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CAPÍTULO NOVE



CAPÍTULO NOVE

 

Na manhã seguinte, a mãe de Oliver contou que Grace estava na casa dos pais, ao lado.

— Você já a conheceu, Oliver? — perguntou, ocupa­da em preparar a salada para o almoço. Felizmente, não olhou para ele e Oliver só fora perguntar pelo pai.

A mãe esperava uma resposta e, apesar de sua hesita­ção em falar da vizinha deles, admitiu.

— Achei que tinha — a sra. Ferreira disse, feliz, mostrando que Grace não falara com ela sobre o inci­dente da manhã anterior. — É porque pensei em convi­dá-la para jantar. Ela virá esta noite. Os pais continuam na Inglaterra e está sozinha.

Oliver bufou imaginando como se livrar disso. De­pois de como se comportara na véspera, ficou surpreso por Grace aceitar o convite de sua mãe. Mas, como ele, poderia ter dificuldade em arrumar uma desculpa.

— Sabe que ela é uma ótima garota? — continuou a sra. Ferreira, cortando um abacate. — Seu pai e eu co­nhecemos os Lovell há alguns anos. Costumávamos pensar se ela e Tom se acertariam, mas depois... — 0 rosto dela corou e resolveu continuar. — Ele nunca de­veria ter se envolvido com Sophie. Garoto idiota!

Oliver ficou aliviado por sua mãe ter ficado tão sem jeito, que nem percebeu a resposta dele.

— Sempre há esperança — falou, apontando para o abacate. — Isso parece bom. Posso provar?

A sra. Ferreira cortou um pedaço, oferecendo-o na ponta da faca, que ele pôs na boca.

— Você não se importa, não é, Oliver? Quero dizer, por convidar Grace? Como Miranda não está aqui, pen­sei que você podia ficar satisfeito com companhia.

— Vim para visitar vocês dois. Não... não me impor­to. — Ele conseguiu sorrir e perguntou: — O que Grace disse quando você convidou?

— Bem, claro que ela disse não querer ser intrusa, mas, expliquei que você não pensaria assim. Que prova­velmente sentia falta da companhia de mulheres jovens.

Oliver conseguiu não mostrar sua contrariedade e, depois de saber que seu pai estava no pátio, deixou a mãe fazendo o molho de salada.

No entanto, não foi direto para fora. Por algum moti­vo, sentiu que precisava de um tempo sozinho. Foi para o quarto e sentou-se na cama, enterrando o rosto entre as mãos.

Deus Todo-Poderoso, o que diria a Grace? Como conseguiria passar uma noite em sua companhia sem trair o efeito que ela causava nele? Ele podia se dizer, para sempre, que ela não valia tudo o que sentia dentro da alma, que podia controlar o que sentia por ela, mas nada parecia funcionar. Por qualquer ângulo que tentas­se olhar quando estava com ela, pensava com seu sexo, não com a cabeça.

Deitado de costas, ficou olhando para o teto. Inferno, o que estava acontecendo com ele? Não era um animal.

Não perdia tempo com mulheres que não respeitava; não tinha respeito por Grace Lovell e ao jogo dela, jo­gando ele e Tom um contra o outro.

O problema é que ela parecia inocente, reconheceu, raivoso. Até vê-la com Tom, nunca imaginaria que ela era melhor que sua ex-esposa.

Ao mesmo tempo, aquilo não o afastava dela. Não imaginava o que pretendia na noite em que fora à casa de Tom, encontrando-a sozinha, mas em sua mente, aquilo incluía sexo e lençóis frios. Ele a quisera então e ontem de manhã e, se ela não tivesse sugerido uma mu­dança de lugar, teria ido em frente.

As palavras dela tinham acordado a sua razão e racio­nalidade e admitia que, a duras penas, encontrara forças para sair de lá. Não se orgulhava de ter usado Miranda como desculpa e, com toda honestidade, ela merecia mais, diferente de alguém que preferia não mencionar. Frustrado, passou a mão pelos cabelos. Tomara ba­nho logo cedo e, até sua mãe soltar a bomba, pretendia passar o dia tentando lidar com a situação financeira do pai. Pensara numa solução que esperava, serviria aos dois objetivos, mantê-lo na casa e salvar o centro de jardinagem. Significava também ajudar Tom, mas, qual­quer coisa era melhor do que saber que o pai teria de vender este lugar e passar os invernos numa torre de concreto sem vida.

Agora só conseguia pensar naquela noite e na visita de Grace. Não ajudava saber que ela deveria estar tão sem jeito quanto ele. Os planos de sua mãe o colocavam numa posição difícil e se não o fizesse parecer um co­varde, diria estar doente, desaparecendo.

No fim da tarde, Oliver se convencera de estar exage­rando. Afinal, o que podia acontecer? Era apenas um jantar. Seus pais cuidariam de toda a conversa e, certa­mente, ele podia manter um ar educado por uma noite? Afinal, até a sua libido fazê-lo portar-se como um idio­ta, gostara de conversar com ela. Era esperta e inteligen­te e, claramente, gostava e respeitava os pais dele.

Sua mãe dissera ter pedido a Grace para chegar às sete e meia, que o jantar seria servido às oito horas e, às sete e quinze, Oliver andava pelo pátio, com a segunda cerveja da noite na mão. A sra. Ferreira não escondera a desaprovação quando ele tirara a segunda garrafa da ge­ladeira, mas não dissera nada.

Olhou para a escuridão, sentindo a brisa suave em sua pele quente. Havia luzes em volta do pátio, mas boa parte do jardim estava na sombra, ocultando uma fonte de dúzias de diferentes perfumes. De dentro da casa, vi­nha o cheiro familiar do molho de estragão de sua mãe. Ela estava preparando peitos de frango assados, rechea­dos com foie gras, e sua sobremesa favorita, um delicio­so pudim de creme de caramelo.

Enquanto tomava um grande gole de cerveja, sentiu que não estava mais sozinho, sem saber como. Sentia olhos sobre si, os olhos dela, e ficou surpreso quando ela apareceu na luz.

O que o surpreendeu foi como ela estava. Até então, além do roupão que usava na véspera, nunca a vira senão de calça comprida, e foi um choque vê-la de saia. E que saia! Era de seda fina, de tons pretos e bronze, que, apesar de deslizar suavemente de sua cintura até quase os pés, conseguia envolver cada curva de seus quadris e coxas. Uma blusa de seda cor de âmbar, curta, comple­tava o traje, expondo braços delgados e pulsos, cheios de finas argolas de ouro. O colo sedoso e o vinco dos seios exibiam-se tentadores pelo decote, e tocados aqui e ali pelos gloriosos cabelos avermelhados, que caíam soltos pelos ombros. Grandes argolas, combinando com os braceletes, pendiam das orelhas, brincando de escon­der com as mechas de cabelo.

Mas foi o rubi que enfeitava seu umbigo, revelado enquanto se movia, que chamou a atenção de Oliver. A jóia estava aninhada, ondulando sensualmente quando ela andava.

Ele estava acalorado antes, mas agora sentia uma onda de luxúria umedecendo sua pele. Ela parecia exa­lar puro sexo e ele não seria humano se não respondesse à atração deliberada de Grace.

Sentindo como se pudesse beber uma dúzia de cerve­jas e ainda assim não aplacar a sua súbita sede, Oliver encostou-se à parede e tentou saudar, casualmente.

— Oi — falou, cruzando os braços. — Você está... — Incrível? Deslumbrante? Arrebatadora? — ...dife­rente.

Como cumprimento era lamentável, e os lábios bri­lhantes de Grace curvaram-se, num sorriso irônico.

— Quer dizer, vestida? — perguntou, olhando em volta, como se para ver se estavam sós. — Não creio que goste desta situação mais do que eu.

Aquilo foi direto e Oliver conteve-se para não franzir o rosto.

— Que você está vestida esta noite? — Estava deses­perado para conseguir uma vantagem. — Imagino que não me perdoou.

— Perdoá-lo? — Ela parou a poucos passos dele, um dedo brincando com a argola da orelha. — Pelo quê? Enganar, me deixando pensar que estava interessado em mim? Por quase me seduzir diante de toda a vizinhança?

Os lábios de Oliver se apertaram e ele virou-se, pou­sando a garrafa de cerveja no muro.

— Por tudo — respondeu, rouco, rendendo-se ao ine­vitável. — Como eu disse, não devia ter acontecido.

Quem ele enganava? Não a ela, pensou. Ele queria que acontecesse e ela sabia. Não queria estar atraído por ela, não queria sentir esta fome instantânea sempre que a via. Mas sentia. Então, assuma Ferreira. Ela não é para você.

— Não se culpe — ela murmurou e, para assombro dele, chegou mais perto. — O que está bebendo? — per­guntou, pegando a cerveja. — Algo alcoólico? Pensei que não o fizesse.

— Geralmente não. Ei, eu estava bebendo daí.

— Eu sei — disse ela, rouca, erguendo a garrafa aos lábios e tomando um gole. — Posso sentir o seu gosto.

Oliver não sabia o que teria feito em seguida se o seu pai não tivesse saído no pátio naquele instante.

— Ah, Grace, querida — ele exclamou. — Espero que Oliver esteja cuidando de você. O que está beben­do? Cerveja? Tenho certeza que podemos fazer melhor do que isso.

— Gosto de cerveja — falou Grace, indo de encontro ao homem e deixando-o beijar suas bochechas. — Bem europeu — brincou, olhando para Oliver. — É bom revê-lo, sr. Ferreira. Parece estar bem.

— E você está linda — exclamou o homem mais ve­lho, calorosamente. Observando-os, Oliver sentiu um toque de inveja. Queria se mover e passar a mão posses­siva em sua cintura nua e fazê-la ficar ciente dele, como estava dolorosamente ciente dela.

— O quê? Nesta coisa velha? — disse, desprezando a blusa e tocando a saia com um gesto descuidado. — Na verdade, acho que esta saia é da minha mãe. Está um pouco apertada.

— Nos lugares certos — declarou o pai de Oliver, com admiração e Oliver, que nunca vira seu pai assim antes, queria esticar a mão e afastar o pai dela. Que dia­bos ele estava fazendo? Não sabia que ela não era me­lhor do que Sophie? Por que estava tão derretido com ela? Oliver sentia-se fisicamente doente.

Foi um grande alívio quando sua mãe apareceu, ven­do toda a cena com um só olhar.

Mesmo Oliver esperando que ela mostrasse alguma impaciência com seu pai, o sorriso foi caloroso e sin­cero.

— Grace, espero que meu marido não a esteja encabulando.

— Como se ele pudesse — respondeu Grace, caloro­sa, abraçando a mulher mais velha. — Ele é um velho galanteador, só isso.

— Algo velho, pelo menos — murmurou Nancy Fer­reira, depois, virando-se para o marido. — George, vá buscar a bandeja, sim? Creio que gostaríamos de um drinque antes do jantar.

— Às suas ordens — concordou o marido, galante e entrou, enquanto Grace e sua mãe trocavam um olhar de entendimento.

Aquilo fez Oliver sentir-se estranho ali e não gostou. Seus pais nunca tinham tratado Sophie com tanta afei­ção, mas também Sophie nunca se esforçara para ser amigável. A não ser com Tom, claro.

Mas sua mãe não o esquecera e virou-se, chamando-o.

— Venha salvar Grace de seu pai, Oliver. Ela é edu­cada demais para dizer que ele está velho demais para bancar o tolo.

— Com prazer — disse ele, sem se preocupar com que Grace o olhasse com olhos frustrados. Então, ele ti­rou a cerveja da mão dela. — Eis papai com os drinques. Quer uma margarita, Grace?

Ela cerrou os lábios e ele esperou que desse uma res­posta atravessada. Porém, com cortesia, para com seus pais, ele imaginou, ela virou para seu pai, dizendo.

— Eu adoraria. Obrigada, sr. Ferreira. É exatamente o que preciso.

Todos se serviram e, depois, seu pai resolveu fazer um brinde.

— Ao Oliver. É bom tê-lo aqui, filho. Agora que... bem, você sabe quem está fora de cena, espero vê-lo muito mais, independente dos negócios.

— Aqui — disse a sra. Ferreira, prendendo o braço no de Oliver e pousando a cabeça no ombro dele por um momento. — Sentimos a sua falta, meu querido. E, ape­sar de suas faltas, sabemos que Tom também sentiu.

Teria? Oliver pressentia que tudo o que Tom sentia era a falta de seu apoio financeiro. Bem, talvez estivesse sendo cínico demais. De qualquer forma, visto que seu irmão dormia com Grace, ele duvidava que pudessem voltar a ser amigos.

Como precisava dizer alguma coisa, erguendo seu copo, disse:

— Estou contente por estar aqui. Tinha esquecido como é ser mimado. — Sorriu. — Vocês sempre me fa­zem sentir bem-vindo e gosto disso.

— Bobagem — exclamou sua mãe, olhando-o de esguelha. — Este é o seu lar, Oliver. Tanto quanto aquele estúdio em Newcastle.

A refeição foi como sua mãe queria que fosse. Uma sopa picante de peixe foi seguida por macios peitos de frango e o pudim de caramelo era, como Grace colocou tão bem, "de matar por ele!"

Tomaram café no pátio, o ar quente da noite diferente do frescor no interior da casa. Oliver estava nervoso. Achava cada vez mais difícil agir como se Grace fosse uma conhecida casual e não ajudava ela parecer apro­veitar cada oportunidade para provocá-lo.

— Você passa muito tempo na Espanha, Oliver? — perguntou, com fingida indiferença e ele viu seu olhar frio.

— Infelizmente, não tenho a oportunidade de me afastar com freqüência — respondeu, esperando encer­rar o assunto. Mas, como sempre, sua mãe insistiu.

— É isso que ele sempre diz — declarou, olhando desaprovadora para o filho. — Esperamos que mude no futuro.

A sobrancelha de Grace arqueou.

— Ah, posso perguntar por quê?

Não pode, Oliver pensou sombrio, suspeitando de onde isso iria parar, mas sua mãe continuou.

— Agora que Sophie está fora de cena — confiden­ciou, fazendo seu filho cerrar os dentes —, tenho certe­za de que não preciso dizer o que aquela mulher fez para a nossa família.

— Não creio que Grace precise ouvir isto — protes­tou Oliver, com certa aspereza, mas a sra. Ferreira limi­tou-se a fitá-lo.

— Por que não? Não é segredo. E Grace não é do tipo de ficar de falatório.

Os lábios de Oliver se apertaram, mas não conseguiu interromper a mãe. Ela exclamou:

— É, tenho certeza de que Miranda não é como Sophie.

— Miranda? — Ele era a única pessoa a notar que a curiosidade de Grace estava ficando pessoal. — Você a conhece?

— Infelizmente, ainda não. — A sra. Ferreira lançou um olhar triste para Oliver. — Mas com certeza gostarei dela. Sabe que é uma bem-sucedida advogada? Diferen­te de Sophie, que nunca trabalhou em nada por mais de algumas semanas.

— Nancy! — interveio o pai de Oliver. — Isto é as­sunto do Oliver, não nosso. Não acho que seja da nossa conta.

— Mas eles são da nossa conta — fungou ela. — Você não quer ver nosso filho feliz?

— Claro que sim. Mas não quero afastá-lo novamen­te por estamos interferindo em sua vida.

Agora, a mãe de Oliver parecia um pouco ansiosa.

— Tenho certeza de que Oliver sabe que só penso no melhor para ele, de coração.

— É. — Oliver lançou um olhar grato ao pai. — Va­mos falar de outra coisa? Não gostaria de deixar a sua convidada aborrecida com meus problemas.

— Não estou aborrecida — falou Grace. Com os olhos verdes desafiando-o, ela murmurou. — Creio que devo ir. Está ficando tarde e estou cansada com a mu­dança de temperatura.

A sra. Ferreira pareceu desapontada.

— Se precisa...

— Gostei muito — garantiu, levantando-se, enquan­to Oliver e seu pai faziam o mesmo. — O jantar estava delicioso.

A mãe dele parecia satisfeita.

— Você precisa voltar. Independente do que ele diz, sei que Oliver acha a nossa companhia aborrecida.

De alguma maneira, ele conseguiu evitar dizer como realmente se sentia, mas sentiu que Grace estava total­mente ciente de seus sentimentos.

— Veremos — foi o que ela disse. — Mas, obrigada. Vocês... todos... são muito gentis.

Ela os beijou antes de partir, mas quando começou a atravessar o pátio, a sra. Ferreira deu a última palavra:

— Oliver — lançou um olhar ingênuo para ele. — Por que não acompanha Grace até em casa? Não é lon­ge, mas está escuro e ela está sozinha lá.

— Eu...

Ele abriu a boca para dizer que tinha certeza que Gra­ce não precisava de sua companhia, quando ela falou:

— Ah, isso seria gentil — murmurou, os olhos ver­des vivos, provocantes. — Se não se importar.

 



  

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