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CAPÍTULO CINCO



CAPÍTULO CINCO

 

O envelope marrom, com a palavra "confidencial" impressa, estava sobre a mesa de Jack quando este chegou ao escritório.

Imaginava que Harry, que sempre separava sua correspondência, a havia deixado lá por causa de sua conotação pessoal. Normalmente, todas as cartas eram entregues à sua assistente pessoal, Myrna.

Jack estudou o envelope por uns instantes antes de pegá-lo. Tinha quase certeza do que era, e não pôde evitar a ansiedade. Havia três semanas, o cardiologista dissera que o excesso de trabalho, o estresse, e o estilo de vida nada saudável eram as prováveis causas dos problemas de Jack. Mas isso não o ajudava a dormir à noite, ou convencê-lo de que os exames que fizera eram apenas para tranqüilizá-lo.

Ele desejava muito ter alguém com quem compartilhar suas ansiedades. Mas ele e Rachel não se falavam desde a discussão daquela tarde. Sabia que ela não se desculparia porque achava que não fizera nada de errado. E ele não iria implorar para que acreditasse que Karen Johnson não significava nada para ele. Estavam num impasse.

Odiava não estar no comando do próprio corpo, além de se ressentir do fato de os médicos terem o direito de controlar sua vida. Queria perdoar Rachel, mas estava muito assustado com toda aquela situação.

Decidindo que não adiantava adiar o inevitável, pegou o envelope e o abriu.

— Mas o que...

Jack praguejou, olhando a folha com descrença. O resultado daquele exame dizia que este fora realizado na Sra. Karen Johnson havia três dias, e que o resultado era positivo. De acordo com o ginecologista que assinava o documento, a Sra. Johnson tinha cerca de dezesseis semanas de gestação.

Dezesseis semanas!

Jack largou a folha como se esta lhe queimasse a mão. Era evidente que Karen fora certificar sua gravidez para que provasse estar dizendo a verdade.

Mas a criança não era dele!

Jack respirou fundo, sentindo a familiar ameaça de tontura, enquanto lutava para compreender o que Karen estava tentando fazer: destruir seu casamento, com certeza.

Eles não tiveram um caso. Nunca nem dormira com ela. Só não a acusara de assédio porque se sentia grato.

Vinha sentindo falta de ar e taquicardia havia algum tempo. Desde que Rachel se afastara dele, começara a passar cada vez mais tempo no escritório. Exercitava-se pouco e, provavelmente, alimentava-se mal, levando uma vida governada pelo estresse.

Na noite em que a convidou para jantar, teve a primeira tontura séria e desmaiou na porta dela. Foi quando o medo se tornou seu companheiro constante, mas não disse a ninguém como se sentia.

Viu-se deitado no sofá, sem o paletó, a gravata afrouxada, e se sentiu o maior idiota do mundo. Fingiu ter bebido demais, mas Karen devia ter percebido que ele mal tocara no vinho que pedira no jantar. Acreditando nele, Karen insistiu para que passasse ali. Disse que ele não podia dirigir, deixando-o sem argumento para rebater. Agora se perguntava se a proposta não tinha sido tão inocente. Será que já tinha aquilo em mente? Sabia que ele dificilmente a convidaria para sair de novo?

Sentia-se cansado. Mas quando batera o telefone na cara de Karen havia duas semanas, não esperava que ela fizesse algo assim.

Não estava grávida. Fizera o teste havia dois dias, mas Rachel não conseguia pensar em mais nada.

Estivera tão certa de que estava grávida! Desde a noite que passara com Jack, imaginara que o que dissera a Karen não seria uma mentira. Ficara grávida das outras vezes. Fora uma das razões que a levaram a afastar Jack quando ele quis voltar a manter um relacionamento normal após o último aborto. Além disso, sentia-se devastada e inadequada como mulher, totalmente incapaz de cogitar uma nova gravidez.

Mas agora se arriscara, apesar de não ter funcionado. Bem, talvez uma noite apenas não fosse suficiente- E ela não sabia ao certo se ficara grávida na primeira vez em que ela e Jack fizeram amor. No começo do casamento, como Jack dissera, não conseguiam manter as mãos longe um do outro.

Ela estremeceu. Não pensava em outra coisa, mas não queria arriscar a ser rejeitada desta vez. Jack já adivinhara suas intenções e a desprezara por isso.

Então o que faria? Jack não tocara no assunto novamente, o que provava que, de acordo com suas suspeitas, estava envolvido com outra mulher.

Um som a alertou para o fato de não estar mais sozinha no ateliê. Virou-se, esperando encontrar a Sra. Grady atrás dela oferecendo chá ou uma bebida gelada. Mas encontrou o marido recostado no batente da porta, com uma aparência visivelmente cansada.

— Oh, é você — disse ela, momentaneamente esquecida de que não estavam se falando. Ele estava abatido e tinha os olhos fundos. — Está se sentindo bem?

Jack resmungou.

— Essa é a sua maneira de dizer que minha presença é desagradável?

— Não. — Rachel se defendeu automaticamente. — Você parece mesmo cansado. — Ela permaneceu calada por um momento. — É óbvio que não tem dormido o suficiente.

— Como se você se importasse. Ela ficou tensa.

— Se prefere passar as noites com sua amante, por que deveria me importar?

— Não passo minhas noites com ninguém — ele a corrigiu, pronunciando as palavras cuidadosamente para que não houvesse nenhum engano, mas Rachel apenas lhe deu uma olhada sarcástica.

— Então quem engravidou Karen? — perguntou ela, e ele suspirou.

— Já disse que não tenho nada com isso... — Jack estava muito cansado para discutir. — Olhe, para falar a verdade, não estou me sentindo muito bem. E por isso que estou em casa tão cedo.

Rachel sentiu uma pontada de ansiedade. Não podia evitar. Mas resolveu pôr um fim naquilo e se voltou para sua pintura.

— Peça uma aspirina à Sra. Grady — disse, fingindo indiferença. — Como eu disse, vai se sentir melhor se for dormir num horário razoável pelo menos uma vez.

Jack tinha de reconhecer que ela tinha razão. Ultimamente passava cada vez mais tempo no escritório, apesar das recomendações que recebia. Mas não era bem-vindo em casa, e sentia-se solitário no apartamento da empresa. Na sua condição atual, preferia a companhia do escritório a passar a noite sozinho.

— Não acho que uma aspirina vá resolver — disse ele, considerando as palavras antes de falar. — Ele fez uma careta e deu as costas. — Mas, obrigado por se preocupar, Rachel. Significa muito para mim.

Deixou a porta do ateliê aberta como a encontrara, e foi andando pelo gramado em direção à casa. Não sabia por que imaginara que ela se interessaria por sua saúde. Havia deixado bem claro o que pensava dele na manhã seguinte à noite de amor.

— Espere!

Já havia chegado à porta do pátio quando a escutou chamá-lo. Era óbvio que sentira a consciência pesada, pensou com amargura. Ou talvez estivesse envergonhada pela maneira como agira. De qualquer modo, estava vindo até ele, e apesar do ressentimento, parou para esperá-la.

Permitiu-se estudar a aparência da esposa. Ao contrário dele, parecia bem-disposta, o leve bronzeado dando um tom dourado às pernas e aos braços. Vestia uma blusa rosa e uma minissaia plissada, que expunha as pernas longas e torneadas.

Jack se perguntava se era a lembrança da noite que passaram juntos que o fazia tão consciente dela. Será que havia esquecido o quanto ela era sedutora? Ou o medo de perdê-la o deixava em pânico? Se o seu problema de coração não os separasse definitivamente, Karen separaria.

Sem dizer nada, ergueu uma sobrancelha. Se ela tinha algo a dizer, era melhor esperar e descobrir o que era.

— Por que disse que uma aspirina não resolveria? — Rachel perguntou, colocando os cabelos atrás das orelhas e o observando com preocupação.

— Eu disse? — Jack sentia-se extenuado por causa do calor. — Não se preocupe com isso — falou, aliviado por entrar no frescor da sala de visitas. Passou a mão um pouco trêmula pela testa úmida. — Acho que preciso de um banho.

Rachel mordeu o lábio, nada satisfeita com a resposta dele.

— Disse que não está se sentindo bem — ela insistiu. — Aconteceu alguma coisa?

— O que poderia acontecer? — Jack estava feliz por estar longe do sol. Não queria passar por idiota na frente dela. — Acho que estou cansado por causa do calor, só isso.

— Não aconteceu nada de errado no escritório, não é? — Rachel não parecia satisfeita. Ela o seguiu pela sala de visitas, desviando os olhos do sofá onde Karen se sentara, para olhar para Jack. — Se for algo relacionado com a empresa, ficarei feliz em ajudar.

— Você é muito gentil.

Jack estava sendo sardônico, mas não podia evitar. Sim, ele estava com problemas, mas não de natureza profissional. Desde que lera o exame ginecológico que encontrara sobre sua mesa naquela manhã, não conseguia pensar em mais nada. Como poderia contar para Rachel?

— Olhe, não é nada — ele disse, não querendo começar uma discussão. Sentia-se abalado, mas mesmo que seguisse o conselho dela e dormisse, não conseguiria relaxar. Aquela psicopata insistia em dizer que teria um filho dele. Um teste de DNA provaria que ela mentia, mas até lá ela continuaria disseminando a destruição em sua vida. — Vejo você mais tarde.

— Você tem uma aspirina? Aspirina! Jack conteve um resmungo.

— Sim, tenho uma aspirina — respondeu, indo Para o cômodo seguinte. — De qualquer forma, me sentirei melhor depois de um banho.

Rachel umedeceu os lábios.

— Um... Não estarei em casa mais tarde — ela murmurou, e Jack parou para fitá-la.

— Não?

— Não. — Rachel torcia a bainha da blusa com os dedos, inadvertidamente expondo o umbigo. — Vou sair.

Jack fez um movimento com a cabeça, mostrando que a ouvira, mas seus olhos estavam fixos na saia de cintura baixa, que deixava a delicada curva da cintura à mostra. Embora a cabeça estivesse tonta, seu corpo se agitava.

Lutando para se controlar, foi forçado a admitir que, desde a noite em que dormiram juntos, era difícil ignorá-la. Apesar da raiva, do ressentimento e da amargura, não conseguia parar de pensar na pele suave do corpo dela junto ao seu.

Concluiu que, nesses meses de afastamento, construíra uma barreira. Fora forçado a deixar as emoções de lado, e, ao poucos, seu corpo aprendera a aceitar as circunstâncias. Mas agora a barreira tinha sido rompida, e ele se sentia vulnerável. Todos os sentimentos reprimidos pareciam afogá-lo.

— Certo — disse, e saiu quase tropeçando da sala. Precisava ficar sozinho para lamber as próprias feridas. Isso, se conseguisse chegar ao quarto sem desmaiar.

— Vou jantar com Lucy.

Enquanto Jack subia as escadas, agarrando-se desesperadamente ao corrimão, Rachel saiu da sala de visitas e parou para olhá-lo. Devia achar que ele merecia uma explicação e, é claro, esperava por alguma resposta.

— Lucy — ele repetiu, desejando que ela voltasse para o ateliê. — Não se esqueça de mandar lembranças minhas.

Conseguiu o que queria. Com uma exclamação abafada, Rachel se virou e desapareceu de vista. Ela e Lucy Robards tinham passado muito tempo juntas nos últimos meses, e ela sabia que Jack e sua amiga não se entendiam. Divorciada, Lucy nunca mostrara outra coisa a ele senão desprezo.

Já no lado de fora da casa, Rachel estava surpresa por se sentir ofendida e chorosa. Não devia explicações a ele, então por que se preocupava em dizer aonde ia? Por que não o deixava provar do próprio veneno, se perguntar com quem estaria? Seria uma boa lição pelo que a estava fazendo passar.

A verdade era que se sentia preocupada com ele. Sabia que estava sendo idiota, mas se ele estava doente, ela precisava ser informada. Ainda era sua esposa, embora ele esquecesse facilmente seus votos.

E por que a olhava daquela maneira? Havia percebido que ele não tirara os olhos de sua cintura. Para um homem que se dizia cansado por causa do calor, ele se mostrava muito interessado em seu corpo. Mas não negara que ficara excitada também.

Entrou no ateliê sentindo-se inquieta. Ele devia ter feito aquilo de propósito. Sabia como se ela sentia quando os perturbadores olhos verdes a examinavam daquela maneira. Mas era por sua culpa que ele imaginava que ela o desejava.

Tinha de se lembrar de que Karen esperava um filho dele e resolver qual seria a melhor atitude a ser tomada. Mas como poderia sequer pensar em divórcio se ainda o amava? Se ao menos estivesse grávida. Então o casamento deles ainda teria uma chance...

 

 



  

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