?

— Porque você avalizou. Eu queria que ele sofresse, mas você facilitou para ele. Era a única coisa que eu po­dia fazer.

Oliver estava assombrado.

— Meu Deus, você fez o que queria, não é, Sophie? Ninguém a faz de tola sem punição.

— O que vai, volta. Além do mais, talvez esteja me sentindo generosa. Soube que terminou com a srta. Sawyer e imaginei se o motivo não seria Grace, visto que, desde que voltou da Espanha, esteve relutante em fazer algo, que o seu irmão não pensou duas vezes.

— Fazer o quê?

— Seduzir sua esposa? Oliver, não fui culpada pelo que aconteceu. Certo, não ofereci muita resistência. Es­tava cansada, você trabalhando o tempo todo... como parece ainda fazer. Mas seu irmão não tem escrúpulos de qualquer tipo e está na hora de alguém fazê-lo tomar um pouco do seu remédio.

— Devo ser eu, certo? Não gaste saliva. Grace não voltou para o centro. Segundo Tom, ela vai ficar em Londres.

— Você acreditou? Ah, Oliver, Tom nunca desiste. Ele ainda quer Grace e fará qualquer coisa para tê-la. In­clusive, e especialmente, manter vocês dois separados.

Já era mais de meia-noite quando Oliver saiu para a pousada em Ponteland, não mais cansado e sim revigo­rado. Não apenas por ter tirado seu irmão da cama, ameaçando arrebentar cada centímetro de sua vida, se não desse o endereço da Grace na hora.

Tom tentara blefar, claro. Tentando convencer seu irmão, dizendo que Grace não voltaria e que, ao voltar dias antes, ficara surpreso.

Era mentira e Oliver sabia. Sophie tinha dito que Grace voltara ao centro de jardinagem no dia seguinte à visita dele e, finalmente, Tom desistiu.

Ao mesmo tempo, Oliver não podia deixar de sentir certa apreensão, parado diante da pequena casa avarandada onde Grace estava. Sabia que fora impulsivo ao vir esta noite e estava receoso.

E se não quisesse vê-lo? E se não acreditasse em seus sentimentos? Não tinha motivos para acreditar nele, pois a desprezara antes. E com Tom espalhando menti­ras sobre ele, podia pensar o pior.

Deus! Oliver passou a mão trêmula pelos cabelos. Devia ter esperado até de manhã, as coisas sempre pare­cem melhores à luz do sol. Aparecer na porta de alguém no meio da noite era procurar problemas. E se a dona da pousada chamasse a polícia e ele fosse preso? Qual ex­plicação daria? Que era um imbecil doente de amor? Andy ia adorar!

Mas uma forte compulsão levou-o a abrir o portão e entrar. O caminho era curto e como não havia campai­nha, bateu a argola da porta.

O som pareceu estridente no silêncio da rua e ele olhou em volta, certo de ter acordado metade da vizi­nhança. Não havia viva alma nem fora e, aparentemen­te, nem dentro. Teria que bater de novo, arriscando-se a acordar todos, ou desistir.

A última opção pareceu a mais sensata e se afastou para olhar novamente o lugar, vendo um movimento na janela de baixo.

Grace!

Era ela e, enquanto a olhava, sentiu a excitação que sentira antes. Gesticulando freneticamente, tentou mos­trar que queria falar com ela, mas, antes dela responder, a porta de entrada abriu. Uma mulher de seus cinqüenta anos, olhou-o fixamente, os cabelos presos numa rede, um roupão de toalha apertando o corpo largo.

— Sabe que horas são? — exigiu. — O que deseja? — Olhou em volta e, vendo o Porsche parado no meio fio, sua expressão mudou. — Estou lotada, sinto muito.

— Não vim procurar um quarto — disse Oliver, sor­rindo. — Na verdade, uma amiga minha está aqui e ima­ginei se podia falar com ela.

— Uma amiga sua? Uma mulher?

— Certo.

— Lamento, não permito visitas do sexo oposto nos quartos depois das dez.

Como se o horário importasse, pensou Oliver impa­ciente.

— Então, talvez tenha uma sala de estar, algum lu­gar, onde possamos conversar.

— A esta hora da noite? Não.

— Por favor... é muito importante.

— Como eu disse...

— Está tudo bem, sra. Lawson, falarei com ele na porta. — Para alívio de Oliver, Grace apareceu atrás da mulher, mas sua expressão não era encorajadora.

— O que deseja, Oliver? É o centro de jardinagem? Há algum problema?

— Não — respondeu Oliver, rouco. — Grace, preci­so falar com você.

Grace olhou-o com hostilidade. — Tenho certeza que pode esperar até de manhã. Estarei no trabalho às oito...

— Ao inferno com o trabalho! — Oliver não conse­guiu evitar se descontrolar. — Grace, quero falar com você, tenho que falar. Inferno, até duas horas atrás, eu nem sabia que você tinha voltado.

— E importa?

— Está brincando comigo? — Fulminou a sra. Lawson com o olhar. — Grace, não faça isso comigo. Acha que eu viria aqui a esta hora da noite se não fosse urgen­te?

— Não sei — respondeu ela, friamente. — Ainda não sei por que veio. A menos que seja a única hora em que pode falar sem a sua namorada descobrir.

— Inferno, não tenho namorada. E se Tom disse que tenho, mentiu. — Lançou outro olhar matador para a sra. Lawson e acrescentou sombrio: — Na verdade, não dormi com a Miranda desde que percebi como me sentia quanto a você.

Viu o rosto de Grace corar e, embora se ressentisse de falar dos seus sentimentos diante da locatária, sentiu um toque de esperança.

— Tom me fez pensar que você não voltaria, para fi­carmos separados.

— Eu... não sei. Como descobriu que eu estava de volta?

Oliver suspirou, sabendo que ela não ia gostar.

— Sophie me disse. Ela veio me ver esta noite.

— Sophie? — Ela não gostou. — Por que ela diria algo assim?

-— Venha comigo e eu contarei — falou, olhando de­safiador para a dona da casa. — Se o seu cão de guarda deixar.

— Olhe bem... — A sra. Lawson começou, mas Gra­ce interrompeu-a.

— Vou me vestir. Não se preocupe, sra. Lawson, fi­carei bem. — Olhou para Oliver. — Você me espera?

— Para sempre, se preciso. Estarei no carro. Cinco minutos depois, Grace entrou, sentando-se ao seu lado. Tinha trocado a roupa que usava antes por jeans e um blusão largo, vermelho. E, mesmo com os cabelos penteados na frente, a trança parecia tão desar­rumada quanto antes.

— Conte-me sobre Sophie. Por que ela foi vê-lo?

— Não aqui. Você irá ao meu apartamento?

— Seu apartamento? — Grace engoliu em seco. — Não podemos conversar aqui?

— Esperava que pudéssemos?

— Acho que não.

— Então?

Ela olhou-o longamente e ele imaginou se ela conse­guia ver seu coração nos olhos, pois falou suavemente:

— Está certo. Você me trará de volta?

— Se você quiser voltar — disse Oliver, não confiando em si mesmo, querendo desesperadamente tocá-la. Ligou o motor. — Obrigado.                                    

— Pelo quê?                                                  

— Por acreditar em mim. Acredita, não é?

Por um minuto, Grace ficou em silêncio.               

— Você a viu depois de voltar da Espanha. — Era uma constatação e Oliver suspirou.

— O jantar de caridade? Foi um erro, que percebi assim que fui buscá-la.                                           — Então, por que a convidou?

— Ah... eu sabia que precisava falar com ela, dizer que estava terminado e, quando Andy jogou o convite do jantar no meu colo, pareceu uma boa ocasião.

— Não era?

— Não. Pensei que podia tratar daquilo delicada­mente, mas não pude. Tudo parecia errado e, tentava me afastar quando tropecei em Tom e Gina no saguão. Tom disse que tinha nos visto? — Ele soltou um som amargo. — Aquilo foi um maná do céu para ele.

— Não se importe com Tom. Fale-me sobre Miran­da. O que ela disse?

— Bem, claro que ela estava magoada, achou que ti­nha sido usada. Posso dizer que não senti muito orgulho de mim mesmo.

— Você lamenta?

— Lamentar o quê?

— Romper com Miranda.

— Droga, não. Há semanas eu sabia que não dava mais.

— Por minha causa?

Grace disse as palavras hesitante, e Oliver tirou os olhos da estrada, olhando o seu perfil.

— Você duvida? Inferno, Grace, não sabe o que sinto por você?

— Na... Espanha, você disse que não era livre — fa­lou, rouca.

— Não era.

— Eu sei. Mas não disse nada sobre terminar com ela.

— Não.

— Por quê?

— Por que fui um idiota — gemeu Oliver. — Veja, eu pensava que você e Tom... sabe o que eu pensava. Naquele dia em que fui a casa e você estava lá, o que mais poderia pensar? Tom praticamente nu e você, corada como se tivesse acabado de sair do chuveiro. Eu queria matar os dois.

— Tom queria que você pensasse aquilo.

— Eu sei, agora entendi. Mesmo assim, não conse­guia me afastar de você. Quando estivemos juntos na Espanha, temia estar indo longe demais. Ainda acredita­va que você e Tom estavam juntos e estava determinado a não deixá-lo me fazer de bobo novamente.

Depois de um silêncio, Grace perguntou, calma­mente:

— Por que não me perguntou?

— Acho que eu tinha medo. Depois do divórcio jurei nunca mais confiar numa mulher. Não queria me envol­ver com você e sabia, desde o início, que você podia me ferir muito mais do que Sophie fez. Então, usei Miranda como escudo. Deixei você pensar que me importava com ela, mas nunca o fiz. Não assim.

— Assim como?

— Você sabe. Assim que você partiu de San Luís, eu soube ter cometido o maior erro da minha vida. Acredi­te ou não, não me importei se você e Tom ainda estavam juntos. Eu queria você, precisava de você. Inferno, eu a amava... eu a amo. Todo o resto é bobagem.

— Oliver...

— Não diga nada, por favor — implorou. — Pode­mos esperar chegar? Acho que não posso ficar mais de­sapontado, pelo menos não dirigindo. Prometi não falar nada até chegarmos lá. Ouvir você, ver você e não poder tocá-la está me deixando louco.

Ele ouviu-a prender a respiração, percebendo que ela sentia o mesmo. Mas ela disse:

— Apenas diga-me por que Sophie foi vê-lo. Eu não sabia que vocês se Visitavam.

— Não nos visitamos — a voz dele foi dura e suspi­rou novamente. — Tudo bem, ela está querendo se vin­gar de Tom e, pensou que eu estava ficando longe de você por alguma noção de lealdade.

— Mas você não estava.

— Inferno, não. Fui vê-la no centro de jardinagem um dia depois do jantar de caridade, mas você não estava lá. Foi quando Tom disse que você resolvera não vol­tar mais...

— O quê?

— Que ia arrumar outro emprego em Londres.

— Não é verdade.

— Não. Foi o que Sophie me disse. Ela também disse que teve ciúmes de você, motivo pelo qual exigiu o di­nheiro dela de volta.

— Mas agora ela recebeu o dinheiro.

— É, mas acha que foi fácil demais para ele. Soube que garanti o empréstimo dele e...

Você garantiu o empréstimo?

— Ele não contou?

— Não.

— Eu estava certo de que ele contaria.

— Não devia estar certo sobre nada referente ao Tom.

— Não é mesmo? Droga, por que precisa ter sinais de trânsito a cada cem metros, esta hora da noite?

— Eles não estão a cada cem metros — protestou Grace e ele percebeu um traço de humor em sua voz. — Está longe?

— Não muito, estamos quase chegando.

Ele parou o carro do lado de fora do armazém. Em qualquer outra ocasião, teria parado na garagem, mas agora nem seu amado Porsche ficava na frente de sua necessidade de estar com Grace. Destrancando a porta do armazém, levou-a para o elevador.

— Fresco — ela falou quando saiu do elevador, en­trando na sala do estúdio. Foi para as janelas, vendo as luzes da cidade do outro lado do rio. — Que vista!

— É melhor de dia — falou Oliver, trancando a porta e, jogando a jaqueta de couro sobre uma arca acendeu dois abajures. Estava nervoso como um garoto de esco­la. — Quer beber alguma coisa?

Grace virou de costas para as janelas.

— Às duas da manhã? Acho que não.

— Está bem. Então... acho que você quer conversar.

— Por isso você me trouxe aqui — ela lembrou sua­vemente e, de novo, Oliver percebeu humor em sua voz. Ela hesitou um momento e depois andou lentamente para onde ele estava. — A menos que você tenha uma idéia melhor.

— Só posso pensar numa idéia melhor — falou, rou­co, sentindo o sangue ferver quando ela ergueu a mão e tocou o queixo dele.

— Eu também. Ela tocou os lábios dele com a língua. — Podemos falar mais tarde. — Fez uma pausa e acres­centou, sem fôlego: — Vamos para a cama.

 

 



  

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